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Ac. 00764.

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VENDEDOR. CATEGORIA DIFERENCIADA. EFICÁCIA DA SENTENÇA NORMATIVA. A


eficácia ultralitigantes das sentenças normativas proferidas pela Justiça do Trabalho que
beneficiam empregados integrantes de categoria profissional diferenciada, como é o caso dos
vendedores, obriga empregador do ramo da indústria química ao cumprimento das respectivas
cláusulas, ainda que não tenha participado direta ou indiretamente nos respectivos processos.

(...) É fato incontroverso pertencer, o trabalhador recorrido, à categoria profissional diferenciada


dos vendedores, na forma do art. 511 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Discute-se a exigibilidade das vantagens previstas nas sentenças normativas que acompanham a
petição inicial (reajustes salariais, quilômetros rodados, aviso prévio proporcional, comissões
de cobrança), proferidas em processos coletivos dos quais participou, na condição de suscitante,
o Sindicado dos Empregados Vendedores e Viajantes do Comércio no Estado do Rio Grande do
Sul, uma vez que nega, a recorrente, sua participação direta ou indireta nesses processos, na
condição de suscitada.
Não tem razão a recorrente quando nega a sua participação, como suscitada, direta ou
indiretamente, nos processos coletivos que deram origem às sentenças normativas cujas
cláusulas o trabalhador recorrido busca o cumprimento.
As sentenças normativas proferidas nos processos revisionais nºs 297/90; 346/91; 341/92;
93.014911-4; 94.017879-6 e 95.20997-0, tiveram vigência no período do contrato não
abrangido pela prescrição declarada, posterior a 05.06.1991. Os dois primeiros processos de
revisão de dissídio coletivo citados foram ajuizados pelo Sindicato dos Empregados Vendedores
Viajantes do Estado do Rio Grande do Sul, contra diversas entidades sindicais patronais, as
quais não se encontram exaustivamente elencadas no instrumento normativo correspondente,
razão porque não se pode inferir, conclusivamente, que o sindicato patronal representante da
categoria econômica da recorrente não tenha sido suscitado para deles participar. Os demais
processos coletivos, cujos instrumentos normativos, ao contrário dos dois primeiros, elencam,
exaustivamente, as entidades sindicais patronais suscitadas nos respectivos processos, dão conta
da participação, dentre tantas outras, do Sindicato das Indústrias Químicas do Estado do Rio
Grande do Sul (fls. 68, 89, 123 e 125), que representa, sem dúvida, a categoria econômica da
recorrida indicada de forma inequívoca na sua denominação: Trorion Gaúcha Industrial de
Poliuretanos Ltda..
A regra geral vigente no ordenamento jurídico pátrio, baseada no princípio do sindicato único,
fixa que, para cada categoria econômica de empregadores haverá uma categoria profissional de
empregados correlata, sendo feito, no caso de atividades econômicas múltiplas, o
enquadramento sindical dos empregados pela atividade econômica preponderante. A exceção a
esta regra geral constitui-se na hipótese de categoria diferenciada, quando então, a categoria
profissional a que pertence o trabalhador será indicada pelas atividades por este desenvolvidas e
pelas respectivas condições de trabalho.
Na hipótese vertente, em que se discute a abrangência da eficácia dos estatutos normativos que
beneficiam empregados integrantes de categoria profissional diferenciada, como é o caso dos
vendedores, contra empresa do ramo da indústria química, importa frisar que a reclamada
estaria obrigada ao cumprimento das respectivas cláusulas, haja vista o efeito ultralitigantes
das sentenças normativas proferidas pela Justiça do Trabalho, ainda que não tivesse participado
direta ou indiretamente nos respectivos processos. Tal entendimento encontra justificativa, não
só na impossibilidade material de que sejam suscitadas todas as entidades sindicais patronais
que contratam empregados pertencentes a categoria profissional diferenciada, como também, na
exigência legal de que sejam publicadas em jornal oficial as decisões normativas, além da
intimação das partes do processo ou de seus representantes (CLT, art. 867).
Frise-se que, em contestação, a recorrente defendeu a tese da inaplicabilidade das normas
coletivas apresentadas com o pedido, afirmando que o sindicato dos vendedores não teria
participado dos processos coletivos que deram origem aos estatutos que entende aplicáveis, da
categoria econômica representada pelo Sindicato, a que afirma pertencer, das Indústrias
Químicas e Farmacêuticas do Estado do Rio Grande do Sul, e não, o contrário, ou seja, que o
sindicato representante da sua categoria econômica não teria participado dos processos de
elaboração das normas coletivas aplicáveis à categoria diferenciada dos vendedores. Importa
ressaltar, por fim, o fato de que a recorrente, até março de 1995, sempre recolheu a contribuição
sindical ao Sindicado dos Empregados Vendedores e Viajantes do Estado do Rio Grande do Sul (
fl. 230).
Diante desses fundamentos, nega-se provimento ao recurso quando busca afastar da condenação
as parcelas previstas nos estatutos normativos acostados com a petição inicial.
Não prospera, ainda, a pretensão recursal que visa à exclusão do comando de pagamento de
comissões sobre cobranças, ao argumento de que não haveria prova nos autos de que tais
cobranças tivessem sido efetuadas pelo trabalhador recorrido.
De acordo com a prova pericial contábil, os relatórios de despesas de viagem – prestação de
contas- juntados pela reclamada, em especial os das fls. 317 a 335 e 338 a 357, informam que o
motivo da viagem deu-se por vendas e cobranças.
Assim, ao contrário do que sustenta a recorrente, há prova nos autos de que o trabalhador
recorrido efetuava , além das vendas, cobranças, impondo-se, desta forma, a manutenção da
sentença.

Ac. 00764.201/96-4 RO
Julg.: 03.08.2000 – 6ª Turma
Publ. DOE-RS: 11.09.2000
Relatora: Rosane Serafini Casa Nova

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