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A TERCERIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Apesar de permanecer dez anos em tramitação na Câmara Federal, o projeto de lei que
regulamenta a terceirização (PL 4.330/04) ainda divide muitas opiniões. De um lado,
empresários fundamentam seu discurso na crença de que esse modelo possa gerar mais
postos de trabalho diante do crescimento da informalidade no país. Ainda defendem que
essa nova proposta poderá dar maior segurança contra calotes de empresas
intermediárias, isto é, aquelas que são contratadas para prestação de serviço.
No outro lado da balança, estão as centrais sindicais, que temem a precarização das
condições de trabalho. Trocando em miúdos: o receio de jornadas de trabalho mais
extensas combinadas a remuneração e a direitos trabalhistas bem mais modestos do que
é pago ao profissional contratado pela CLT (Consolidação das Leis de Trabalho).
Hoje, só é aceita a contratação de empresas terceirizadas para realização de atividades
de suporte, como informática, segurança e limpeza, por exemplo. São as chamadas
atividades-meio. Se aprovada a lei, todas as outras funções poderão também ser
terceirizadas, mesmo aquelas que tenham a ver com a finalidade da empresa pela qual
foi criada (chamadas de atividades-fim).
A ausência de dispositivos que regulem o que são atividades-fim fez com que a PL
4.330/04 propusesse a ampliação do entendimento do que é permitido hoje pelo Código
Civil Brasileiro: a terceirização de atividade-meio.
O assunto é tão quente que obrigou o Supremo Tribunal Federal a também se envolver
nas discussões, sob alegação de que se trata de tema de repercussão geral. Não é para
menos. Só para se ter uma ideia, um pouco mais de um terço das 3,5 milhões de ações
trabalhistas, ajuízadas por ano, está relacionado a atividades de terceirização, segundo
o Tribunal Superior do Trabalho (TST). A maior parte delas, sinalizando calote que
funcionários teriam levado de empresas intermediárias (isto é, aquelas que são
contratadas para prestar seviço).
A terceirização vale a pena para a construção civil?
Em qualquer época, a terceirização se apresenta como uma excelente alternativa para a
construção civil. Especialmente nos dias de hoje, em que vivemos um período de
forte retração econômica. Isso porque esse modelo favorece, entre outros fatores,
ganhos na produção (otimizando tempo) e evitando os problemas ocasionados pela
rotatividade (entre os quais uma eventual perda de qualidade).
Para você entender melhor como isso acontece, veja esse exemplo: ao contar com uma
empresa especializada, a construtora não necessita admitir funcionários para as várias
etapas da obra. Imagina se você tivesse que contratar um pedreiro que assenta tijolo e,
depois, um outro que faz revestimento? Ao firmar acordo com a empresa terceirizada
isso é evitado porque elas possuem estruturas montadas para atender a essas demandas
específicas. E vai além: abre possibilidades para que o profissional cumpra uma etapa
da obra e vá para outra, mantendo o vínculo empregatício (com a empresa contratada) e,
pela prática constante, vai se especializando, ampliando o conhecimento e
oportunidades de trabalho. Só nessa situação você otimiza o seu tempo e garante ganhos
de qualidade para sua obra e não tem que ficar com a dor de cabeça do desligamento de
profissionais que não atenderam à sua expectativa.
A construção civil necessita fortemente desse modelo de terceirização. Justamente
porque carece de mão de obra altamente especializada, que terá função pontual e
específica no empreendimento. E nem sempre há demanda suficiente para manter esse
funcionário no quadro diante de outras funções. Por essas razões mencionadas, a
terceirização se apresenta como uma saída fundamental para as empresas que atuam no
ramo da construção civil.
Só para se ter uma ideia do que isso representa: a Confederação Nacional da Indústria
(CNI) divulgou balanço, no ano passado, em que mostra que quase 70% das empresas
indústrias brasileiras (incluindo as de construção civil) utilizam serviços terceirizados.
Outro dado desse mesmo estudo impressiona: 84% das companhias que terceirizam
pretendem manter (e até ampliar) esse tipo de serviço nos próximos anos.
Quais cuidados tomar?
Seguem, abaixo, alguns pontos necessários para redobrar atenção e não ter problemas ao
firmar um acordo de terceirização na construção civil:
– Responsabilidades: mesmo com a responsabilidade da obra sendo do contratante, na
modalidade da construção de empreitada há, sim, um compromisso assumido por quem
executou o serviço terceirizado. Esses pontos estão listados na Anotação de
Responsabilidade Ténica (ART). Fique atento a isso!
– Ajustes no preço: ainda na empreitada, é prevista a execução de contrato por preço
ajustado, independente de haver fornecimento de material ou uso de equipamentos.
Atenção a esse item de preço ajustado, sobretudo, no atual cenário econômico. É bom
deixar claro ainda que o serviço pode ser realizado na empresa que contratou o serviço,
na própria empresa terceirizada ou, ainda, em outros espaços definidos por quem
requisitou a mão-de-obra
– Clareza no objeto de contrato: um erro muito comum notado pelos orgãos
fiscalizadores é a falta de clareza (ou erro mesmo) na indicação do objeto de contrato.
Quando não se alinha essa descrição com a Nota Fiscal, por exemplo, muitas empresas
acabam assumindo riscos tributários. Ao haver necessidade de exigir judicialmente
alguma obrigação da empresa terceirizada, esse campo também precisa estar claro sobre
o que foi contratado e o que foi entregue.
– Bi-tributação: outro equívoco comum é que o modelo de contrato de empreitada
prevê (ou não) fornecimento de material; se esse fluxo não estiver bem amarrado com
outros setores, pode haver a dupla cobrança de tributos em cima de insumos
utilizados (ou seja, tanto ser pago pela empresa contratante, quanto pela contratada).
Quer estar ainda mais preparado para enfrentar a crise econômica e crescer ainda mais
nesse cenário desafiador? Fique de olho na série “Empresas do Futuro”, com
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