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A Teologia do Reino de Davi

Os livros de Samuel narram três mudanças na forma de Deus construir e estruturar seu
reino: 1. A adoração israelita litúrgica passa de Siló para Jerusalém; 2. A liderança de Israel
passa dos lideres militares ocasionais para o reino eterno de Davi; 3. Israel é transformado,
deixando de ser uma liga tribal e passa a ser um reino unido.
Jerusalém pertencia aos jebuseus, e assim permaneceu desde a conquista da terra até o
reinado de Saul; porém, ao ascender ao trono reinando sobre todo o Israel após haver reinado
sete anos em Hebron sobre Judá, Davi a conquista e faz dela a capital de seu reino1.
Davi é o primeiro rei a assentar no trono como representante da soberania de Deus
sobre Israel. O fato de Samuel não ungir os irmãos de Davi por determinação de Deus, que eram
preparados e aptos para a guerra, mas sim, a um jovem pastor de ovelhas, sem aparência física
e inexperiente em questões de liderança, mostram que a escolha foi do próprio Deus e não do
homem Samuel.
Estudos recentes sobre alianças e tratados no Oriente Próximo Antigo revelam dois
modelos básicos: 1. A concessão real, onde uma parte superior tinha prioridade sem base
fundamental além da boa vontade do benfeitor; 2. A paridade, que era a imposição de um
superior a um inferior. A concessão real era fundamentalmente uma questão de graça na
concessão e na perpetuação.
A eleição de Davi para reinar foi um assunto totalmente independente dos méritos dele
ou de maquinação de sua parte. A aliança davídica era acompanhada por muitas bênçãos: o
Senhor daria a Davi uma grande reputação; daria uma terra segura e protegida para moradia a
Israel; estabeleceria a dinastia davídica, e, a casa e reinado de Davi durariam para sempre, o
que faria da aliança davídica incondicional e eterna2.
Davi conquista Jerusalém e faz dela a capital de seu reino, construindo um palácio real
e casas para sua corte. Ao se ver morando em um palácio de cedro e ver que a Arca de Deus
habita em uma tenda, deseja em seu coração construir uma Casa para Deus, porém, Deus o
impede e diz que seu filho depois dele construiria a casa3.
A Arca da Aliança era o símbolo da presença do Senhor Deus em meio a seu povo, e
estava localizada no local mais santo do Tabernáculo, ocupando o lugar que geralmente era

1
WALTKE, Bruce K. Teologia do Antigo Testamento: uma abordagem exegética, canônica e temática. São
Paulo: Vida Nova, 2015
2
MERRILL, Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Shedd Publicações, 2009
3
DROLET, Gilles. Compreender o Antigo Testamento: Um projeto que se tornou promessa. São Paulo:
Paulus, 2008
dado aos ídolos nos templos pagãos. Deus controlava a sua locomoção e não os sacerdotes como
nas culturas pagãs, motivo pelo qual Deus deixou que esta fosse capturada na guerra contra os
filisteus.
A adoração para os hebreus era uma experiencia ativa e não passiva. Eles reconheciam
o valor de Deus e lhe prestavam culto com gestos e ofertas e sacrifícios diversos, sendo a
adoração de grande importância. Os levitas foram, no reinado de Davi, agrupados par serviços
como cantores, porteiros, músicos, professores das leis e juízes4.
No contexto da história davídica, Deus é aquele que elege por graça e protege seu
eleito. Vemos isso claramente nas passagens onde Saul, o rei rejeitado por Deus, torna-se perigo
a vida de Davi. Ele é ainda o Deus de uma aliança eterna com Davi, quando lhe promete que
seu reino durará para sempre, apontando para o reinado do Messias. O reinado de Davi e como
o próprio Deus reinando na terra, ou seja, quando o rei julga com justa justiça e protege os
súditos do reino é como o próprio Deus faz em relação aos servos de seu Reino5.
Deuteronômio fala de um tempo em que o Deus escolheria um local onde as ofertas
de adoração do povo seriam levadas. A menção da construção do Templo no reinado de Davi
registra a transição do tabernáculo itinerante para um local fixo onde o nome de Deus seria
adorado, assim como a escolha de Jerusalém como lugar onde a casa de Deus seria erguida está
associada a eleição de Davi por Deus6.

4
HILL, A. E.; WALTON, J. H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2007
5
HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2005
6
DILLARD, R. B.; LONGMAN III, T. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2006

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