You are on page 1of 3

CONTEÚDO 3: ETICA X MORAL X DIREITO

Todo ser humano é dotado de uma consciência moral, que o permite distinguir entre o
certo e o errado o justo e o injusto, o bom e o ruim, sendo portanto, capaz de avaliar suas
ações; ou seja, capaz de ética. Muitas decisões enfrentadas em situações do cotidiano
dependem daquilo que julgamos como bom, justo ou moralmente correto, sendo que estes
julgamentos fazem do homem, em comparação aos demais seres vivos presentes na
natureza, um ser completamente distinto já que o agir humano acontece conforme os
valores, ou seja o homem é o único ser vivo que avalia sua ação e sua realidade a partir
de valores.1 Mas então, o que vem a ser a ética, a moral e o direito?
Podemos definir moral como um conjunto de normas e regras baseados nos costumes e
nas tradições de cada sociedade em uma determinada época histórica de acordo com os
preceitos estabelecidos por uma determinada sociedade ou por um determinado grupo
local; sendo portanto uma regulação de comportamentos e valores, com uma definição
cultural não podendo portanto, ser considerado como ciência. “A moral traça princípios
para que o homem consiga ter uma ação moralmente correta. Questionamentos como Ser
ou não ser justo, quais valores devem nortear minha existência; que tipo de ser humano
devo ser nas relações comigo mesmo e com os outros; são ponderações características
do campo moral.”2
O Direito procura estabelecer as regras de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do
Estado, pois as leis possuem uma base territorial, e valem apenas para aquela área
geográfica. O Direito Civil, utilizado no Brasil, baseia-se na lei escrita. O Direito, impõe
regras de conduta que devem ser observadas, e cumpridas, podendo haver punição nos
termos da lei para aqueles que não as cumprirem. A “Teoria do Mínimo Ético” classifica o
Direito como uma parte da Moral; e portanto, o Direito portanto seria um conjunto de
normas morais consideradas essenciais para a sobrevivência da sociedade.3
Já a Ética nada mais é do que uma ciência, uma disciplina filosófica que estuda estes
valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos, e procura refletir sobre estes
valores e princípios com o objetivo de encontrar um equilíbrio e um bom funcionamento
social, para que ninguém saia prejudicado, estando relacionada, portanto, com o
sentimento de justiça social, porém não pode ser confundida com lei. Ela é o estudo da
ação –práxis; o estudo sobre o “conhecimento” – como a ciência, ou a lógica – e o estudo
sobre o “valor” – seja ele artístico, moral, ou científico e está presente o tempo todo, em
decisões familiares, políticas, ou profissionais. “A ética é estudo sistematizado das
diversas morais, onde ficam explícitos seus pressupostos, seus objetivos e valores que
sustentam determinada moral. É uma disciplina teórica sobre a prática humana que se
traduz no comportamento moral.”4
Para o filósofo espanhol Adolfo Sánches Vásquez, no séc. XX moral consiste em uma
reflexão que a pessoa faz de sua própria ação; e a ética consiste em um estudo dos
discursos morais, e os critérios de escolha para se valorizar e padronizar as condutas
numa família, empresa ou sociedade.5
A palavra Ética deriva do grego ethos, que quer dizer o modo de ser, o caráter. Porém os
romanos traduziram o ethos grego para o latim mos, moris, cujo significado é costume, do
qual se originou a palavra moral e portanto, as duas palavras sinalizam um tipo de conduta
– o comportamento propriamente humano, que não é natural. O "ethos" (caráter) e o "mos"
(costume) indicam um tipo de comportamento humano que não é natural, ou seja o
homem não nasceu com este comportamento como se fosse um instinto, ele foi “adquirido
ou conquistado por hábito".6 A ética é histórica e socialmente construída, tomando como
referência as relações coletivas dos humanos. A ética corresponde a preocupação em
como os indivíduos tornam reais suas relações sociais, o que a caracteriza como uma
reflexão crítica a respeito dos atos morais dos sujeitos, considerando determinada
realidade. Podemos ainda afirmar que a ética é algo conquistado e adquirido pelo hábito,
no sentido do comportamento humano.7
A ética é uma crítica reflexiva, que situa-se no campo dos princípios morais que orienta as
ações humanas cuja principal função é problematizar as atitudes e suas finalidades
tomando como referência outros indivíduos de determinada sociedade. Na conduta dos
humanos, há duas éticas que estabelecem, entre si, uma relação de contradição – ética da
responsabilidade que leva os humanos a orientarem suas condutas, refletindo sobre
possíveis repercussões das atitudes que possam vir a tomar em determinado contexto
social e ética das finalidades que leva os humanos a agirem conforme seus sentimentos e
valores, o que muitas vezes implica ações dotadas de certa ingenuidade prevalecendo a
noção de eficácia e não o caráter refletido da própria ética.8
O homem é o único ser vivo dotado de consciência lógica e de moral, que permite que ele
observe a sua conduta e formule o seu juízo moral sobre as suas intenções e seus atos;
ou seja, o homem após o discernir entre o verdadeiro e o falso, poderá escolher o seu
próprio caminho, ele terá a liberdade de escolha para seguir o caminho certo ou errado de
acordo com os seus julgamentos baseados em sua consciência moral. Além disso, o
homem possui uma voz interior que lhe indica o caminho da virtude (qualidade ou ação
digna do homem – do latim “virtus”) como uma prática constante do bem e o uso da
liberdade com responsabilidade moral, assumindo a responsabilidade pela sua existência.
Porém, existe o vício (prática constante do mal) o oposto da virtude e portanto se o ser
humano atrvés do uso da liberdade sem qualquer responsabilidade moral, escolher o
caminho do vício ele assume a irresponsabilidade por sua própria existência.
A consciência, também denominada de “ego” psicológico, indica a percepção que a
pessoa tem de si mesmo e dos outros e para a ética a consciência significa o julgamento
interno que cada pessoa faz de seus atos e dos atos dos outros, estando baseada nos
valores e no conjunto das potencialidades de cada um formando portanto uma consciência
individual ou grupal e consequentemente a consciência profissional, ou seja a maneira
como cada profissão interpreta, analisa e julga os problemas éticos. Já os valores não são
vistos, porém são sentidos e são os motores do agir humano e uma forma de
exteriorização das potencialidades que impulsionam o agir do homem.9
Os valores morais variaram de acordo com o período histórico e deram origem a
moralidade e á concepções éticas diversas. Podemos definir moralidade como um sistema
de comportamento que diz respeito aos padrões de comportamento certo ou errado. A
palavra carrega os conceitos de: (1) padrões morais, no que diz respeito ao
comportamento, (2) responsabilidade moral, no que diz respeito à nossa consciência e (3)
identidade moral, ou alguém que é capaz de agir certo ou errado, sendo os sinônimos
mais comuns incluem ética, princípios, virtude e bondade; a moralidade descreve os
princípios que sem eles a sociedade não poderia sobreviver por muito tempo e estes
mesmos princípios regem o nosso comportamento. Nos dias de hoje, a moralidade é
considerada como pertencente a um determinado ponto de vista religioso, mas, por
definição, vemos que este não é o caso pois cada um adere a uma doutrina moral de
algum tipo. A moralidade é importante para: (1) assegurar um relacionamento justo e
harmônico entre os indivíduos, (2) ajudar a tornar-nos pessoas boas para que possamos
ter uma boa sociedade e (3) manter um bom relacionamento com o poder que nos
criou. (Disponível em http://www.allaboutphilosophy.org/portuguese/moralidade.htm).

Referências
1. CAMPOS, Michele; VALE, Tacyanne do. História da Ética. Disponível
em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAATMYAG/historia-etica. Acessado em
10/01/2016
2. LEITE, Gisele. A história da ética. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VI, n. 14, ago. 2003.
Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3893 Acesso em
jan. 2016.
3. GOLDIM, José Roberto. Ética Moral e Direito. Disponível
em: http://www.ufrgs.br/bioetica/eticmor.htm. Acessado em 15/01/2016
4. LEITE, Gisele. A história da ética. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VI, n. 14, ago. 2003.
Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3893 Acesso em
jan. 2016.
5. MEUCCI, Arthur. Ética. Disponível em: http://meucci.com.br/o-conceito-de-etica/ .
Acessado em 15/01/2015
6. SOUZA, Francisco das Chagas Nunes. Ética princípio absoluto ou prática concreta em
uma visão histórica. Disponível
em: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/etica-e-moral/55604/ Acessado
em 10/01/2015.
7. VAZQUEZ, Adolfo S. Ética. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980
8. WEBER, Max. Economia e Sociedade – fundamentos da sociologia compreensiva. Vol1.
Brasília: EDUnB, 1991
9. GELAIN, Ivo. A ética, A bioética e os profissionais de Enfermagem. 4º ed. São Paulo:
EPU, 2014.
Leitura obrigatória:
MELO, Osvaldo Ferreira de. Ética e Direito. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VIII, n. 23, set
2005. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=251
http://www.ufrgs.br/bioetica/fundamen.htm
Vídeo aula
https://www.youtube.com/watch?v=fRJaaJBFcoI

You might also like