Professional Documents
Culture Documents
– Estamos nas mãos de Deus. Todos os acontecimentos que Ele envia ou permite têm o seu
significado e visam o nosso proveito.
– A confiança em Deus não nos leva à passividade, mas a lutar por todos os meios ao nosso
alcance.
II. NUMA DAS LEITURAS previstas para a Missa de hoje, São Paulo
escreve aos primeiros cristãos de Roma: Diligentibus Deum, omnia
cooperantur in bonum..., todas as coisas concorrem para o bem daqueles que
amam a Deus3. “Penas? Contrariedades por causa daquele episódio ou
daquele outro?... Não vês que assim o quer teu Pai-Deus..., e que Ele é bom...,
e te ama – a ti só! – mais do que todas as mães do mundo juntas podem amar
os seus filhos?”4
Não existe ninguém que possa cuidar melhor de nós: o Senhor jamais se
engana. Na vida humana, mesmo aqueles que mais nos amam, às vezes não
acertam e, ao invés de arrumar, desarranjam. Não acontece assim com o
Senhor, infinitamente sábio e poderoso, que, respeitando a nossa liberdade,
nos conduz suaviter et fortiter6, com suavidade e com mão de pai, para as
coisas que realmente importam, para uma eterna felicidade.
As próprias faltas e pecados podem acabar por ser para bem, pois “Deus
dirige absolutamente todas as coisas para o proveito dos seus filhos, de sorte
que ainda àqueles que se desviam e ultrapassam os limites os faz progredir na
virtude, porque se tornam mais humildes e experimentados”7. A contrição,
quando não é só de boca e apressada, conduz a alma a um amor mais
profundo e confiante, a uma maior proximidade com Deus.
Por isso, na medida em que nos sentimos filhos de Deus, a vida converte-se
numa contínua acção de graças. Mesmo por trás daquilo que parece uma
verdadeira catástrofe, o Espírito Santo nos faz ver “uma carícia de Deus”, que
nos move à gratidão. Obrigado, Senhor!, dir-lhe-emos no meio de uma doença
dolorosa ou ao termos notícia de um acontecimento que nos causa muita pena.
Assim reagiram os santos, e assim devemos aprender a comportar-nos perante
as desgraças desta vida.
Deus é nosso Pai e cuida amorosamente de nós, mas conta com a nossa
inteligência e bom senso para nos ajudar a percorrer o caminho pelo qual nos
quer levar, como conta também com o nosso amor fraterno para encaminhar
através de nós a vida de outros filhos seus. Para isso deu-nos uns talentos que
devemos utilizar constantemente.
(1) Jo 13, 4 e segs.; (2) Federico Suárez, Después, pág. 208; (3) Rom 8, 28; Primeira leitura da
Missa da trigésima semana da quarta-feira do Tempo Comum, ano I; (4) São Josemaría
Escrivá, Forja, n. 929; (5) 1 Pe 5, 8; (6) Sab 8, 1; (7) Santo Agostinho, Sobre a conversão e a
graça, 30; (8) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 609; (9) Santa Teresa, Fundações, 27, 12.