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Aula teste: Absolutismo monárquico

 Europa nos séculos XVI a XVII

O Absolutismo é um conceito histórico que se refere à forma de governo em que o poder é


centralizado na figura do monarca, que o transmite hereditariamente.

O surgimento do Absolutismo se deu com a unificação dos Estados nacionais na Europa


ocidental no início da Idade Moderna, e foi realizada com a centralização de territórios, criação
de burocracias, ou seja, centralização de poder nas mãos dos soberanos.

O Estado centralizado surgiu, assim, interligado aos conflitos políticos entre nobreza e
burguesia, possibilitado pelo crescente poder econômico da burguesia. Uma monarquia
fortalecida com os conflitos políticos internos entre diferentes grupos sociais.

Características comuns: concentração de poder na figura do rei, existência de burocracias e


exércitos públicos, enfraquecimento de vínculos feudais e mercantilização da economia.

Nenhum rei absoluto reinava sozinho, ou ditava arbitrariamente a lei, sem qualquer controle
por parte da sociedade. Tal poder, embora centralizado e forte, em geral era limitado pela
tradição, pelos costumes, quando não pela existência de parlamentos e ministros com poder de
decisão.

 Antigo Regime: absolutismo, mercantilismo e sociedade feudal.

O período moderno consolidou os poderes dos monarcas, que desde a Baixa Idade Média
criaram mecanismos para ampliar seus domínios e se fortalecerem diante de uma ordem
descentralizada, como era o feudalismo.

Com o declínio da servidão feudal e o aparecimento da burguesia, novas condições surgiram no


cenário político e social europeu. A ameaça da inquietação camponesa e a pressão da nascente
burguesia levaram à centralização do poder nas mãos dos reis. Estado Moderno.

As monarquias usaram os serviços de juristas que legitimavam tanto o poderia quanto os outros
elementos típicos de um Estado, entre eles a liberdade para a formação de exércitos e para a
criação de um aparato burocrático. Na extensão territorial de uma monarquia passaram a
vigorar as mesmas regras comerciais.

O processo político de consolidação do poder dos monarcas e depois, dos Estados Absolutistas,
vinculou-se a outros fatores, como a influência dos humanistas, que defendiam a atuação
política dos homens, e as reformas religiosas que deram sustentação a muitos movimentos a
favor ou contra determinados governantes.

 A burguesia

Aproximação entre os monarcas e a burguesia. Os nascentes burgueses precisavam de reis que


unificassem pesos, e garantissem alguma segurança para seus negócios. Os interesses da
burguesia relacionados à expansão das trocas comerciais foram muito importantes para levar
adiante os processos de formação dos Estados Nacionais.

Estrategicamente, os burgueses passaram a ver no desenvolvimento do Estado Nacional e no


fortalecimento de um rei, uma forma de enfraquecer o poder da Igreja e dos vários senhores
feudais, o que, por sua vez, garantiria a prosperidade de seus negócios.
 A nobreza

Perda de poder da nobreza, sendo vinculada ao Rei. Em outras palavras, a monarquia sustentava
a nobreza que, em troca, dava-lhe fidelidade.

Grande parte dos antigos nobres feudais, atentos às mudanças sócio-políticas, trabalhou
decisivamente para delinear a nova ordem institucional, dos Estados Absolutos, procurando
manter parte da influência e do poder de outros tempos.

 Mercantilismo

Só começou a ser utilizada pelos economistas clássicos do final do século XVIII, para se referir às
rígidas práticas de intervenção do Estado na economia, práticas que eles consideravam danosas
e às quais faziam severa oposição. O mercantilismo não existiu como um conjunto coeso de
ideias e práticas econômicas.

A expansão dos negócios conduzidos, em geral, pelos burgueses, mas acompanhados de perto
pelos governos absolutistas que interferiam e tributavam praticamente todas as atividades
produtivas.

Um conjunto de ideias e práticas econômicas dos Estados da Europa ocidental entre os séculos
XV, XVI e XVII, voltadas para o comércio, baseadas no controle da economia pelo Estado. Sistema
político-econômico, transição entre feudalismo e capitalismo – conhecido como capitalismo
comercial.

Características: metalismo (valorização do ouro e prata) França e Espanha do século XVI – a


moeda era um meio de obter terras e títulos, mentalidade da cultura barroca; balança comercial
favorável (vender mais do que exportar); incentivo ao comércio e navegação (em busca de novos
produtos e mercados consumidores); concessão de monopólios (favorecer os detentores de
capital, Companhias de Comércio, ampliar a arrecadação da Coroa).

Como um conjunto de práticas econômicas, ele está na origem mesma da colonização


promovida pelos países ibéricos, direcionando a economia desses países para a formação de
colônias e exploração comercial. Percebendo a dificuldade das transações comerciais entre as
potências europeias – que todas visavam manter a balança comercial favorável – define-se a
criação de um Sistema Colonial, que impõe à Colônia atividades comerciais restritas com sua
metrópole.

 Sociedade estamental

Configurando uma sociedade estamental cuja mobilidade era mínima e na qual se perpetuavam
os privilégios a grupos específicos. A nobreza tinha acesso a cargos e títulos de reinos,
significando o direito a uma renda vitalícia e a isenção total de impostos.

 A sociedade francesa e os três estados:

Primeiro estado: clero (Alto e Baixo); Segundo estado: nobreza (toga e espada); Terceiro estado:
todo o resto da população (incluindo os ricos burgueses e os artesãos, assim como camponeses)
– responsáveis pelo pagamento de impostos.

 Pensadores do Estado Moderno:

Nicolau Maquiavel (1469-1527): proposição da separação entre política e moral (pensando na


forma como a Igreja concebe o poder político atrelado aos princípios cristãos). As razões do
Estado deveriam ser superiores a tudo e, em prol do Estado, justificava-se a utilização de
artimanhas, ardis políticos e até a força e a violência. As condições para um exercício político
que permitiam a conquista e a preservação dos Estados.

Jean Bodin (1530-1596): a soberania é a “alma” de um Estado, através dela que se justificava e
se impunha a coesão política. Os governantes não poderiam estar submetidos a qualquer forma
de sujeição, inclusive da lei. O rei é o guardião da ordem pública e tudo podia fazer para
preservá-la. Só um poder central poderia dar harmonia ao corpo político de um país.

Thomas Hobbes (1588-1679): o Estado absoluto representa a superação do “estado de


natureza”. A sociedade humana tende ao caos, pois seus membros estão dispostos a destruir
uns aos outros para satisfazer seus interesses. Pela razão, os seres humanos tentavam superar
esse caótico “estado de natureza”, formando a sociedade civil e estabelecendo um contrato,
cedendo seus direitos a um soberano. Os homens abriam mão de sua liberdade natural em favor
do soberano, senhor absoluto, que seria responsável pela preservação da ordem e garantia de
sobrevivência.

Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704): o poder real está próximo de Deus, fazendo com que as
decisões reais sejam infalíveis. De Deus emana a autoridade do rei, e o maior delito dentro de
um Estado absolutista é o crime de lesa-majestade, considerado crime contra Deus. O direito
divido é fundamento e legitimação do poder real. Luís XIV e adoração. O caráter sagrado
atribuído aos reis data desde a formação das monarquias medievais, incluindo o poder de cura
pelo toque do rei (reis taumaturgos). A crueldade dos reis era resultante dos pecados do povo.

Somente com a Ilustração, no século XVIII, essas teorias seriam revistas para apresentar o
governo como representante da vontade popular. No Absolutismo, todavia, rei e Estado se
sobrepõem ao povo.

Deve se ter cuidado para não incorrer no erro de generalizar as características da monarquia
francesa para todos os regimes absolutistas. Pensar nas diferentes teorias que justificavam o
Absolutismo em cada país. Análise comparada das obras de Maquiavel, Hobbes e Bossuet, para
ver as diferentes formas de justificar o poder.

 A monarquia francesa

O processo centralizador acabou interrompido pela Guerra dos Cem Anos, e foi retomado no
século XVI, durante as disputas religiosas. Porém, a Guerra proporcionou a organização de
tropas permanentes e permitiu a criação de importantes meios para a arrecadação de impostos.

Carlos IX (1560-1574): lutas entre a burguesia calvinista (huguenotes) e a nobreza católica. Noite
de São Bartolomeu.

Henrique III (1574-1589): vitória dos partidários protestantes, apoiados pela burguesia
calvinista, garantindo acesso ao trono e inaugurando a dinastia Bourbon.

Henrique IV (1589-1610): o rei converte-se ao catolicismo, mas garante liberdade de culto aos
protestantes, por meio do Edito de Nantes. Retoma-se a aliança entre rei e burguesia.

Luís XIII (1610-1643): ministro Richelieu que envolveu o país em uma guerra com os Habsburgos
(na Espanha e Áustria, seguidores do catolicismo romano, contrários aos reformistas religiosos);
Guerra dos 30 Anos. Richelieu: razão do Estado – todas as ações do governo deveriam ser
calculadas e executadas com um só fim: o fortalecimento do Estado francês.
Luís XIV (1643-1715): apogeu do absolutismo francês. L’Etat c’est moi (o Estado sou eu).
Ministro Colbert lançou as bases do mercantilismo francês, promovendo a navegação marítima
em busca de colônias, favorecendo a burguesia. Em 1661, dispensou o primeiro-ministro e
tomou para si todas as funções do Estado. Revogação do Edito de Nantes. Direito Divino.

Contradições: ao mesmo tempo que garantia privilégios da nobreza, promovia a expansão dos
negócios mercantis e manufatureiros, mas dificultava a atuação política da burguesia.

Luís XV e Luís XVI: presenciaram o início do declínio da França. Os excessivos gastos da Corte
francesa e o envolvimento do reino em várias guerras, nem sempre vitoriosas, acabaram por
comprometer as finanças do Estado e ameaçar a manutenção do próprio regime.

 A monarquia inglesa

A centralização política na Inglaterra da Baixa Idade Média foi frustrada pela Magna Carta, de
1215, que limitava o poder real, submetendo-o ao controle do Parlamento.

O poder dos barões ingleses (a nobreza) começou a ser ameaçado com os custos da Guerra dos
Cem Anos e, principalmente, da Guerra das Duas Rosas (1455-1485) – acabou envolvendo toda
a nobreza inglesa na disputa entre York e Lancaster, que saiu enfraquecida de suas violentas
batalhas.

O Estado centralizado inglês ganhou forma com Henrique VIII (1509-1547). Ato de Supremacia:
tornava oficial o anglicanismo, uma nova doutrina religiosa, agradando à burguesia. Breve
período de catolicismo com Maria I.

Anglicanismo volta a ser oficializado com Elizabeth I (1558-1603). A rainha colocou em prática
uma política mercantilista agressiva, com a construção de uma poderosa frota e a exploração de
colônias na América.

Jaime I, dinastia Stuart: nesse período deu-se início aos cercamentos de terra. As propriedades
passavam a especializar-se na produção de um único produto voltado para comercialização no
mercado. Assim, terras comunais (usadas coletivamente pela população rural) passavam a ser
exploradas em benefício de um único proprietário, um nobre. Expulsão dos camponeses,
excedente demográfico. Grande parte da aristocracia se “aburguesou”, sobrepondo-se ao
monarca.

Carlos I (1625-1648): guerra civil na Inglaterra, em 1640, entre cavaleiros partidários do rei e os
“cabeças redondas” partidários do Parlamento – como uma reação puritana e burguesa contra
a monarquia absolutista.

Oliver Cromwell: defendia a religião protestante, derrotou o rei e o condenou à morte.


Cromwell proclamou a república (Commonwealth). Recebeu o título vitalício de Lorde Protetor
da Inglaterra, Irlanda e Escócia. Decretou os Atos de Navegação, protegendo comerciantes
ingleses e estimulando a construção naval.

1688, Revolução Gloriosa: após a morte de Cromwell, seu filho não manteve o poder, sendo
restaurada a monarquia Stuart. A burguesia reagiu e instaurou no poder Guilherme de Orange.
Ele concordou em assinar a Declaração de Direitos (Bill of Rights), que abdicava de tentar
submeter o Parlamento. Monarquia constitucional inglesa. Ato de Tolerância: liberdade
religiosa dos protestantes.
Desde o século XVII a Inglaterra tinha um governo comprometido com o enriquecimento da
classe dos homens de negócios. Isso explica, em grande parte, o notável desenvolvimento
econômico do país nos duzentos anos seguintes.

 Prússia: Hohenzollern; Áustria: Habsburgo; Rússia: Romanov.


 Portugal: primeiro país a centralizar-se. Dinastia de Borgonha, em 1140. Revolução de
Avis em 1385. Sua primazia na centralização foi um dos principais elementos
responsáveis pelo desenvolvimento das navegações portuguesas.
 Espanha: processo de centralização semelhante a Portugal, em meio à luta contra os
muçulmanos. Em 1469, com a união de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, forma-
se o que conhecemos, atualmente, como Espanha.

A importância histórica do Estado Absoluto está principalmente no fato de ser responsável pela
consolidação do Estado nacional europeu, que, por sua vez, teve grande influência na formação
dos Estados latino-americanos, fosse pelos vínculos coloniais, fosse por servirem de modelos
para as independências hispânicas no século XIX, que copiaram os padrões de Estado nacional
oriundos da Europa ocidental

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