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PROBLEMAS AMBIENTAIS GLOBAIS

1. Aula 01

Nesta aula, iremos analisar as principais bases científicas das questões que
envolvem as mudanças climáticas verificadas atualmente em escala global. Dessa
forma, abordaremos como o efeito estufa e o aquecimento do planeta estão
relacionados e de que forma influenciam no controle climatoambiental da Terra.

1.1 Mudanças climáticas

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental


Panel on Climate Change) foi criado em 1988 com o objetivo de acessar
informações científicas, técnicas e socioeconômicas relevantes para melhor
entendimento dos riscos globais associados às mudanças climáticas.

De acordo com o IPCC, o termo “mudanças climáticas” pode ser definido como as
mudanças no estado do clima que podem ser identificadas (p. ex,. usando testes
estatísticos) através das alterações na média e/ou na variabilidade de suas
propriedades, e que persistem por um extenso período, tipicamente décadas ou
mais. Mudanças climáticas podem ser verificadas devido a processos naturais
internos do planeta, forçantes externos ou ainda devido a mudanças persistentes,
causadas por ações antropogênicas, na composição da atmosfera ou no uso da
terra (SOLOMON et al., 2007).

O efeito estufa é um fenômeno natural que ocorre em virtude das concentrações de


alguns gases na atmosfera, tais como: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e
óxido nitroso (N2O), entre outros, os quais são responsáveis por absorver uma
quantidade maior de radiação infravermelha, provocando o aumento na temperatura
da Terra (ALMEIDA, 2007). De acordo com o IPCC, as concentrações atmosféricas
dos principais gases de efeito estufa aumentaram consideravelmente em
consequência das atividades humanas desde 1750 e agora ultrapassam muito os
valores pré-industriais.

O ozônio é uma molécula que se encontra presente em toda atmosfera com maior
concentração entre 25 e 35 km de altitude ao redor do planeta, na região
denominada camada de ozônio. Essa camada absorve a radiação solar,
principalmente na faixa do ultravioleta tipo UV-B, que é prejudicial à vida no planeta
e a principal causadora do câncer de pele.

1.2 Efeito estufa e aquecimento global


O Sol transmite constantemente energia para o sistema climático terrestre através
da energia radiativa em comprimentos de ondas muito curtas, predominantemente
na faixa do visível ou próximo ao visível no espectro (p. ex., ultravioleta). Cerca de
1/3 da energia solar que atinge o topo da atmosfera terrestre é refletida diretamente
de volta para o espaço. Os 2/3 restantes são absorvidos pela superfície da Terra e
em menor intensidade pela atmosfera. A energia absorvida do Sol causa um
desequilíbrio no sistema energético terrestre; para retornar ao equilíbrio, a Terra
precisa irradiar, em média, a mesma quantidade de energia absorvida para o
espaço.

A Terra realiza essa irradiação através de comprimentos de ondas muito longos,


principalmente na faixa infravermelha do espectro. Parte dessa radiação
infravermelha atravessa a atmosfera e segue em direção ao espaço. Entretanto,
uma parte considerável dessa radiação termal emitida pelos continentes e oceanos
é absorvida pela atmosfera, incluindo as nuvens, e irradiada novamente para a
Terra. Esse processo é conhecido como “efeito estufa”, devido a uma analogia com
o processo de funcionamento de uma estufa biológica verdadeira, onde as paredes
de vidro reduzem a troca de ar e aumentam a temperatura ambiental.
Analogamente, mas através de diferentes processos físicos, o efeito estufa terrestre
aquece a superfície do planeta.

O efeito estufa natural torna possível a vida na Terra, uma vez que sem ele a
temperatura média da superfície terrestre seria aproximadamente -18oC (Fig. 1.1).
Entretanto, a ação humana, principalmente através da queima de combustíveis
fósseis e do desmatamento das florestas, tem intensificado fortemente o efeito
estufa natural, aumentando a concentração de gases na atmosfera e assim levando
a um maior aquecimento do sistema climático global (DIAS, 2011).

O efeito estufa quase não é influenciado pelos dois gases mais abundantes na
atmosfera, o nitrogênio e o oxigênio, representando 78% e 21% da atmosfera,
respectivamente. Em vez disso, o efeito é controlado por moléculas mais complexas
e muito menos comuns.

Os mais importantes integrantes do efeito estufa são o vapor d’água e o dióxido de


carbono (CO2). Outros gases, como o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o ozônio
(O3) e muitos outros presentes em menor concentração na atmosfera também
contribuem fortemente para o efeito estufa.

Figura 1.1 – Diagrama ilustrando a ação do efeito estufa sobre a temperatura


global
Fonte: http://www.inpe.br.

1.3 Conclusão

Nesta aula, analisamos as principais bases científicas que envolvem as mudanças


climáticas verificadas atualmente em escala global. E como a ação antrópica,
principalmente através da queima de combustíveis fósseis realizada ao longo das
últimas décadas, tem provocado a liberação anual de bilhões de toneladas de
compostos químicos para a atmosfera, causando a alteração no efeito estufa
natural. As consequências dessa alteração na composição da atmosfera terrestre já
estão sendo sentidas em diferentes regiões do planeta, e suas consequências
futuras são ainda algo de grande incerteza. As alterações antrópicas na composição
do efeito estufa natural vêm proporcionando um aumento significativo na
temperatura média do planeta.

Aula 2

Nesta aula, iremos analisar as principais questões que envolvem as emissões de


CO2 para a nossa atmosfera, realizadas principalmente por ações antrópicas, e
como essas emissões estão contribuindo para as mudanças climáticas. Além disso,
vamos discutir qual o papel da camada de ozônio no controle climático global.

2.1 Emissões de CO2 De acordo com o IV Relatório do Grupo de Trabalho 1 do


IPCC, as concentrações atmosféricas do dióxido de carbono (CO2) (Fig. 2.1), o
principal gás do efeito estufa antropogênico, aumentaram em consequência das
atividades humanas desde 1750 e agora ultrapassam muito os valores pré-
industriais. O aumento global da concentração de CO2 se deve principalmente ao
uso de combustíveis fósseis e à mudança no uso da terra, o que vem alterando
consideravelmente o ciclo biogeoquímico desse elemento no planeta (SOLOMON,
2007). Oceanos, solos, plantas, animais e vulcões são as principais fontes naturais
de emissões de CO2 para a atmosfera. Dessa forma, antes da influência antrópica,
a enorme quantidade de CO2 produzido por fontes naturais era completamente
compensada pela ação dos sumidouros naturais de carbono, mantendo assim o
equilíbrio natural do ciclo biogeoquímico desse elemento (PBMC, 2014).

Figura 2.1 – Ilustração representando molécula de dióxido de carbono (CO2).

A seguir, são apresentadas algumas características das principais fontes naturais de


CO2 para a atmosfera (Fig. 2.2):

a) Oceanos: Armazenando enormes concentrações de CO2, os oceanos globais


são responsáveis por cerca de 40% do CO2 emitido para a atmosfera, por meio de
difusão. Esse movimento pode ser verificado em ambos os sentidos.

b) Respiração animal e vegetal: Plantas e animais que realizam o processo de


respiração para a produção da energia utilizada em seu metabolismo apresentam o
CO2 como um dos seus subprodutos.

c) Respiração no solo e decomposição: Diversos organismos que vivem no solo


realizam a respiração para produzir energia. Entre eles estão os decompositores
que decompõem a matéria orgânica morta. Ambos os processos produzem CO2.

d) Erupções vulcânicas: A atividade vulcânica libera para a atmosfera, de


profundidade abaixo da superfície terrestre: magma, cinzas, poeira e gases, entre
eles o CO2.

Figura 2.2 – Imagens de duas das principais fontes naturais de CO2 para a
atmosfera: oceanos (esq.) e vulcões (dir.).
Diversos estudos realizados sobre a composição da atmosfera comprovam que nos
últimos duzentos anos a concentração de CO2 atmosférico já aumentou
aproximadamente 27%, em grande parte em virtude de ações antrópicas, tais como:
queima de combustíveis fósseis, desmatamento das florestas e mudanças no uso
do solo (Fig. 2.3). A queima de combustíveis fósseis, o carbono armazenado
durante milhares de anos na Terra, é oxidado e liberado para a atmosfera em forma
de CO2 (PACHECO; HELENE, 1990).

Figura 2.3 – Imagens das principais fontes antropogênicas de CO2 para a


atmosfera. Da esquerda para a direita: queima de combustíveis fósseis (no
alto); desmatamento das florestas; mudanças no uso do solo.

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