A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA

EMPRESA

Joâo Batista Poleto

João Francisco Morozini

www.unicentro.br

RESUMO

A contabilidade, ciência que estuda e controla o patrimônio da empresa com o objetivo de fornecer informações para a
tomada de decisões, tem, nos dias atuais, uma nova função: fornecer dados para a gestão e conservação do meio ambiente.
A contabilidade ambiental, além da função de orientar a empresa nos registros dos gastos e investimentos com o meio
ambiente, tem como premissa levar o empresariado a uma tomada de consciência no sentido de que os recursos naturais não
são inesgotáveis, muito pelo contrário: alguns danos causados à natureza são irreversíveis. Portanto, o meio ambiente é um
bem comum que deve ser cuidado e preservado para as gerações futuras. Um dos objetivos desta pesquisa é levantar os
conceitos de diversos autores sobre o tema, buscando situar a contabilidade dentro de um contexto social, onde o meio
ambiente é nosso maior capital. Primeiramente, faz-se uma explanação sobre a contabilidade ambiental como sistema de
informação para a tomada de decisão, com relação à exploração e preservação do meio ambiente. Em seguida, traz-se um
resumo dos principais conceitos da Contabilidade ambiental. Finalizando, busca-se em uma indústria de pequeno porte,
verificar que ações estão sendo empreendidas para uma gestão ambiental eficiente, sugerindo-se um modelo de plano de
contas e de evidenciação dos gastos ambientais. Então, verifica-se que a Contabilidade possui potencial para auxiliar os
gestores na Gestão Ambiental, pois pode ser usada para demonstrar a responsabilidade social da empresa, por meio de
relatórios contábeis nos quais deverão ser evidenciados, de forma transparente e fidedigna, os gastos com o controle
ambiental.
Palavras-chave: Gestão, Contabilidade ambiental, evidenciação.

ABSTRACT

The accounting, science that studies and controls the company’s patrimony with the purpose of providing information
for taking of decisions, has, nowadays, a new function: providing data to the management and conservation of the environment.
The environmental accounting, beyond the function of guiding the company in the registers of the expenses and investments
in the environment, has as a premise leading the companies to gain consciousness that the natural resources are not
endless, on the contrary: some of the damage caused to the nature is irreversible. Therefore, the environment is a common
good that must be preserved for the future generations. One of the purposes of this research is to gather several authors
concepts on the theme, trying to place the accounting in a social context, where the environment is our greatest asset. First,
it’s made an explanation on the environmental accounting as an information system for decision taking, in regard the
exploration and preservation of the environment. Second, a resume of the principal concepts of the environmental accounting
is made. Finally, a small port company is researched to know which actions are being applied to an effective environmental
management, suggesting an account plan model and environmental expenses evidencing. In the end it becomes clear that
the accounting has potential in demonstrating the company’s social responsibility, through accounting reports that show,
transparently and truthfully, the expenses with environmental control.
Keywords: Management, Environmental Accounting, Reporting.

Ed.5 - 2008 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu ISSN: 1980-6116

A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA
INTRODUÇÃO
As entidades, na pessoa de seus sócios e gestores,
estão cada vez mais conscientes de que deve existir entre a
empresa e a natureza uma convivência harmônica e de que
é preciso coexistir com o meio ambiente sem afetá-lo
negativamente. Assim, governos, associações de classe,
grandes empresas e outras instituições patrocinam, hoje,
campanhas para a preservação da natureza.
Sendo a Contabilidade a ciência que trata do patrimônio
e, portanto, da riqueza das entidades, esta está assumindo
a responsabilidade de tratar dos assuntos ligados aos
fenômenos ambientais, no que diz respeito aos aspectos
econômico-financeiros. As técnicas utilizadas pela
contabilidade: orçamentos, registros, auditoria e análise têm
evoluído, no sentido de auxiliar a gestão das empresas e
contribuir para a preservação do meio ambiente.
Esta preservação no entanto, apesar de ser um benefício
para a empresa e para a comunidade em geral, causa-lhe
impactos, afetando seus gastos, aumentando seus
investimentos e, muitas vezes, gerando passivos ambientais.
Em termos contábeis, “passivo” vem a ser as obrigações
das empresas com terceiros que, mesmo sem uma cobrança
formal ou legal, devem ser reconhecidas. O “passivo
ambiental” representa os danos causados ao meio ambiente,
representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social
da empresa para com os aspectos ambientais.
Dessa forma, o Balanço Patrimonial de uma empresa deve
incluir, por meio de cálculos estimativos, no passivo: o
passivo ambiental, ou seja, os danos ambientais gerados e
no ativo os bens e direitos, que tenham alguma relação com
a recuperação do ambiente, bem como investimentos em
tecnologia de processos de contenção ou eliminação da
poluição.
Em negociações de empresas e em privatizações, o
passivo ambiental está sendo avaliado, pois a
responsabilidade e a obrigação de remediações ao meio
ambiente podem recair sobre os novos proprietários. O
passivo ambiental funciona como um elemento de decisão
no sentido de identificar, avaliar e quantificar custos e gastos
ambientais potenciais que precisam ser atendidos a curto,
médio e a longo prazo. Deve ser ressaltado, porém, que o
passivo ambiental não precisa estar diretamente vinculado
aos balanços patrimoniais, podendo fazer parte de um
relatório específico ou de demonstrações alternativas, que
discriminem as ações e os esforços desenvolvidos para a
eliminação ou redução de danos ambientais.
Esta pesquisa traz como tema, a Contabilidade como
Sistema de Informação para determinação dos gastos da
Gestão Ambiental, já que, como ciência que estuda a situação
patrimonial e o desempenho econômico-financeiro das
entidades, possui instrumentos necessários para colaborar
2 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
na identificação do nível de responsabilidade social das
entidades. Dentre os principais problemas que a
contabilidade enfrenta, está a dificuldade em segregar os
gastos ambientais dos gastos operacionais normais da
empresa bem como a forma de evidenciação destes gastos.
Esta pesquisa tem como objetivo, realizar um resumo do
estudo dos impactos ambientais sob a ótica contábil, ou
seja, nos custos das empresas. Para tanto, num primeiro
momento, procurou-se verificar a gestão ambiental praticada
pelas empresas, avaliando danos ambientais causados por
elas. Em seguida verificou-se in loco, os custos da gestão
ambiental e o registro dos passivos em uma indústria de
pequeno porte.
A metodologia utilizada na pesquisa é a revisão
bibliográfica, que consiste em buscar em revistas, livros,
artigos e internet, referencial teórico sobre o assunto. Num
primeiro momento, fez-se um apanhado sobre a contabilidade
como sistema de informação. Em seguida buscou-se na
literatura especializada os diversos conceitos de
contabilidade relacionados à área ambiental e como os
diversos autores entendem a gestão ambiental através da
contabilidade.
Em seguida, foi realizada uma pesquisa de campo, na
qual verificou-se, em uma indústria de pequeno porte,
atuante no ramo de papel e celulose, que ações ambientais
são empreendidas e se a empresa faz os registros ambientais
pertinentes, já que a grande maioria delas não efetua registro
de passivos e ativos ambientais separadamente.
A pesquisa também propõe uma análise do plano de
contas atual da empresa e busca adaptá-lo a um Plano de
Contas para registro e evidenciação dos investimentos
ambientais, bem como dos passivos gerados. Outro foco
de estudo foram os métodos de evidenciação dos gastos
ambientais, pois a sua correta identificação, bem como sua
evidenciação, são de enorme utilidade à empresa, uma vez
que revelam aos usuários uma visão social da empresa,
ajudando no controle interno e proporcionando opções para
a elaboração de estratégias de preservação do meio ambiente,
um dos maiores patrimônios da entidade.
A CONTABILIDADE AMBIENTAL COMO SISTEMA
DE INFORMAÇÃO
Neste início de século, o homem está sofrendo com as
mudanças e variações no meio ambiente como nunca se viu
antes: vendavais, tufões, temperaturas muito elevadas em
lugares onde sempre fez frio, frio intenso em regiões
quentes, tsunamis, queimaduras solares, estações
desordenadas. Enfim, é a exploração desordenada dos
recursos naturais do planeta. Uma das chamadas células
sociais responsáveis pelo uso indiscriminado destes
recursos, é, sem dúvida, as organizações empresariais.

Ao final do século passado, um pouco tardiamente, as
organizações começaram a tomar consciência de que não
devem somente se preocupar com a eficiência produtiva de
suas unidades. É necessário também se preocupar com a
sociedade na qual a empresa está inserida.
A preservação do meio ambiente não é responsabilidade
somente dos indivíduos, do governo ou de entidades criadas
para esse fim, é responsabilidade também, senão
principalmente, das empresas. Elas precisam reorientar suas
estratégias no sentido de incorporar aos seus processos a
variante ecológica. Afinal, a empresa tem responsabilidade
social junto à comunidade.
A contabilidade, como ciência social, não poderia ficar
de fora desse novo contexto. Os resultados econômicos e
monetários devem ser comparados com os resultados
sociais. Segundo Donaire (1999, p. 13): “a empresa deve
preocupar-se com a redução da pobreza, das iniqüidades
sociais, da poluição, da degradação do meio ambiente, entre
outros.” Para isso, surge a chamada Contabilidade
Ambiental, com a finalidade de registrar e mensurar os
eventos econômicos relativos ao meio ambiente.
A contabilidade, conhecida primeiramente como um
sistema de informações formal e estruturado, tem como
objetivo principal o controle do patrimônio das entidades,
proporcionando aos gestores, a tomada de decisão correta.
Ao longo do tempo, no entanto, as questões ambientais
têm influído diretamente nestas decisões. Os recursos
naturais, considerados abundantes e livres, estão se
tornando escassos. O uso indiscriminado do ar, da água e
do solo está fazendo com que as empresas repensem a
utilização desses chamados “bens livres”. O tratamento de
efluentes, a preservação ambiental, o controle da poluição
do ar, a destinação do lixo e o reflorestamento, têm sido
considerados obrigações, principalmente para as empresas
industriais. Tudo isso se torna custo e ao mesmo tempo
investimento na continuidade da empresa, um dos
pressupostos básicos da contabilidade.
Segundo Wernke (2000, p. 44), defender o meio ambiente
deixou de ser apenas assunto de ecologistas e passou a ter
grande influência nas estratégias empresariais. Por isso,
algumas empresas estão procurando mudar a filosofia de
satisfação das necessidades do consumidor, visando à uma
qualidade melhor de vida para a sociedade, tentando, para
tanto, solucionar problemas ambientais. O autor ainda
salienta que: “Quando se pensa em qualidade de meio
ambiente, deve-se levar em consideração pontos como a
proteção dos consumidores e o desenvolvimento
sustentável. Com vista a assegurar a sustentabilidade, as
empresas buscam implementar mecanismos de gestão
ambiental.”
Para Becke (2003, p. 31), investir no meio ambiente,
significa, para a empresa: “Cuidar dos agentes que propiciam
a sua riqueza (possibilitando aumento de patrimônio) e ao
UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
POLETO, Joâo Batista; MOROZINI, João Francisco
mesmo tempo é uma demonstração da sua razão de existir e
servir a sociedade (Responsabilidade Social).”
Existem muitas recomendações no sentido de que as
organizações tragam a público suas ações com relação à
preservação do meio ambiente. Ribeiro e Lisboa (1999, p.75),
em artigo sobre o balanço social, salientam que essas ações
podem ser identificadas da seguinte forma:
- com os estoques de insumos antipoluentes;
- com os investimentos realizados em tecnologias
antipoluentes;
- com o montante de obrigações assumidas pela
empresa para recuperação de áreas degradadas ou
águas contaminadas;
- pelo pagamento de penalidades ou multas
decorrentes de infrações à legislação ambiental;
- com as reservas para contingências constituídas com
base na forte probabilidade de ocorrência de perdas
patrimoniais provocadas por eventos de natureza
ambiental;
- no montante de custos e despesas incorridos com
vistas à contenção dos níveis de poluição e/ou por
penalidades recebidas por procedimentos
inadequados.
Para os autores, essas informações mostram o empenho
das empresas em melhorar a qualidade ambiental do planeta
e assim demonstrar sua responsabilidade social, além de
servir de exemplo para a melhoria das ações de empresas
semelhantes.
Para elaboração de um Balanço, no qual seja
considerados os aspectos ambientais são encontradas
várias dificuldades, sendo a principal, a mensuração e a
correta identificação dos ativos e passivos envolvidos,
assim como que padrão utilizar para facilitar a evidenciação
neste processo contábil.
Tinoco (1994, p. 31) aborda que: “Muitas barreiras e
dificuldades terão de ser vencidas, para que se possa
difundir uma cultura empresarial para a adequada divulgação
dos danos ambientais efetivados ou potenciais, decorrentes
das atividades econômicas.” Portanto, a Contabilidade tem
de estar atenta ao avanço das alternativas que se
apresentam, passando a incorporar as questões ecológicas
e ambientais nos seus registros, nas contabilizações e nas
divulgações aos usuários da informação contábil.
Lopes de Sá (2002, p. 4), falando sobre as questões
ambientais, afirmou que: “Seja qual for o acontecimento e
ocorra em que tempo ocorrer, sob a ação da vontade ou
independente da ação da referida vontade, ainda que não
possa ser detectada imediatamente, será sempre um
fenômeno patrimonial se tanger a essência da riqueza
aziendal”.
A contabilidade que se preocupa só com a forma de
evidenciar valores e a simples informação, está obsoleta. É
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A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA
importante descrever o fato contábil ocorrido e suas
conseqüências no patrimônio, situando o meio e sua
utilidade para a riqueza da organização. Ao longo do tempo,
com o objetivo do lucro a qualquer preço, a maioria das
empresas, principalmente as indústrias, não se importou em
poluir e exaurir a natureza, consumindo de uma forma
desenfreada os recursos naturais e lançando resíduos
nocivos na natureza em prol de uma exploração irracional e
ambiciosa.
Leis tiveram de ser criadas para a proteção ambiental.
As organizações estão se adaptando a elas e assim poluindo
menos a natureza. Observa-se que algumas indústrias
poluidoras, por força da lei ambiental, aplicaram recursos
em mecanismos para evitar a poluição. Em alguns estados,
as empresas mais poluidoras são obrigadas, pôr legislação
ambiental, a fazer auditoria ambiental.
Algumas vantagens da auditoria ambiental, segundo
Caseirão (apud HERCKERT, 2005) são as seguintes:
- Garante a fiabilidade da informação divulgada pela
empresa para o exterior, o que aumenta a sua
credibilidade junto dos seus utilizadores;
- Contribui para a credibilidade global da empresa,
melhorando a sua imagem pública junto das
instituições e dos particulares;
- Satisfaz a pressão dos clientes que direcionam as
suas compras para empresas que consideram
ecologicamente corretas;
- Satisfaz os requisitos dos chamados investidores
éticos que apenas investem em empresas que se
enquadram nos requisitos mínimos que consideram
susceptíveis de investimento;
- Facilitam a sua inserção ou manutenção no mercado
financeiro;
- Reduzem a exposição ao risco e às responsabilidades
daí emergentes;
- Aumentam a conscientização das administrações e
dos trabalhadores em geral para os problemas
ambientais internalizando na empresa uma nova
cultura;
- Apaziguam e tranqüilizam os grupos ambientalistas,
pois a sua política é aberta, informativa e verificável
por terceiros;
- Reduzem a probabilidade de fraudes ou aumentam
probabilidade destas serem detectadas.
A auditoria e a publicação de seus relatórios ajudam na
conscientização da população. Uma sociedade com
consciência ecológica pressiona as empresas que não
cumprem com suas responsabilidades para com o meio
ambiente e boicota seus produtos, obrigando-as a se
adaptarem às normas da legislação ambiental, criando-se
assim, uma concorrência sadia entre as empresas e
4 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
obrigando as mesmas a oferecerem produtos com
certificação ambiental.
Segundo Braga (2002, p. 23): “Diante da crescente
preocupação social com a situação do meio ambiente, a
coletividade e os consumidores passaram a exigir,
principalmente das indústrias, uma nova forma
comportamental alicerçada na preservação dos valores
sociais e ambientais.” Para que a empresa mantenha seu
desenvolvimento, sem prejudicar a natureza, ela necessita
de recursos voltados à aplicação no meio ambiente natural.
Raupp (2002, p. 46), acredita que a inclusão da variável
ambiental no planejamento estratégico das empresas, fará
com que estas deixem de ser apenas instituições
econômicas, que visam somente ao lucro, para tornarem-se
organismos com responsabilidade social, pois é a sua própria
sobrevivência que está em jogo, tendo em vista o despertar
da necessidade de melhor uso dos recursos existentes, sem
desperdício. A autora ainda diz que:
As empresas começam a se dar conta de que as
medidas de proteção ambiental não surgiram
para prejudicar ou impedir o crescimento e o
desenvolvimento econômico e, sim, como mais
uma meta a ser atingida, no propósito de torná-
las competitivas e agregar valores aos seus
produtos no cenário globalizado do mundo
atual.(RAUPP, 2002, p. 60)
Para Herckert (2005), o contador é um elemento chave
para a ligação entre a empresa e o meio ambiente. Cabe a ele,
criar modelos contábeis para a gestão empresarial com visão
na harmonia do desenvolvimento da empresa como célula
social, de forma que não prejudique a natureza, e que as
gerações futuras possam desfrutar com responsabilidade
os benefícios desta herança. Segundo o autor:
A contabilidade não pode ficar limitada à
escrituração e mensuração quantitativa do
patrimônio da empresa. Ela deve estar aberta
a evolução tecnológica e as mudanças rápidas
do mundo moderno, estar presente na luta pela
preservação ambiental natural, criando
modelos eficazes e orientando o empresário na
aplicação destes modelos para satisfazer as
necessidades da riqueza da empresa, com
eficácia e também satisfazer eficazmente as
necessidades do meio ambiente natural.
O empresário começa a se dar conta que a gestão
ambiental não veio para prejudicar a sua empresa e onerar
seu patrimônio, mas, como um novo desafio para agregar
valor ao seu produto. As indústrias, que só se preocupavam

com a eficiência de seus processos produtivos, assistem ao
crescimento da conscientização e a disseminação da
educação ambiental, com o surgimento de organizações não-
governamentais e órgãos fiscalizadores nas instâncias
federais, estaduais e municipais em todo o planeta,
obrigando as organizações a adequarem-se a uma nova
realidade.
Neste contexto, Araújo Jr. (2007) ressalta que:
A contabilidade também precisou adequar-se,
evidenciando as medidas adotadas e os
resultados alcançados pela empresa no
processo de proteção e preservação do meio
ambiente, já que a mesma é responsável pelas
informações à sociedade. Padrões de qualidade
ambiental foram definidos e mecanismos de proteção ambiental, adquirindo ativos
internacionalizados através das normas ISO
14.000. Sendo assim, passou a ser necessário
que a contabilidade desenvolva e incorpore
em seus conceitos e métodos, formas de registrar
e mensurar os eventos econômicos relativos ao
meio ambiente.
Para o autor, a contabilidade também deve fornecer as
informações necessárias para o controle de matéria-prima,
consumo de energia, destinação de resíduos, entre outros,
e também determinar se os investimentos realizados no meio
ambiente serão ou não rentáveis, quais os investimentos
prioritários e qual o momento ideal para implantá-los.
Segundo Araújo Jr. (2007):
O maior desafio, quando se trata de discutir a
questão ambiental dentro de uma organização
com fins lucrativos, é o de compatibilizar os
resultados econômicos com a preservação
ambiental, porém, muitas dessas empresas já
descobriram os excelentes resultados
econômicos em longo prazo, principalmente
através do eco-marketing em países onde a
consciência ambiental da população faz com
que produtos ecologicamente corretos sejam
preferidos em relação aos seus concorrentes,
ou mesmo da economia com recursos e matéria-
prima.
Para Sá (2002, p. 8):
Nada adianta demonstrar os custos ambientais
nos demonstrativos contábeis se não houver
uma conscientização da necessidade do
cuidado com o ambiente natural. A
contabilidade tem um papel fundamental neste
UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
POLETO, Joâo Batista; MOROZINI, João Francisco
contexto em criar modelo contábil voltado para
a eficácia do patrimônio e da gestão ambiental
da célula social. Para se conseguir esta eficácia
é necessário observar e analisar o que ocorre
na essência do patrimônio e sua influência no
entorno ecológico.
Observa-se, que há uma conscientização progressiva
no mundo. As empresas estão sentindo a necessidade de
desenvolvimento sem prejuízo ao meio ambiente natural. A
degradação da natureza é um caminho sem retorno: ou o
homem preserva a natureza ou não sobreviverá.
A premissa de maximização dos lucros e de minimização
dos custos, deve estar adequada à realidade ambiental.
Nesta nova realidade, as empresas precisam criar
necessários e registrando passivos, não apenas quando
são feitos os desembolsos, mas antecipando despesas
futuras por meio do registro de passivos ambientais. Elas
precisam se preocupar com a prevenção de danos para não
precisar de mecanismos de remediação.
CONCEITOS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL
Para melhor compreensão das idéias definidas na
pesquisa, entende-se que uma explanação dos principais
conceitos e termos contábeis se faz necessária. Em cada um
dos tópicos, busca-se, primeiro, definir os conceitos
propostos na Contabilidade Financeira e, após, a sua
adaptação à Contabilidade Ambiental.
Contabilidade Ambiental
O conceito de Contabilidade Financeira ou simplesmente
de Contabilidade, que melhor define esta ciência, acredita-
se estar contida no primeiro capítulo do livro de
contabilidade introdutória, organizado pela equipe de
professores da FEA/USP:
(...) metodologia especialmente concebida para
captar, registrar, acumular, resumir e
interpretar os fenômenos que afetam as
situações patrimoniais, financeiras e
econômicas de qualquer ente, seja este pessoa
física, entidade de finalidades não-lucrativas,
empresa ou mesmo pessoa de Direito público
(...). (1996, p. 21).
Para Kraemer (2005), a Contabilidade Ambiental surgiu
em 1970, quando as empresas passaram a dar um pouco
mais de atenção aos problemas do meio ambiente. Em resumo,
é um conjunto de ações planejadas para desenvolver um
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A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA
projeto, levando em conta a preocupação para com o meio
ambiente.
Segundo a autora, o objetivo da Contabilidade Ambiental
é registrar e controlar as atividades, desenvolvidas ou em
desenvolvimento, ocorridas ou a incorrer, não importando
a relevância, desde que, mensurável em moeda, que cause
ou possa vir a causar qualquer tipo de dano ao meio
ambiente, bem como toda e qualquer ação destinada a
amenizar e/ou extinguir tais danos, devendo ser registrada
contabilmente em contas específicas, na data de sua
ocorrência, em consonância com o disposto nos Princípios
Fundamentais de Contabilidade – Resolução 750/93 do CFC.
Para isso, a autora sugere os seguintes procedimentos:
a) Os custos ambientais representam aplicação direta
ou indireta no sistema de gerenciamento ambiental do
processo produtivo e em atividades ecológicas da
empresa.
b) Os ativos ambientais são todos os bens e direitos
destinados ou provenientes da atividade de
gerenciamento ambiental, podendo estar em forma de
capital circulante ou capital fixo.
c) Os passivos ambientais, todos relacionados a
financiamentos específicos, contingências vinculadas
ao meio ambiente, desde que claramente definidas
deverão ser classificados no passivo circulante ou
realizável de longo prazo, em contas contábeis
específicas.
Notas Explicativas Ambientais – deverão ser
destacadas das demais notas e conter as informações
sobre critérios adotados com relação a: a) avaliação
dos estoques ambientais; b) formas de avaliação e
depreciação, inclusive taxas utilizadas no exercício; c)
avaliação do ativo diferido, destacando as bases
utilizadas pela empresa para ativar os gastos
ambientais; d) dívidas relacionadas ao meio ambiente,
informando, inclusive, o critério contábil de
apropriação; e) valor do lucro do exercício destinado a
sua utilização no meio ambiente. (2005)
Gastos ambientais
Gasto ou dispêndio é um conceito entendido por Bruni
e Fama (2002, p. 25), como:
Consiste no sacrifício financeiro que a entidade
arca para a obtenção de um produto ou serviço
qualquer. Segundo a contabilidade, serão em
última instância classificados como custos ou
despesas, a depender de sua importância na
elaboração do produto ou serviço. Alguns
gastos podem ser temporariamente
classificados como investimentos e, à medida
6 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
que forem consumidos, receberão a
classificação de custos ou despesa.
Para Horngren, Foste e Datar (2004), a definição de
gastos pode ainda ser separada em :
Gastos ativados são primeiramente registrados
como ativos. Parte-se do pressuposto de que
estes gastos trarão benefícios futuros para a
empresa (...) (p.26).
Gastos não-ativados são registrados como
despesas do período no qual são incorridos.
Exemplo são os salários do pessoal de
marketing e o aluguel mensal do escritório (...)
(p.26).
Paiva (2003, p. 28), propõe como exemplo de gastos
ativados, a aquisição de matéria-prima do período e novos
equipamentos. Estes gastos serão transferidos para
despesas à medida que seus benefícios forem gerados. Como
exemplo de gastos não ativados podem ser citados os
salários da administração e o aluguel. Outros tipos de
gastos, como exemplo, quando a empresa é autuada por
danos ambientais, são caracterizados como perda.
Para efeito de discussão, nesta pesquisa, todos os gastos
que guardam relação com o meio ambiente, desde que,
corretamente identificáveis, serão tratados como gastos
ambientais.
Há gastos que, mesmo operacionais, podem se
classificar como ambientais, desde que tenham alguma
relação entre a evolução da empresa e o meio-ambiente e,
conseqüentemente, com a sociedade, mesmo que de forma
indireta, como por exemplo, os gastos com pesquisas de
novos produtos ou novas formas de produção, reduzindo
o consumo de insumos naturais esgotáveis e não
esgotáveis, visando à melhoria de qualidade dos produtos.
Além dos gastos efetuados no processo
produtivo diretamente identificados como
sendo ambientais, existem outros que, apesar
de serem operacionais, de alguma forma
contribuirão para uma evolução do
relacionamento da empresa com seu ambiente
natural e, indiretamente com a sociedade.
Podem-se entender como tais os gastos
referentes às pesquisas com novos produtos ou
novas formas de produção, visando melhorar
a qualidade dos produtos, reduzir o consumo
de insumos naturais esgotáveis e não
renováveis. (PAIVA, 2003, p. 29).
Para Paiva (2003, p. 32): “Os gastos ambientais

contribuem para a formação, manutenção, recuperação ou
degradação da reputação de uma empresa, dependendo de
sua essência e finalidade.”
Custos Ambientais
Segundo Padovezi (2000, p. 222):
Custos são gastos, não investimentos,
necessários para fabricar os produtos da
empresa. São os gastos efetuados pela empresa
que farão nascer os seus produtos. Portanto,
podemos dizer que os custos são os gastos
relacionados aos seus produtos,
posteriormente ativados quando os produtos
objeto desses gastos forem gerados. De modo
geral, são os gastos ligados à área industrial
da empresa.
Segundo Ribeiro, Gonçalves e Lima (2002, p. 05), custos
ambientais são os consumos de recursos ocorridos na área
de produção, mas voltados especificamente ao controle e
preservação ambiental, tais como todos os insumos
inseridos no processo operacional que tenham pôr objetivo
preciso a eliminação ou redução de poluentes.
Rocha e Ribeiro (apud WERNKE, 2005) assinalam que
os custos ambientais são gastos realizados pela empresa
para reduzir ou eliminar os efeitos negativos do seu sistema
operacional sobre o meio ecológico. Os investimentos nesta
área têm recebido ênfase expressiva, necessitando, portanto,
de serem incluídos nas estratégias da gestão econômica
das empresas.
Assim, os Custos Ambientais representam todo
empenho, todo o esforço direta ou indiretamente vinculado
a qualquer gasto, independentemente de desembolso,
relativo a bens e/ou serviços que visem, única e
exclusivamente a preservação do meio ambiente.
(KRAEMER, 2005).
Para Kraemer (2005), a identificação dos custos
ambientais ainda é de difícil tarefa, já que não se pode
mensurar muito de seus componentes, tidos como
intangíveis. O que ocorre, na realidade, é mais uma
identificação e mensuração dos custos referentes aos fatores
externos, ocasionados pelos impactos decorrentes da má
utilização do meio ambiente, ou a apuração dos custos
envolvidos na sua preservação. Esses poderão ser
incorporados ao custo total, à medida que vão ocorrendo,
nas empresas em que realmente se faz uma gestão ambiental
eficiente.
A autora considera os custos ambientes sob dois
aspectos: o do bem comum, relativo ao meio ambiente sem
proprietário e o uso dos seus recursos naturais no processo
de produção, sem agregá-lo, ao seu custo total, o custo
UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
POLETO, Joâo Batista; MOROZINI, João Francisco
ambiental gerado. Cita-se como exemplo, a empresa objeto
desta pesquisa que utiliza a água do rio que passa ao lado
de suas instalações para a geração de energia e não agrega
ao custo final da obra essa água utilizada, por considerá-la
um bem público; outro aspecto é o custo social, que trata
dos custos decorrentes de fatores externos como os já
citados. Porém a sociedade, neste caso, paga pelo custo
monetário em si e é prejudicada em decorrência dos resíduos
expelidos no processo produtivo, devendo arcar também
com este custo, que não será incorporado por quem o
produziu, como por exemplo a fumaça de uma fábrica que
contribui para a proliferação de doenças respiratórias ou o
despejo de resíduos poluentes num rio. (KRAEMER, 2005).
Ativo Ambiental:
O ativo, em uma de suas definições mais completas:
“Compreende os bens e os direitos da entidade expressos
em moeda.” (EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP,
1996, p. 30).
Os Ativos Ambientais representam: a) os estoques dos
insumos, peças, acessórios, etc., utilizados no processo de
eliminação ou redução dos níveis de poluição; b) os
investimentos em máquinas, equipamentos, instalações,
etc., adquiridos e/ou produzidos com intenção de amenizar
os impactos causados ao meio ambiente; c) os gastos com
pesquisas visando ao desenvolvimento de tecnologias
modernas, de médio e longo prazo, desde que constituam
benefícios ou ações que irão refletir nos exercícios seguintes.
Comportam ainda, os bens adquiridos pela companhia que
têm como finalidade controle, preservação e recuperação
do meio ambiente (KRAEMER, 2005).
Passivo Ambiental
“O passivo compreende basicamente as obrigações a
pagar, ou seja, as quantias que a empresa deve a terceiros.”
(EQUIPE PROFESSORES FEA/USP, 1996, p. 30).
O Passivo Ambiental representa toda e qualquer
obrigação de curto e longos prazos, destinados única e
exclusivamente a promover investimentos em prol de ações
relacionadas à extinção ou à amenização dos danos
causados ao meio ambiente, inclusive percentual do lucro
do exercício, com destinação compulsória, direcionado a
investimentos na área ambiental. (KRAEMER, 2005).
O IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes
do Brasil, de acordo com a Norma e Procedimentos de
Auditoria NPA-11 – Balanço e Ecologia (ICBRASIL, 1996),
conceitua o Passivo Ambiental como: “Toda agressão que
se praticou ou prática contra o meio ambiente e consiste no
valor dos investimentos necessários para reabilitá-lo”.
7
A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA
Balanço Ambiental
O balanço patrimonial tem por finalidade apresentar a
posição financeira e patrimonial da empresa em determinado
momento. (IUDÍCIBUS e outros, 2000, p. 34).
Segundo Raupp (2002, p.48), o Balanço Ambiental tem
por principal objetivo tornar pública, para fins de avaliação
de desempenho, toda e qualquer atitude das entidades, com
ou sem finalidade lucrativa, mensurável em moeda, que, a
qualquer tempo, possa influenciar ou vir a influenciar o
meio ambiente, assegurando que custos, ativos e passivos
ambientais sejam reconhecidos a partir do momento de sua
identificação, em consonância com os Princípios
Fundamentais de Contabilidade – Resolução 750-93 do CFC.
Kraemer (2007, p. 11/12), citando as Normas e
ATIVO
CIRCULANTE
Circulante Financeiro
Caixa e Bancos
Clientes
Estoques
Circulante Ambiental
Estoques
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Longo Prazo Financeiro
Títulos a Receber
Longo prazo Ambiental
Estoques
PERM ANENTE
Permanente Financeiro
Investimentos Financeiros
Ações de outras Cias
Imobilizado Financeiro
M áquinas e Equipamentos
Veículos e Acessórios
(-) Depreciação Acumulada
Diferido Financeiro
Despesas de Exercícios Seguintes
Permanente Ambiental
Imobilizado Ambiental
M áquinas e Equipamentos
Instalações
(-) Depreciação Acumulada
Diferido Ambiental
Despesas de Exercícios Seguintes
FONTE: kraemer (2007, p. 11/12).
ESTUDO DE CASO – RIO BONITO EMBALAGENS
A empresa Rio Bonito Embalagens Ltda., com sede em
Boa Ventura de São Roque – PR, foi fundada em 1995. O
objetivo da empresa é a fabricação de embalagens de polpa
8 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
Procedimentos de Auditoria NPA 11- Balanço e Ecologia do
IBRACON, enfatiza a importância que representam as
Demonstrações Contábeis, não só para os sócios, mas
também para toda a comunidade e propõe que o Balanço
Patrimonial, inclusive as Notas Explicativas,
independentemente de serem elas públicas ou privadas,
sejam publicados com destaque para as questões
ambientais, conforme modelo:
Modelo de Balanço Patrimonial Ambiental
BALANÇO PATRIMONIAL
QUADRO 1– Modelo de Balanço Patrimonial adaptado
à Contabilidade Ambiental.
PASSIVO
CIRCULANTE
Circulante Financeiro
Fornecedores
Títulos a Pagar
Circulante Ambiental
Fornecedores
Financiamentos
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Longo Prazo Financeiro
Financiamentos
Longo Prazo Ambiental
Financiamentos
PATRIM ÔNIO LÍQUIDO
Patrimônio Líquido Financeiro
Capital Social
Reservas de Capital
Reservas de Lucros
Lucros (Prejuízos) Acumulados
Patrimônio Líquido Ambiental
Reservas p/ Preservação do M eio Ambiente
moldada (papel reciclado) para ovos, frutas, entre outros.
Os sócios, detentores de conhecimento sobre a tecnologia
da fabricação de embalagens, adquiriram dois terrenos com
aproveitamento hidrelétrico para geração da energia
necessária à produção.
Quando da criação da empresa, foram investidos cerca
de 10% do total do capital, para atender à Legislação
Ambiental, em áreas de floresta nativa e construção de

lagoas para tratamento de água utilizada na indústria antes
da devolução ao rio.
Foi feito o reflorestamento de uma área de
aproximadamente 20.000 m² com mata ciliar composta por
espécies nativas. Inicialmente, os gastos da empresa
somaram R$ 3.000 (três mil reais) com o preparo do terreno,
mudas e plantio.
Para o tratamento de efluentes, foram construídas três
lagoas interligadas: uma de decantação, uma de aeração e
uma de polimento. O sistema inclui um canal de descarga
dos efluentes (líquidos) até as lagoas, a interligação das
mesmas, compactação dos leitos, construção de taludes,
encascalhamento, caixa em concreto armado e obras de
proteção do sistema. Os gastos com o sistema de tratamento
de efluentes foram de R$ 7.000,00.
As despesas mensais da empresa com a preservação do
meio ambiente, representam 2% da receita, sendo
distribuídos entre mão de obra, produtos químicos para
tratamento da água, assessoramento de empresa
especializada em tratamento de efluentes e serviços de
terceiros para destino final dos resíduos de matéria prima.
Inicialmente, não houve preocupação da empresa em
classificar seus custos como ambientais ou registrar
passivos futuros com relação ao meio ambiente. As
mudanças, geradas pela exploração desordenada dos
recursos naturais, tem preocupado os empresários no
sentido de que a água do rio gera energia para a fábrica e a
matéria-prima, apesar de reciclada, vem primeiramente da
natureza (madeira).
Assim, a partir do próximo exercício, a empresa pretende
reestruturar seu plano de contas, classificando corretamente
seus ativos e passivos ambientais. A empresa também tem
como objetivo, efetuar investimentos em plantio de árvores
para futura utilização como matéria-prima, além, é claro, da
conservação da mata ciliar para preservação do rio. Todas
essas ações, bem como a correta contabilização dos valores,
são evidenciadas pela contabilidade ambiental.
Esta pesquisa pretende criar um modelo de Plano de
contas para a empresa e também aplicar o modelo de
evidenciação dos gastos ambientais descrito por Paiva
(2003), orientando a empresa a criar indicadores de
desempenho ambiental.
Plano de Contas
O plano de contas das empresas que necessitam registrar
e mensurar eventos ambientais tem de se adequar a tal
UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
POLETO, Joâo Batista; MOROZINI, João Francisco
finalidade, de modo a permitir a elaboração de relatórios
gerenciais. Deve ser ainda claro e objetivo para atender
aos usuários externos. Sobre esse assunto, Lopes de Sá
(2007), faz a seguinte explanação:
Entendo que, do ponto de vista ético, à classe
dos contabilistas compete, não só conscientizar
os empresários de seus deveres, como, também,
desenvolver critérios práticos e científicos para
a produção de modelos de comportamento da
riqueza e que possam beneficiar, em vez de
depredar a natureza . A identificação dos
fenômenos de interação entre o entorno
ecológico e o capital, entre este e o meio
ambiente natural, deve ser sempre um ponto de
partida . Tal fato, exige uma planificação de
contas especifica e também a idealização de
demonstrações claras e objetivas, para a
evidencia dos registros . A ótica a ser seguida,
no método, será, entendo, sempre a da interação
das eficácias, entre as das finalidades das
células sociais e as das necessidades de
preservação e proteção do meio ambiente
natural. Como as contas devem expressar
objetos definidos e como esses devem expressar
uma realidade de fenômenos, por suas
características essenciais, o Plano de Contas ,
no caso, deve ser específico e será diferente em
relação ao usualmente adotado para fins
financeiros.
O modelo do elenco de contas adaptado ao meio
ambiente utilizado nesta pesquisa é o proposto por Kraemer
e Tinoco (2004, p. 75). Verifica-se, no plano de contas
ambiental, que para todas as contas sintéticas existe um
grupo de contas analíticas que se destinam a registrar os
eventos relacionados ao meio ambiente e percebe-se
também, a existência de provisões para possíveis danos
ambientais. Essas provisões reconhecem os possíveis riscos
para a empresa e deste modo é possível oferecer uma visão
ampla para que os gestores e investidores analisem e
planejem futuros investimentos visando o desenvolvimento
sustentável.
9
A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA

PASSIVO
Modelo de Plano de Contas Ambiental
2 – PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
PLANO DE CONTAS AMBIENTAL 2.1 – PASSIVO CIRCULANTE
2.1.1 – Empréstimos e Financiamentos
ATIVO
2.1.1.1 – Financiamentos ambientais
1 – ATIVO 2.1.2 – Fornecedores
1.1 – ATIVO CIRCULANTE 2.1.2.1 – Fornec. De bens e serv proteção e recup. ambiental
1.1.1 – Disponível 2.1.3 – Obrigações
1.1.1.1 - Caixas 2.1.3.1 – Multas por danos ambientais
1.1.1.2 - Bancos conta movimento 2.1.3.2 – Indenizações por danos ambientais
1.1.1.3 – Aplicações Financeiras 2.1.1.3 – Impostos verdes
1.1.2 – Créditos 2.1.4 – Provisões
1.1.2.1 – Clientes 2.1.4.1 – Multas por danos ambientais
1.1.2.2 – Clientes ambientais 2.1.4.2 – Indenizações por danos ambientais
1.1.2.3 – Subvenções ambientais a receber
1.1.2.4 – Créditos por serviços de assessoria ambiental 2.1.4.3 – Aquis. Bens e serviços de proteção e recup. Ambiental
1.1.2.4 – 2.1.4.4 – Impostos verdes
1.1.3 – Estoques 2.2 – PASIVEL EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
1.1.3.1 – Matérias-primas 2.2.1 – Empréstimos e Financiamentos
1.1.3.2 – Produtos em processo 2.2.1.1 – Financiamentos ambientais
1.1.3.3 – Produtos acabados 2.2.2 – Fornecedores
1.1.3.4 – 2.2.2.1 – Fornec. De bens e serv proteção e recup. ambiental
1.1.3.5 – Produtos reciclados e subprodutos 2.2.3 – Obrigações
1.1.3.6 – Insumos ambientais 2.2.3.1 – Multas por danos ambientais
1.1.3.7 – Embalagens ambientais 2.2.3.2 – Indenizações por danos ambientais
1.2 – ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 2.2.3.3 – Impostos verdes
1.3 – ATIVO PERMANENTE 2.2.4 – Provisões
1.3.1 – Investimentos 2.2.4.1 – Multas por danos ambientais
1.3.1.1 – Participação em outras sociedades ambientais 2.2.4.2 – Indenizações por danos ambientais
1.3.1.2 – Participações em fundos de investimentos ambientais
1.3.1.3 – 2.2.4.3 – Aquis. Bens e serviços de proteção e recup. Ambiental
1.3.2 – Imobilizado 2.2.4.4 – Impostos verdes
1.3.2.1 – Terrenos 2.3 – RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS
1.3.2.2 – Jazidas e minas 2.4 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO
1.3.2.3 – Obras civis 2.4.1 – Capital Social
1.3.2.4 – Equipamentos ambientais 2.4.2 – Reservas de Lucros
1.3.2.5 – Instalações ambientais 2.4.2.1 – Reserva contingencial p/ multas por danos ambientais
1.3.2.6 – Depreciação, exaustão acumulada ( - ) 2.4.2.2 – Reserva contingencial p/ inden. danos ambientais
1.3.3 – Diferido 2.4.2.3 – Reserva contingencial p/ aquis. Bens serv. Recup.
1.3.3.1 – Projetos de gestão ambiental 2.4.2.4 – Reserva contingencial para impostos verdes
1.3.3.2 – Treinamento ambiental 2.4.3 – Lucros ou Prejuízos Acumulados
1.3.3.3 – Gastos de reorganização ambiental Fonte: KRAEMER, 2004, p. 75.
1.3.5.4 – Amortização acumulada ambiental ( - )
Fonte: KRAEMER, 2004, p. 75.

10 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu

 POLETO, Joâo Batista; MOROZINI, João Francisco

CONTAS DE RESULTADO QUADRO 2 – Modelo de Plano de Contas Ambiental

3 – CONTAS CREDORAS DE RESULTADO Plano de Contas sugerido – Rio Bonito

3.1 – RECEITA BRUTA DE VENDAS DE PRODUTOS E
SERVIÇOS Embalagens Ltda.
3.1.1 – Vendas de Produtos
3.1.1.1 – Mercado nacional PLANO DE CONTAS AMBIENTAL - RIO BONITO
3.1.1.2 – Mercado externo EMBALAGENS LTDA
3.1.2 – Vendas de Serviços ATIVO
3.1.2.1 – Mercado nacional
3.1.2.2 – Mercado externo 1 – ATIVO
3.1.3 – Deduções da Receita Bruta ( - ) 1.1 – ATIVO CIRCULANTE
3.1.3.1 - Vendas canceladas 1.1.1 – Disponível
3.1.3.2 – Abatimentos 1.1.1.1 - Caixas
3.1.3.3 – Impostos incidentes sobre vendas 1.1.1.2 - Bancos conta movimento
3.2 – RECEITA BRUTA DE PRODUTOS E SERVIÇOS 1.1.1.2.1 – Banco do Brasil S/A – C?C 1065-0
AMBIENTAIS 1.1.1.2.2 – HSBC Bank Brasil S/A
3.2.1 – Vendas de Resíduos Reciclados 1.1.1.2.3 – SICREDI
3.2.2 – Vendas e/ou Reutilização de Co-Produtos 1.1.1.2.4 – ( - ) Cheques a descontar em trânsito
3.2.3 – Aproveitamento de Gases e Calor 1.1.1.3 – Aplicações Financeiras
3.2.4 – Redução no Consumo de Matérias-Primas 1.1.1.3.1 – Banco do Brasil S/A – A/F
3.2.5 – Redução do consumo de água 1.1.1.3.2 – HSBC Bank Brasil S/A – A/F
3.2.6 – Prestação de Serviços Ambientais 1.1.2 – Créditos
3.2.7 – Subvenções Governamentais 1.1.2.1 – Clientes
1.1.2.1.1 - ........
1.1.2.2 – Clientes ambientais
4 – CONTAS DEVEDORAS DE PRODUÇÃO E DE RESULTADO
1.1.2.3 – Subvenções ambientais a receber
4.1 – CUSTOS (DESPESAS) DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
VENDIDOS 1.1.2.4 – Créditos por serviços de assessoria ambiental
4.1.1 – Custos (despesas) dos Produtos Vendidos (CPV) 1.1.2.4 –
4.1.2 – Custos (despesas) dos Serviços Prestados (CSP) 1.1.2.5 – ( - ) Créditos baixados recuperáveis
4.1.3 – Custos (despesas) Produtos e Serviços Ambientais 1.1.2.6 – ( - ) Duplicatas Descontadas
4.2 – CUSTOS VINCULADOS À PRODUÇÃO 1.1.2.7 – Adiantamento a Fornecedores
4.2.1 – Custos Normais da Atividade 1.1.2.8 – Adiantamento a Fornec. de bens e serv. Ambientais
4.2.2 – Custos e Serviços Ambientais 1.1.2.9 – Adiantamento a empregados
4.2.2.1 – Despesas serviços externos de proteção e recuperação 1.1.2.10 – Impostos a recuperar
4.2.2.2 – Despesas com prevenção e gestão ambiental 1.1.2.11 – Outros créditos
4.2.2.3 – Insumos ambientais 1.1.3 – Estoques
4.2.2.4 – Depreciações, amortizações e exaustões ambientais 1.1.3.1 – Materiais
4.2.2.5 – Mão-de-obra e encargos sociais 1.1.3.1.1 – Matérias-primas
4.2.2.6 – Etiquetas ambientais 1.1.3.1.2 - Corantes
4.2.2.7 – 1.1.3.1.3 – Produtos químicos
4.3 – DESPESAS OPERACIONAIS 1.1.3.1.4 – Resíduos de madeiras
4.3.1 – Despesas Normais da Atividade 1.1.3.1.5 – Produtos reciclados e subprodutos
4.3.2 – Despesas Ambientais 1.1.3.1.6 – Insumos ambientais
4.3.2.4 – Seguros ambientais 1.1.3.1.7 – Embalagens ambientais
4.3.2.5 – Auditoria ambiental 1.1.3.2 – Material de Consumo
4.3.2.6 – Licenças e impostos ambientais 1.1.3.2.1 – Óleo diesel
4.3.2.7 – Multas ambientais 1.1.3.3 – Mercadorias para revenda
4.3.2.8 – Indenizações ambientais 1.1.3.4 – Produtos de fabricação própria
4.3.2.9 – Provisões ambientais 1.1.4 – Despesas do exercício seguinte
Fonte: KRAEMER, 2004, p. 75. 1.1.4.1 – Seguros a apropriar

UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu 11

A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA
1.2 – ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
1.2.1 – Aplicações financeiras
1.2.2 – Títulos de capitalização
1.2.3 – Débitos de sócios
1.3 – ATIVO PERMANENTE
1.3.1 – Investimentos
1.3.1.1 – Participação em outras sociedades
1.3.1.1.1 – Banco de Crédito Cooperativo
1.3.1.2 – Participações em outras sociedades ambientais
1.3.1.3 – Participações em fundos de investimentos ambientais
1.3.1.3 – Consórcios
1.3.1.3.1 – Consórcio Nacional John Deere
1.3.2 – Imobilizado
1.3.2.1 – Terrenos
1.3.2.2 – Construções área Ind. e usina Hidr.
1.3.2.3 – Máquinas e acessórios industriais
1.3.2.4 – Equipamentos ambientais
1.3.2.5 – Instalações ambientais
1.3.2.6 – Móveis e utensílios administrativos
1.3.2.7 – Móveis e instalações comerciais
1.3.2.8 – Equipamentos de informática
1.3.2.9 – Telefones
1.3.2.10 – Ferramentas
1.3.2.11 – Eletrificação rural
1.3.2.12 – Veículos comerciais
1.3.2.13 – Veículos industriais
1.3.2.14 – Reflorestamento Rio Feio
1.3.2.15 – Reflorestamento Rio do Veado
1.3.2.16 - Tanques
1.3.2.17 – Depreciação, exaustão acumulada ( - )
1.3.3 – Diferido
1.3.3.1 – Projetos de gestão ambiental
1.3.3.2 – Treinamento ambiental
1.3.3.3 – Gastos de reorganização ambiental
1.3.3.4 – Gastos c/ reflorestamento Rio Feio
1.3.3.5 – Gastos c/ reflorestamento Rio do Veado
1.3.5.4 – Amortização acumulada ambiental ( - )
Fonte: Rio Bonito Embalagens – Departamento Financeiro e autor.
12 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
PASSIVO E PL
2 – PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.1 – PASSIVO CIRCULANTE
2.1.1 – Fornecedores
2.1.1.1 - Fornecedores de matéria-prima
2.1.1.2 - Fornec. de bens e serv proteção e recup ambiental
2.1.2 – Obrigações
2.1.2.1 – Obrigações trabalhistas
2.1.2.2 – Obrigações sociais
2.1.2.3 – Obrigações tributárias
2.1.2.1 – Multas por danos ambientais
2.1.2.2 – Indenizações por danos ambientais
2.1.2.3 – Impostos verdes (ambientais)
2.1.3 – Empréstimos e Financiamentos
2.1.3.1 – Financiamentos operacionais
2.1.3.2 – Financiamentos ambientais
2.1.4 – Contas a pagar
2.1.4.1 – Pró-labore a pagar
2.1.4.2 – Energia elétrica a pagar
2.1.4.3 – Serviços de comunicações a pagar
2.1.4.4 – Honorários contábeis a pagar
2.1.4.5 – Serviços de terceiros a pagar
2.1.4 – Provisões
2.1.4.1 – Provisão p/ férias
2.1.4.2 – Provisão para 13º salário
2.1.4.3 – INSS s/ 13º salário
2.1.4.4 – FGTS s/ 13º salário
2.1.4.5 – Multas por danos ambientais
2.1.4.7 – Indenizações por danos ambientais
2.1.4.8 – Aquis. bens e serviços de proteção e recup. Ambiental
2.1.4.9 – Impostos verdes
2.1.5 – Consórcios a pagar
2.2 – PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
2.2.1 – Empréstimos e Financiamentos
2.2.1.1 – Financiamentos operacionais
2.2.1.2 – Financiamentos ambientais
2.2.2 – Parcelamento imposto e contribuições
2.2.2.1 – PIS
2.2.3 – Consórcios a pagar
2.2.2 – Fornecedores
2.2.2.1 – Fornec. de bens e serv proteção e recup. ambiental
2.2.3 – Obrigações
2.2.3.1 – Multas por danos ambientais
2.2.3.2 – Indenizações por danos ambientais
2.2.3.3 – Impostos verdes
2.2.4 – Provisões
2.2.4.1 – Multas por danos ambientais
2.2.4.2 – Indenizações por danos ambientais

2.2.4.3 - Aquis. bens e serviços de proteção e recup. Ambiental
2.2.4.4 – Impostos verdes
2.3 – RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS
2.4 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.4.1 – Capital Social
2.4.2 – Reservas
2.4.2.1 – Reservas de capital
2.4.2.2 – Reservas de reavaliação
2.4.2.3 – Reservas de Lucros
2.4.2.3.1 – Reserva legal
2.4.2.3.2 – Reserva para aumento de capital
2.4.2.3.3 – Reserva conting. p/ multas por danos ambientais
2.4.2.3.4 – Reserva contingencial p/ inden danos ambientais
2.4.2.3.5 – Reserva contingencial p/ aquis. bens serv. Recup.
2.4.2.3.6 – Reserva contingencial para impostos verdes
2.4.3 – Lucros ou Prejuízos Acumulados
2.4.3.1 – Lucros acumulados
2.4.3.2 – ( - ) Prejuízos acumulados
2.4.3.3 – ( - ) Antecipação de lucros sócios
Fonte: Rio Bonito Embalagens – Departamento Financeiro e autor.
CONTAS DE RESULTADO
3 – RECEITAS
3.1 – RECEITAS OPERACIONAIS
3.1.1 – Vendas de Produtos
3.1.3 – Deduções da Receita Bruta ( - )
3.1.3.1 - Vendas canceladas
3.1.3.2 – Abatimentos
3.1.3.3 – Impostos incidentes sobre vendas
3.2 – RECEITA BRUTA DE PRODUTOS AMBIENTAIS
3.2.1 – Vendas de Resíduos Reciclados
3.2.2 – Vendas e/ou Reutilização de Co-Produtos
3.2.3 – Aproveitamento de Gases e Calor
3.2.4 – Redução no Consumo de Matérias-Primas
3.2.5 – Redução do consumo de água
3.2.6 – Prestação de Serviços Ambientais
3.2.7 – Subvenções Governamentais
3.3 – OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
3.3.1 – Despesas recuperadas
3.3.2 – Bonificações
3.3.3 – Descontos auferidos
3.3.4 – ICMS s/ aquis. p/ ativo imobilizado
3.3.5 – Compens. de tributos e contr. Ação judicial
3.4 - RECEITAS FINANCEIRAS
3.4.1 – rendimento de aplicações financeiras
3.4.2 – Juros de mora
3.5 – RECEITAS NÃO-OPERACIONAIS
UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
POLETO, Joâo Batista; MOROZINI, João Francisco
4 – CUSTOS E DESPESAS
4.1 – CUSTOS
4.1.1 – Custos industriais
4.1.1.1 – Custos aquisição de materiais
4.1.1.2 – ( - ) Deduções do custo dos materiais
4.1.1.3 – Custo da mão-de-obra direta
4.1.1.4 – Gastos gerais de produção
4.1.2 – Custos e Serviços Ambientais
4.2.2.1 – Despesas serviços externos de proteção e recuperação
4.2.2.2 – Despesas com prevenção e gestão ambiental
4.2.2.3 – Insumos ambientais
4.2.2.4 – Depreciações, amortizações e exaustões ambientais
4.2.2.5 – Mão-de-obra e encargos sociais
4.2.2.6 – Etiquetas ambientais
4.2.2.7 –
4.3 – DESPESAS OPERACIONAIS
4.3.1 – Despesas operacionais normais da Atividade
4.3.1.1 – Despesas administrativas
4.3.1.2 – Despesas de comercialização
4.3.1.3 – Despesas tributárias
4.3.1.4 – Despesas financeiras
4.3.2 – Despesas Ambientais
4.3.2.4 – Seguros ambientais
4.3.2.5 – Auditoria ambiental
4.3.2.6 – Licenças e impostos ambientais
4.3.2.7 – Multas ambientais
4.3.2.8 – Indenizações ambientais
4.3.2.9 – Provisões ambientais
4.3.3 – Despesas não-operacionais
4.4 - CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
4.5 – IMPOSTO DE RENDA
5 – CONTAS DE APURAÇÃO
5.1 – RESULTADO DO EXERCÍCIO
Fonte: Rio Bonito Embalagens – Departamento Financeiro e autor.
QUADRO 3 – Plano de contas Ambiental – Rio Bonito
Embalagens Ltda.
Modelo de evidenciação dos gastos ambientais
Segundo Paiva (2003, p. 45), todos os gastos e as
provisões efetuadas com o meio ambiente devem ser
evidenciadas, assim como todas as situações relacionadas
diretamente com a natureza que possam vir a prejudicar os
interesses dos acionistas ou que representem riscos para a
continuidade da empresa e da sociedade. O autor classifica
os gastos ambientais em voluntários e involuntários.
13
A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA
Os primeiros são aqueles feitos espontaneamente pela
empresa, tais como: gastos com controle e redução de
emissão de resíduos, relacionados com as atividades
operacionais que abrangem a concepção do produto, as
matérias-primas utilizadas, o processo produtivo, o
treinamento de pessoal, a aquisição de equipamentos e
projetos voltados à conscientização ambiental.
Involuntários são os desembolsos relacionados
às imposições legais e penalidades legais. Tais gastos são
considerados perdas, portanto, reduzem o patrimônio. Como
exemplo, podem ser citados os acidentes com navios
petroleiros com derramamento de óleo, que causam enormes
prejuízos à natureza.
Para Paiva (2003, p. 47), a evidenciação dos gastos
ambientais torna-se necessária à medida que as empresas
estão se expandindo pelo mundo. O atendimento de
requisitos ambientais é indispensável para que esta possa
se inserir no contexto global. A evidenciação é a forma de
tornar pública a preocupação da empresa com a preservação
do meio ambiente. A partir do momento em que haja o fato
gerador, ela deve pôr em prática ações que visem a defesa,
conservação e recuperação do meio ambiente.
Para o autor, uma forma de se evidenciar os gastos
ambientais seria nas demonstrações contábeis,
apresentando contas e notas explicativas específicas.
Segundo Ribeiro e Martins (apud PAIVA, 2003, p. 51): “O
conjunto das demonstrações contábeis pode ser o canal
adequado para tais evidenciações, principalmente porque
neste estão contidas todas as informações pertinentes à
situação patrimonial e desempenho da empresa em um
determinado período.”
Apesar de a contabilidade poder lançar mão de
vários tipos de relatórios para a evidenciação contábil, tais
como: Relatório da administração, Notas Explicativas,
gráficos, Tabelas e outros instrumentos, as empresa
brasileiras pouco se valem destes recursos. Normalmente,
as informações relativas aos gastos ambientais são
subjetivas e parciais, o que prejudica o entendimento por
parte do usuário.
Sendo o principal objetivo da contabilidade,
fornecer informação aos seus usuários, a importância da
informação está além das exigências legais. Para Paiva (2003,
p. 114):
Muito além do que a lei e os órgãos reguladores
determinam, é importante que toda a sociedade
esteja a par das atividades das empresas, pois,
em alguns casos, além de investidores,
financiadores ou outra espécie de participação
e/ou interesses diretos ou indiretos, os cidadãos
são consumidores finais de produtos que as
empresas oferecem ao mercado e, como tal,
14 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
vêem-se no direito de saber o que ocorre em
seus processos produtivos, se não agridem o
meio ambiente e que tipo de benefícios são
gerados à sociedade.
Evidenciar é uma responsabilidade social da empresa,
mas de que forma ela fará isso, depende dela. Importa que a
informação traga dados quantitativos e qualitativos, de
preferência dentro dos demonstrativos normais, a fim de
proporcionar ao usuário uma base de informações confiável.
Evidenciação de gastos na Empresa Rio Bonito
Embalagens Ltda.
Conforme Paiva (2003, p.77), a indústria de papel e
celulose, em seu processo produtivo, apresenta um grande
potencial de danos à natureza. A tendência de geração de
poluição é inerente às suas atividades, já que envolve, em
seus processos de produção, produtos químicos e materiais
não biodegradáveis.
Vários são os riscos ambientais que tal ramo de atividade
produz, desde a extração da matéria-prima, que normalmente
exige reflorestamento, até a destinação de seus resíduos
finais, que é um dos principais responsáveis pelos
transtornos causados nos centros urbanos.
Desta forma, a empresa Rio Bonito Embalagens,
preocupada com o impacto ambiental que sua atividade
operacional produz, além de utilizar matéria-prima de resíduos
de papel, a chamada “polpa moldada”, replantou toda a
mata ciliar nos terrenos adquiridos pela empresa, como forma
de preservar o rio, fonte de energia para a indústria. Mesmo
assim, há resíduos industriais e necessidade de tratamento
de efluentes. Apesar de não produzir relatórios contábeis
de acordo com a contabilidade ambiental, a empresa tem
todo interesse em demonstrar aos seus usuários as ações
desenvolvidas nesse sentido.
Para tanto, além de adaptar seu plano de contas para
registrar suas operações na área ambiental, a partir do
próximo exercício, pretende apresentar seus gastos num
modelo de evidenciação, desenvolvido por Paiva (2003, p.
128), que busca identificar os gastos ambientais,
classificando-os em preventivos, remediáveis e
irremediáveis.
Preventivos são investimentos que a empresa faz em
equipamentos ou ações no sentido de prevenir danos
ambientais futuros, tais como, tratamento de efluentes e
resíduos industriais. Remediáveis são os gastos efetuados
na correção ou remediação de danos ocorridos ao meio
ambiente, tais como reflorestamento, recuperação de áreas
de despejo de lixo, etc. Gastos irremediáveis são aqueles
que a empresa pode considerar como perda, normalmente

causados por depredação do meio ambiente de forma
irreparável, gerando multa e penalidades para a empresa.
2007
Gastos Prevenção Remediação Irremediáveis Prevenção
Investimentos
Custos
Despesas
Perdas
(geração de
novos
passivos)
Perdas
(Desvalorizaçã
o de ativos)
Fonte: PAIVA, JP.R. (2003, p. 128). Adaptado pela Rio Bonito evidenciação
Embalagens Ltda. – Departamento Financeiro.
QUADRO 4 – Gastos ambientais com prevenção,
remediação e Gastos irremediáveis
Investimentos: na linha de investimentos, são
evidenciados os valores que foram acrescidos aos ativos
imobilizados ambientais durante o período. Há valores na
coluna de prevenção de danos ambientais e também na de
remediação, pois os investimentos foram efetuados para
remediar danos que vinham ocorrendo. No entanto, estes
investimentos serão utilizados nas atividades preventivas
da empresa.
Custos: os custos são voltados para a prevenção, pois
não se aplicam à remediação. Eles nem sempre estão
explícitos e muitas vezes são de difícil associação aos
eventos relacionados ao meio ambiente. Os gestores devem
estar atentos para sua correta identificação.
Despesas: As despesas dizem respeito aos treinamentos
preventivos relativos a novos processos e programas de
educação/conscientização, à manutenção, cuidado e
preservação de áreas de risco. Gastos com propaganda
relativa ao meio ambiente se enquadram como despesas.
Perdas por assunção de passivos: são provenientes da
geração de novos passivos caracterizados pela
obrigatoriedade de remediar ambientes degradados e pela
penalização através de multas. São irreparáveis para o
patrimônio e imagem da empresa, a qual pode constituir
provisões para estas perdas, que, quando não utilizadas
devem ser revertidas.
Perdas por desvalorização de ativos: estas perdas devem
ser evidenciadas desde que seus valores sejam conhecidos
ou estimados. São irreparáveis e irremediáveis ao patrimônio aos custos necessários para prevenir a ocorrência de
da entidade e ao meio ambiente.
Segundo Paiva (2003, p.130), a utilidade do modelo, prováveis geradores de poluição em quaisquer áreas da
UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
POLETO, Joâo Batista; MOROZINI, João Francisco
além de servir ao controle interno, é que, por meio dele, se
podem traçar estratégias de longo, médio e curto prazo. Se
divulgado juntamente
2008 com as demais
Remediação Irremediáveis d e m o n s t r a ções
financeiras no Balanço
Social ou ainda na
Internet, proporcionará
ao usuário externo
conhecer o
comportamento, a
evolução e as iniciativas
da empresa com relação
ao meio ambiente.
Acredita-se, que
este modelo de
será de grande utilidade para a empresa na
medida em que ela consiga segregar os gastos em prevenção
e remediação em determinado exercício. Futuramente, poderá
se observar o comportamento ambiental da empresa ao longo
de vários exercícios. Esta observação proporcionará
projeções de ações futuras com relação ao meio ambiente.
CONCLUSÃO
O homem, finalmente está tomando consciência de seu
papel na preservação dos recursos naturais. Infelizmente,
ele tornou-se consciente da natureza, somente agora,
quando ela está sendo aniquilada. Várias ações estão sendo
postas em prática, dentre elas os Sistemas de Gestão
Ambiental, nos quais está inserida a Contabilidade
Ambiental.
Apesar de ainda não estar totalmente estruturada, na
medida do possível, a empresa deve usar uma contabilidade
ambiental gerencial, para que possa, dessa forma, gerir as
atividades empresariais, podendo ter seus registros de
maneira a atender aos gestores na consecução de seus
objetivos, que devem ser, entre outros, gerenciar as emissões
de resíduos poluentes, pesquisar melhores formas de
obtenção de energia (menos poluentes) ao menor custo
possível, gerenciando a geração e destinação de resíduos
sólidos e líquidos, obtendo, se possível, resultados
positivos monetariamente, cuidar da composição das
embalagens e dos produtos, evitando problemas em seu
descarte. Em suma, todas as decisões internas da empresa
que abranjam as atividades inerentes ao processo produtivo
e que se classifiquem como potenciais causadoras de
problemas ambientais devem ser tratadas com cuidado.
Os gastos ambientais futuros são, no mínimo, iguais
qualquer poluição. Trabalhando no sentido de prevenir os
15
A CONTABILIDADE AMBIENTAL E A EVIDENCIAÇÃO DOS GASTOS NA EMPRESA
empresa, está se evitando o problema de gastos com os
danos ao meio ambiente, difíceis de serem determinados
antecipadamente, e ao mesmo tempo, estarão sendo
evitados problemas futuros. Desta forma, a empresa trabalha
no sentido de melhorar suas atividades presentes, adotando
uma atitude proativa. Independente dos gastos serem
claramente identificáveis como ambientais ou operacionais,
o fato é que eles potencialmente existem e sua eliminação o
quanto antes é o mais relevante.
O aspecto preventivo assume uma postura de
suma importância. As empresas devem ter consciência e
responsabilidade com relação às suas atividades e seu
relacionamento com o meio ambiente. Se não for estabelecido
um processo preventivo, certamente com gastos menores,
a empresa incorrerá, em algum momento, em gastos pesados
e inevitáveis, seja na forma de obrigação de reparação de
danos ao meio ambiente, seja na forma de multas.
Algumas empresas potencialmente poluidoras, em
situações em que sua imagem é exposta, tentam uma reação
de remediação, nem sempre possível, quando deveriam
adotar uma postura preventiva e efetuar um trabalho gradual
de prevenção baseado em planos e estratégias de curto,
médio e longo prazos.
O processo de evolução empresarial deve ser
acompanhado pela evolução do relacionamento com a
natureza. As políticas e os planos devem ser explicitados e
colocados em prática, de modo que acontecimentos
desagradáveis sejam evitados, principalmente aqueles
decorrentes de omissão. Assim, a contabilidade estará
praticando a prevenção, saudável prática, utilizada por
outras ciências.
Se esforços não forem feitos na identificação dos custos
ambientais “ocultos” e medidas no sentido de controle e
eliminação não forem adotadas, a empresa estará criando
situações futuras que trarão danos ao meio ambiente, à sua
imagem e a seu patrimônio, além de que a principal
prejudicada será a sociedade.
O levantamento de referencial teórico mostrou que existe,
por parte dos contadores, uma grande preocupação a
respeito do assunto. Muitas pesquisas estão sendo
desenvolvidas no sentido de criar mecanismos de
evidenciação dos registros contábeis ambientais. Por meio
desta pesquisa, verificou-se que é possível, mesmo em
empresas que não vêm praticando a segregação de seus
gastos em operacionais e ambientais, evidenciar estes
gastos e divulgá-los aos usuários. Basta que haja interesse
dos gestores em tratar a contabilidade como um verdadeiro
sistema de informações, útil à sociedade de maneira geral.
Observou-se, na empresa objeto de estudo, que existe
uma grande preocupação por parte dos empresários, com a
preservação do meio ambiente natural. Os dirigentes estão
conscientes de que é necessária uma gestão ambiental
16 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu
eficiente e dentro dela, uma contabilidade que reflita
corretamente os meios empregados pela empresa nesta
gestão.
Existe um compromisso já firmado pelos empresários em
adotar o Plano de Contas Ambiental sugerido, e, a partir do
próximo exercício, evidenciar os gastos e investimentos
ambientais.
Em última análise, a Contabilidade não pode ficar
fechada às novas formas de escrituração e mensuração do
patrimônio da empresa, mas deve estar aberta às novas
tecnologias e às mudanças do mundo moderno. Deve estar
presente, através de estudos e aplicações práticas, na luta
pela preservação ambiental. Criando modelos contábeis
eficazes e orientando o empresário na aplicação desses
modelos para satisfazer as necessidades da empresa com
eficácia, e também, satisfazer do mesmo modo as
necessidades do homem como habitante do planeta e
usuário do meio ambiente natural. A riqueza da empresa
deve estar a serviço do bem estar do homem tanto em seu
aspecto social quanto no ambiental.
A entidade que contamina a natureza e que não entendeu
que deve deixar de fazê-lo, desaparecerá do mercado, porque
o consumidor moderno deixará de comprar seus produtos e
os adquirirá de outra que tiver uma política ambiental correta,
e assim um desenvolvimento sustentável condizente com o
futuro.
Vive-se um processo de degradação da vida natural,
que pode, muito em breve, inviabilizar a existência do homem
sobre a terra. Se prosseguirem as agressões ambientais ao
planeta, de nada lhe adiantará acumular riquezas
(patrimônio), pois o simples ato de respirar não será possível.
As empresas não terão razão de existir e perderão seu
objetivo como célula social, agregadora de valores para a
sociedade.
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