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A revolução inglesa do século XVII

Absolutismo: é um conceito histórico que se refere à forma de governo em que o poder


é centralizado na figura do monarca, que o transmite hereditariamente (passa de pai para
filho).

Desenvolvimento e decadência do governo absoluto na Inglaterra

O absolutismo é fundado na Inglaterra pelos Tudors: os verdadeiros fundadores do


governo despótico na Inglaterra foram os Tudors. Henrique VII, o primeiro rei dessa
dinastia, subiu ao trono em 1485, ao terminar a Guerra das Duas Rosas, em que
facções rivais de nobres haviam lutado entre si até a exaustão. Tamanho era o
descontentamento causado pelas devastações dessa guerra que muitos cidadãos se
regozijavam com o advento da monarquia absoluta como substituto da anarquia. A
classe média, sobretudo, desejava a proteção de um governo consolidado. Foi essa a
razão principal do notável êxito dos Tudors em orientar a consciência dos seus súditos e
submeter a nação à sua vontade inflexível. É preciso acrescentar que os mais celebres
membros da dinastia – Henrique VIII (1509-47) e Elisabet I (1558-1603) –
conquistaram boa parte do seu poder graças a terem mantido astutamente a aparência
de um governo popular.

Sempre que desejavam decretar medidas de aceitação duvidosa, recorriam à


formalidade de obter a aprovação parlamentar; ou então, quando queriam mais
dinheiro, manobravam de tal modo que as desapropriações parecessem concessões
voluntárias dos representantes do povo. Mas o poder legislativo, sob esses soberanos,
prestava-se a quase tudo. Convocavam irregularmente o parlamento e limitavam as
legislações a períodos muito breves; interferiam nas eleições e enchiam as duas
câmaras com os seus fevoritos; adulavam, engabelavam ou ameaçavam os
membros, conforme o caso, para obter-lhes o apoio.

Em 1603, a rainha Elisabet, a última dos Tudors, morreu sem deixar


descendentes diretos. O parente mais próximo era um primo, o rei Jaime VI da
Escócia, que se tornou então soberano dos dois países sob o nome de Jaime I. Sua
ascensão ao trono assinala o início da perturbada história dos Stuarts, a última
dinastia absolutista da Inglaterra. Curiosa mescla de teimosia, vaidade e erudição, o
rei Jaime foi com muita propriedade chamado, por Henrique IV da França, “o imbecil
mais sábio da cristandade”. Embora gostasse de ser adulado pelos seus cortesãos como
o título de Salomão inglês, não teve sequer o bom senso de se contentar, como os seus
predecessores Tudors, com o poder absoluto de fato, fazendo questão de tê-lo também
de direito.

Fez sua a doutrina francesa do direito divino dos reis, sustentando que “assim
como é ateísmo e blasfêmia disputar o que Deus pode fazer. Também é presunção e
grande desacato da parte de um súdito disputar o que o rei poder fazer”. Em sua
alocução de 1609 ao parlamento, declarou que “os reis são com muita justiça chamados
de deuses, pois exercem uma espécie de poder divino na terra”.

Que essas ridículas pretensões à autoridade divina despertariam a oposição do


povo inglês era um resultado que até o próprio Jaime deveria ter sido capaz de prever.

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