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DOI: 10.1590/1413-812320152011.

05292014 3509

Bullying na adolescência: visão panorâmica no Brasil

artigo article
Bullying during adolescence in Brazil: an overview

Pamela Lamarca Pigozi 1


Ana Lúcia Machado 1

Abstract Bullying has been the subject of worl- Resumo Embora o bullying seja um tema am-
dwide study for over four decades and is widely plamente disseminado nas mídias sociais e estu-
reported by social media. Despite this, the issue is dado internacionalmente há mais de quatro dé-
a relatively new area of research in Brazil. This cadas, no Brasil, somente passou a ser objeto de
study analyzes academic literature addressing estudo a partir do final da década de 90 e início do
bullying produced in Brazil focusing on aspects ano 2000. Para compreender a produção científica
that characterize this issue as a subtype of vio- nacional acerca deste tema, considerou-se aspec-
lence: gender differences, factors associated with tos que o caracterizam como subtipo de violência,
bullying, consequences, and possible interven- diferença entre gêneros, fatores associados, conse-
tion and prevention approaches. The guiding quências e possíveis abordagens intervencionistas
question of this study was: what have Brazilian e preventivas. A pergunta norteadora desta revi-
researchers produced regarding bullying among são integrativa foi “O que têm produzido pesqui-
adolescents? The results show that over half of the sadores brasileiros acerca do bullying entre ado-
studies used quantitative approaches, principally lescentes?” – sendo realizada através de sete bases
cross-sectional methods and questionnaires, and de dados. Os dados mostram que mais da metade
focused on determining the prevalence of and fac- das pesquisas são de cunho quantitativo, através
tors associated with bullying. The findings showed de estudos transversais e aplicação de questioná-
a high prevalence of bullying among Brazilian rios, visando estabelecer a ocorrência do bullying
adolescents, an association between risk behavior e seus fatores associados. Demonstrou a signifi-
and bullying, serious consequences for the men- cante incidência de bullying entre os adolescen-
tal health of young people, lack of awareness and tes brasileiros, a relação com comportamentos de
understanding among adolescents about bullying risco, as graves consequências à saúde mental dos
and its consequences, and a lack of strategies to jovens, a falta de compreensão desta faixa etária
1
Escola de Enfermagem, manage this type of aggression. There is a need for sobre o que é o bullying e a escassez de estratégias
Departamento de intervention studies, prevention and restorative de manejo deste tipo de agressão. Indica-se a im-
Enfermagem Materno practices that involve the community and can be portância de estudos preventivos, interventivos e
Infantil e Psiquiátrica,
Universidade de São Paulo. applied to everyday life at school. restaurativos que envolvam a comunidade e que
Av. Doutor Enéas Carvalho Key words Bullying, Adolescent, Health care façam parte do cotidiano escolar.
de Aguiar s/n, Cerqueira Palavras-chave Bullying, Adolescente, Atenção
César. 05403-000 São Paulo
SP Brasil. à saúde
pamelapigozi@usp.br
3510
Pigozi PL, Machado AL

Introdução que vem sendo amplamente estudado12,13. Pode


ocorrer também através de ligações nos celulares
A adolescência é uma etapa de intensas mudan- dos adolescentes independente de onde estejam,
ças fisiológicas, psíquicas e relacionais. Para que seja na escola, na rua ou mesmo dentro de suas ca-
o pleno desenvolvimento cognitivo, emocional, sas. A solução deste problema por parte da vítima
sexual e psicológico se efetive é necessário que o é mais complexa, pois ocorre anonimamente, na
jovem transite em ambientes confortáveis, que velocidade das redes sociais e com acesso livre12.
transmitam segurança, apoio e proteção1. Ape- Acredita-se que o bullying tem suas raízes em
sar destas premissas, cerca de 20% dos adoles- problemas sociais, culturais, econômicos e histó-
centes (em todo mundo) apresentam problemas ricos4. Para a pesquisadora brasileira Cléo Fan-
de ordem mental e comportamental, sendo que te14, o motivo de crianças ou adolescentes prati-
metade das ocorrências dos transtornos mentais carem o bullying entre os colegas está relacionado
inicia-se antes dos 14 anos2. Depressão e suicídio a exemplos violentos e maus tratos parentais, à
são fatores que contribuem significativamente educação passiva (sem imposição de limites) e
para o aumento de doenças e de mortalidade en- à falta do exemplo familiar em como respeitar o
tre os adolescentes3. próximo.
A palavra bullying, do inglês bully (valentão, Pode-se estar envolvido no bullying como
brigão e tirano)4 é traduzida em português como vítima (alvo), agressor (autor) ou vítima/agres-
assédio escolar, que descreve o comportamento sor (alvo/autor). As vítimas normalmente não
agressivo entre estudantes1,5. Embora sua nome- reagem às agressões, são mais inseguras, temem
ação tenha atravessado barreiras culturais, sendo a rejeição e têm poucos amigos. Quando reagem
usada mundialmente por pesquisadores e insta- às agressões, são consideradas vítimas/agressoras
lada nos dicionários como nome próprio sinali- e costumam ter baixa autoestima, atitudes mais
zando ações que vão além de agredir ou maltra- provocativas e agressivas e mostram-se menos
tar, ainda não há um termo em português que populares que as vítimas típicas. Os agressores são
abarque todo o seu significado4. descritos como líderes de grupos, populares, que
Em linhas gerais o bullying é definido como demonstram insatisfação com a escola, têm opi-
uma subcategoria de violência, configurada em nião negativa e tendem a provocar seus colegas4,6.
atos agressivos, repetitivos e com assimetria de Embora o bullying seja amplamente disse-
poder entre pares4,6-8, alavancando consequências minado nas mídias sociais e estudado interna-
sérias à saúde de adolescentes, que além de lida- cionalmente há mais de 4 décadas15-18, os es-
rem com suas intensas mudanças pessoais (emo- tudos no Brasil datam do final da década de 90
cionais e fisiológicas), buscam serem aceitos pe- e início do ano 2000, demonstrando a incipi-
las suas singularidades em meio à discriminação ência da produção cientifíca brasileira9,14,19-21.
entre pares1,9. Dan Olweus7 não considera como No Brasil, alguns casos com consequências mais
bullying a agressão entre pares que apresentam graves (homicídio e suicídio) têm ancorado no-
características físicas e emocionais similares. Para tícias na mídia e foram amplamente divulgados.
que o bullying ocorra é necessário que os indiví- No “Massacre de Realengo” em 2011, ao qual foi
duos convivam por um período prolongado em atribuído uma vingança por bullying, um ex-estu-
um mesmo contexto ou ambiente4, como den- dante matou 12 crianças de uma escola com tiros
tro da escola por exemplo, embora este tipo de de revolver, suicidando-se depois22. Em 2010, um
violência ocorra nas comunidades de um modo jovem de Porto Alegre foi vítima de homicídio por
geral8,9 e já se configure um problema de saúde arma de fogo, num suposto caso de bullying23. Em
pública em escala mundial. 2009, em Guarulhos, uma menina vítima constan-
Pesquisadores sistematizaram os tipos e as te de bullying foi espancada na rua por outra ado-
possíveis formas de envolvimento dos adolescen- lescente até perder a consciência, enquanto outros
tes no bullying: em direto nas formas física (bater, adolescentes filmavam e riam24. Outros casos a
chutar, empurrar, abusar sexualmente, assediar, nível judiciário tratam de situações de bullying
fazer gestos, estragar e roubar pertences) e verbal nas quais pais de adolescentes que o praticam são
(apelidar, importunar, xingar); ou indireto, como obrigados a indenizarem a vítima5.
atos de exclusão, isolamento da vítima ou disper- Há uma necessidade imediata de compreen-
são de rumores. Rotineiramente, é pouco per- der e intervir em problemas sociais que, como o
ceptível aos adultos, pois dissemina-se sutilmen- bullying, tornam a saúde dos adolescentes vul-
te7,10,11. Cyberbullying, violência entre pares que nerável1. Nesta revisão integrativa, propomos
ocorre no espaço virtual, é outro tipo de bullying evidenciar o que pesquisadores brasileiros têm
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Ciência & Saúde Coletiva, 20(11):3509-3522, 2015


produzido acerca do bullying entre adolescentes, Medline (Medical Literature Analysis Retrieval
considerando aspectos que o caracterizam como System Online), Sociological Abstract (disponi-
subtipo de violência, como também diferença biliza resumos nas disciplinas de Ciências Sociais
entre gêneros, fatores associados, consequências, e do Comportamento e direcionou a coleta ao
percepção dos adolescentes e estratégias inter- acervo da Universidade de São Paulo), CINAHL
ventivas que suportem e amparem profissionais plus with full text, Web of Science e Scopus.
e adolescentes acerca do bullying. Para a escolha dos descritores, utilizou-se o voca-
bulário estruturado e trilíngue – DeCS (Descri-
tores em Ciências da Saúde) na modalidade des-
Métodos critor exato. O sinônimo para bullying foi assédio
escolar e para adolescentes (adolescent) foi adoles-
Este estudo foi realizado pelo método da revisão cência (adolescence), jovem (youth) e juventude.
integrativa, que consiste em resumir e ordenar re- Os termos em inglês foram utilizados nas bases de
sultados de pesquisas empíricas ou teóricas, quer dados CINAHL, Web of Science e Scopus.
sejam do tipo experimentais, conceituais, revisão Foram utilizados os seguintes descritores nas
de teorias ou análise metodológica. O intento ini- respectivas bases de dados, separados pelo opera-
cial deste método é obter uma vasta e profunda dor boleamos and ou or: bullying e adolescente
compreensão de um determinado tema alicer- – Lilacs, Medline e CINAHL; bullying - SciELO e
çando-o em estudos anteriores, possibilitando Sociological Abstract; bullying e a palavra adoles-
reflexões para a produção de novos estudos25,26. cence - Web of Science; bullying and adolescent
A revisão da literatura seguiu as etapas de: or adolescence and Brazil - Scopus. Os descri-
identificação do problema e escolha da ques- tores citados foram empregados para refinar ou
tão norteadora; coleta de dados; categori- ampliar a busca de acordo com o resultado da
zação; análise e interpretação independen- pesquisa. Para o acesso irrestrito à literatura, não
te por dois pesquisadores, a fim de apurar a foi realizado recorte temporal.
compreensão da leitura e diminuir qualquer Após leitura dos títulos e resumos de todos
possibilidade de equívoco na apresentação os artigos obtidos (Tabela 1), 69 foram pré-sele-
dos resultados ou síntese do conhecimento. cionados. Destes, 25 artigos (6 deles em inglês)
Tendo em vista a incipiência de estudos nacionais constituíram a seleção final para leitura na ín-
relacionados ao tema bullying entre adolescentes, tegra, tendo como critérios de inclusão: publi-
a pergunta norteadora desta pesquisa foi: O que cações em revistas nacionais ou internacionais
têm produzido pesquisadores brasileiros acerca (com autores brasileiros filiados a universidades
do bullying entre adolescentes? brasileiras) na íntegra, em português e inglês,
O material foi coletado em agosto de 2014 estudos empíricos ou teóricos (originais ou de
das bases de dados: Lilacs (Literatura Latino-A- revisão); e de exclusão: estudos em duplicida-
mericana e do Caribe em Ciências da Saúde), de e que não condiziam com a temática central
SciELO (Scientific Eletronic Library Online), bullying entre adolescentes.

Tabela 1. Total de artigos obtidos nas bases de dados selecionadas.

Base Total de artigos Artigos pré-selecionados Artigos que atenderam


de Dados encontrados através da leitura dos aos critérios de inclusão
títulos e resumos e exclusão estabelecidos
Medline 590 4 1
SciELO 77 39 15
Lilacs 23 12 2
Sociological Abstract 292 2 1
CINAHL 222 1 1
Web of Science 599 4 2
Scopus 14 7 3
TOTAL 2.222 69 25
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Pigozi PL, Machado AL

Resultados e discussão no qual 67,5% dos 465 estudantes eram vitimi-


zados29. Em um estudo realizado com 5.500 estu-
Os 25 artigos analisados neste estudo estão apre- dantes, 40,5% destes estavam envolvidos em atos
sentados por Título, Ano, Tipo de Estudo, Sujeito de bullying, sendo os alvos 16,9% desta amostra,
e Objetivo, e ordenados em ordem crescente do os autores 12,7% e os alvos/autores 10,9%19.
ano de publicação (Quadro 1). O quesito tipo Corroborando com os dados do artigo XII, no
de estudo está conforme definido pelos autores. qual 17,6% do total de 1.075 estudantes sofriam
Segundo o ano de publicação, os artigos distri- bullying30. Dos 1.230 escolares relatados no artigo
buem-se em: 2 de 2005, 1 de 2006, 2 de 2008, 1 XXII, 10,2% eram vítimas e 7,1% praticavam o
de 2009, 5 de 2010, 1 de 2011, 6 de 2012, 6 de bullying contra seus pares31.
2013 e 1 de 2014. A representação do número As diferentes formas de coleta de dados po-
de artigos segundo o tipo de estudo (Gráfico 1) dem justificar a variação na prevalência de víti-
mostra que 14 estudos são quantitativos (11 do mas, agressores e testemunhas entre os estudos.
tipo transversal e 3 apenas citam a utilização de Seja pelos questionários utilizados, diferentes
questionários), 3 qualitativos (2 utilizam entre- características da amostra (número, idade, gêne-
vistas e 1 faz uso da observação participante e ro, etc.), período e frequência considerados para
grupo focal), 2 quanti-qualitativos (ambos utili- a prática do bullying, além dos tipos de bullying
zam questionários; um opta por associação livre considerados (verbal, físico, psicológico, sexual,
de palavras e outro por anotações em diário de material e virtual)32.
campo, entrevistas e grupo focal), 4 são estudos O artigo XI traz o menor percentual de esco-
bibliográficos (sendo 1 revisão sistemática da li- lares que sofriam bullying, o que foi justificado
teratura) e 2, que são teóricos, fazem uma análise pelos próprios autores pelo recorte de período
crítica do tema. Buscar correlações e fatores as- escolhido (somente um mês), com o intuito de
sociados, investigar e estabelecer a ocorrência do diminuir possíveis vieses na pesquisa. Além dis-
bullying foi o foco principal em mais da metade so, o uso de questionário autoaplicável com a
da produção analisada. pergunta “Nos últimos trinta dias, com que fre-
Há uma lacuna quanto a produção de pes- quência algum dos seus colegas esculacharam,
quisas com abordagens interventivas de cunho zoaram, mangaram, intimidaram ou caçoaram
estratégico, preventivo e restaurativo acerca da tanto, que você ficou magoado/incomodado/
agressão entre adolescentes, e/ou qualitativas que aborrecido?”, não deixou claro a inclusão do
possam compreender o bullying a partir da rela- bullying do tipo sexual, espalhamento de rumo-
ção com o sujeito, suas experiências na escola-fa- res ou exclusão e isolamento, os quais poderiam
mília-comunidade e o bullying, suas impressões aumentar a percentagem de alunos que sofreram
acerca deste conflito entre pares e seus motivos bullying27. Por outro lado, o alto percentual de ví-
e/ou causas no envolvimento com o mesmo em timas (48,5%) no artigo XXI28, pode ter sido in-
seus diferentes papéis. fluenciado pelo uso de um questionário utilizado
Após leitura verticalizada e aprofundada, os para os escolares portugueses, que traz mais tipos
25 artigos selecionados foram organizados se- de bullying como: ameaças físicas (empurrar, ba-
gundo os temas: Prevalência e tipos de bullying; ter), bullying sexual (ser apalpado contra a vonta-
Diferenças entre gêneros; Fatores associados; de), isolamento (exclusão do grupo) e estrago de
Consequências; Sentimento dos adolescentes e pertences pessoais33. O alto índice de vitimização
Intervenções possíveis. (67,5%) no artigo X é justificado pela melhor
compreensão do adolescente sobre o conceito
Prevalência e tipos de bullying bullying com o passar dos anos, e ao lançamento
do jogo eletrônico “Bully” (Rockstar Games) em
No artigo XI, estudo realizado com 60.973 2006, que retrata o bullying e pode ter influencia-
escolares nas 26 capitais brasileiras e do Distrito do nesta melhor compreensão. Nele, estudantes
Federal, 5,4% dos estudantes relataram sempre mostram-se como agressores ou vítimas, poden-
terem sofrido bullying; 25,4% raramente sofrer e do escolher entre atacar ou defender monitores,
69,2% não foram vítimas de bullying27. O artigo professores e colegas no cenário escolar. O jogo
XXI revelou que 67,4% dos 237 escolares estavam continua sendo vendido nos Estados Unidos, teve
envolvidos com o bullying, ao presenciar ou so- recusa de comercialização em algumas lojas do
frer, e que 48,5% relataram ser vítimas28. Percen- Reino Unido, e, no Brasil, a venda foi proibida em
tual muito semelhante ao descrito no artigo XIV, todo território nacional34.
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Ciência & Saúde Coletiva, 20(11):3509-3522, 2015


Quadro 1. Apresentação dos artigos segundo Título, Ano, Tipo de Estudo, Sujeitos e Objetivo – São Paulo, SP- 2014

Artigo Título Ano Tipo de estudo Sujeitos Objetivo

I35 Bullying: comportamento agressivo 2005 Revisão de literatura Não há Alertar os pediatras sobre a
entre estudantes alta prevalência de bullying
entre estudantes

II36 Bullying and Sexual Harassment 2005 Não cita o tipo 400 adolescentes Investigar o bullying e
Among Brazilian High School de estudo. Utiliza do ensino médio o assédio sexual entre
Students questionários adolescentes

III37 Sentimentos do adolescente 2006 Pesquisa descritiva 17 adolescentes de Identificar sentimentos que
relacionados ao fenômeno bullying: de abordagem 5ª a 8ª séries estejam relacionados ao
possibilidades para a assistência de qualitativa bullying em adolescentes
enfermagem nesse contexto

IV38 Do Bullying ao Preconceito: os 2008 Estudo teórico: Não há Realizar uma análise crítica
desafios da barbárie à educação análise crítica sobre um tipo de violência
escolar, o bullying

V39 Prevalência e fatores associados 2008 Estudo Transversal 1.145 adolescentes Estimar a prevalência e
ao transtorno da conduta entre entre 11 e 15 anos os fatores associados ao
adolescentes: um estudo de base transtorno de conduta
populacional

VI40 De Columbine à Virgínia Tech: 2009 Estudo teórico: Não Há Refletir sobre o fenômeno
Reflexões com Base Empírica sobre reflexões bullying
um Fenômeno em Expansão

VII41 As implicações do bullying na 2010 Correlacional de 465 alunos de 4ª a Investigar possíveis


auto-estima de adolescentes corte transversal 8ª série diferenças na autoestima de
adolescentes envolvidos no
bullying

VIII42 Correlações entre a percepção da 2010 Não cita o tipo 501 alunos Investigar correlações entre
violência familiar e o relato de de estudo. Utiliza do ensino a percepção da violência
violência na escola entre alunos da questionário fundamental familiar e o relato de
cidade de São Paulo fechado violência na escola

IX43 Comportamento de bullying e 2010 Não cita o tipo 16 adolescentes Investigar comportamentos
conflito com a lei de estudo. Utiliza do sexo de bullying em jovens
questionário masculino entre que cumpram medidas
fechado com 13 e 19 anos socioeducativas
abordagem
quantitativa

X44 Bullying and associated factors in 2012 Estudo transversal 1.145 adolescentes Avaliar comportamentos
adolescents aged 11 to 15 years entre 11 e 15 anos de bullying e transtornos
associados

XI27 Bullying nas escolas brasileiras: 2010 Estudo transversal 60.973 estudantes Identificar e descrever a
resultados da Pesquisa Nacional de descritivo do 9º ano ocorrência de bullying
Saúde do Escolar (PeNSE), 2009

XII30 Prevalence and characteristics of 2011 Estudo transversal 1.075 estudantes Descrever a prevalência de
school age bullying victims entre 1ª e 8ª série vítimas de bullying, suas
características e os sintomas
associados
continua
3514
Pigozi PL, Machado AL

Quadro 1. continuação

Artigo Título Ano Tipo de estudo Sujeitos Objetivo

XIII45 O entendimento da violência 2012 Estudo descritivo 10 adolescentes Conhecer a percepção do


escolar na percepção de qualitativo entre 11 e 17 anos adolescente sobre a violência
adolescentes escolar

XIV29 Bullying: prevalência, implicações e 2012 Correlacional de 465 alunos da 4ª a Levantar a ocorrência de
diferença entre os gêneros corte transversal 8ª série bullying em crianças e
adolescentes escolares da
cidade de Porto Alegre

XV46 Universo consensual de 2012 Não cita o tipo de 177 alunos de 12 Apreender as representações
adolescentes acerca da violência estudo. Utilizou a 18 anos sociais da violência escolar
escolar questionário com adolescentes de uma
sociodemográfico e escola pública
associação livre de
palavras

XVI47 Relação entre violência física, 2012 Estudo de análise de Adolescentes Identificar a associação entre
consumo de álcool e outras drogas dados provenientes entre 13 a 15 anos o consumo de álcool e outras
e bullying entre adolescentes de um inquérito drogas e o bullying
escolares brasileiros epidemiológico

XVII48 Agressões entre pares no espaço 2013 Revisão de literatura Não há Apresentar uma revisão de
virtual: definições, impactos e literatura sobre publicações
desafios do cyberbullying teóricas e empíricas
relacionadas ao cyberbullying

XVIII49 Bullying in Brazilian Schools and 2012 Estudo piloto 113 estudantes Investigar a prevalência do
Restorative Practices com uso de da 4ª a 7ª série, bullying e como práticas
questionários, 45 estudantes restaurativas ajudam a
diário de campo, da 1ª série e 242 amparar este tipo de conflito
entrevistas e grupos professores
focais

XIX50 Victims and bully-victims but not 2013 Estudo transversal 2.355 estudantes Investigar a prevalência
bullies are groups associated with entre 9 e 18 anos de comportamentos de
anxiety symptomatology among bullying e sua associação
Brazilian children and adolescents com sintomas de ansiedades
em uma ampla amostra de
estudantes e adolescentes

XX51 Bullying victimization is associated 2013 Estudo transversal 50.882 adultos Avaliar a associação entre
with dysfunctional emotional traits características emocionais
and affective temperaments e temperamento afetivo
com o tempo de exposição
ao bullying na infância e
adolescência

XXI28 Bullying and self-esteem in 2013 Estudo transversal 237 estudantes do Realizar diagnóstico
adolescents from public school 9º ano situacional do bullying e da
autoestima

continua
3515

Ciência & Saúde Coletiva, 20(11):3509-3522, 2015


Quadro 1. continuação

Artigo Título Ano Tipo de estudo Sujeitos Objetivo

XXII31 Prevalence and characteristics 2013 Estudo 1.230 escolares de Verificar a prevalência
of victims and perpetrators of epidemiológico 11 a 14 anos de bullying e variáveis
bullying transversal associadas, em uma amostra
representativa de escolares
do sexto ano na cidade de
Caxias do Sul/RS

XXIII52 Intimidações na adolescência: 2013 Estudo com 28 alunos entre 16 Compreender os significados
expressões da violência entre pares abordagem e 18 anos produzidos pelas práticas
na cultura escolar qualitativa de intimidação no ambiente
escolar

XXIV53 Efeitos tardios do Bullying e 2013 Revisão Não há Analisar a possível relação
Transtorno de Estresse Pós bibliográfica entre bullying e transtorno
Traumático: uma Revisão Crítica de estresse pós-traumático

XXV54 Effectiveness indicators of 2014 Revisão Sistemática Não há Pesquisar indicadores de


bullying intervention programs: da Literatura efetividade de programas de
A systematic review of the intervenção sobre bullying
international literature

11

3 3 3
2 2
1

transversal não cita/uso de revisão revisão descritivo uso de reflexão


questionário sistemática questionário e e análise crítica
técnica qualitativa
Quantitativo Bibliográfico Qualitativo Quanti-qualitativo Teórico

Gráfico 1. Representação da quantidade de artigos segundo tipo de estudo - São Paulo, SP - 2014.

Surpreendente foi o artigo V, no qual 100% prática do bullying, como alvos e autores simul-
dos 16 adolescentes cumprindo medidas socioe- taneamente. Os relatos de bullying mais frequen-
ducativas (8 em regime de semiliberdade e 8 em tes estavam relacionados aos garotos que haviam
liberdade assistida) estavam envolvidos com a se envolvido em crimes mais sérios. No entanto,
3516
Pigozi PL, Machado AL

o estudo sugere que outras investigações sejam físicas, isolamento de determinado grupo e co-
feitas para compreender a associação do bullying ação, enquanto meninas são centro de fofocas e
como precursor ou consequência de atos infra- importunadas pelos pares, o que é menos per-
cionais43. ceptível44. Além disso, meninos têm 2 vezes mais
Os dados de bullying no Brasil aqui men- chances de serem os agressores31, o que não deve
cionados, assemelham-se aos de estudos in- levar à ideia de que eles são mais agressivos, e sim
ternacionais. Um estudo transversal, realizado de que podem estar mais envolvidos em situações
com 1.756 estudantes coreanos da 7ª e 8ª séries, de bullying29.
mostra que 40% destes estavam envolvidos com A diferença cultural na formação e desenvol-
o bullying, sendo 14% vítimas, 17% agressores e vimento de meninos e meninas pode sustentar
9% vítimas/agressores55. Outro estudo, realiza- tais comportamentos. Meninos são atravessados
do nos Estados Unidos com 15.686 estudantes desde sua infância até a vida adulta por tendên-
de 6 a 10 anos, em escolas públicas e privadas, cias agressivas no comportamento, fortalecidas
revelou que 29,9% dos escolares estavam envol- por uma sociedade machista que os encoraja a ter
vidos de forma moderada ou frequente com si- atitudes hostis com seus pares57. Também porque
tuações de bullying: 10,6% como vítimas, 13% meninos e meninas têm percepções diferentes da
como agressores e 6,3% em ambos os grupos56. violência escolar, através da associação livre de
Segundo o artigo XIV, os tipos mais frequentes palavras. Meninas percebem a agressão através
de bullying (praticado e sofrido) são os verbais: das palavras “assédio, desrespeito, falta de edu-
apelidar, insultar e “tirar sarro”29. Dados que cor- cação, dor e inimizade”, enquanto que meninos
roboram com os obtidos no artigo XXI, no qual através das palavras “roubar, matar, falar pala­
o tipo mais frequente entre as vítimas foi o de so- vrão, bater e bagunça”46.
frer intriga e ser apelidado, enquanto que o mais De acordo com o artigo VII, meninas apre-
praticado entre os agressores foi o de apelidar28. sentam maior média de autoestima no grupo
O artigo XII mostra que os tipos mais prevalen- agressor, enquanto que entre os meninos a maior
tes de intimidação são os verbais e físicos, segui- média está no grupo testemunha. O menor índi-
dos de agressões psicológicas, étnicas e sexuais30. ce de autoestima entre as meninas está no grupo
Por outro lado, os artigos IX e XXII apontam as vítima/agressor e dos meninos no grupo vítima41.
agressões físicas como as mais prevalentes, segui- Considera-se que as interações das meninas ten-
das das verbais31,43. dem a ser mais influenciadas pela afetividade, pe-
O artigo XIII chama atenção ao fato de que los laços de amizade, pelas emoções e sentimen-
as provocações verbais evoluem para agressões tos, enquanto que a dos meninos é afetada pelas
físicas (brigas, tapas, puxões de cabelo e chutes), competições e alcance de objetivos28,41.
e que muitas vezes têm início dentro da escola
e terminam fora do “portão” da escola45. Os in- Fatores associados
sultos verbais também estão entre os tipos de
bullying mais frequentes em estudo internacio- Os artigos VII, XVII e XXI mostram que o
nal, assim como exclusão, bullying físico e forçar bullying está associado à autoestima dos ado-
o outro a fazer algo, com frequências de 22, 23, 16 lescentes e que afeta diferentemente meninos e
e 20%, respectivamente55. meninas em seus distintos papéis como vítima,
O lugar onde mais acontecem as cenas de agressor e vítima/agressor28,41,48-51. Existe ainda
agressão entre pares é fora da sala de aula28, em- uma associação entre a insatisfação com a ima-
bora o artigo XXII tenha mostrado que além do gem corporal (mas não com o excesso de peso)
pátio, a sala de aula é um dos lugares de maior e as chances de ser mais vitimado ou de praticar
incidência31. o bullying31. Há relatos de adolescentes que as-
sociam as diferenças físicas como motivo para a
Diferenças entre gêneros prática da violência psicológica entre pares45, e de
que meninos e meninas que praticam o bullying
Segundo os artigos XI, XII e XXII o envolvi- têm mais propensão a perseguir sexualmente
mento com bullying está mais associado ao sexo seus colegas36. Deste modo, entende-se que tais
masculino do que ao feminino27,30,31, sendo tam- dados demonstram a fragilidade psicológica des-
bém o masculino o que mais sofre o bullying27,30. tes jovens em aceitar/reconhecer suas próprias
Estes achados podem ser explicados pela forma características físicas e em lidar com a diferença
como ocorre o bullying entre os gêneros. Meni- do outro, reforçando a urgência na criação de
nos tendem a ser mais vitimados por agressões estratégias preventivas e restaurativas que traba-
3517

Ciência & Saúde Coletiva, 20(11):3509-3522, 2015


lhem as habilidades pessoais e sociais dos ado- o seio familiar violento ou pouco afetivo42. Quan-
lescentes para a manutenção de um ambiente to mais violenta e pouco afetiva é a família, maior
escolar saudável1,4. a tendência de o adolescente expressar violência
A possibilidade de uma relação entre sofrer na escola; por outro lado, quanto mais acolhedor
bullying e apresentar sintomas de estresse pós- o seio familiar, menos atitudes agressivas o jovem
traumático é citada no artigo XXIV53. Também demonstrará no ambiente escolar. Adolescentes
foi verificada uma associação entre ser vitima- que tiveram apoio familiar quando foram des-
do e demonstrar comportamentos hiperativos prezados na escola demonstraram menos atos
e dificuldades em relacionar-se com os colegas, agressivos quando retornaram a ela. Modelos
embora sejam necessários mais estudos para es- parentais punitivos ou indulgentes (sem impo-
clarecer se o bullying pode preceder estes com- sição de limites) ou negligentes, exposição dos
portamentos e intensificá-los, ou se adolescentes jovens à mídia violenta (jogos, filmes, músicas)
hiperativos e com dificuldade de comportamen- e contextos sociais que expõem o jovem a um
to tendem a ser mais vitimados30. longo processo de marginalização (humilhações,
Quanto ao cyberbullying, o artigo XVII mos- abandono, isolamento) podem estar associados
tra que são maiores as possibilidades de expo- aos violentos eventos de school shooting (tiroteios
sição a ele, quanto maior for a permanência na na escola) protagonizados por adolescentes com
rede virtual, assim como o uso prolongado de posterior suicídio40. Não há associação entre os
telefones celulares48. Por outro lado, confirma níveis de escolaridade materna e o bullying31.
a menor exposição, quando os pais monitoram Como fortalecimento à resiliência dos adoles-
este período de permanência na internet, ratifi- centes, outros autores reiteram a importância
cando que seu uso é mais saudável quando existe em promover saúde através do suporte e am-
um controle parental. Tanto os autores do cyber- paro às suas famílias, no sentido de prepará-las
bullying quanto seus alvos têm índices mais bai- a apoiar as demandas emocionais de seus filhos
xos de autoestima, quando comparados àqueles através do olhar atento aos lugares onde estes
que não foram vitimados. Longos períodos de transitam (escola, comunidade e seio familiar)58.
uso frente aos meios eletrônicos, como compu-
tador, videogame e televisão estão associados ao Consequências
bullying, tanto para ser agressor, quanto para so-
frer a agressão31. Compreende-se, portanto, que Crianças e adolescentes vítimas de bullying po-
o uso excessivo das tecnologias e mídias sociais dem apresentar cefaleia (dor de cabeça), dores
afetem significativamente a saúde emocional dos abdominais, insônia, enurese noturna (urinar na
adolescentes, requerendo atenção parental, mo- cama), depressão, ansiedade, falta à escola, dimi-
nitoramento escolar e estratégias restaurativas nuição da performance acadêmica, agressão a si
que reduzam o risco de impacto causados à saúde próprio, pensamentos e tentativas de suicídio, per-
mental destes jovens12. da de pertences, lesões no corpo, roupas e pertences
O consumo de álcool está associado, com ex- em mau estado (rasgado ou sujo) e agressividade.
ceção a ser apelidado, a todos os tipos de bullying, Podem pedir mais dinheiro aos pais e rotineira-
assim como o uso de drogas ilegais e ser agredido mente ter fome ao sair da escola, o que suben-
fisicamente. Comportamentos de risco como es- tende a situação de ter seu dinheiro tomado por
tar envolvido em brigas corporais, em acidentes e outros adolescentes no intervalo para o lanche4,35.
carregar arma estão fortemente associados com Vítimas e vítimas/agressoras apresentam maiores
ameaça, furto, ser maltratado fisicamente ou im- níveis de ansiedade se comparados com estudan-
portunado. Além disso, outros autores afirmam tes não envolvidos com o bullying50.
que o bullying é variável independente para o Envolvimento com cyberbullying pode le-
aumento da violência física entre pares47 e, que var ao aumento de alterações psíquicas como
de uma maneira geral, está associado com não sintomas de depressão, ansiedade, diminui-
ir à escola ou cabular aula39,44. De forma compa- ção da capacidade empática e ideação suicida48.
rativa, os estudos citam vários comportamentos O artigo XIII traz relatos de alunos sobre colegas
de risco à saúde do adolescente fortemente as- que repetiram de ano e mudaram de sala após se-
sociados ao bullying, demonstrando, portanto, rem apelidados repetidamente45. As testemunhas
que esta violência não deve ser ignorada e ne- também são acometidas em sua performance
cessita de estratégia precoce para seu manejo47. acadêmica e em seu meio social por vivenciar um
Quanto aos aspectos familiares, o artigo VIII ambiente violento35. Além disso, sofrer bullying
mostra uma associação positiva entre o bullying e na infância e adolescência pode estar associado a
3518
Pigozi PL, Machado AL

temperamentos depressivos, apáticos, ciclotími- No artigo XIV, grande parte das vítimas re-
cos (oscilantes) e voláteis (dispersos), e também latou ficarem furiosas ao serem expostas à situ-
a traços emocionais de tristeza, baixa autoestima, ação de agressão, defendendo-se ou ignorando
menor capacidade de foco e disciplina (control), as agressões em sua maioria, e somente 13,3%
de confrontar e resolver problemas (coping) e delas solicitaram ajuda a um adulto29. Levanta-se
maior fragilidade emocional na vida adulta51. a hipótese de que as vítimas que reagiram, possi-
Desta forma, deduz-se que a discriminação, velmente pertencem ao grupo vítima/agressor, já
a intolerância e a agressividade física e psíquica que normalmente os pertencentes ao grupo víti-
entre pares, aspectos que constituem este subtipo ma apresentam características pessoais mais frá-
de violência, têm efeitos maléficos à saúde mental geis do que ao vítima/agressor e não costumam
e vida acadêmica dos escolares, podendo reper- reagir35. As testemunhas não fizeram nada para
cutir na vida familiar e até mesmo no desenvolvi- ajudar as vítimas, o que presume medo de retalia-
mento intelectual por afastá-los da escola4,45. ção por parte dos agressores29. O mesmo também
foi demonstrado no artigo XXIII, que reitera que
Sentimento dos adolescentes a maioria das testemunhas sentem compaixão
pelo vitimado e não gostam de presenciar cenas
Dos 25 artigos analisados nesta revisão, 5 de bullying, porém relatam ter medo de defendê
mostram que os adolescentes subestimam a se- -los para não se tornarem vítimas52.
riedade e a gravidade do bullying, possivelmente Alguns adolescentes relatam sofrer e indig-
por falta de orientação sobre a repercussão destas narem-se com a ocorrência do bullying, citando
agressões29,35,43,45,52. que os agressores poderiam um dia sofrer a dor
Em estudo realizado com 28 estudantes, por da discriminação37. Outras pesquisas revelam
meio da observação participante e grupos focais, dados preocupantes quanto aos sentimentos dos
os alunos relatam “ter que tolerar a chamada adolescentes em relação à escola, como no arti-
brincadeira desagradável”. O bullying é tolerado go XV, que traz um estudo com 177 adolescen-
repetidamente pela vítima em nome da amiza- tes, com uma média de 14 anos, que mostra que
de e da proteção emocional de pertencer a um 57,8% destes não se sentiram seguros na escola46.
grupo52. Outro estudo realizado com 16 ado- O estudo PENSE, com uma amostra de 60.973
lescentes em conflito com a lei, chama atenção escolares no Brasil, revela que 5,5% dos estudan-
para o fato das agressões verbais serem encaradas tes deixaram de ir à escola por não se sentiram
como “brincadeira” entre os participantes, mes- seguros27.
mo quando evoluem para agressões físicas. Os Verifica-se que o bullying pode contribuir
autores explicam que os jovens apresentam com- acentuadamente para que a escola se torne um
portamentos agressivos como forma de elevar o ambiente conflituoso e desconfortável para os es-
status e o respeito no contexto em que vivem, o colares. Considera-se de suma importância que
que pode justificar o alto índice de bullying, com- um adulto possa intermediar conflitos entre pa-
preendido como “normal” entre eles43. No artigo res, demonstrando limites e respeito em relação à
I, 69,3% dos jovens não compreendem por que o convivência com o outro, para a manutenção de
bullying ocorre e como muitos deles o interpre- uma esfera escolar saudável59,60.
tam como uma “brincadeira”35.
Alguns adolescentes tendem a revidar os ape- Intervenções possíveis
lidos com outros apelidos, muitas vezes evoluin-
do para agressão física, e desta forma fortalecen- Todos os artigos analisados relatam a urgên-
do o ciclo de agressão45. Após o ato de agressão, a cia da criação e manutenção de políticas públicas
maioria dos agressores acha engraçado praticar o de caráter interventivo em relação ao bullying,
bullying com os pares29, muitos relatam um senti- incluindo o desenvolvimento de habilidades in-
mento de bem-estar27 ou satisfação por dominar terpessoais aos alunos e o treinamento e amparo
os colegas, e entenderem como qualidade positi- aos profissionais da educação, para lidar com o
va estas atitudes que trazem prestígio e liderança bullying nas escolas27-31,35-54. Parte deles relata a
perante os pares35. A falta de compreensão dos necessidade da interdisciplinaridade (educação,
jovens sobre o que é o bullying e suas consequên- saúde, família e comunidade), para o fortaleci-
cias, parece ser um dos importantes aspectos que mento das ações antibullying, visto que quanto
contribuem para a ocorrência do bullying e deve mais extensa for a rede intersetorial de estraté-
ser trabalhado em políticas públicas que objetive gias, mais eficaz torna-se o cuidado ofertado à
sua prevenção6. saúde mental dos adolescentes, que, por sua vez,
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transitam não só na escola, mas nos serviços de incluindo redução da violência em um projeto
saúde, nos centros comunitários e vão e voltam educativo da escola; reuniões com professores e
de suas casas, que podem ou não serem ambien- familiares, a fim de construir estratégias sobre a
tes acolhedores27,35,42,43,46-48. prevenção da violência; intervenção com as tur-
A incorporação de práticas multiprofissio- mas através de técnicas que fortalecem positi-
nais participativas e constantes de educação em vamente as condutas dos adolescentes frente às
saúde direcionadas ao público jovem, ofertadas situações de violência; e intervenção direta com
pela Equipe de Saúde da Família, pode colaborar os estudantes envolvidos em cenas de agressão,
para que ocorram melhoras efetivas no compor- através de identificação por parte dos professores
tamento de crianças e adolescentes61. Sugere-se e ajuda dos psicólogos da escola. Os resultados
a efetivação de programas que também consi- pós-intervenção revelaram uma diminuição nos
derem as diferenças entre os gêneros, quanto ao índices de bullying; possibilitaram a mobiliza-
modo como se envolvem em atos de bullying, já ção de uma equipe multidisciplinar; e aponta-
que expressam a agressividade de diferentes for- ram a importância do enfermeiro em processos
mas41,47. Também, a investigação de outras variá- interventivos dentro da escola e da pesquisa62.
veis relacionadas aos adolescentes envolvidos no Quanto ao cyberbullying, há a necessidade da es-
bullying, como estilos parentais, violência sofrida cola estruturar regras que regulem o uso de apa-
no seio familiar, rendimento escolar, relaciona- relhos como laptops e smartphones, além de um
mento com pais e professores e outras questões maior controle parental em relação a este uso12,48.
do cotidiano, visando um maior esclarecimento O artigo IV não apresentou propostas inter-
para este tipo de violência entre escolares28,43. ventivas, porém faz uma reflexão a ser abordada
A análise dos indicadores de efetividade nas práticas de manejo do bullying. Considera
atribuídos a programas de intervenção sobre o que esta violência tem suas raízes na esfera do
bullying, realizada a partir de 165 artigos, mos- preconceito e, ao nominar este tipo de violên-
trou que Espanha e Estados Unidos apresen- cia como bullying, têm-se a impressão de que se
taram 33,9 e 23,6% das publicações, respecti- pode controlá-lo e manejá-lo. Ações de manejo
vamente, enquanto que o Brasil apenas 3,6%, e controle simplesmente não se tornam efetivas
o que sugere uma escassez na produção na- se a questão da violência não é abordada em si
cional referente a programas de intervenção54. (barbárie), e se estereótipos, construídos pela
O presente estudo apresentou somente dois arti- sociedade, não forem trabalhados. Acredita-se
gos que dispõem de ferramentas colaborativas ou que estereótipos gerem intolerância. Acredita-se
interventivas. O artigo I faz indicações de sinais e igualmente que o preconceito/bullying toma cor-
sintomas (descritos na categoria Consequências) po e cria potência onde há intolerância38.
para amparar o médico pediatra, assim como
profissionais de saúde em geral e familiares, na
investigação do bullying. Já o estudo XVIII, atra- Conclusão
vés de relatos de alunos e professores em grupos
focais, avalia como positiva a efetividade do cír- O presente estudo demonstrou que mais da me-
culo restaurativo (círculos de conversa com um tade das produções brasileiras têm uma abor-
coordenador facilitador) como ferramenta que dagem quantitativa, principalmente por meio
estimula o diálogo e ampara estudantes e educa- de estudos transversais, com foco central em
dores a solucionarem conflitos escolares, princi- estabelecer fatores associados a ocorrência do
palmente referente à violência49. bullying. Apresentou uma incidência significativa
Estudos do Fundo das Nações Unidas para a de bullying entre os adolescentes brasileiros, o en-
Infância (UNICEF) corroboram com os resulta- volvimento diferenciado dos gêneros, sendo que
dos do estudo anterior, afirmando que os progra- meninos são mais propensos a sofrer bullying.
mas que promovem apoio psicossocial na escola, Destacou a forte relação entre bullying com com-
integrados à intersetorialidade, são eficazes em portamentos de risco (uso de álcool, drogas ilíci-
promover saúde e manter o bem-estar entre jo- tas, brigas, cabular aula, dentre outros). Mostrou
vens1. A exemplo disto, um estudo realizado com que as consequências emocionais e psíquicas em
307 alunos do 5° e 6° ano do ensino fundamental estar envolvido com o bullying podem surgir na
em Lisboa-Portugal, e conduzido por uma pes- adolescência e se estenderam para a vida adul-
quisadora enfermeira, teve como estratégias para ta, o que sobrepuja a necessidade de orientação
a redução da violência escolar: trabalho em equi- aos adolescentes sobre o que é o bullying e suas
pe multidisciplinar; mudança na política escolar consequências, já que os resultados sugerem
3520
Pigozi PL, Machado AL

que os jovens interpretem o bullying como uma


brincadeira. Apresentou somente dois estudos
com abordagens interventivas ou colaborativas.
Portanto, a produção brasileira apresentou
um panorama geral sobre os diversos aspec-
tos que caracterizam o bullying, porém mos-
tra fragilidade quanto à realização de estu-
dos preventivos, interventivos e restaurativos
ou que avaliem programas de intervenção.
Sugere-se como importante complemento a ne-
cessidade de estudos interventivos e/ou qualita-
tivos que abordem de forma descritiva vivências,
experiências e impressões dos sujeitos envolvidos.
Igualmente, sugere-se a realização de estudos que
avaliem programas efetivos de intervenção de
forma intersetorial, considerando a escola, os ser-
viços de saúde e outros setores da comunidade.

Colaboradores

PL Pigozi trabalhou na concepção, análise, in-


terpretação dos dados, redação do artigo e apro-
vação da versão a ser publicada e AL Machado
trabalhou na análise, na interpretação dos dados
e na versão a ser publicada.

Agradecimentos

Agradecemos à CAPES (Coordenação de Aper-


feiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela
concessão da bolsa durante o desenvolvimento
deste estudo.
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