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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Prof. Rodrigo Capone


Considerações Gerais
Quem pode instituir os tributos previstos
na Constituição da República de 1988?
Brasil é um Estado Federado, composto
pela:

União;
Estados;
Municípios; e
Distrito Federal
A autonomia (não confundir com
soberania), que é traço característico das
federações, traz consigo exigências.
Como afirmar que há autonomia se não
houver independência financeira?
Portanto, a Constituição concede a cada
um dos entes federativos parcela do poder
de tributar!

Tem-se aí a repartição de competências


tributárias.
Nos dizeres de Anis Kfouri Jr. (2016),
competência tributária é

“A autorização constitucional para que


um dos entes da federação possa instituir
e legislar sobre determinado tributo”.
Carrazza (2001) define competência
tributária como sendo:

“ a aptidão para criar, in abstracto, tributos,


descrevendo, legislativamente suas hipóteses de
incidência, seus sujeitos ativos, seus sujeitos
passivos, suas bases de cálculo e suas alíquotas”.
Competência tributária
versus
Imunidade tributária
Competência tributária

É o contrário da imunidade; a
Constituição concede o poder de
tributar.
Imunidade tributária

É o contrário da competência; a
constituição retira o poder de tributar.
Exemplo de Competência

Quando a Constituição outorga aos municípios a


competência para instituir o IPTU (art. 156, I, da CF/88),
está autorizando que cada um dos mais de 5 mil
municípios, por meio de lei própria, institua o IPTU.
IMPORTANTE!

A Constituição NÃO cria os tributos.

A Constituição traz a previsão dos tributos que podem ser


criados, reparte a competência para que sejam criados e,
são os entes federativos competentes que irão criar, por
meio de lei própria, os tributos!
LIMITES

Os entes federativos indicados nas normas de


competência não podem exercê-la de qualquer forma,
devendo observância às normas insculpidas na
Constituição (e.g., princípios e imunidades tributárias).
Panorama Geral
Previsão Constitucional

O Capítulo “Do Sistema Tributário Nacional” da


Constituição, no seu primeiro artigo, já trata sobre
competência tributária.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão instituir os seguintes tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela


utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.


Art. 145:

- Impostos;
- Taxas; e
- Contribuições de melhoria.
Importante recordar a discussão já
superada acerca das espécies de tributos!

A Constituição de 1988 prevê a existência


de 5 (cinco) espécies! Logo, o art. 145 se
mostra incompleto!
Empréstimos Compulsórios

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá


instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150,
III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de
empréstimo compulsório será vinculada à despesa que
fundamentou sua instituição.
Contribuições Especiais

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de


intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais
ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas,
observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.
Contribuições de Seguridade Social
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta,
nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição
sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata
o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Contribuição para custeio do serviço
de iluminação pública - COSIP

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição,


na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública,
observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 39, de 2002)
Impostos Residuais

Art. 154. A União poderá instituir:


I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior,
desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de
cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
Imposto Extraordinário de Guerra

Art. 154. A União poderá instituir:


(...)
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Já extinta CPMF

No ano de 1996, a Emenda Constitucional nº 12 inseriu o art. 74 ao ADCT,


autorizando a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou
Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira -
CPMF.

Tendo vigorado por 11 anos, até o ano de 2007, estima-se que a CPMF
arrecadou R$ 223 bilhões.

Grande parte das operações bancárias (saque, pagamento de boletos e


transferências, por exemplo) eram alcançadas pelo tributo.
Classificação das Competências
Tributárias
Classificação

a) Privativa;
b) Comum;
c) Residual; e
d) Extraordinária.
a) Privativa

A constituição outorga a competência


tributária, de forma exclusiva, a determinado
ente federado, para instituição de tributo
específico.
Exemplo:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;
Exemplo:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte


interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior;

III - propriedade de veículos automotores.


Exemplo:

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos
a sua aquisição;

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar.
b) Comum

Não há exclusividade de competência!

Qualquer um dos entes federativos poderá


instituir tributos de competência comum,
claro, observada a situação concreta.
Está atrelada aos tributos vinculados à uma
contraprestação estatal:

- Taxas; e
- Contribuições de melhoria.
Podem ser cobradas taxas federais, estaduais,
municipais e distritais.

A competência comum anda lado a lado da


competência material, também repartida pela
Constituição.
Ou seja, quem detiver a competência para
prestar o serviço público ou exercer o poder de
polícia, estará autorizado a instituir e cobrar a
respectiva taxa!
Exemplo:

Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária (ANVISA)


Lei nº 9.782/99

Art. 23. Fica instituída a Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária.

§ 1º Constitui fato gerador da Taxa de Fiscalização de Vigilância


Sanitária a prática dos atos de competência da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária constantes do Anexo II.
c) Residual

A Constituição autoriza a União a criar novos


impostos não previstos no texto
constitucional.
Via lei complementar!

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo


anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato
gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;
Questão interessante:

A União não exerce a competência residual dos impostos,


pois parte do seu produto arrecadado deve ser dividido com
os Estados e o DF, preferindo instituir novas contribuições:

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

(...)

II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no


exercício da competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I.
d) Extraordinária

De acordo com o art. 154, II, da Constituição


Federal, a União poderá instituir imposto
extraordinário.
As causas que autorizam a sua criação
são, taxativamente:

a) Iminência de guerra externa; ou


b) No caso de guerra externa.
Art. 154. A União poderá instituir:

(...)

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
IMPORTANTE!

No caso de instituição do Imposto


Extraordinário de Guerra, a
Constituição autoriza a bitributação!
Exemplo:

A União pode instituir Imposto


Extraordinário de Guerra que tenha como
fato gerador a propriedade territorial
urbana, coincidindo com o fato gerador do
IPTU, de competência municipal.

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