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Instituto de Especialização do Amazonas (ESP)

Curso: Especialização em Neuropsicologia

Módulo: Neuropsicologia da Aprendizagem e Psicomotricidade.


Professor: Leandro Jorge Duclos da Costa

ATIVIDADE AVALIATIVA

EQUIPE:

Alizete Maciel
Elizete Barbosa Lima
Ellen Saul
Nara Guadagnin
Nilton Rego

Manaus, Agosto de 2018


TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo de intervenção sem grupo controle, de natureza descritiva,
com abordagem qualitativa, prospectivo. Desta forma, o estudo consiste em aplicar um
programa de psicomotricidade como ferramenta para modificar a realidade da idosa que
faz psicoterapia no Projeto “Um novo jeito de viver”, no que concerne a marcha, o
equilíbrio e a capacidade funcional. Com base neste aspecto, procuraremos observar e
interpretar as mudanças ocorridas antes e após o programa psicomotor.

CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL
Sendo totalmente voluntário, o Projeto Social “Um Novo Jeito de Viver”, foi
implantado na paróquia Santa Terezinha no bairro Alvorada II, em Manaus, no dia 19
de Março de 2018, tem como missão realizar atendimentos psicológicos na comunidade,
a fim de propiciar alívio ao sofrimento mental e conduzir ao autoconhecimento todos
que nos procurarem e estiverem dispostos a encarar o desafio. Voltado para crianças,
adolescentes, adultos e idosos. Portanto é oportuno esclarecer que esta busca do
equilíbrio entre corpo e mente é de grande necessidade, para o âmbito social da
comunidade e adjacências.

Tem como objetivo geral, criar condições adequadas para promoção e prevenção
da saúde mental no campo psicológico, social e educativo da criança, do adolescente,
adultos e idosos. Sendo os Objetivos específicos: Favorecer o desenvolvimento
biopsicossocial da criança e do adolescente, adulto e idoso; Promover prática e técnicas
psicológicas que viabilizem a inserção do jovem na comunidade; Amenizar o
sofrimento emocional da criança do adolescente, adultos e idosos; Promover a saúde
psicológica da criança e do adolescente, adultos e idosos; Fornecer um suporte
psicológico às famílias através do atendimento psicológico na comunidade, atuar
com a psicoeducação por meio de palestras, tanto no auditório da paróquia como nas
escolas, onde entramos com a intervenção de prevenção ao suicídio, drogas, depressão,
ansiedade e encaminhamentos aos CAPS e atendimento psicológico no projeto.

Os atendimentos são feitos em quatro salas cedidas pela paróquia nos turnos
manhã e tarde nos dias de terças-feiras e quintas-feiras, com duas psicólogas atendendo
seis pacientes pela manhã de terça, e duas pela tarde, mais seis pacientes; os voluntários
alunos de psicologia do oitavo período fazem as triagens e os do nono período as
anamneses e atendimentos de casos específicos, sob a orientação e supervisão dos
psicólogos. Fornecemos horas de serviço voluntário a todos os participantes e
trabalhamos com voluntariado de acordo com a legislação específica do serviço
voluntário – Lei 9.608/98.

Campo de intervenção

A sra. A.C.S tem 82 anos faz reposição para oesteoporose, toma Calciovital D3, usa
bengala para poder firmar as passadas da marcha, que segundo ela, pode perder o
equilíbrio e cair. Nascida em 1933, católica, estudou até a oitava série do primeiro grau,
aposentada como cabeleireira, é viúva há 11 anos, vive em Manaus, Amazonas. Já
esteve submetida à psicoterapia há quarenta anos, devido brigas de casal.

Dna. A.S. nasceu de parto normal com parteira, e os pais reagiram ao nascimento
com bastante satisfação. Deu os primeiros passos aos onze meses demonstrando um
satisfatório desenvolvimento psicomotor, e disse as primeiras palavras aos dez meses.

Mora sozinha com uma senhora que faz os serviços domésticos e outra que vai
para passar a noite com ela. Sai sozinha, usa o meio de transporte Uber e sempre se
apresentou bem arrumada, penteada e maquiada.

O envelhecimento instalou pequeno déficit de atenção, de concentração, de


armazenamento de dados atuais, mas em absoluto isso compromete as funções sociais
da paciente. Entretanto as funções executivas, como planejamento e organização estão
prejudicando o seu dia a dia juntamente com a ansiedade que atrapalha um pouco mais
as suas atividades diárias, o que foi percebido ao longo de onze sessões de psicoterapia
Focal Breve Dinâmica.

Avaliação funcional da idosa - Mini Exame de Estado Mental (MEEM)

Avaliação realizada em três momentos em um intervalo de dois meses. A


finalidade da sua aplicabilidade é rastrear a cognição da idosa com o intuito de ter um
melhor conhecimento sobre o estado cognitivo para fins de elaboração do programa
psicomotor e detectar precocemente alguma alteração cognitiva que possa interferir na
execução das atividades propostas.
PROPOSTA PSICOMOTORA

Psicomotricidade é um recurso muito valioso para se trabalhar com idosos, pois


é uma abordagem terapêutica muito eficaz de se intervir no processo de
envelhecimento.

Segundo Damasceno apud (1998), a psicomotricidade proporciona aos idosos a


redescoberta de valores, sentimentos, capacidades, onde há um sentido muito maior do
que meramente a repetição de exercícios puramente ginásticos.

A psicomotricidade é uma atividade humana e, assim sendo assim, é movimento;


além do motor, esta impregnada de afetividade, historia sensibilidade. É um movimento
dotado de sentido. Psicomotricidade não é só tato, é também contato, expressão,
comunicação, realização e com o outro. Sua trajetória, sempre ampla e crescente
permite com eficácia que se vivencie o jogo onde pode reescrever em parte uma vida de
relações.

A razão da proposta de trabalho em psicomotricidade com o idoso é levá-lo a


reconhecer a importância e a presença do corpo não só durante a infância mas também
ao longo da existência. O corpo tem o seu papel relevante no desenvolvimento, na
formação da pessoa, bem como na aquisição dos processos cognitivos, não sendo de
menor importância sua função de medidor na relação com o outro e com o mundo.

Sabe-se que fatores, como pulsão, movimento, processo adaptado e afeto,


influenciam e até determinam o modo de ser, atuar, agir, e sentir e, por estarem eles
vinculados a uma ação cortical, acredita-se que, ai mobiliza esses fatores por meio de
atividades psicomotoras, estar-se-á igualmente agindo sobre áreas que, embora já não
atuem tão bem como na infância, estarão presentes e decisivas para a manutenção da
integridade da pessoa humana quando em idade avançada.

O envelhecimento causa uma mudança no local responsável pela função a ser


realizada para um desempenho motor. O padrão motor alterado é manifestado por uma
redistribuição de força e torques articulares, o que latera a contribuição relativa de
vários grupos musculares para o desempenho total. O resultado funcional é que o idoso
pode exercer maiores torques e forças, privilegiando um ou mais grupos musculares
quando realiza um padrão de movimento comparado com o desempenho de adultos
jovens (PERRACINI, 2011).
Na locomoção normal, o centro de pressão progride do calcanhar para o hálux
durante o período de apoio. Começa medialmente no calcanhar e desvia rapidamente
para a parte lateral do ante pé. A força dos plantiflexores do tornozelo é menor em
indivíduos idosos, o que causa um impulso menos vigoroso durante o momento de
propulsão na subfase de apoio terminal nos idosos. Em virtude do tornozelo não ser
capaz de gerar força necessária de propulsão, o joelho torna-se responsável por 50% da
absorção de força durante a transição da fase de apoio para a fase de balanço, enquanto,
nos jovens, a articulação do joelho absorve somente 16% da força (O’SULLIVAN,
2010).

O movimento corporal é capaz de despertar também nos idosos, emoções que


vão desde desejos, prazeres e potencialidades antes esquecidas ou adormecidas,
proporcionando-lhe o rejuvenescimento, ensejando que seus corpos possam estar
alegres, despertos e até mesmo mais ágeis.

Fator psicomotor equilíbrio


Segundo Ruwer et al. (2005) o desequilíbrio é considerado um dos principais
fatores limitadores da vida do idoso. Sendo que, a maioria dos casos não ocorrem
devido a uma causa específica, mas devido a um comprometimento do sistema como
um todo. As consequências mais perigosas destes desequilíbrios ocorrem ao nível das
quedas, nomeadamente fraturas que podem levar ao internamento ou inatividade por
dias ou meses. Isto provoca uma diminuição de autonomia e realização de atividades de
vida diária, aumentando o sofrimento e imobilidade corporal.

“A equilibração é uma função determinante na construção do


movimento voluntário, condição indispensável de ajustamento postural
e gravitacional, sem o qual nenhum movimento intencional pode ser
atingido.” (Fonseca, 2007 p.158).

A equilibração está na base da aquisição da postura bípede, exclusivamente


humana, sendo que a sua organização neurológica envolve fundamentalmente o tronco
cerebral ou tronco encefálico, o cerebelo e os gânglios de base.
“O tronco encefálico é um conjunto complexo de fibras e células que serve para
enviar informação do cérebro à espinal medula e ao cerebelo, e da espinal medula e
cerebelo para o cérebro.” (Bear et al., 2008).
O cerebelo é considerado “um pequeno cérebro”, sendo um centro de controle
do movimento que contém extensas conexões com o cérebro e a medula espinha.
Contrariamente aos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo encontra-se
envolvido nos movimentos executados pelo lado esquerdo do corpo, e o lado direito do
cerebelo encontra-se envolvido nos movimentos executados pelo lado direito do corpo
(Bear et al., 2008). Já os gânglios da base desempenham um papel de grande
importância na execução automática dos planos motores já aprendidos, na inibição e
estabilização de movimentos voluntários, no controle tônico, e ainda, no processamento
de informações propriocetivas (Bassit, 1999). Segundo Bassit (1999), os gânglios da
base são de grande importância no processamento da aferência sensorial e na função
motora, sendo responsáveis pela modulação dos movimentos voluntários.

Psicomotricidade no idoso
O envelhecimento é um processo inevitável, que em determinadas ocasiões é
acelerado por diversas causas relacionadas com o estilo de vida. O sedentarismo e a
falta de atividade física do individuo são fatores de risco para o desenvolvimento de
inúmeras doenças crónicas e para a perda de funções orgânicas que limitam a sua
funcionalidade (Olave-Sepúlvia & Ubilla-Bustamante, 2011).
Almodóvar et al. (2013) considera o envelhecimento um processo dinâmico, gradual,
natural e inevitável, no qual ocorrem mudanças corporais, biológicas, psicológicas e
sociais, interagindo com fatores ambientais e características individuais, no qual existe a
possibilidade de um desenvolvimento pessoal, intelectual e social.
Durante estas transformações ocorre um processo designado por retrogêçnese
psicomotora, que se caracteriza por um mecanismo inverso ao do desenvolvimento
normal, ou seja, ocorre uma “involução” dos fatores psicomotores (Almodóvar et al.,
2013; Borges et al., 2010). De forma que, para que o idoso usufrua de um
envelhecimento bem-sucedido é essencial que o mesmo receba estímulos específicos e
programas preventivos que melhorem a sua qualidade de vida, permitindo-lhe viver da
melhor forma possível (Estevão & Monteiro, 2010).
O sistema músculo-esquelético é de crucial importância uma vez que representa
50% do peso corporal, e é considerado o principal local de armazenamento e
transformação de energia. As alterações provocadas pelo aumento da idade podem
conduzir a atrofia e aumento da fraqueza muscular (Esquenazi et al, 2014; Siqueira &
Geraldes, 2015). Associado à diminuição da força muscular encontra-se, ainda, o
aumento de risco de queda, diminuição da densidade mineral óssea e aumento da
probabilidade de fraturas, de forma que, quanto melhor a condição física do idoso
melhor será a sua densidade óssea, apresentará menos risco de queda e menos
probabilidade de uma consequente fratura (Fechine & Trompieri, 2012).
Associado ao risco de aumento de queda e aumento do desequilíbrio corporal,
encontram-se as alterações da marcha, que podem ser provocadas por alterações da
proprioceção, visão, força muscular, coordenação, e ainda, alterações na sensibilidade e
atenção (Borges et al., 2010). A falta de força muscular é referida por Fechine e
Trompieri (2012) como um dos motivos que conduz ao isolamento social e,
consequentemente, a um aumento da fragilidade social do individuo idoso. Os autores
consideram que melhorias na condição física podem promover a sua participação em
atividades e eventos na sociedade, promovendo a sua interação e integração social.
À medida que envelhecemos, ocorre ainda, um declínio cerebral, lento e
progressivo (Moraes et al., 2010). A lentidão na perceção, memória e raciocínio poderão
ser consequência normal deste declínio, no entanto, a atividade física e mental contínua
revela ser útil na conservação das capacidades cognitivas (Moraes et al., 2010; Aversi-
Ferreira et al., 2008). Fechine e Trompieri (2012), mencionam que a variação deste
declínio se poderá dever a fatores educacionais, condições de saúde, à própria
personalidade do individuo, entre outros.
Para além das mudanças biológicas o envelhecimento acarreta mudanças nos
papéis e posições sociais, e ainda, na necessidade de enfrentar a perda de pessoas e
relações próximas (OMS, 2015). Fechine e Trompieri (2012), apoiados no livro de
Zimerman (2000), referem que o estatuto do idoso se altera, provocando um
envelhecimento social, baseado numa crise de entidade, através da ausência de um papel
social que origina perda da autoestima; nas mudanças de papéis, no qual o idoso passa a
desempenhar um papel distinto no trabalho, na família e na sociedade; na reforma, que
pode conduzir a um isolamento e depressão; e ainda, devido a diversas perdas,
nomeadamente, de autonomia, independência, poder de decisão e à perda de amigos e
familiares.
A psicomotricidade no idoso visa essencialmente manter as suas capacidades
funcionais, melhorar o conhecimento sobre si e a eficácia nas suas ações,
principalmente nas AVD’s. Pretende criar consciência das suas capacidades,
incentivando a adaptação às limitações que surgem, promovendo o autocuidado e
hábitos saudáveis (Ovando & Couto, 2010).
Olalla (2008) considera que a psicomotricidade na terceira idade (ou
gerontopsicomotricidade) se baseia na busca da consciência corporal, na busca de
sensações, no movimento e nas relações, através de momentos de bem-estar corporal e
emocional que poderão contribuir para a construção ou não perda da identidade do
próprio individuo. Para Oliveira (2009) poderá ser entendida como um conjunto de
técnicas que objetivam um aumento de autonomia, quer física quer psicológica, e cujo
contributo melhora o equilíbrio emocional. Desta forma, a prática psicomotora poderá
ser uma aliada na fase da terceira idade, uma vez que promove a manutenção da
funcionalidade e da satisfação pessoal.
Para Henriques (2013) a aplicação de um programa psicomotor demonstra ser
uma medida eficaz, uma vez que apresenta resultados positivos, tendo sido encontradas
melhorias estatisticamente significativas, não só aos níveis já referidos anteriormente,
mas também ao nível da motricidade fina, mobilidade articular, evocação, praxias e
domínio temporal.
Apesar da velhice, ser uma etapa frágil da vida existe a necessidade de adotar
estilos de vida saudáveis durante todas as etapas do ciclo vital, uma vez que adotar um
envelhecimento ativo implica hábitos, não só adotados na velhice, mas já anteriormente,
hábitos como: controle de peso e da dieta, não fumar, beber com moderação e realizar
atividade física regularmente (Montañéz e Kist, 2011).

Objetivo da atividade

Como mediador de contato não verbal, por meio do toque, as pessoas podem
transmitir seus sentimentos em muito menos tempo do que usando as palavras. Por isso,
ao se lançar mão de expressões, o ser humano pode transmitir o que realmente deseja
pois, em um simples gesto, é possível fazer com que o outro nos compreenda.

Torna-se fundamental propor atividades que ajudem o idoso a superar as


dificuldades que se lhe apresentam no corpo, sendo de extrema importância que ele se
sinta cada vez mais “dentro de sua própria pele”. Atividades prazerosas de socialização
fazem com que o equilíbrio energético emocional seja mobilizado para uma maior
conscientização corporal. Na medida em que se percebe o próprio corpo, podem-se
perceber as outras pessoas, pois, percebendo-se as si mesmo como uma pessoa, pode-se
sentir uma outra.
Muitas vezes, na maioria das pessoas, o prazer é uma palavra que evoca
sentimentos conflitantes, no entanto, quem não tem prazer corporal torna-se um sujeito
rancoroso, impaciente, frustrado.

Deve-se, pois, oferecer ao idoso uma melhor qualidade de vida, resgatando o


prazer lúdico por meio dos movimentos do seu corpo, possibilitando o conhecimento do
seu corpo e a busca da harmonização em relação a si mesmo e ao mundo exterior.

Quando planejamos atividades para se trabalhar com a terceira idade, estamos


objetivando retardar o envelhecimento e conservar ao máximo a autonomia do idoso.

Ao se trabalhar com psicomotricidade, busca-se contrariar a retrogênense


psicomotora, o comprometimento motor, o embasamento cognitivo e o endurecimento
psíquico do idoso; resignifica-se o corpo do idoso, investindo nele e fazendo dele um
meio de se reapropriar da vida, ou seja, contribuir para restaurar sua autonomia corporal
com a finalidade de que ele sinta mais prazer em viver e, consequentemente, ter uma
vida mais saudável.

Descrição da atividade

Algumas condutas básicas podem ser seguidas na planificação das atividades a serem
desenvolvidas com idosos

1- Atividades físicas que favoreçam o equilíbrio, a marcha e a escuta de si


(ginastica geriátrica, vivencias psicomotoras, hidroginástica etc.).

2- Atividades que propiciem ao idoso a livre iniciativa de explorar seu potencial


criativo e trabalhar relações interpessoais (movimentos de conscientização
corporal, voltar para si mesmo a partir da exploração do espaço, contatos com o
seu próprio corpo- criando movimentos de acordo com suas possibilidades e
entrando também em contato com o corpo dos demais que com ele relacionam;
dançar, por exemplo, ao som de diversos ritmos)

3- Atividades que promovam oportunidade de autodescoberta e de valorização de


sua vivencia e de suas experiências ( dar ao idoso condição de falar sobre si
mesmo, de seus projetos de vida, de seus desejos e poder representar isso com os
seus movimentos corporais-propostas de trabalho de dramatizações, teatro, entre
outras).
Funcionamento da atividade

Atividade deve ser escolhida pelo idoso, onde ele deve escolher a atividade que lhe
proporcione sentimento de satisfação.

Como também devem ser analisadas as condições adequadas para os mesmo.

Tempo da atividade

Qualquer uma atividades descrita, como hidroginástica, dança, artes, devem ser
realizadas pelo menos três vezes por semana, por 50 min.

A capacidade do idoso, seus gestos, suas atitudes, seus deslocamentos e seu


ritmo nos permitem conhecê-lo e compreendê-lo melhor do que buscar informações
para tal fim nas palavras por ele pronunciadas. Naturalmente, o idoso realiza cenas da
vida cotidiana: fala movimentando-se, canta dançando ou então põe-se primeiro a
dançar e o canto nasce em seguida. Ele expressa, de forma simultânea, sua afetividade e
exercita sua inteligência. O idoso passa grande parte da sua vida trabalhando e, por isso,
sua conduta está representada pela sua atividade motora (FONSECA, 2008).

Os idosos apreciam muito a dança, a hidroginástica, a natação e outras formas de


atividade física que proporcionam relaxamento corporal e bem estar. Enquanto se
mexem, cantam músicas que inventam nessa alegria do movimento. É importante
respeitar o ritmo individual de cada idoso, pois cada um tem um ritmo próprio, não só
pela sua originalidade, mas também pela maturação dos centros nervosos que não é
idêntica, nem com o mesmo grau, em cada um. Importa mais o trabalho realizado pelo
idoso do que o resultado desse trabalho. A perfeição progressiva do ato motor implica
em um funcionamento global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e de atitude
(VELASCO, 2006).

Motricidade Global

O movimento motor global, mesmo sendo mais simples, é um movimento


sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal e assim por diante. Os
movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos
comandos nervosos e no afinamento das sensações e das percepções. O que é educativo
na atividade motora não é a quantidade de trabalho efetuado nem o registro alcançado,
mas o controle de si mesmo, obtido pela qualidade do movimento executado, isto é,
precisão e pela maestria de sua execução (ROSA NETO, 2009).
Equilíbrio

O equilíbrio é o estado de um corpo quando forças distintas que atuam sobre ele
se compensam e anulam-se mutuamente. Do ponto de vista biológico, a possibilidade de
manter posturas, posições e atitudes indicam a existência de equilíbrio (ABREU, 2007).

Diferentes sensações, tanto de origem visual e vestibular como de sensibilidade


proprioceptiva, permitem a detecção dos deslocamentos do centro de gravidade e a
colocação em jogo de mecanismos de correção para reconduzi-los a uma posição
estável. De outra parte, o deslocamento do corpo rompe o equilíbrio estático e necessita,
em particular, de um ajuste do tônus muscular de sustentação da perna de apoio para
compensar o aumento passageiro para a massa suportar. O tônus postural de
manutenção é o resultado de um conjunto de reações de equilíbrio e de manutenção de
atitude e fornece referência e suporte para a execução das ações motrizes (ROSA
NETO, 2009).

Quadro I. Descrição do Programa de Intervenção com exercícios físicos

Exercícios Programa (exercícios supervisionados, em grupo)


Aquecimento
(5-10 min. - 3x por semana- 18 semanas) Andar levemente rápido em superfície plana
Força muscular e Equilíbrio II exercícios
(50 min 0 3x por semana – 18 semanas) Sentada em uma cadeira:
1) Colocar um peso nas pernas e levantar po 5x
seguidas
2) Flexão e extensão do cotovelo direito e
esquerdo
3) Flexão dos ombros
Em pé:
1) Flexão de joelho D e E
2) Levantar e sentar na cadeira sem a utilização
das mãos.

Quadro II. Descrição do Programa de Intervenção com Hidroginástica.

Exercícios Programa (exercícios supervisionados, em grupo)


Aquecimento
(5-10 min. - 3x por semana- 18 semanas) Força muscular
Força muscular
(50 min 0 3x por semana – 18 semanas) Pernas- Com boia espaguete
Enquanto as mãos seguram o espaguete e fazem os
movimentos, suas pernas também devem trabalhar. Os
movimentos trabalham os músculos da coxa, glúteos e
abdômen, e devem ser feitos sempre alternando as pernas:
- Flexionar os joelhos levando o calcanhar até os glúteos
- Elevar os joelhos à frente, deixando-os na linha do quadril.
- Dar pequenos chutes
- Dar pulinhos, elevando uma perna para o lado
- Elevar a perna para frente, mantendo-a estendida
Quadro III. Descrição do Programa de Intervenção

Exercícios Programa (exercícios supervisionados, em grupo)


Aquecimento
(5-10 min. - 3x por semana- 18 semanas) Para desenvolver o EQUILÍBRIO

Força muscular ESTÁTICO:


(50 min 0 3x por semana – 18 semanas) Ficar igual a uma estátua;
Permanecer parado e com os olhos fechados;
DINAMICO:
Subir sobre uma plataforma em aclive e descer em
declive;
Andar para frente e para trás sobre um obstáculo;
Andar sobre linhas curvas e sinuosas com objetos sobre
a cabeça;

Relaxamento Respirações e massagens


(10-15 min., 3x por sem., 18 sem.)

Abreviações: min, minutos; x, vezes; sem., semana; D, direito; E, esquerdo

No plano de organização neuropsicológica, pode-se dizer que o equilíbrio


tônico-postural constitui o modelo de autorregulação do comportamento. As variações
da postura estão associadas aos períodos de crescimento surgidos como uma resposta
aos problemas de equilíbrio que costumam ocorrer, segundo as mudanças nas
proporções corporais e seus segmentos. A postura ideal é aquela em que a atividade
muscular tem que ser mínima para manter o corpo em estado de equilíbrio, a postura
alerta e ativa é o resultado mental sobre o corpo, promovendo, desse modo, o equilíbrio
e a estabilidade do corpo e da mente (JARDIM, 2006).
Desta forma, podemos afirmar que os movimentos corporais, expressividade e
sentimentos beneficiam a marcha, o equilíbrio, a estabilidade corporal e um melhor
desempenho das atividades da vida diária, rompendo com o estigma que a sociedade impõe
no modo de vida dos idosos e com o aspecto da incapacidade funcional. As atividades são
fundamentais para o idoso superar as dificuldades presentes no corpo de modo que as
atividades prazerosas de sociabilização fazem com que o equilíbrio energético emocional
seja mobilizado para uma maior conscientização corporal (VELASCO, 2006).

Avaliação do desempenho funcional da marcha (POMA-BRASIL)

A avaliação do desempenho funcional da marcha tem a finalidade de mensurar o


tempo que a pessoa leva para caminhar uma determinada distância, por isso o torna uma
avaliação mais elementar em relação à marcha. Por outro lado, possibilita a
consideração de outras variáveis dependentes desse deslocamento no espaço. As
modificações biomecânicas e fisiológicas não implicam unicamente um desempenho
menos eficiente das habilidades motoras. Todavia, geram uma mudança qualitativa nos
componentes subjacentes aos sistemas psicomotores envolvidos que controlam e
ordenam os diferentes períodos da marcha.
O sedentarismo provoca uma fraqueza na musculatura dos membros inferiores,
gerando um declínio nos padrões de estabilidade da marcha, especialmente
comprimento de passo, altura de passo, estabilidade de tronco e sustentação durante a
marcha. A velocidade da marcha é influenciada com o nível de força que o indivíduo
executa, então, à medida que o indivíduo apresenta uma força muscular reduzida
durante o movimento de torque, a velocidade da marcha é diminuída.
Acredita-se que as doenças reumáticas podem influenciar no desempenho da
marcha, principalmente, numa população sedentária. Isso explica o fato da ocorrência
do encurtamento dos passos estar associada à diminuição da velocidade em virtude da
redução da amplitude da articulação do quadril e joelho dependendo do estágio da
patologia. Sabe-se que o envelhecimento, fisiologicamente, favorece o encurtamento
dos passos, aumentando o tempo de cadência, promovendo perda e eficiência da
marcha.
A prática de atividades físicas proporciona variados benefícios para o idoso,
conforme descrito acima, mas também melhora o humor e autoestima, como também a
redução da ansiedade, tensão e depressão.
Assim, o conhecimento e o domínio das possibilidades corporais passam a fazer
parte da realidade de cada ser humano e o corpo ocupa o lugar de mediador da vivência-
experiência, uma vez que ele é a unidade da qual o ser humano dispõe para poder agir,
movimentar-se, sentir, relacionar-se e conhecer o mundo. A perda do afeto diante das
lembranças acumuladas ao longo da história pessoal está relacionada, segundo a psicanálise,
às reações que o sujeito manifesta diante dos acontecimentos que o situam no mundo e
constituem uma descarga afetivo-motora a toda manifestação, voluntária ou não, em relação
aos fatos do cotidiano. A pessoa não consegue perceber a significação afetiva da
manifestação que o seu corpo explicita, tornando esta, apenas, um sinal externo, isto é, sem
conteúdo emocional aparente (HEINSIUS, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nota-se que o envelhecimento passa, ideologicamente, a ser posto como uma


questão individual, isto é, desloca-se para o sujeito toda a responsabilidade pelos
problemas que possa estar enfrentando no seu envelhecer e que, na realidade, são
questões de caráter político, social e econômico em uma sociedade que não se rende ao
“inevitável” e se alimenta de vender o “desejável”.

A experiência de envelhecimento tende a ser vista como uma opção individual,


um estilo de vida frente a um leque variado de produtos e serviços, e não mais como
uma vivência inevitável do passar dos anos. Envelhecer constitui-se em uma luta contra
a própria velhice, que culmina na adoção de práticas maníacas que dão a sensação de
restaurar a juventude perdida, na busca incessante por impedir o “inevitável”
(NOQUEIRA, 2008).

Conclui-se que, o incentivo à prática psicomotora é de grande relevância, pois a


psicomotricidade é uma área de estudo e de atuação profissional que, ao utilizar os
recursos referentes ao movimento e à afetividade, objetiva estabelecer o equilíbrio
necessário entre corpo, indivíduo e ambiente, na apropriação da corporeidade. Contudo,
essa intervenção deve ser planejada objetivando a melhoria da conduta motora,
sensitivo-perceptiva, cognitiva e emocional do idoso.

Em síntese, por meio do reforço à autoestima e ao domínio corporal, assegura-se


a adequação da funcionalidade corpórea, traduzida pela melhoria na qualidade de vida, a
partir da projeção das possibilidades psicomotoras da pessoa idosa.
REFERÊNCIAS

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