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Português 12.

º ano A professora:
2015/2016 Ângela Marques

Alberto Caeiro

Lê atentamente o texto que se segue.

Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?


Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
[…]
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas. […]
Mas que melhor metafísica que a delas, Mas se Deus é as flores e as árvores
Que é a de não saber para que vivem E os montes e sol e o luar,
Nem saber que o não sabem? Então acredito nele,
[…] Então acredito nele a toda a hora,
Pensar no sentido íntimo das cousas E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
É acrescentado, como pensar na saúde E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Ou levar um copo à água das fontes. […]
E por isso eu obedeço-lhe,
O único sentido íntimo das cousas (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
É elas não terem sentido íntimo nenhum. Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Não acredito em Deus porque nunca o vi. Como quem abre os olhos e vê,
Se ele quisesse que eu acreditasse nele, E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
Sem dúvida que viria falar comigo E amo-o sem pensar nele,
E entraria pela minha porta dentro E penso-o vendo e ouvindo,
Dizendo-me, Aqui estou! E ando com ele a toda a hora.
[…]
Alberto Caeiro

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Indica a posição que o sujeito poético adota face ao que o rodeia.

2. Explica de que forma o poema confere relevo ao real objetivo e a determinados


órgãos dos sentidos.

3. Explicita a relação entre o sujeito poético com a Natureza e a sua conceção de Deus.

4. Comenta a contradição entre a afirmação do sujeito poético no primeiro verso e o


próprio conteúdo do poema.

5. Refere as características de linguagem mais relevantes que conferem a este poema


um estilo coloquial.

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