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IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL

CEL Martinho Lutero e CEL Cristo Redentor


Pastor Cezar Squiavo Schuquel
Curso de Doutrina
Você deve ter observado em nosso culto que o credo está sempre
presente como parte da liturgia. Isso se deve ao fato de, como diz o
termo “credo” (creio), ser a nossa confissão de fé. Ali confessamos
a nossa fé no Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo.
Hoje queremos estudar a primeira parte do Credo Apostólico,
baseados na explicação dada por Martinho Lutero em seu Catecismo
Menor.
PRIMEIRO ARTIGO: DA CRIAÇÃO

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

Que significa isso?


“Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas; e me deu
corpo e alma, olhos, ouvidos e todos os membros, razão e todos os
sentidos, e ainda os conserva; além disso, me dá vestes, calçados,
comidas e bebidas, casa e lar, esposa e filhos, campos, gado e todos
os bens. Supre-me abundante e diariamente de todo o necessário para
o corpo e a vida; protege-me contra todos os perigos e me guarda de
todo o mal. E tudo isso faz unicamente por Sua paterna e divina
bondade e misericórdia, sem nenhum mérito ou dignidade da minha
parte. Por tudo isso devo dar-Lhe graças e louvor, servi-lO e
obedecer-Lhe. Isto é certamente verdade”.

DEUS, NOSSO CRIADOR


Deus é nosso Pai. Isto significa que nós somos os seus filhos.
Portanto, foi Deus quem nos fez, nos criou. E não só a nós, seres
humanos, mas criou todo o mundo, todas as coisas visíveis e
invisíveis. “Por meio da sua palavra, o SENHOR fez os céus; pela sua
ordem, ele criou o sol, a lua e as estrelas” (Sl 33.6) “Pois ele
falou, e o mundo foi criado; ele deu ordem, e tudo apareceu ”(Sl
33.9);(Cl 1.16); (Sl 19.1).
Dentre as coisas visíveis que Deus criou, o homem, o ser
humano, é a principal. Esse é o tema de nosso estudo: o ser humano.

A NATUREZA DO SER HUMANO


O ser humano se compõe de corpo e alma, em uma pessoa completa
(Gn 2.7; Ec 12.7).
Seu corpo é do pó da terra (Gn 3.19) e sua anatomia é perfeita
e maravilhosa: “Graças te dou, visto que por modo assombrosamente
maravilhoso me formaste; as obras de tuas mãos são admiráveis, e a
minha alma o sabe muito bem” (Sl 139.14).
A alma não é essência material, mas essência espiritual, viva,
imortal, cuja composição e estrutura não entendemos. Está no corpo,
mas não ocupa lugar no espaço. Dá vida ao corpo e faz uso dos
membros dele de acordo com o fim a que se destinam.
O fato de Deus ter soprado nas narinas do ser humano o fôlego a
vida mostra que a alma do ser humano é diferente do principio vital
dos animais. No entanto, o “sopro da vida” não é parte da essência
divina, mas uma criatura divina.
O ser humano pode aprender, pensar e raciocinar. As idéias da
mente despertam emoções e sentimentos no coração, e estes, por sua
vez, pressionam a vontade e produzem atos voluntários. E de tudo
isso o ser humano tem consciência. Ou seja, nenhum ato do ser humano
é feito involuntariamente, nem é fruto de impulsos não racionais,
mas é pensado e consciente.

O ESTADO ORIGINAL DO SER HUMANO

Em seu estado original,o ser humano era “muito bom” em todos os


sentidos:
a- As condições físicas eram perfeitas: Não havia órgão fraco
ou defeituoso, nem germe de doença ou morte. O ser humano era
potencialmente imortal: “Portanto, assim como por um só homem entrou
o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12; Gn 2.17).
Também as faculdades mentais do homem eram perfeitas.
b- A relação espiritual entre o ser humano e Deus era perfeita:
Homem e mulher foram criados à imagem de Deus (Gn 1.21). Essa
semelhança, sendo espiritual, tinha sua sede na alma, e refletia-se
em suas vidas. Consistia no conhecimento de Deus (“e vos revestiste
do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou” - Cl 3.10) e em perfeita justiça e
santidade de vida (”e vos revistais do novo homem, criado segundo
Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” – Ef 4.24; Ec
7.29). Não havia maldade no ser humano. Ele era santo e, por isso,
não se envergonhava de sua nudez (Gn 2.25). Conhecia a vontade de
Deus e era inteiramente capaz de andar em conformidade com ela em
pensamento, palavra e ação. No entanto, no estado de provação também
tinha a liberdade de usar seus poderes contra Deus. Era-lhe possível
pecar e não pecar.
c- A relação mutua entre homem e mulher era ideal: Cada qual
deles entendia e observava inteiramente os deveres e as restrições
de sua posição, e um considerava o outro uma preciosa dádiva do
Criador (Gn 2.18-23). Adão e Eva foram os únicos a gozar da completa
felicidade do matrimônio.
d- A relação para com as outras criaturas foi de domínio e
governo: Deus deu ao homem domínio sobre toda a alma vivente que se
movia na terra (Gn 1.28) e deu-lhe como alimento todas as ervas e
frutas (Gn 1.29). Tudo foi dado ao homem para sua felicidade e seu
crescimento como criatura de Deus. No entanto, Deus queria que o
homem trabalhasse (Gn 2.15). Trabalho esse que não era penoso, mas
era passatempo e motivo de alegria.

A QUEDA DO HOMEM
Não contentes com toda a felicidade e o amor de Deus, Adão e
Eva desejaram ser igual a Deus. Esse foi o primeiro passo da queda.
Esse desejo utilizado pelo diabo na tentação (3.1-6). Nisso
consistiu o pecado de Adão e Eva: o quere ser Deus, tomar o lugar de
Deus “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos
abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”
(Gn 3.5).
Esse foi um ato voluntário da parte do ser humano. Contrário ao
desígnio Divino (Gn 1.31 e Gn 2.17). Conhecendo a expressa vontade
de Deus, Eva alimentou dúvidas, soberba egoísta e desordenado desejo
do fruto proibido, o que conduziu ao ato pecaminoso (“Ninguém, ao
ser tentado,diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um
é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.
Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o
pecado, uma vez consumado, gera a morte” Tg 1.13-15).
Ao transgredirem esse único mandamento, que Deus havia dado a
nossos primeiros pais a fim de experimentar a obediência deles, Adão
e Eva transgrediram toda a lei (Tg 2.10), porque com isso romperam o
limite traçado pela lei moral, dentro da qual Deus quis que
vivessem. Com essa desobediência, o ser humano se colocou
conscientemente em oposição a Deus e, assim, partiu a união e
comunhão espiritual com o Criador.
O resultado imediato da queda foi a morte (Gn 2.17):
* Espiritual: Tendo pecado, já não era santo; sendo culpado, já
não era inocente. Havia trocado a comunhão com Deus pela comunhão
com o diabo, porque “aquele que comete pecado é do diabo” (1 Jo
3.8). O ser humano tornou-se inteiramente corrrupto em toda a sua
natureza a qual herdamos(“Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um
filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete”
Gn 5.3).
* Temporal: Após a queda o homem passou a sofrer a degradação
corporal com todas as suas eventuais enfermidades e misérias (Gn
3.16-19).
* Eterna: Agora passou a viver sob a maldição da eterna
condenação (“Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos
da face do Senhor e da glória do seu poder” 2Ts 1.9; Mt 25.41)

Essa morte trouxe muitas distorções na criação:


a- Dessa maneira, cessou a santa comunhão com Deus:Seu coração
se afastara do Senhor. Já não há temor reverencial, amor filial,
confiança em Deus. O ser humano tem “medo” de Deus, esconde-se do
seu Criador (Gn 3.8). Desconfia de Deus, mente para Deus e culpa a
Deus por sua desgraça (Gn 3.10-12). É inimigo de Deus (Rm 8.7).
b- A relação moral do ser humano com o próximo mudou: Para
desculpar-se culpa os outros (Gn 3.12-13). É egoísta, impiedoso,
cruel. O amor ao próximo está perdido e o egoísmo lhe enche o
coração.
c- O domínio sobre a natureza é reduzido e corrompido: A terra
é amaldiçoada (Gn 3.17). A vida torna-se uma batalha feroz. Todas as
criaturas se tornam sujeitas à vaidade e corrupção (Rm 8.20-22). O
ser humano deixa de cuidar da natureza e passa a explorá-la para
satisfazer o seu egoísmo.
d- Perdeu as faculdades metais e enfraqueceu fisicamente: Seu
corpo precisa de maior proteção (Gn 3.21) e está sujeito à dor e
aflição (Gn 3.16-19; Rm 5.12;6.23)
Por causa da transgressão de Adão e Eva, herdamos a dor, a
morte e os sofrimentos (Rm 5.12).
O LIVRE ARBÍTRIO
Adão e Eva tinham livre arbítrio, isto é, podiam escolher entre
fazer o bem ou o mal. Deus os criou com liberdade para escolherem e
agirem. Essa liberdade faz parte da “imagem e semelhança” que
receberam na criação.
Ao fazerem mau uso dessa liberdade perderam a mesma e tornaram-
se mortos, cegos e escravos do pecado. Após a queda o homem não tem
mais livre arbítrio em assuntos espirituais, agora está sujeito à
vontade do pecado (tem livre arbítrio no que se refere à vida
terrena: comer ou não, dormir ou não, fazer alguma coisa ou não, etc
– mas mesmo assim movido, muitas vezes, por sua natureza
pecaminosa).
O ser humano não pode desejar o que é espiritualmente bom,
preparar-se para a graça divina, cumprir a lei divina em verdadeiro
amor de Deus, aceitar e crer no evangelho e, dessa maneira,
converter-se inteiramente, ou pelo menos, cooperar na sua conversão.
“O ser humano natural não aceita as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente.” (1Co 2.14), “Ninguém pode vir a mim, se
o Pai que me enviou não o trouxer” (Jo 6.44)(Ef 2.1, Rm 8.7).
Por sua própria vontade o homem não pode chegar a Deus porque:
È estranho e inimigo de Deus: “E a vós outros também que,
outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas
obras malignas” (Cl 1.21); “Por isso, o pendor da carne é inimizade
contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode
estar” (Rm 8.7)
É dominado pelo pecado: “Não há homem justo sobre a terra que
faça o bem e que não peque” (Ec 7.20); “... porque à tua vista não
há justo nenhum vivente” (Sl 143.2); “Mas todos nós somos como o
imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundícia...” (Is
64.6);
Não pode crer em Cristo por sua própria vontade: “E é por
intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por
nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse
de nós” (2Co 3.3-4)(Jo 6.44)
Seu coração só produz pecado: “Porque de dentro, do coração dos
homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos,
os homicídios, os adultérios...” (Mc 7.21-22); “Eu nasci na
iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5); “Porque eu
sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum” (Rm
7.18);(Rm 3.10-12)
Está morto e cego espiritualmente: “Porque o salário do pecado
é a morte” (Rm 6.23); “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos
vossos delitos”.
O ser humano está longe de Deus e não pode voltar atrás nem
conquistar novamente a comunhão com Deus. Pois Deus não aceita o
pecado e exige de nós a perfeição: “Portanto, sede vós perfeitos
como perfeito é vosso Pai Celeste” (Mt 5.48).

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