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TJ-RJ - APELAÇÃO: APL 00687275920078190002, 2 Vara Criminal.

Relatora
Mônica Tolledo de Oliveira. Data de julgamento: 17 de Abril de 2018.

Apelação. Homicídio culposo. Recurso da Defesa postula, preliminarmente, a


declaração da extinção da punibilidade diante do reconhecimento da prescrição
da pretensão punitiva. No mérito, pugna pela reforma da sentença para
absolver o apelante por ausência de prova quanto à culpa. Analisa-se
primeiramente o pleito de absolvição por ser mais benéfico para o réu.
Imputação da prática de crime de homicídio culposo, pois o apelante e o
corréu, já falecido, foram responsáveis pela organização de um evento de luta
de Muay Thai, evento do qual o adolescente Adriano Santos Rufino da Paz
teria participado sem a utilização de equipamentos de segurança e morrido em
decorrência de um golpe na cabeça desferido durante a luta. A conduta
culposa imputada ao acusado consiste em ter deixado de fornecer o
equipamento de segurança necessário para a prática regular do esporte e em
razão de a vítima ter falecido em virtude de um golpe sofrido na cabeça, local
que deveria estar protegido pelo equipamento de segurança, qual seja, o
capacete. Restou provada a prática do delito culposo pelo réu, pois o agente
violou os deveres objetivos de cuidado ao promover um evento de luta e
permitir que um lutador adolescente e iniciante participasse da competição sem
o uso de equipamento de segurança, uso esse que teria evitado o resultado
morte da vítima que foi golpeada na cabeça durante a luta e faleceu em
decorrência do traumatismo craniano encefálico. Como promotor do evento, o
réu foi quem decidiu sobre a necessidade de uso de equipamento de
segurança. Ao realizar de forma equivocada esse juízo de valor sobre o uso ou
não de equipamento de segurança, já que se tratava a vítima de lutador
adolescente e iniciante que deveria utilizar o equipamento de segurança, o réu
contribuiu para o resultado morte de forma culposa. Restou, portanto,
evidenciado que o réu foi omisso ao não exigir o uso de equipamento de
segurança por lutadores que eram iniciantes, sobretudo no caso da vítima que
tinha apenas 15 anos de idade à época e que lutou com oponente já maior de
idade. A despeito de incabível a absolvição do réu diante da constatação da
violação do dever de cuidado, ainda assim impende seja reconhecida a
prescrição da pretensão punitiva na hipótese. Nesse sentido é o parecer da
PGJ. O réu foi condenado às penas de 1 ano e 3 meses de detenção por
conduta praticada em 03/12/2005, tendo a denúncia sido recebida em
29/04/2009 e a sentença condenatória publicada em 16/06/2016, sendo certo
que já transitou em julgado para a acusação, e, por conseguinte, a prescrição
será regulada pela pena aplicada, em conformidade com o disposto no
art. 110, § 1º, do Código Penal. Considerando-se o disposto no art. 109,
inciso V do CPque fixa o prazo prescricional de 04 anos para a hipótese e que
houve o transcurso desse prazo entre o recebimento da denúncia (29/04/2009)
e a publicação da sentença condenatória (16/06/2016), ocorreu a prescrição da
pretensão punitiva retroativa estatal em favor do apelante. Recurso
parcialmente provido para, reconhecendo a prescrição da pretensão punitiva,
declarar extinta a punibilidade do apelante, com fulcro no artigo 107, IV do CP.

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