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All content following this page was uploaded by Alyson Bueno Francisco on 05 July 2018.
BOÇOROCA OU VOÇOROCA:
OS CONCEITOS PARA UMA FORMA EROSIVA
Abstract – In this article are presented the considerations about the gully’s concept and the
different concepts used to refer to a single form erosive present in numerous regions of Brazil.
Until the late 1990s, the Brazilian researchers in the field of Geosciences used the expression
boçoroca of Tupi-Guarani origin, meaning tear of the soil. However, from the end of 1990s, many
researchers have come to use the term gully, but not argued scientifically that need conceptual
change. In this sense, this article aims to introduce the concept of gully through the authors
Ab'Saber (1968), Furlani (1969), Vieira (1978), Oliveira (1994) and Salomão (1994). The
philosophy of language helped in understanding the habit used by researchers in the presentation
of new concepts that remain only in the theoretical. To contribute to the recovery of degraded
areas are necessary empirical studies close to the reality of each locale that is experiencing the
problem for decades.
1
Geóg., PhD, Universidade Estadual Paulista (UNESP), alysonbueno@gmail.com
Esta forma erosiva possui inúmeras denominações no Brasil e demais países. A origem do
conceito de boçoroca está relacionada à expressão do tupi-guarani yby soroc que significa rasgão
da terra (VIEIRA, 1978). No Estado do Rio Grande do Sul existe uma cidade chamada Bossoroca,
mas não se utiliza essa expressão com “ss” para se referir à feição erosiva de grande porte.
A erosão do tipo linear ocorre a partir da formação de incisões no solo, decorrentes da ação
do escoamento superficial concentrado em linhas preferenciais. Inicialmente, a erosão do tipo
linear ocorre pela formação de canais incisivos denominados sulcos que possuem entre 10 a 30
cm de largura e entre 05 a 15 cm de profundidade, sendo passíveis de correção pelo nivelamento
do terreno por máquinas agrícolas (OLIVEIRA, 1994). Os sulcos erosivos paralelos formam uma
rede de drenagem no qual os sulcos mais profundos rompem os interfluxos dos sulcos menores
favorecendo a formação de canais mais largos e profundos (DÍAZ, 2001).
Oliveira (1994) diferencia os canais rasos em sulcos e calhas. Este autor salienta:
Vieira (1978, p. 07) conceitua boçoroca: “[...] são depressões profundas circundadas por
vertentes quase verticais que se alargam nas proximidades das cabeceiras devido à intensa
atividade erosiva regressiva e se afunilam junto à foz do curso d’água que a percorre, cortando
sedimentos arenosos de fraca coesão, sem apresentar forte declive longitudinal”. A conceituação
sobre o processo de erosão remontante (ou regressiva) no desenvolvimento das boçorocas foi
descrita por Rossato et al. (2008, p. 77): “[...] trabalho de escavação do canal realizado a partir de
processos de escoamento superficial concentrado feito a partir da foz em direção às cabeceiras”.
Assim nota-se que, a boçoroca se caracteriza por sua complexidade exigindo estudos
detalhados na escala espacial e temporal. Neste contexto de vários processos relacionados à
boçoroca e dos mecanismos de perda acelerada do solo, é de suma importância uma análise dos
métodos experimentais e das estimativas de perda de solo para se quantificar a dimensão deste
problema.
As cidades de pequeno porte com populações maiores que 20 mil habitantes possuem a
obrigatoriedade do Plano Diretor conforme o Estatuto da Cidade. Entretanto, a maioria não possui
Plano Diretor de Drenagem Urbana para garantir o zoneamento urbano e as políticas públicas
necessárias para evitar os riscos causados pelas erosões urbanas.
4. CONCLUSÕES
O uso do conceito de voçoroca ocorreu no campo das Geociências nos últimos anos, mas
não ocorreu devida justificativa para o seu emprego, pois já existia o conceito original de boçoroca
pelos pesquisadores brasileiros em décadas passadas. No entanto, considera-se que os
problemas gerados pelas boçorocas ativas em várias regiões do país são maiores do que os
problemas teóricos, pois, os riscos reais apresentados pelos exemplos neste texto demonstram a
necessidade de uma política voltada para o planejamento ambiental a fim de evitar futuros
problemas e a elaboração de projetos com conhecimento geológico e geográfico adequado à
realidade investigada no local das boçorocas urbanas e rurais.
O estudo empírico das boçorocas urbanas pode contribuir no retorno ao método científico
baseado na compreensão da diversidade da natureza de cada lugar, pois cada área degradada
apresenta suas particularidades. A compreensão destas particularidades é necessária na
elaboração dos projetos de recuperação das áreas degradadas e fortalecimento da atuação
municipal no planejamento ambiental.
ALMEIDA FILHO, G. S.; COSTA, S. B.; HELLMEISTER JÚNIOR, Z.; GOMES, C. L. R.; FROTA,
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Ciência do Solo, Natal, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.
HUME, D. (2009) Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental
de raciocínio nos assuntos morais. 2.ed. São Paulo, Editora da UNESP, tradução de Débora
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VIEIRA, N. M. (1978) Estudo geomorfológico das boçorocas de Franca, SP. Franca, Instituto de
História e Serviço Social, Universidade Estadual Paulista.