NA EDUCAÇÃO BÁSICA ATIVIDADE PORTIFÓLIO 1º SEMESTRE - INDIVIDUAL
Nilópolis 2014 MÁRCIA CRISTINA REMÉDIO
A ATUAÇÃO PEDAGÓGICA INCLUSIVA DO PROFESSOR
NA EDUCAÇÃO BÁSICA ATIVIDADE PORTIFÓLIO 1º SEMESTRE- INDIVIDUAL
Trabalho apresentado ao Curso de Letras da
UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas: Educação à Distância; Sociedade, Educação e Cultura; Educação Inclusiva; Língua Brasileira de Sinais e Seminário da Prática I.
Professores: Fábio Luiz, Giane Albiazetti, Sandra
Vedoato e Raquel Franco .
Nilópolis 2014 1 INTRODUÇÃO
Muitos de nós viemos de uma educação tradicional, conservadora
e aprendemos que a escola onde estudávamos era para crianças normais e, assim julgávamo-nos. Éramos privados de dividir experiências com os ditos “excepcionais” ou “deficientes”, que, por sua vez, eram impostos a frequentarem as Escolas Especiais, devidamente adaptadas para eles, mas logisticamente impossível de manter assiduidade por causa da falta de apoio governamental. Nunca aceitei as respostas da direção da Escola Municipal Presidente Médici Bangu/RJ, de que uma criança que usava cadeira de rodas não poderia frequentar a mesma instituição pública de ensino que eu; passei três anos na presidência do Grêmio Estudantil (1986-1988) estudando e incomodando (por muitas vezes) na Região Administrativa de Bangu/RJ, onde eu residia, até que, enfim, a irmã de uma colega, com deficiência mental não muito avançada, conseguiu o direito de estudar e se formar (no antigo ginásio). Foi minha primeira vitória. Hoje trago neste trabalho minha visão na importância da igualdade quanto à diversidade e pluralidade da educação inclusiva no ensino básico, que certamente gera discussão entre os que aceitam ou não e a real necessidade de cada um entender sua diferença e a do outro sujeito. A mobilização de todos os educadores, pais e sociedade é que vai mostrar a todos que: ser diferente é o motivo de crescermos como seres humanos e, consequentemente, evoluindo politicamente a educação inclusiva. Ao aceitarmos as diferenças, todos nós teremos as mesmas oportunidades, cada um dentro da sua capacidade de aprendizagem e realizando a socialização com a divisão de conhecimentos e experiências, enriquecendo-nos culturalmente, contribuindo com a Educação Inclusiva do futuro. A Educação Inclusiva, como Lei no papel, não é falha. Infelizmente a falha está dentro das instituições de ensino públicas ou privadas sem infraestrutura, profissionais capacitados, espaço físico e material didático, levando o profissional sério, defensor da causa, por muitas vezes, a usar a criatividade para articular sua gestão no ensino dos alunos com N.E.E. 2 DESENVOLVIMENTO
Durante toda a educação básica nós, futuros
educadores/gestores, encontraremos muitas dificuldades para orquestrarmos a tolerância de nossos alunos quanto à diversidade e pluralidade no ambiente escolar. Na pesquisa feita para a elaboração deste trabalho, encontrei uma matéria que citava o Colégio Municipal Vereador Orlando Hungria, cidade de Nilópolis/RJ, onde minha filha de 10 anos estuda e que no ano de 2012 eles assumiram ‘’[...] o compromisso de oferecer educação de qualidade e acesso ao conhecimento em igualdade de condições para todos, buscando parcerias intersetoriais, usando estratégia e avançando com Salas de Recursos Multifuncionais, organizando encontros pedagógicos para troca de experiências e orientações necessárias com as Equipes de Educação Especial da Secretaria de Educação [...]” (Diversa, 2012). A realização desse compromisso teve como responsável a senhora Eva Maria de Melo Vasconcelos, que relatou em detalhes toda a jornada deste evento no ano de 2012, onde estive presente, por ter sido convidada pela Orientadora Educacional, a fazer parte do grupo de Pais Representantes da escola. Ela também relata que “[...] o objetivo do estudo de casos é conhecer com profundidade o desenvolvimento do aluno, identificar suas necessidades, buscar soluções pedagógicas para melhor atende-lo, fazer encaminhamento para atendimentos terapêuticos e dar apoio e assessoria para os profissionais da escola e, principalmente, para o próximo ano de escolaridade do aluno [...].” No ano seguinte (2013) fui bem ativa e presenciei, na escola, que houve mudança em relação ao primeiro pontapé dado para inclusão das crianças com NEE. Embora a Diretora e todo o corpo docente tenham se capacitado e conseguido iniciar a preparação do espaço físico do colégio para dar continuidade no projeto da escola e abraçar de vez a inclusão, todo esforço está sendo derrubado pela política da inclusão. Durante o ano passado, eu presenciei apenas três alunos no turno matutino frequentando suas aulas com uma única professora, que fracionava as horas dos cinco dias semana, para atender individualmente a cada um de seus alunos no que restou da Sala Multifuncional. A escola não tem mais escadas, apenas rampas, mas infelizmente, só há corrimão do segundo lance de rampas para cima. Os banheiros até a presente data não tiveram suas devidas adaptações. Por falta de material didático o aluno com deficiência visual desistiu. E assim o município vai excluindo, novamente, àqueles que têm NEE. Mas neste ano de 2014 foi inaugurada uma escola para alunos com NEE. Teria sido mera coincidência ou “divisão de águas”? Onde está a inclusão? Segundo Beatriz Santomauro: “[...] novas políticas podem minar avanços obtidos nas últimas décadas no atendimento de alunos com Necessidades Educacionais Especiais [...]. Existem os que considerem mais adequado os estudantes com deficiência frequentarem apenas escolas especiais enquanto as instituições regulares não estiverem preparadas para atender às suas particularidades. E há também defensores das classes regulares como o melhor local para que eles aprendam os conteúdos curriculares e convivam com os demais alunos [...]. Segundo o MEC, há 200 mil crianças e adolescentes com NEE fora das salas de aula [...]”. A partir do momento em que a inclusão está prevista em Lei e deve ser exercida em direito daqueles que ela protege, levanta-se a questão da mudança de paradigmas de todo um sistema educacional, que embora avançado tecnológica e didaticamente falando, ainda traz uma resma histórica preconceituosa ultrapassada e exclusiva. Pois, quando se diz que aquele aluno tem tal deficiência e tem que estar numa instituição especializada para atendê-lo, até que a instituição dita regular possa se preparar para recebê-lo, é sim uma EXCLUSÃO e, novamente, rotulamos o sujeito deficiente como “aquele que não pode estar junto com os normais”. Mas e o que é ser normal? Há alguma lei que defina o que é uma criança normal? Lendo o ECA e os Direitos Humanos não encontrei nenhum artigo ou parágrafo que designasse o que é ser normal. Num artigo do Portal da Educação diz que “[...] O adjetivo ‘incluso’ é usado quando se busca qualidade para todas as pessoas com ou sem deficiência [...]; o termo inclusão já traz implícita a ideia de exclusão, pois só é possível incluir alguém que já foi excluído. A inclusão está respaldada na dialética inclusão/exclusão, com a luta das minorias na defesa de seus direitos. Para falar sobre inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar nossas concepções e resignificar o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexibilidade e amplitude que envolve essa temática [...]”.(Portal da Educação, 01 jan. 2008). Quando um professor da Educação Básica resolve abraçar e defender verdadeiramente a causa da inclusão das crianças com NEE em sua classe, ele está acima de qualquer preconceito e mudando o futuro de todos aqueles que compartilharão a mesma experiência. O sistema educacional inclusivo, no nosso País, ainda está engatinhando e estamos construindo história. Não podemos deixar que o pensamento da Idade Média permaneça vivo em plena contemporaneidade do século XXI. Temos que sobrepujar todas as barreiras encontradas e nos capacitarmos para fazer valer os direitos de todos aqueles que são protegidos pelos Direitos Humanos. A realidade é bem diferente do que se almeja para o ideal. Os recursos existem, embora escassos, mas mesmo assim, se toda a sociedade se envolver de verdade na causa, tudo pode ser resolvido e o futuro ser transformado em igualdade e realmente o slogan “UMA ESCOLA PARA TODOS” não será mais apenas uma maquiagem utópica para nosso País. Ainda no artigo do Portal da Educação cita “[...] Portanto, a educação inclusiva depende de mudança de valores da sociedade e a vivência de um novo paradigma que não se faz com simples recomendações técnicas, como se fossem receitas de bolo, mas com reflexões dos professores, direções, pais, alunos e comunidade. Contudo essa questão não é tão simples, pois, devemos levar em conta as diferenças. Como colocar no mesmo espaço demandas tão diferentes e específicas se muitas vezes, nem a escola especial consegue dar conta desse atendimento de forma adequada já que lá também temos demandas diferentes”.(Portal da Educação, 01 jan. 2008). O debate sobre a educação inclusiva para alunos com NEE é muito contraditório, a começar pelas Leis que quase sempre não se encontram e outras vezes até sofrem mudanças, como a Meta 4 do PNE e a revogação do decreto da educação inclusiva. Na Revista e Educação diz que “[...] a meta número 4 do PNE 2011-2020, que antes se pautava somente pela inclusão, agora abre a possibilidade para o atendimento apenas em classes, escolas ou serviços públicos comunitários a alunos para os quais não seja possível a integração em escolas regulares [...]. [...] Já o decreto 6.571/2008, acrescentou um dispositivo à legislação anterior: o AEE poderia ser oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou pelas instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o poder público”. [...] “Por último, o polêmico decreto 7.611. Se o artigo 4º afirma que o poder público estimulará o acesso ao AEE de forma complementar ou suplementar ao ensino regular, assegurando a dupla matrícula, o parágrafo 1º do artigo 14 diz que serão consideradas, para a educação especial, tanto as matrículas na rede regular de ensino como nas escolas especiais ou especializadas [...].” Os encontros e desencontros das Leis e sua ambiguidade, os interesses políticos e a falta de preparo da nossa sociedade fazem com que, cada vez mais, os sujeitos que têm NEE que necessitam interagir socialmente e progredir dentro dos seus direitos, sejam excluídos nas entrelinhas do disfarçado descaso preconceituoso da nossa nação. No meio deste debate de inclusão e exclusão, encontramos os educadores que procuram aperfeiçoamento e capacitação para administrar toda e qualquer situação que nosso poder legislativo decidir decretar como lei. Educadores desvalorizados, sem incentivo em planos de carreira, com suas turmas com mais de 40 alunos numa área física onde caberiam apenas 25, atuando como (além de educador) gestor, psicólogo, amigo, pai ou mãe, orientador, juiz de MMA, etc. Para um professor de educação básica obter sucesso em sua carreira, ele tem que usar de todos os artifícios ao seu redor. Aproveitar-se da tecnologia, da dinâmica, elaborar uma aula interativa, saber aproveitar o espaço e acima de tudo ter a criatividade como sua parceira, para assim fazer seu papel junto à sociedade incluindo todos dentro da sua didática de ensino pedagógico. Capacitar-se para atender e ajudar a desenvolver o aprendizado de todos os sujeitos que têm NEE. 3 CONCLUSÃO
A mudança na postura de toda a sociedade educacional é
fundamental para que a inclusão dos sujeitos que têm NEE tenha êxito. É fundamental que a informação, a experiência, o conhecimento, o desenvolvimento do potencial de todos com todos seja explorado e compreendido para que nossas crianças, seres estimulados na escola a serem PENSANTES, cresçam dotados de conhecimentos e respeito às diversidades. Eles serão os adultos que governarão e transformarão o futuro. Nós educadores seremos responsáveis por cada semente plantada na formação de cada criança que passar na nossa classe para adquirir conhecimentos e conceitos de sociedade. Focar no nosso preparo como educadores é imprescindível para que nossas práticas pedagógicas tenham sucesso e que, assim, tornemos a inclusão uma realidade na historia que ainda estamos escrevendo. Os obstáculos serão sempre ideais supervalorizados para nos acompanhar durante nossa trajetória. A inclusão ainda está em processo de construção, tal como uma casa, montando seus alicerces. Enquanto não se criar um sistema de ensino globalizado, que beneficie todo e qualquer cidadão como rege a lei, não mais rotulando nenhuma deficiência e arcando, com todo o cuidado, de ter profissionais que possam amparar dentro da escola, avaliando, acompanhando, motivando, melhorando o processo de ensino inclusivo, aplicando a interdisciplinaridade como um todo e com a reponsabilidade de toda a sociedade para mudar o quadro atual da nossa educação defasada, nunca veremos o necessário se tornar realidade. Eu concluo que a Inclusão dos alunos com NEE no sistema regular de ensino, seja ele público ou privado, é prejudicada por uma anomia positivista de um sistema suicida, com legisladores viciados em suas próprias deficiências físicas e mentais dotados de interesses escusos, embriagados pelos seus antigos métodos de ensino e dogmas educacionais oriundos do século XX. 4 REFERÊNCIAS
SANTOMAURO, Beatriz. Inclusão: Ameaça de Retrocessos no Atendimento
dos alunos com NEE. Disponível em:<http://revistaescola.abril.com.br/politicas- publicas/inclusao-ameaca-retrocessos-atendimento-alunos-nee-683612.shtml? page=0>. Acesso em: 18 abril 2014
PEREIRA, Marilú Mourão. Inclusão Escolar: Um Desafio entre o Ideal e o Real.
Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/2284/inclusao-escolar-um- desafio-entre-o-ideal-e-o-real>. Acesso em: 18 abril 2014.
REVISTA EDUCAÇÃO. Educação Inclusiva: O Impasse da Inclusão. Edição
177. Disponível em: <http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/177/o-impasse-da- inclusaomudanca-na-meta-4-do-plano-nacional-243674-1.asp> Acesso em: 18 abril 2014.
DIVERSA. Educação Inclusiva na Prática. Disponível em: <
http://diversa.org.br/gestao-publica/secretaria.php?id=119>. Acesso em: 18 abril 2014.