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PROCESSO Nº 167/15.3T8MTS.P1
RG 503
PARTES:
RECORRENTE: B…, LDA.
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10/10/2017 Acórdão do Tribunal da Relação do Porto
RECORRIDO: C…
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invocação de justa causa) em 30 dias de retribuição base, por cada ano completo de
antiguidade.
5. Verifica-se, pois uma contradição flagrante na Sentença, que redundou numa incorreta
aplicação das normas legais aplicáveis à factualidade dada como provada.
6. Contradição essa que deverá ser sanada por via do presente recurso.
7. Determinando Vossas Excelências, em conformidade, que, para efeitos do cômputo de
(eventual) indemnização por antiguidade, a abonar ao Autor, a mesma deverá ser
calculada atendendo ao mencionado montante legalmente fixado pelo instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho, de 30 dias de retribuição por cada ano de
antiguidade.
Pelo exposto e com o douto suprimento de Vossas Excelências, deve ser concedido
provimento ao presente Recurso, ordenando-se, em consequência a reformulação da
Sentença no sentido propugnado supra.
◊◊◊
5. O Autor contra-alegou pugnando pela improcedência do recurso.
◊◊◊
6. O Exº. Sr.º Procurador-Geral Adjunto deu o seu parecer no sentido da não existência
da invocada nulidade da sentença e da procedência da apelação de modo a que se
revogue a sentença recorrida na parte em que condenou a aqui apelante numa
indemnização correspondente a 45 dias de remuneração base por cada ano completo de
antiguidade, e substitui-la por outra que, nessa parte, a condene a pagar-lhe uma
indemnização correspondente a 30 dias de remuneração base por cada ano completo de
antiguidade.
◊◊◊
7. Dado cumprimento ao disposto na primeira parte do nº 2 do artigo 657º do Código de
Processo Civil foi o processo submetido à conferência para julgamento.
◊◊◊
◊◊◊
II - QUESTÕES A DECIDIR
Tendo em conta que o objeto do recurso é delimitado pelas conclusões das respetivas
alegações do recorrente - artigos 635.º, n.º 4 e 639.º, n.º 1, do Código de Processo Civil,
ex vi do artigo 87.º, n.º 1, do Código de Processo do Trabalho -, ressalvadas as questões
do conhecimento oficioso que ainda não tenham sido conhecidas com trânsito em
julgado, as questões a decidir são as seguintes:
1) Nulidade da sentença;
2) Saber qual o quantum indemnizatório aplicável à situação dos autos.
◊◊◊
◊◊◊
III – FUNDAMENTOS
1. Foram considerados provados os seguintes factos:
1º- O A. foi admitido a prestar trabalho em 01 de Janeiro de 2005 sob as ordens, direção
e fiscalização da respetiva entidade patronal, por contrato de trabalho sem termo, não
reduzido a escrito.
2º- Foi contratado para exercer as funções de picheleiro/canalizador.
3º- Auferindo o vencimento base mensal de € 469,90, a que acrescia € 4,15 de subsídio
de alimentação por cada dia efetivo de trabalho prestado.
4º- Enquanto prestou trabalho para a R., sempre o A. foi considerado um trabalhador
assíduo (já que não faltava ao trabalho), educado (pois que tinha a maior delicadeza de
trato com os clientes/entidade patronal/demais trabalhadores), competente (já que
sempre exerceu as funções de que foi investido com saber e perfeição), disciplinado
(porquanto sempre obedeceu às normas e diretrizes provindas da entidade patronal) e
disponível (uma vez, que estava sempre disposto a cumprir todas as funções que a
entidade patronal entendesse necessárias).
5º- A relação laboral cessou por resolução a 03 de Julho de 2014 invocada pelo
trabalhador por falta de pagamento culposo das retribuições dos meses Março, Abril,
Maio e Junho de 2014.
6º- O Autor enviou carta registada com aviso de receção, em 01 de Julho de 2014,
recebida pela Ré no dia 03 do mesmo mês e ano, resolvendo o seu contrato com justa
causa invocando essa falta do pagamento das retribuições.
7º- A Ré sempre teve uma atividade económica proveitosa e perfeitamente sustentável.
8º- A Ré sempre teve clientes e encomendas mais que suficientes para garantir a sua
viabilidade económica e sempre conseguiu obter o pagamento dos serviços realizados.
9º- Motivo pelo qual, nada justifica as dificuldades de tesouraria que a impediram de
liquidar os vencimentos do A., que não teriam ocorrido se os proveitos da Ré se
destinassem, como deviam, as liquidar unicamente as suas obrigações.
10º- O A. foi contratado em 01/01/2005 para a categoria de picheleiro/canalizador com a
retribuição base mensal de € 469,90 e com o valor diário de subsídio de alimentação de
€4,15.
11º- Em 2005 foi celebrada Convenção Coletiva de Trabalho entre a AECOPS e a
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2. DO OBJECTO DO RECURSO
Analisemos então as questões que a recorrente nos trouxe no seu recurso.
Alega a recorrente que a sentença é nula, nos termos da alínea c), do nº 1 do artigo 615º
do CPC, na medida em que, na sua opinião, um dos fundamentos da sentença está em
oposição com a decisão proferida. Consubstancia tal oposição na existência de «uma
frontal discordância entre um dos factos provados na Sentença – o reconhecimento da
aplicabilidade do CCT da Construção Civil e Obras Públicas à relação laboral em causa
nos autos em toda a sua amplitude, face a um dos seus reflexos práticos no presente
pleito – a consideração e cálculo do quantum de indemnização por antiguidade».
Acrescenta ainda que tal se deve ao facto de «o citado CCT, não apenas na versão
invocada pelo Autor (com publicação no BTE nº 13, de 08.04.2005), mas também na
versão vigente à data da prolação da Sentença (publicada no BTE nº 17, de 08.05.2010),
estabelece, inequívoca e imperativamente, que o montante da indemnização por
antiguidade em casos como o vertente é de 30 dias de retribuição, tendo no entanto a
Sentença condenado a Ré a pagar ao Autor tal indemnização à razão de 45 dias de
retribuição por cada ano de antiguidade, correspondente ao peticionado por aquele».
Decidamos:
As nulidades da sentença estão elencadas no artigo 615º, nº 1, do CPC. Assim, a
sentença é nula quando:
“a) Não contenha a assinatura do juiz;
b) Não especifique os fundamentos de facto e de direito que justificam a decisão;
c) Os fundamentos estejam em oposição com a decisão ou ocorra alguma ambiguidade
ou obscuridade que torne a decisão ininteligível;
d) O juiz deixe de pronunciar-se sobre questões que devesse apreciar ou conheça de
questões de que não podia tomar conhecimento;
e) O juiz condene em quantidade superior ou em objeto diverso do pedido.
A sentença conhece do pedido e da causa de pedir, ditando o direito para aquele caso
concreto, pelo que a mesma pode estar viciada de duas causas que poderão obstar à
eficácia ou validade da dicção do direito. Pode, por um lado, ter errado no julgamento dos
factos e do direito e então a consequência é a sua revogação; por outro, como ato
jurisdicional que é, pode ter atentado contra as regras próprias da sua elaboração e
estruturação ou contra o conteúdo e limites do poder à sombra da qual é decretada e
então torna-se passível de nulidade, nos termos do apontado artigo 615º do Código de
Processo Civil.
A nulidade prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 615.º do Código de Processo Civil, por
oposição entre os fundamentos e a decisão, verifica-se quando na construção da
sentença existe realmente um vício lógico, pelo facto do juiz, tendo escrito o que
realmente queria escrever, chegar a um resultado diferente daquele a que os
fundamentos invocados logicamente conduziriam[1].
Nestas situações, o julgador elabora uma construção viciosa, pois os fundamentos
invocados conduziram logicamente, não ao resultado expresso na decisão, mas ao
resultado oposto, pelo que a proposição final (conclusão) se revela incompatível com as
proposições logicamente antecedentes (fundamentos), o que traduz um vício de
raciocínio[2].
Ora, manifestamente não é o caso dos autos. Na verdade, os fundamentos da sentença
recorrida não estão em oposição com a decisão proferida, nem conduzem a uma decisão
oposta à que foi considerada.
Assim, o reconhecimento da aplicabilidade do CCT da Construção Civil e Obras Públicas
à relação laboral em causa nos autos e a circunstância de se optado por um quantum
indemnizatório pela resolução do contrato com justa causa plasmado no artigo 396º do
CT, ou seja, superior ao previsto no aludido CTT, não leva a que estejamos perante uma
construção viciosa, já que em nada os fundamentos aduzidos conduziriam a uma decisão
diversa. Podemos estar é, sim, perante um erro de julgamento, o qual leva, não à
nulidade da sentença, mas à sua revogação.
Pelo exposto, improcede, assim, a invocada nulidade da sentença.
◊◊◊
2.2. Saber qual o quantum indemnizatório aplicável à situação dos autos.
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não podendo contrariar a lei imperativa; a lei não pode sequer consentir ela mesma a sua
derrogação por convenção coletiva, por força do artigo 112º n.º 5 , mas não está
impedida de estabelecer regimes mínimos ou supletivos”.
O que estabelece a convenção coletiva é um regime mínimo ou supletivo, o qual a
Meritíssima Juiz “a quo” decidiu, e bem, não aplicar, aplicando ao invés o estipulado na
lei geral, isto é, no art.º 396º do Código de Trabalho.
Acresce que, à data da prolação da sentença, o CCT em vigor era a publicada no BTE
n.º 30 de 17/08/2015, não aplicável aos presentes autos, uma vez que a relação laboral
já se encontrava extinta à data da sua publicação. Além do mais, a cláusula que dispõe
sobre o valor mínimo das indemnizações no CCT (n.º 13 de 08/04/2005) é a cláusula 75ª
e não a 73ª conforme alegado pela recorrente.
Vejamos se lhe assiste razão.
Está assente e aceite pelas partes que a relação laboral teve o seu início no dia 01 de
Janeiro de 2005 e cessou por resolução com justa causa invocada pelo Autor em 03 de
Julho de 2014.
As partes também estão de acordo na aplicação à relação laboral do Contrato coletivo
entre a AECOPS - Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços
e outras e a Federação dos Sindicatos da Indústria e Serviços - FETESE. Divergem
apenas em qual deles é o aplicável: o publicado no BTE nº 13, de 08/04/2005 ou o
publicado no BTE, nº 30, de 17/08/2015. De qualquer forma deveremos ter em atenção
que permeia entre estes dois CCT o publicado no BTE, nº 17, de 08/05/2010.
O CCT mais recente - publicado no BTE, nº 30, de 17/08/2015 – que revogou o CTT
publicado no BTE, nº 17, de 08/05/2010, apenas entrou em vigor no dia 1 do mês
seguinte ao da sua publicação, ou seja, no dia 1 de Junho de 2015 (cfr. cláusula 2ª).
Ora, tendo a relação laboral terminado em 03 de Julho de 2014 é bem de ver que o
mesmo não pode ser tido em consideração, uma vez que na data em que o mesmo
entrou em vigor a relação laboral já não existia.
No que concerne ao CCT publicado no BTE nº 13, de 08/04/2005 o mesmo também não
tem aplicação à situação dos autos, pois como bem salienta o Exº Sr.º Procurador-Geral
Adjunto no seu parecer «o CTT aplicável ao caso concreto é o republicado no BTE nº 17
de 08.05.2010 e não, como diz o autor, o publicado no BTE nº 13, de 08.04.2005 por
inexistir por parte deste qualquer direito adquirido».
Este CCT (re)publicado no BTE nº 17 de 08.05.2010 no Capítulo XIII, intitulado
«Cessação do contrato de trabalho», estatui na cláusula 73ª, sob a epígrafe
«Indemnização por cessação do contrato de trabalho», o seguinte:
“1 — O montante da indemnização é de 30 dias de retribuição base, por cada ano
completo de antiguidade, sendo proporcional em caso de fração de ano, nas seguintes
situações de cessação contratual:
a) Resolução do contrato de trabalho, incluindo os celebrados a termo, por iniciativa do
trabalhador com invocação de justa causa, aceite pelo empregador ou declarada
judicialmente;
b) Resolução do contrato de trabalho por iniciativa do trabalhador, com invocação de
prejuízo sério nas situações de transferências definitivas do local de trabalho, aceite pelo
empregador ou declarada judicialmente;
c) Despedimento declarado ilícito;
d) Em caso de procedência da oposição do empregador à reintegração do trabalhador.
2 — Nas situações previstas nas alíneas a), c) e d) do número anterior, o montante da
indemnização não pode ser inferior a três meses da retribuição base.”
Um aparte:
Mesmo que se defendesse a aplicabilidade de qualquer um dos outros CCT assinalados
a solução seria mesma, sendo indiferente qual o aplicável, na medida em que todos eles
regem da mesma forma. O de 2015 na cláusula 73ª, nº 1, alínea a) e o de 2005 na
cláusula 75ª, nº 1, alínea a).
Assim, estabelecendo o CTT aplicável à relação laboral estabelecida entre as partes que
em caso de cessação do contrato de trabalho por iniciativa do trabalho, com invocação
de justa causa, o montante da indemnização é de 30 dias de retribuição base, por cada
ano completo de antiguidade, sendo proporcional em caso de fração de ano e dispondo a
lei geral – artigo 396º, nº 1 do CT – que, nessa situação, a indemnização será
determinada entre 15 e 45 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano
completo de antiguidade, atendendo ao valor da retribuição e ao grau da ilicitude do
comportamento do empregador, não podendo ser inferior a três meses de retribuição
base e diuturnidades, haverá algum impedimento legal à aplicação daquele CTT?
Defende a recorrida que as convenções coletivas de trabalho têm eficácia infra
legislativa e não podem derrogar a lei e que estabelecendo a convenção coletiva um
regime mínimo ou supletivo nada obsta a, que ponderados os factos assentes, se aplique
o estipulado na lei geral, isto é, o art.º 396º do Código de Trabalho.
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Assim, do nº 1 do citado artigo 3º resulta que as normas legais, desde que não
imperativas, podem, em princípio, ser afastadas pela regulação coletiva, mesmo que as
mesmas disponham em sentido não favorável aos trabalhadores.
Já do nº 3 resulta que em determinadas matérias as normas legais apenas podem ser
afastadas por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho desde que este
disponha em sentido mais favorável para os trabalhadores e que essas normas legais a
tal não se oponham, ou seja, nas palavras de BERNARDO DA GAMA LOBO XAVIER[3]
«desde que a lei não fixe um regime absolutamente imperativo, tanto quanto aos
mínimos como aos máximos».
Segundo este Autor[4] «os IRCT, em princípio não obedecem ao princípio hierárquico e
para elas as leis não são, em regra, normas mínimas. As CCT podem afastar muitas
soluções legais, mesmo para impor soluções menos favoráveis (art. 3º, nº 1), desde que
se trate de normas legais não imperativas [ art. 478º, I, a)]».
Certo é que na situação em apreço não se verifica nenhuma das aludidas situações
impeditivas do afastamento da aplicabilidade das normas legais por força de uma
convenção coletiva.
Todavia, não poderemos deixar de atender ao que consagra o artigo 339º do Código do
Trabalho. Este normativo está inserido no Capitulo VII – Cessação do Contrato de
Trabalho, do Título II (artigos 308º a 403º), dispondo no seu nº 1 que «[o] regime
estabelecido no presente capítulo não pode ser afastado por instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho ou por contrato de trabalho, salvo o disposto nos
números seguintes ou em outra disposição legal».
O nº 3 de tal normativo, relevante para a questão em apreciação, estatui que «[o]s
valores de indemnizações podem, dentro dos limites deste Código, ser regulados por
instrumento de regulamentação coletiva de trabalho».
Daqui resulta que qualquer matéria relacionada com a cessação do contrato de trabalho
estabelecida no Capitulo VII do Código do Trabalho não pode ser afastada ou modificada
por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho ou por contrato de trabalho,
salvo as situações previstas nos nºs 2 e 3 do artigo 339º.
Como salienta o Exº Sr.º Procurador-Geral Adjunto no seu parecer «[c]omo dizem Pedro
Furtado Martins[5] e Pedro Romano Martinez[6] apesar da distinção/diferença que os CT
de 2003 e de 2009 estabelecem entre “indemnização” e “ compensação”, aquela
associada à cessação ilícita do contrato de trabalho ( artigos 389º, nº 1, a), 390º, 391º,
399º, 401º e 403 ) e esta ao normal exercício de promover a cessação do contrato pelo
trabalhador (artigos 344º, nº 2, 345º, nº 4, 346º, nº 5, 366º, 372º e 379º), deve entender-
se que permissão legal para a intervenção da autonomia coletiva também abrange a
compensação porque não há razão material para se sustentar um tratamento diferente e
porque o termo “indemnização” é utilizado no preceito do artigo 339º, nº 3, em sentido
amplo»[7].
Isto sem esquecermos que, quer o artigo 391º, nº 1, que regula a indemnização em
substituição da reintegração do trabalhador, em caso de despedimento ilícito, quer o
artigo 396º, nºs 1 e 2, que cuida da indemnização devida ao trabalhador, em caso de
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podem, em princípio, ser afastadas pela regulação coletiva, mesmo que estas
disponham em sentido não favorável aos trabalhadores.
3- Já do nº 3 do mesmo normativo resulta que em determinadas matérias as normas
legais apenas podem ser afastadas por instrumento de regulamentação coletiva de
trabalho desde que este disponha em sentido mais favorável para os trabalhadores e
que essas normas legais a tal não se oponham, ou seja, nas desde que a lei não fixe um
regime absolutamente imperativo, tanto quanto aos mínimos como aos máximos.
4- Do artigo 339º do Código do Trabalho resulta que qualquer matéria relacionada com a
cessação do contrato de trabalho estabelecida no Capitulo VII do Código do Trabalho
não pode ser afastada ou modificada por instrumento de regulamentação coletiva de
trabalho ou por contrato de trabalho, salvo as situações previstas nos nºs 2 e 3 do artigo
339º.
5- Apesar da distinção/diferença que os CT de 2003 e de 2009 estabelecem entre
“indemnização” e “ compensação”, aquela associada à cessação ilícita do contrato de
trabalho (artigos 389º, nº 1, a), 390º, 391º, 399º, 401º e 403) e esta ao normal exercício
de promover a cessação do contrato pelo trabalhador (artigos 344º, nº 2, 345º, nº 4, 346º,
nº 5, 366º, 372º e 379º), deve entender-se que permissão legal para a intervenção da
autonomia coletiva também abrange a compensação porque não há razão material para
se sustentar um tratamento diferente e porque o termo “indemnização” é utilizado no
preceito do artigo 339º, nº 3, em sentido amplo».
6- Numa situação em que Autor resolveu o seu contrato de trabalho invocando justa
causa derivada do não pagamento das retribuições e determinando, a cláusula 73ª do
CTT aplicável, que o montante da indemnização por cessação do contrato de trabalho é
de 30 dias de retribuição base, por cada ano completo de antiguidade, sendo
proporcional em caso de fração de ano, na resolução do contrato de trabalho, incluindo
os celebrados a termo, por iniciativa do trabalhador com invocação de justa causa, aceite
pelo empregador ou declarada judicialmente e, estando esse montante de 30 dias dentro
dos limites mínimo e máximo legalmente fixados (15 a 45), não poderemos deixar de
concluir que o CTT em causa afastou a norma geral supletiva constante no artigo 396º,
nºs 1 e 2 do Código do Trabalho.
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