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Ensino de história: fundamentos e métodos.

Circe Maria Fernanda Bitencourt

Um conteúdo é significativo quando ele consegue vincular-se a um critério de seleção


baseado, direta ou indiretamente, nos problemas do aluno e da sua vida, em sua condição
social e cultural.

“ a seleção de conteúdos escolares é um problema relevante que merece intensa reflexão, pois
constitui a base do domínio do saber disciplinar dos professores” (p.138).

“ os conteúdos significativos decorre de certo consenso sobre a impossibilidade de ensinar


“toda a história da humanidade” e a necessidade de atender os interesses das novas gerações,
além de estar atento às condições de ensino” (p.138).

A seleção de conteúdos significativos é presidida por uma produção historiográfica e o


processo de reelaboração e apropriação do conhecimento.

Novas interpretações de antigos temas também são pertinentes.

A introdução de novos objetos de estudo sobre a história da mulher, da criança, das religiões e
religiosidades, das relações homem-natureza, entre outros.

Estabelecer relações entre produção historiográfica e ensino de História é fundamental, mas


exige um acompanhamento, mesmo que parcial, dessa produção, decorrendo dessa
necessidade a formação contínua dos professores, a qual, em outras modalidades, deve
manter cursos de atualização a fim de atender a esses objetivos.

Quais conteúdos devem ser mantidos e quais devem ser introduzidos ou abolidos?

De que modo introduzir ou a ensinar história contemporânea recente?

Conteúdos escolares e tendências historiográficas

Ponto básico para a seleção de conteúdos é a concepção de história.

Situar os referencias teóricos no processo de seleção dos conteúdos escolares não tem como
objetivo a participação em debates acadêmicos.

O conhecimento histórico está ligado a acontecimentos que são explicados a partir de


determinados princípios e conceitos.

O conceito de modo de produção por exemplo.

Cuidado para não cair no anacronismo.

É com base numa concepção de história que podemos assegurar um critério para uma
aprendizagem efetiva e coerente.

Tendências historiográficas e suas relações com a produção escolar

História como narrativa.


Narrativa de fatos passados. “aos historiadores cabe recolher, por intermédio de uma
variedade de documentos, os fatos mais importantes, ordená-los cronologicamente e narrá-
los” Ranke.

Pressupostos de Ranke.

Singularidade dos acontecimentos históricos.

Imparcialidade do historiador

Os acontecimentos para Ranke era singular e cabia ao historiador mostrar o que realmente
aconteceu.

Esse modelo buscava como método a verificação de documentos fidedignos em arquivos, cujas
analises devem eliminar uma apreciação subjetiva.

Essa tendência foi denominada de historicismo, cuja metodologia foi conhecida como
positivista, por basear-se nos princípios da objetividade e da neutralidade no trabalho do
historiador.

Os seguidores dessa corrente teórica dedicavam-se ao estudo da individualidade irreproduzível


e única dos atos humanos, destacando figuras das elites e suas biografias, seja personalidades,
sejam Estados – reis, militares, Atenas, França, Portugal, Brasil.

O passado nessa perspectiva, pode ser reconstituído e de alguma forma revivido tal qual
ocorreu.

O século XIX foi o século da criação e consolidação dos Estados nacionais e da elaboração das
“histórias nacionais”, de caráter político e militar”

A frança nesse período teve um importante historiador, Jules michelet que escreveu a história
da frança.

A reconstituição do passado da nação por intermédio de grandes personagens serviu como


fundamento para a história escolar, privilegiando-se estudos das ações políticas, militares e
das guerras, e a forma natural de apresentar a história da nação era por intermédio de uma
narrativa.

Essa produção historiográfica foi criticada no XIX e no XX e mesmo assim continua sendo
predominante na História escolar.

É preciso ter uma história narrativa para que, com base no relato, se possa refletir sobre seu
significado e interpretá-lo.

A narrativa histórica é ponto inicial, e a partir dela existe a possibilidade da compreensão dos
acontecimentos por meio das ações dos sujeitos.

A história narra acontecimentos que necessitam ser explicados e situados em determinadas


problemáticas que levam a uma compreensão temporal.

De uma história econômica a uma história social


o século XX nasceu com uma disputa entre a história e as outras ciências sociais,
sociologia, antropologia e a economia.

Essa disputa renovou a produção historiográfica com paradigmas que visavam ultrapassar o
historicismo do século XIX.

A escola dos annales e o marxismo são as tendências do século XX com o objetivo de


ultrapassar o historicismo.

A escola dos annales, inaugurada por Marc Bloch e Lucien Febvre concentrou-se na produção
da história problema para fornecer respostas às demandas surgidas no tempo presente.

Foi uma reação contra a história política.

Os temas começaram a ser voltados para os mares e oceanos.

O marxismo tem como objetivo o conhecimento científico da estrutura e dinâmica das


sociedades humanas.

Existe uma vinculação epistemológica entre presente e passado.

O marxismo utiliza conceitos fundamentais como modo de produção, formação econômico-


social e classes sociais.

As mudanças sociais ocorrem pelas lutas sociais.

Tanto os annales quanto os marxistas comçam a analisar fatos coletivos e sociais.

No ensino de história a tendência marxista foi marcadamente a partir do fim da década de 70


e ainda permanece como base da organização de conteúdos de várias propostas curriculares e
de obras didáticas.

Os conteúdos nessa perspectiva foram organizados pela formação econômica das sociedades,
situando os indivíduos de acordo com o lugar ocupado por eles no processo produtivo. .

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