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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

ANA CLAUDIA OLIVEIRA DUARTE MACHADO


FABIANO MORIYA DA SILVA
LADYJANE LEMOS RIBEIRO DOS SANTOS
MARCELO CORRÊA DOS SANTOS
ROGÉRIO DOMINGOS

O uso de tecnologia no ensino de Estatística

Apresentação do Projeto Integrador - vídeo:

<https:/>

Itanhaém - SP
2018
1

UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

O uso de tecnologia no ensino de Estatística

Relatório Técnico-Científico apresentado na


disciplina de Projeto Integrador para o curso de
Licenciatura em Matemática da Fundação
Universidade Virtual do Estado de São Paulo
(UNIVESP).

​Tutor: ​Felipe Barbosa Pezzi

Itanhaém - SP
2018
2

MACHADO, Ana Cláudia; SILVA, Fabiano; SANTOS, Ladyjane;


SANTOS, Marcelo; DOMINGOS, Rogério. ​O uso de tecnologia no
ensino de Estatística. ​26f. Relatório Técnico-Científico (Licenciatura
em Matemática) – ​Universidade Virtual do Estado de São Paulo​​.
Tutor: Felipe Barbosa Pezzi. Polo Itanhaém, 2018.

RESUMO

A tecnologia na educação é um assunto que tem conquistado grande espaço,


visto que essa ferramenta permeia a vida de todos os jovens. O uso da tecnologia
permite um trabalho mais efetivo e individualizado, que possibilita a construção do
conhecimento e do desenvolvimento matemático.
O presente estudo teve por objetivo buscar uma alternativa para o ensino de
Estatística, em classes de nono ano do Ensino Fundamental II, com o uso da
tecnologia, visto que os alunos dessa etapa apresentam dificuldades em entender
esses conceitos. Para efetivar o aprendizado, foi utilizada uma situação muito em
pauta no momento, as eleições presidenciais, para que, dessa forma,o aprendizado
faça sentido. Tal prática foi aplicada no Colégio Presidente Kennedy – Santos/SP,
com a turma dos nonos anos do Ensino Fundamental II.
A fundamentação teórica deste estudo se deu, sobretudo, a partir dos
referenciais da filosofia, sociologia, pedagogia, psicologia e tecnologia, por meio de
autores especializados que serviram como base para o desenvolvimento desse
projeto e da elaboração da prática referida.

Palavras chave: Matemática; Estatística; Tecnologia; Educação.


3

MACHADO, Ana Cláudia; SILVA, Fabiano; SANTOS, Ladyjane;


SANTOS, Marcelo; DOMINGOS, Rogério. ​The use of technology in
the teaching of Statistics. ​26f. Technical-Scientific Report
(Licenciatura em Matemática) – ​Universidade Virtual do Estado de
São Paulo​​. Adviser Tutor: Felipe Barbosa Pezzi. Polo Itanhaém, 2018.

ABSTRACT

Technology in education is a subject that has gained great space, since this
tool permeates the lives of all young people. The use of technology allows a more
effective and individualized work, which enables the construction of knowledge and
mathematical development.
The present study aimed to find an alternative for the teaching of Statistics, in
ninth grade classes of Elementary School II, with the use of technology, since the
students of this stage have difficulties in understanding these concepts. To make
learning effective, a very current situation was used at the moment, the presidential
elections, so that, in this way, the learning made sense. This practice was applied in
the Presidente Kennedy College - Santos / SP, with the class of the ninth year of
elementary school II.
The theoretical basis of this study was based mainly on the references of
philosophy, sociology, pedagogy, psychology and technology, through specialized
authors that served as the basis for the development of this project and the
elaboration of the referred practice.

KEYWORDS: ​Mathematics; Statistic; Technology; Education.


4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………. 5

1.1. Problemas e objetivos…………………………….…………………………. 6

1.2. Justificativa…………………………….…………….………………………... 7

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA………………….…………………………... 9

3. MATERIAL E MÉTODOS EMPREGADOS…………………………………. 14

3.1 Sobre a escola visitada……………………..………………………………. 14

3.2 Sobre o trabalho com estatística ……………………..…………………. 16

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………………………… 17

REFERÊNCIAS……………………………………………………………………….. 18
.

ANEXOS……………………………………………………………………………….. 19
5

1. INTRODUÇÃO

Em primeira instância, esse Projeto Integrador tem o objetivo de capacitar o


professor frente às demandas do perfil do estudante da sociedade contemporânea.
Levando-se em conta que tal perfil é tão plural quanto às necessidades peculiares
de cada indivíduo, é de extrema relevância pensarmos no uso da tecnologia como
aliada da educação, visto que abarca a realidade do jovem estudante. Portanto,
utilizar tecnologias é um meio eficaz para trabalharmos conteúdos considerados
complexos e até mesmo aproximar o aluno da Matemática, visto que a relação entre
os jovens e essa disciplina é, muitas vezes, complicada.
O mundo contemporâneo está marcado pelos avanços e transformações nas
áreas tecnológicas e científicas, o que reflete nos tipos de atividades propostas na
sala de aula. A educação se depara com um duplo desafio: adaptar-se aos avanços
das tecnologias e orientar o caminho de todos para o domínio e a apropriação crítica
desses novos meios.
Nesta perspectiva, as novas tecnologias passam a desempenhar um papel
vital nesse processo. Assim, considera-se um desafio problematizar e investigar as
práticas educacionais a fim de enriquecê-las e propor assim sempre que possível
novo saber para os professores que estarão investigando e refletindo sua ação
docente, buscando novas estratégias de ensino, para que o educando se aproprie
de maneira significativa do conhecimento elaborado através das tecnologias no
cotidiano escolar. Essa formação contínua faz-se necessária devido ao papel de
mediador do conhecimento, adquirido pelo professor na atualidade. O acesso à
informação é fácil e constante, cabendo ao educador ser um curador e pensar em
uma nova postura em relação à educação. Profissionais da Educação hoje têm o
papel de ajudar a formar pessoas ativas capazes de viver no mundo da imagem e
transformação e que sejam sujeitos da construção do seu próprio conhecimento,
utilizando a linguagem audiovisual como forma de desenvolvimento do espírito
crítico e da capacidade de raciocinar.
6

Outro benefício desse modo de ensinar é o fato de que a tecnologia facilita o


acompanhamento individual do aluno e abre espaço para a personalização do
ensino, ajudando a escalar novas oportunidades de aprendizagem. Segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), o computador combina diferentes
linguagens e atividade multidisciplinares que estimulam uma aprendizagem mais
crítica e participativa, pois:

Favorecem a construção de uma representação não-linear do


conhecimento, permitindo que cada um, segundo seu ritmo e
interesse, possa dirigir sua aprendizagem: buscando
informação complementar, selecionando em um texto uma
ligação com outro documento, por uma palavra ou expressão
ressaltada; buscando representações em outras linguagens
–imagem, som, animação –com as quais pode interagir na
construção de uma representação mais realista.
(PCN, 1996, p. 90)

Sendo assim, cada um pode trabalhar no seu ritmo, mostrando suas


habilidades e competências, tornando o aprendizado significativo.
A escola tem a oportunidade de promover esta interação entre conteúdo,
tecnologia e trabalho em grupo sem distinção entre alunos. A discussão da
atualidade, portanto, já não é mais se devemos ou não usar a tecnologia em sala de
aula, mas sim de que forma esse uso pode ser sistematizado a fim de chegarmos a
uma consolidação do conhecimento adquirido.
“Educar é impregnar de sentido cada ato cotidiano.” (Paulo Freire). É através
de algo que é significativo que aprendemos, quando é do interesse e que faz parte
do projeto de vida de cada um. O sujeito não aprende nada que não seja importante
para sua vida, gestores e educadores podem impor, mas o aluno não irá aprender
se não é significativo para ele. É através da educação que o homem reconstrói o
conhecimento num processo dinâmico globalizado e constante, fundamentado no
diálogo permanente, na problematização e na troca de experiências e saberes
significativos.
7

1.1 Problemas e objetivos

No colégio visitado para aplicação deste Projeto Integrador, percebemos que


há uma grande preocupação com o ensino da Matemática, principalmente nos anos
finais do Ensino Fundamental II. Nos últimos anos, o colégio se deparou com notas
baixas em avaliações externas feitas pelo sistema educacional no campo das
exatas, o que levou a equipe gestora a procurar novos meios de ensino que atraísse
o aluno para o aprendizado da Matemática. Portanto, partindo desse contexto, o
presente trabalho apresenta como principal questão: “Como ensinar Estatística, para
alunos dos nonos anos, utilizando a tecnologia e criando uma prática que seja
significativa para os educandos?”
Para responder esta questão, as etapas a seguir incluem, em um primeiro
momento, objetivos exploratórios, em que serão feitas leituras de referencial teórico
com o intuito de conhecer mais sobre o assunto, descobrir quais são as últimas
pesquisas realizadas em relação ao mesmo e levantar embasamento teórico que
confirme a necessidade da referente pesquisa.
Após a primeira parte, faz-se necessário caracterizar o público-alvo do
estudo, descrever a instituição escolhida e também observar as principais
preocupações da instituição em relação ao tema.
Para finalizar, a aplicação final da proposta tem como objetivo perceber como
o conteúdo foi trabalhado para que os alunos aprendessem o que foi proposto e, ao
mesmo tempo, considerassem esse aprendizado significativo.

1.2. Justificativa

Ensinar Estatística, além de estar previsto na Base Curricular Nacional, é


pensar na atualidade. Hoje em dia, os jovens se deparam a todo momento com
pesquisas desse tipo expostas nas mídias televisivas, impressas e na Internet. Cada
vez mais, os dados são representados de forma gráfica e tabular sobre os mais
8

diversos assuntos da vida cotidiana: a economia, a política, as questões sociais,


esportivas, o clima etc. Dessa forma, é importante que compreenda essas
representações para que um olhar mais crítico seja possibilitado.
Kenski (2012, p. 11) menciona que ​“a informação veiculada em jornal, revista
ou livro não envolve a totalidade de informações sobre determinado assunto e nem
pode ser considerada totalmente isenta ou imparcial.”​ Isso pode ser observado de
maneira efetiva em época de eleições. Muitas mensagens são expostas de acordo
com os informes estatísticos veiculados nos meios de comunicação. Muitos dados
são representados de forma tendenciosa nos meios midiáticos, o que só é possível
interpretar adequadamente com conhecimentos básicos de Estatística.
Assim, pensando na efetividade de uma Educação Estatística que agregue
valores fundamentais aos alunos é que se propõe uma prática alicerçada nas
Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC, que gerem uma experiência real
aos alunos e não apenas a utilização técnica de um programa ou aplicativo, visto
que alguns professores ainda encaram com resistência o uso de tecnologia na
educação. Para Ponte (2000) é possível encontrar diversas atitudes entre os
docentes no que se refere às TIC: Alguns, olham-nas com desconfiança, procurando
adiar o máximo possível o momento do encontro indesejado. Outros, usam-nas na
sua vida diária, mas não sabem muito bem como as integrar na sua prática
profissional. Outros, ainda, procuram usá-las nas suas aulas sem, contudo, alterar
as suas práticas. Uma minoria entusiasta desbrava caminho, explorando
incessantemente novos produtos e ideias, porém defronta-se com muitas
dificuldades como também perplexidades (PONTE, 2000, p. 64).
Portanto, o intuito do presente trabalho é auxiliar os professores nesse
sentido e propor uma atividade que, a partir da realidade do aluno, em relação à
tecnologia e também ao momento em que vivemos no nosso país, e criar uma
atividade relacionada às eleições em que os alunos dos nonos anos analisam os
dados apresentados na escola para estabelecer um gráfico de preferência por
candidatos à presidência.
9

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Refletir acerca da concepção de educação é fundamental neste trabalho e,


por isto, justifica-se o estudo das teorias de John Dewey, um dos mais importantes
teóricos de pedagogia. Embora suas obras datem de mais de setenta anos, suas
ideias e críticas continuam sendo atuais.
Esse estudioso demonstrava muita preocupação com a experiência docente e
sua influência na tentativa de uma ressignificação da relação entre o educador e o
educando, visando à construção de uma nova forma de educação. Para ele, a
educação pode ser pensada como um dos aspectos mais importantes da cognição
humana e, por este processo, ao homem é possível apreender noções comuns e
inerentes às peculiaridades de seu grupo social. A capacidade de pensar torna o
homem capaz de refletir sobre o mundo e sobre si mesmo, desta forma lhe é
fornecido a capacidade de transformar a natureza ao seu redor e de se transformar.
Neste sentido, Biesta (2013) completa:

A educação, seja a educação de crianças, a educação de


adultos, seja a educação de outros 'recém-chegados', é afinal
sempre uma intervenção na vida de alguém; uma intervenção
motivada pela ideia de que tornará essa vida, de certo modo,
melhor: mais completa, mais harmoniosa, mais perfeita – e
talvez até mais humana. (BIESTA, 2013, p. 16)

Como podemos perceber, a educação é vista por meio de seu caráter


emancipatório e transformador. Por meio dela, é possível uma formação crítica e
consciente, que capacita o indivíduo a refletir sobre o mundo e sobre si mesmo,
vindo a ser sujeito ativo de seus atos e não mero coadjuvante. Sendo assim, dotado
desta ferramenta libertadora, na medida em que o educando se torna capaz de
ressignificar, surge um novo ser, melhor e mais evoluído, num processo de
metamorfose, o que confirma a teoria de Dewey. Para o educador, o jovem aprende
por meio de experiências significativas, ou seja, aquela segundo a qual modifica o
status dos protagonistas envolvidos.
10

Como a educação depende de experiências significativas e transformadoras,


o professor é responsável por se atentar à individualidade dos educandos e criticar a
concepção da educação tradicional no que tange a formação intelectual. O autor
acrescenta que o conhecimento passado de maneira tradicional pouco possibilita os
educandos para as experiências no mundo real, dado que as matérias escolares são
ensinadas de forma insulares, ou seja, não fica evidente a relação entre as
disciplinas e o fato de que o conhecimento é um só.

O ensino isolado não prepara os alunos para as experiências


do mundo real. Quase todos nós já tivemos a oportunidade de
recordar os dias de escola e de nos perguntar o que foi feito do
conhecimento que deveríamos ter acumulado durante aquele
tempo e por que tivemos que aprender de forma diferente as
habilidades técnicas que adquirimos para podermos alcançar
nossa capacidade atual. Certamente tem sorte aquele que não
precisou desapender o que aprendeu na escola para progredir
profissional e intelectualmente. (DEWEY, 2011, p.49)

Observa-se aqui a forte crítica a um saber que não articula a teoria e prática.
O pano de fundo da perspectiva educacional de Dewey é a preparação para a vida,
por isso, a constante preocupação com o avanço profissional e intelectual do
educando e a necessidade da criação de propostas educacionais que envolvam
essas perspectivas. Quando não existe uma relação entre o que se está sendo
ministrado em aula e as experiências anteriores, as informações não fazem sentido.
É a relação teoria e prática que legitima a construção do conhecimento, ou seja,
quando o educador, durante a aula, não se preocupa em conhecer seus educandos
para aproximar a matéria ministrada dos conhecimentos que as crianças já têm, o
processo de aprendizagem se torna mais difícil.

Quando a educação é concebida em termos de experiência,


uma consideração se destaca em relação às demais. Tudo o
que possa ser considerado como matéria de estudo, seja
aritmética, história, geografia ou qualquer uma das ciências
naturais, deve derivar de materiais que, originalmente,
pertençam ao escopo da experiência da vida cotidiana. Nesse
aspecto, as propostas educacionais mais atuais se diferenciam
11

radicalmente dos processos pedagógicos que se iniciam a


partir de fatos e verdades que se encontram fora do âmbito das
experiências vivenciadas pelos alunos e que, por isso,
enfrentam o problema de ter que descobrir meios de
relacioná-los com tais experiências. (DEWEY, 2011, p.75)

Nesse sentido, o autor completa afirmando que de nada adianta a maturidade


do professor, bem como seu vasto conhecimento acerca das matérias e dos
indivíduos, se ele não os mobiliza para criar condições que conduzam à atividade
coletiva e voltada para o cotidiano.
Em relação aos estudos estatísticos, os mesmos possuem papel de destaque
no currículo da Matemática. Nas novas bases curriculares nacionais, encontramos
os seguintes tópicos:

Objetos de conhecimento Habilidades

Análise de probabilidade de (EF09MA20) Reconhecer, em experimentos


eventos aleatórios: eventos aleatórios, eventos independentes e dependentes e
dependentes e independentes calcular a probabilidade de sua ocorrência, nos dois
casos.

Análise de gráficos divulgados (EF09MA21) Analisar e identificar, em gráficos


pela mídia: elementos que podem divulgados pela mídia, os elementos que podem
induzir a erros de leitura ou de induzir, às vezes propositadamente, erros de leitura,
interpretação como escalas inapropriadas, legendas não
explicitadas corretamente, omissão de informações
importantes (fontes e datas), entre outros.

Leitura, interpretação e (EF09MA22) Escolher e construir o gráfico mais


representação de dados de adequado (colunas, setores, linhas), com ou sem uso
pesquisa expressos em tabelas de de planilhas eletrônicas, para apresentar um
dupla entrada, gráficos de colunas determinado conjunto de dados, destacando
simples e agrupadas, gráficos de aspectos como as medidas de tendência central.
barras e de setores e gráficos
pictóricos

Planejamento e execução de (EF09MA23) Planejar e executar pesquisa amostral


pesquisa amostral e apresentação envolvendo tema da realidade social e comunicar os
de relatório resultados por meio de relatório contendo avaliação
de medidas de tendência central e da amplitude,
tabelas e gráficos adequados, construídos com o
apoio de planilhas eletrônicas.
12

Esse ênfase ao conteúdo de dá principalmente por sua demanda social, por


se tratar de conhecimentos recorrentes na sociedade atual, podendo ser um
importante instrumento para se desenvolver a cidadania, através de estudos
referentes à estatística, probabilidade e combinatória.
Para o desenvolvimento da cidadania, no entanto, entende-se que é
necessário não somente tomar conhecimento e saber manipular os dados
produzidos a partir de situações reais, mas também interpretar criticamente o que os
valores dizem, possibilitando, assim, desenvolver uma ação reflexiva e crítica no
grupo social no qual estamos inseridos. Essa proposta remete à ação ativa dos
sujeitos envolvidos no processo educativo, destacando a importância de uma
proposta de trabalho que envolva situações contextualizadas e problematizadoras.
Conforme afirma Lopes (2008, p. 58), ​“[...] é essencial o desenvolvimento de
atividades que partam sempre de problematização, pois assim como os conceitos
matemáticos, os estatísticos também devem ser inseridos em situações vinculadas
ao cotidiano deles [dos alunos]”.​
Além disso, estudos recentes têm mostrado que a utilização das tecnologias
para a consolidação do ensino e aprendizagem de Estatística pode ser um caminho
interessante para desenvolver, especialmente, a análise crítica a respeito dos dados
produzidos. Nessa perspectiva, Cobb (apud Estevam e Kalinke, 2013, p.106),
sustenta que os computadores nos libertam para que possamos analisar dados reais
com mais ênfase na interpretação do que nos cálculos, com vistas a priorizar as
ideias de produção de dados aleatórios junto com a análise, com a inferência desses
dados e com menor ênfase aos mecanismos das resoluções. Segundo os PCN+2
(BRASIL, 2002, p.229-230):

A escola não pode ficar alheia ao universo informatizado se


quiser, de fato, integrar o estudante ao mundo que o circunda,
permitindo que ele seja um indivíduo autônomo, dotado de
competências flexíveis e apto a enfrentar as rápidas mudanças
que a tecnologia vem impondo à contemporaneidade (Brasil,
2002, p. 229-230).
13

A inserção das TIC no ambiente escolar faz-se necessário, pois a tecnologia


é presença constante no nosso meio fazendo parte de toda a sociedade, do mundo
globalizado:

A integração das tecnologias da informação e comunicação


(TIC) aos processos educacionais é uma das transformações
necessárias à escola para que esteja mais em sintonia com as
demandas geradas pelas mudanças sociais típicas da
sociedade contemporânea de economia globalizada e cultura
mundializada. (BELLONI, 2008, P. 100).

O professor como mediador do processo de educar necessita urgentemente


usar as tecnologias integrando-as no processo ensino-aprendizagem, visto que
servem tanto para facilitar a aprendizagem como aprender de forma lúdica e
prazerosa. Isso tudo sem deixar de relacionar o estudante a uma realidade que ele
está acostumado a vivenciar seja em casa ou em qualquer outra parte do dia a dia
de todos eles.
Essa afirmação demonstra que, ao aliar a tecnologia para ensinar Estatística,
estamos duplamente garantindo um aprendizado voltado à criticidade, visto que o
conteúdo em si proporciona isso, assim como o meio usado para aplicá-lo.
Além disso, observa-se que os conhecimentos em Estatística estão
estreitamente conectados tanto com a vida acadêmica quanto com a sua vida
cotidiana. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) indicam que a Estatística
tem ​“a finalidade de fazer com que o aluno venha a construir procedimentos para
coletar, organizar, comunicar e interpretar dados, utilizando tabelas, gráficos e
representações que aparecem frequentemente em seu dia a dia” (BRASIL, 1997,
p.56).
Toda indicação curricular nacional nos faz observar que é essencial que as
instituições escolares oportunizem aos alunos condições reais para que possam
aprender a ler, entender e compreender muito além dos conceitos trabalhados
disciplinarmente nas áreas específicas do conhecimento, incorporando-os numa
leitura de mundo, inferindo os preceitos escolares e, com isso, exercendo sua
cidadania plenamente.
14

3. MATERIAL E MÉTODOS EMPREGADOS

Para realizar o presente trabalho, além da pesquisa teórica, visitamos o


colégio escolhido para saber como as professoras utilizam o lúdico com os alunos
do Ensino Fundamental I.

3.1 Sobre a escola visitada

O colégio Presidente Kennedy se localiza na Avenida General Francisco


Glicério, 529 – Pompéia, Santos e é dirigida por Adelina Barbosa Eleutério. Tem um
espaço físico bem amplo, sendo uma unidade para a Educação Infantil e outra para
Ensino Fundamental e Médio. Há oito salas de Ensino Fundamental II, sete de
Ensino Médio e oito de Ensino Fundamental 1, além da Educação Infantil. O período
de aulas funciona em dois turnos, sendo o primeiro das 7h10 às 12h50 e o segundo
das 13h15 às 18h15.
Iniciando suas atividades em Santos, em 1972, a profa. Terezinha Barbosa
inaugurou o Parque Infantil “Walt Disney”, com apenas quatro alunos.  Rapidamente
seu trabalho foi reconhecido, Walt Disney cresceu e foi necessário expandi-lo.
Abriram-se, já em 1973, as portas do Colégio Presidente Kennedy, para as primeiras
séries do então chamado primeiro grau. Com boas colocações no ENEM, alunos nas
melhores universidades da região e das públicas, o CPK e WD completaram 45
anos de existência em 2017. Terezinha Barbosa Ramos esteve à frente de sua obra
dirigindo a escola até agosto de 2014, quando veio a falecer. A partir de então, a
direção e coordenação foram assumidas por suas duas filhas, Telma Barbosa
Ramos e Adelina Eleutério.
De acordo com a leitura do Projeto Político-pedagógico da escola, o aluno é
considerado sujeito da própria aprendizagem e produtor do conhecimento. Além
disso, percebemos que o objetivo geral da mesma é desenvolver meios e condições
pedagógicas que capacitem o aluno como cidadão crítico, criativo e transformador
positivo de seu meio; promover atividades que desenvolvam o respeito mútuo,
15

a autoestima e os valores necessários à convivência humana, o que vai de acordo


com os Parâmetros Curriculares Nacionais:

“... faz-se necessária uma proposta educacional que tenha em vista a


qualidade da formação a ser oferecida a todos os estudantes. O ensino de
qualidade que a sociedade demanda atualmente expressa-se aqui como a
possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática educativa
adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da
realidade brasileira, que considere os interesses e as motivações dos
alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos
autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência,
dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem. O exercício da
cidadania exige o acesso de todos à totalidade dos recursos culturais
relevantes para a intervenção e a participação responsável na vida social,
desde o domínio da língua falada e escrita, dos princípios da reflexão
matemática, das coordenadas espaciais e temporais que organizam a
percepção do mundo, dos princípios da explicação científica, das condições
de fruição da arte e das mensagens estéticas, domínios de saber
tradicionalmente presentes nas diferentes concepções do papel da
educação no mundo democrático, até outras tantas exigências que se
impõem como injunções do mundo contemporâneo.”

Outro ponto bastante trabalhado pela escola é o exercício da autonomia, da


ética, da responsabilidade social e da solidariedade.
A proposta pedagógica da instituição considera que o conhecimento é muito
mais amplo do que o acúmulo de informações, portanto, informar aos alunos não é o
mais importante, mas é essencial perceber as necessidades de cada um e, fazendo
uso dos atuais recursos tecnológicos, mostrar-lhes que aprender é uma ação diária
e que parar de buscar o conhecimento é parar de viver.
Em 2013, o Colégio Presidente Kennedy associou-se ao Uno Internacional,
um sistema educacional por competências, integrado a uma Rede Internacional de
Escolas, um espaço virtual em que os estudantes de vinte e dois países podem
explorar conteúdos, compartilhar opiniões, trocar experiências, participar de projetos
coletivos etc. Com o uso de tecnologia avançada – iPad/Apple – e as parcerias:
 UNESCO – TOEFL – AVALIA – LEXIUM – DISCOVERY EDUCATION – ANIMAL
PLANET – EPSON – WWF, o material didático busca integração entre
conhecimento, tecnologia e interatividade.
16

3.2 Sobre o trabalho com a estatística

Após conversa com as professoras responsáveis pela área de Exatas e


também com a coordenadora pedagógica, percebemos que o ponto crucial na
dificuldade em relação ao ensino de Estatística estava no fato de que o conteúdo
aparecia, muitas vezes, dissociado da prática. Apesar dos alunos apresentarem
certo conhecimento prévio do assunto, visto que afirmavam já terem tido contato
com tabelas e dados estatísticos pela mídia, muitos mostravam-se incapazes de
entender a lógica matemática e até mesmo interpretativa dessas informações.
Para realizar a atividade, portanto, o ponto de partida foi a eleição. Em
conversa com a equipe da área de tecnologia da escola, conhecemos o software
APERTAQUEM. Trata-se de programa que consiste em uma urna eletrônica
educativa que realiza simulações de eleição em ambientes escolares,
exclusivamente, buscando assim não só facilitar o entendimento dos jovens em
relação a processos democráticos e eletivos, como também utilizar a tecnologia para
o projeto referido. Após a escolha desse software, o mesmo foi apresentado a uma
equipe de alunos dos nonos anos, que seria responsável em aplicar a atividade com
os alunos e funcionários da escola para, consequentemente, elaborar um gráfico
com o resultado de uma prévia da eleição presidencial.
Após o entendimento do funcionamento do programa, todos na escola foram
convocados a votar1. Esse momento durou um dia inteiro e foi realizado na sala de
informática do colégio. O programa foi disponibilizado em dois computadores.
Ao final do dia, cada computador apresentava um resultado. Após a coleta de
dados feita pelos alunos, os mesmos utilizaram seus conhecimentos prévios em
Keynote, aplicativo disponível nos Ipads usados pelos educandos na escola, e
criaram um gráfico com o resultado de uma possível eleição2.
Após a realização dessas etapas, houve um momento de reflexão. Criando-se
uma aula interdisciplinar com a disciplina de Produção Textual, os alunos foram

1
No anexo 1, estão disponíveis fotos representando o momento da votação.
2
No anexo 2, está disponível o gráfico com os resultados.
17

convidados a escrever um texto argumentativo sobre o processo eleitoral e também


expor sua opinião acerca dos resultados alcançados.
Por meio dessa sequência de atividades, ficou evidente a melhora na
aquisição do conteúdo proposto. Na semana seguinte, ao realizarem uma outra
atividade avaliativa, os alunos demonstraram segurança e melhores resultados,
comparando-os com o ano anterior. Além disso, por tratar-se de um tema recorrente
na mídia (a eleição), a atividade atraiu também os pais e a comunidade escolar,
visto que o resultado foi divulgado na página da escola e recebeu muitos
comentários positivos sobre o mesmo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho buscamos mostrar a importância de se trabalhar com a


tecnologia no ensino de Matemática e também a união do conteúdo Estatística com
a formação e o desenvolvimento do jovem enquanto cidadão.
A sequência didática apresentada é apenas uma sugestão para trabalhar com
o tema. O exemplo citado partiu de um assunto em voga para criar o interesse no
conteúdo e promover uma aprendizagem significativa.
Por fim, novamente, é salutar destacar que a aproximação da teoria com a
prática faz sentido ao jovem e cria um conhecimento efetivo, visto que pode ser
usado em outros casos e com informações diferentes, já que o processo foi
apreendido de maneira eficaz.
18

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fernando José de. Educação e Informática: os computadores na escola.


5ed. São Paulo: Cortez, 2012.

BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia-educação. 2 ed. Campinas, SP: Autores


Associados, 2005.

_____________. Os jovens e a internet: representações, usos e apropriações. In:


FANTIN, Mônica; GIRARDELLO, Gilka. (Orgs.). Liga roda, clica: estudos em mídia,
cultura e infância. Campinas: Papirus, p. 99-112, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC 2ª


versão. Brasília, DF, 2016.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros


Curriculares Nacionais: Matemática (1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental). Brasília:
MEC/SEF, 1997.

______. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares


Nacionais +(PCN+)- Ciências, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2002.

DEWEY, J. Experiência e educação. São Paulo: Editora Vozes, 2011.


19

ANEXOS
20

ANEXO 1: IMAGENS DA VOTAÇÃO NA ESCOLA


21

ANEXO 2: GRÁFICO COM O RESULTADO DA VOTAÇÃO

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