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Social
Com estas palavras, Marx e Engels abrem o águas com épocas anteriores. A rigor, ao longo das
primeiro tópico da primeira edição do Manifesto décadas iniciais desse século, o modo de produção
do Partido Comunista, publicado em Londres, em capitalista foi se instituindo e delineando uma nova
fevereiro de 1848. forma de organização social que acentua cada vez
mais a divisão entre as classes e a posse privada
São palavras que expressam camadas de história, dos meios de produção, transformando as relações
intensos processos de lutas e enfrentamentos da humanas em relações mercantis.
classe trabalhadora contra a burguesia, ao longo
de décadas dos séculos XVIII e XIX, e que, no Nas palavras de Mandel (1982, p. 395), “o modo de
entanto, ecoam em nossos ouvidos ainda hoje produção capitalista só se torna possível em certo
como a convocar-nos para mantermo-nos firmes estágio de desenvolvimento das forças produtivas
e perseverantes na luta contra a exploração do – quando existem condições materiais prévias à
trabalho. subordinação formal, e depois efetiva, do trabalho
ao capital.”
A transição para o século XX foi marcada também
por muitos momentos de agudização da luta de Portanto, a temática que nos compete analisar, a
classes, sendo esta uma questão sempre presente exploração do trabalho, tem profunda inserção
no conjunto da obra de Marx, que a considerava no debate marxista e exige necessariamente
um caminho imprescindível para a emancipação interlocução com a história, não sob o ponto de
da classe trabalhadora e da própria sociedade. vista de traçar cronologias, mas de entendê-la como
um processo transformador da realidade, como
Porém, não foi apenas a transição para o século substância da própria sociedade, expandindo-se
XX que se mostrou como um profundo divisor de para todas as esferas da vida social. (Heller, 1972)
Ao longo do século XX, esse modo de produção Enfim, o que está em jogo é um novo ciclo de
penetrará em todo o tecido social, espraiando-se profundas transformações que envolvem tanto as
por todos os meandros, com vistas a alcançar uma forças produtivas como as relações de produção,
escala mundial. alcançando mesmo o cotidiano da vida social.
É sempre importante, porém, lembrar que o
capitalismo não se coloca, nem sequer assume
Não se pode deixar de reconhecer as intensas
problemas morais, seu interesse é sempre a
lutas dos trabalhadores para não serem tragados
reprodução do capital.
por essa lógica de um mercado regulador da
vida social, e de um Estado que paulatinamente
Assim, no caso brasileiro, o alinhamento da política
abandona seu papel de formulador de políticas econômica aos ditames do capital parece não
garantidoras de direitos sociais e individuais, causar nenhum estranhamento aos governantes,
expondo a classe trabalhadora a uma exploração cujos olhos não querem ver o crescimento da
máxima e sem proteção social, pois entram em desigualdade social, da violência, do desemprego,
cena novas formas de organização do processo do déficit habitacional, das precárias condições de
produtivo que expropriam ainda mais o trabalhador saúde e educação, enfim, de condições dignas de
de sua força de trabalho. vida.
Este é o cenário internacional desde os anos 1970 Parece não lhes causar nenhum prurido ético
e que vai se intensificando ainda mais ao longo financiar a crise do capital, com destinações do
das décadas de 1980/90, com claras orientações fundo público ou elevando taxas de juros, ou
de políticas neoliberais e globalizadas, emanadas rebaixando salários, o que impacta ainda mais a
das agências internacionais e com profundas classe que vive no trabalho e que hoje está exposta
repercussões nas condições de vida e trabalho da a um trabalho completamente precarizado.
classe trabalhadora. (Antunes, 2009, p. 235)
Entretanto, esta é, sem dúvida, uma luta a ser feita _________. Manuscritos econômico-filosóficos.
juntamente com os diferentes segmentos da classe Edições 70. Lisboa: Portugal, 1993.
trabalhadora, através de seus movimentos sociais
organizados. MARX, ENGELS. Manifesto del Partido Comunista.
Tradução ao espanhol, Editorial Progresso: Moscou,
1981.
São muito lúcidas as palavras de Marx, ao finalizar
o tópico IV do Manifesto do Partido Comunista, NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço
dirigindo-se aos proletários de seu tempo, e muito Social. São Paulo: Cortez, 1992.
valem para os trabalhadores de hoje, lembrando-
os da importância de se libertarem das barreiras
que os oprimem, pois há um mundo a ganhar,
e exortando-os a se unirem, com a célebre
determinação “Proletários de todo o mundo,
uni-vos!” (Marx e Engels, 1981, p. 68)
Ninguém poderia prever os fatos que se sucederam exigências que tocam às cidades, tais como
no Brasil a partir de junho de 2013, após a violenta mobilidade, megaeventos, moradia, privatização
repressão policial contra as mobilizações do MPL do espaço público, criminalização da pobreza,
(Movimento Passe Livre), em São Paulo. O aumento desmilitarização das polícias etc. A principal
da tarifa paga pelos usuários do transporte público, exceção, também presente nos gritos de protestos
em vinte centavos de reais, foi o estopim para os e muito bem forjada por setores de oposição ao
protestos ganharem as ruas. A desproporcional governo federal desde o escândalo do “mensalão”,
resposta das forças policiais militares, ao invés de foi a pauta geral contra a corrupção e suas
sufocar o movimento, fez espalhar pelo território reivindicações conexas. Nesse campo polimorfo
nacional, como um rastilho de pólvora, as grandes da luta contra a corrupção, a maior “conquista” das
revoltas em uma nova escala, não mais restritas manifestações foi a rejeição do Projeto de Emenda
à pauta da mobilidade urbana como direito Constitucional nº. 37 que subtraía do Ministério
constitucionalmente assegurado. Público o poder de investigação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Um dos autores liberais mais festejados nos últimos de implantação dos programas de desenvolvimento
anos foi o economista indiano Amartya Sen. Sua urbano foram, desde o início, excludentes e
tese fundamental é que o desenvolvimento de promoveram uma ciranda que movimentou
um país está vinculado às oportunidades que ele grandes empreiteiras e especuladores imobiliários.
oferece à população de fazer escolhas e exercer a Segundo Ermínia Maricato2, em 2009, a partir do
sua cidadania, o que inclui a garantia dos direitos lançamento do PAC II e do programa habitacional
sociais básicos, como saúde e educação, como Minha Casa, Minha Vida, teve início um boom
também segurança, liberdades básicas, habitação imobiliário de fortes impactos na dinâmica das
e cultura. Sen vincula de maneira original a noção cidades brasileiras. Em 2010, o PIB brasileiro
de liberdade ao conceito de desenvolvimento atingiu o impressionante patamar de crescimento
como sendo, simultaneamente, um processo e uma de 7,5%. Ocorre que o PIB do setor imobiliário foi
oportunidade. Introduz a noção de cidadão como de 11,7%. O investimento de capitais privados no
“agente” e define a pobreza e o desemprego como mercado residencial cresceu 45 vezes, passando
“privação de capacidades básicas”1. de 1,8 bilhão de reais em 2002 para 79,9 bilhões
de reais em 2011. Os subsídios governamentais
O autor indiano é, até hoje, referência para foram generosos, atingindo 5,3 bilhões de reais em
organismos internacionais. Sua definição cabe 2011. Com tal pujança e bonança, todo esboço da
como uma luva para compreendermos como, reforma urbana que se expressava no Estatuto da
mesmo para aqueles que se apoiam no liberalismo Cidade foi engavetado. O preço do imóvel disparou
e, portanto, na defesa da propriedade privada nos grandes centros urbanos: 153% em São Paulo
e da liberdade de mercado, o que se passa nas (entre 2009 e 2012) e 184% no Rio de Janeiro (no
cidades brasileiras é amplamente reprovável, como mesmo período).
privação das capacidades básicas da vida humana.
Praças da Juventude e tantos outros equipamentos
O modelo de desenvolvimento em curso, de forte urbanos e sociais foram se multiplicando ao longo
inspiração rooseveltiana, promoveu nos últimos das cidades brasileiras sem observar qualquer
anos a nacionalização de políticas de infraestrutura preocupação com a reorganização da ocupação
repetindo os erros do passado. Crescemos sem do solo ou alteração dos custos de locomoção ou
planejamento, ao bel prazer dos gestores locais mesmo necessidade de reestruturar a oferta de
que acessavam convênios para demonstrar serviços públicos. Os prefeitos não pensaram no
influência e capacidade gestora. Com 65% do futuro muito distante da próxima eleição.
orçamento público concentrado na União, é fato
que os municípios deixaram de ter capacidade de A alegria contagiante que envolveu empreiteiras
investimento autônomo e se transformaram em e todo setor da construção civil motivou o que
gerentes de programas federais. Contudo, a lógica muitos autores denominaram de “gentrificação”
SALETE DE OLIVEIRA
Coordenadora da equipe de gestão social da COHAB MINAS
O trabalho social em habitação surge no contexto ações que se iniciam antes da obra e continuam
da questão urbana, a partir da segunda metade do após a entrega das casas.
século XX, época marcada por um padrão perverso
de urbanização, caracterizado pela segregação A Companhia de Habitação do Estado de Minas
espacial, poluição ambiental, ilegalidade/ Gerais - Cohab Minas, através do Convênio de
informalidade e ineficiência econômica, agravados Cooperação Técnico, Financeiro e Social, prevê o
pelo regime autoritário militar (1964 a 1984). acompanhamento social às famílias moradoras nos
conjuntos habitacionais, e que deve ser realizado
A habitação popular era entendida como moradia pelos técnicos sociais dos municípios conveniados e
para a população pobre, impossibilitada de adquirir supervisionado pela equipe social da Cohab Minas.
um imóvel sem o subsídio do Estado e o trabalho
social apresentava um caráter mais administrativo, O instrumento utilizado no acompanhamento das
caracterizado pela seleção da demanda, organização famílias é o Projeto de Trabalho Social - PTS, que
comunitária e acompanhamento da adimplência. deve conter estudo de viabilidade, conhecimento
dos riscos, da capacidade de execução e gestão pelos
Com a Política Nacional de Habitação (2004), o responsáveis, definição dos meios de verificação
trabalho social torna propositivo e interdisciplinar e ações que proporcionem qualidade de vida às
famílias.
possibilitando sua execução de forma mais
informativa e conscientizadora no que tange a
Diante da necessidade de otimizar o
direitos e deveres, promovendo maior participação acompanhamento da elaboração e execução
e interatividade entre os atores deste processo. dos projetos sociais, à distância, a tecnologia da
informação foi identificada como um facilitador, que
O “Trabalho Social” passou a ser parte obrigatória garantiria o acompanhamento do trabalho social de
dos projetos de intervenção habitacional e forma organizada e possível de ser avaliado.
conforme afirma Inês Magalhães, secretária
nacional de habitação, o trabalho social passou a De acordo com Elliott (1980) a tecnologia não
ser um componente estratégico numa intervenção deve ser tratada como uma variável isolada e
habitacional. independente da sociedade. Aborda ainda a
relação recíproca entre tecnologia e sociedade,
A sua execução prevê o acompanhamento das invocando o conceito de sociedade tecnológica,
famílias participantes de programas habitacionais na qual todo sistema econômico, cultural
nas esferas federal, estadual e municipal envolvendo e político está impregnado de tecnologia.
O que é política? Genericamente política pode De acordo com Kleyd Taboada (2010), assistente
ser assim conceituada: é a busca comum do bem social e especialista em habitação de interesse
comum. Por isso a política tem sempre a ver com social, uma questão fundamental para um bom
sociedade e com a vida cotidiana das pessoas, com projeto é o diagnóstico, que deve conter o máximo
os salários, com o preço do pão, com a passagem de informações sobre o território, sobre as famílias
de ônibus, com as prestações da casa própria e com e como elas se relacionam com o espaço. Um bom
o sistema escolar. Nada do que é social está fora da diagnóstico produz um bom projeto. Ele deve
política. (Boff, 2002) fornecer condições para que, quem for executá-lo
e monitorá-lo, entenda as situações do território,
Programa é um conjunto harmônico de ações e indicando o caminho para atingir o objetivo
projetos de intervenção numa determinada área proposto.
ou setor social, é o instrumento de implantação de
uma política pública ou institucional. Os projetos sociais não são ações espontâneas e
sim planejadas, são articulados à política pública
e com a mesma lógica do programa em termos
Fonte: elaborado pelas autoras em 2013
A Cohab Minas, enquanto um dos atores, também Elaboração do Projeto de Trabalho Social -
teve sua história desenhada nessa conjuntura. Nas PTS: para desenvolvimento do trabalho social é
décadas de 70 e 80, a Companhia contava com indispensável elaborar um projeto por meio de
uma equipe composta por assistentes sociais e estudo da realidade local. Primeiramente os dados
economistas domésticos que realizavam o trabalho devem ser organizados e a análise inicial feita de
social nos empreendimentos habitacionais forma quantitativa. Nesta análise serão descritos o
construídos pela Companhia, especialmente na número de beneficiados diretos e indiretos, gênero,
Região Metropolitana de Belo Horizonte. faixa etária, renda e escolaridade. Em um segundo
momento é esperada uma análise qualitativa,
Com o declínio dos investimentos públicos na área que mede mudanças de caráter subjetivo, tais
de habitação popular, o setor foi descontinuado e o como auto-estima, expectativas quanto ao futuro,
acompanhamento social relegado a ações pontuais autonomia, inclusão, entre outros.
e inexpressivas.
Outro enfoque é o levantamento dos problemas
Quando em 2003 foi criado o Ministério das sociais que mais afligem a comunidade. Importante
Cidades, com uma política direcionada para o também considerar as dimensões ambientais,
desenvolvimento urbano, envolvendo além da culturais, étnicas e de gênero que favorecem o
habitação, saneamento e mobilidade, o uso e a projeto. É nesta fase que se envolve os atores sociais
ocupação do solo, inicia-se também na Cohab (comunidade, parceiros, responsáveis pelo projeto).
Minas um novo modo de desenvolver o trabalho
social na área urbana. O PTS deve ser elaborado por profissional da equipe
social do município com formação compatível
A diretriz inicial para o trabalho foi o e experiência em ações de desenvolvimento
acompanhamento social às famílias residentes nos comunitário, com orientação da equipe social da
conjuntos habitacionais, após o recebimento das Cohab Minas, composta por assistentes sociais,
moradias, denominado “Gestão Pós Morar”. Mas psicólogos e sociólogos.
foi em 2012, com a instituição da obrigatoriedade
do Acompanhamento Social nas diversas etapas do Nele deverão constar informações sobre histórico
processo de aquisição da moradia, pelo Programa do município, identificação do empreendimento e
Minha Casa, Minha Vida 2, através da portaria do responsável técnico pelo Projeto Técnico Social,
nº 547/11 do Ministério das Cidades, que o trabalho composição da equipe, área de abrangência, análise
social começa a ter maior autonomia e visibilidade. socioeconômica dos beneficiários, justificativa,
A principal motivação para criação do SAS foi BRASIL. Portaria nº 547, de 28 de novembro de 2011.
simplificar o processo de elaboração do Projeto de Dispõe sobre as diretrizes gerais do Programa Minha
Casa, Minha Vida para municípios com população de até
Trabalho Social. 50.000 (cinquenta mil) habitantes, no âmbito do Programa
Nacional de Habitação Urbana – PNHU. Publicada no
Quando foi pensado, alguns questionamentos D.O.U. de 29 de novembro de 2011.
foram levantados: a tecnologia poderia de fato ser
um instrumento que, além de otimizar o tempo, CARNEIRO, C. B. L. Intervenção com Focos nos Resultados:
disponibilizasse informações que poderiam Elementos para o desenho e avaliação de projetos sociais In:
subsidiar decisões? O seu uso possibilitaria a CARNEIRO, C. B. L.; COSTA, L. B. Gestão Social: O que
há de novo? Belo Horizonte, Fundação João Pinheiro, 2004.
avaliação dos resultados esperados e alcançados, V.2, p.69-93.
através da sistematização do trabalho social?
Como utilizá-la se os dados da realidade de cada CKAGNAZAROFF, I. B. Ferramentas de Gestão Social:
município são tão diferenciados e na maioria das Uma visão introdutória In: CARNEIRO, C. B. L.; COSTA,
vezes fragmentados? L. B. Gestão Social: O que há de novo? Belo Horizonte,
Fundação João Pinheiro, 2004. V.2, p.13-29.
Através do conteúdo do Projeto de Trabalho Social ELLIOTT, D. e ELLIOTT, R. El control popular de la
poderíamos conhecer melhor a realidade daquele tecnologia. Barcelona: Editorial Nueva Sociedad, 1980.
município e a partir daí desenvolver uma análise Colección Tecnología y Sociedad.
qualitativa desses dados junto aos profissionais dos
municípios. PROLHONW, Shaffer, 1999 apud ONU, 1984
17 - O Programa MCMV alterou a chamada Faixa 1 (ou FERNANDES, Edésio. Do código civil ao Estatuto
FAR) que anteriormente incluía a população de zero a três da Cidade: algumas notas sobre a trajetória do Direito
salários mínimos para uma faixa com renda entre zero e Urbanístico no Brasil. In: VALENÇA, Marcio Moraes
R$1.600,00. (Org). Cidade (i)legal. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008.
18 - Ou seja, cujo custo do m2 corresponde ao valor previsto FERRARI DE LIMA, Junia Maria. Bairro Concórdia
para este tipo de empreendimento (entre 200,00 e 350,00). em Belo Horizonte: entrave ou oportunidade à cidade-
negócio? Dissertação de Mestrado – Escola de Arquitetura
19 - Ver Tabela 11 do PLHIS (BELO HORIZONTE,2012). da Universidade Federal de Minas Gerais, 2009
20 - Este numero representa 49% do total de domicílios GOITIA, Fernando Chueca. Breve história do urbanismo.
vagos, ou seja, o mesmo percentual de famílias com renda Lisboa: Editorial Presença, 1982.
média mensal de até 06 salários mínimos em Belo Horizonte.
Lembrando que a politica habitacional do município GUIMARÃES, Berenice Martins. Cafuas, barracos
considera para fins de habitação de interesse social famílias e barracões: Belo Horizonte, cidade planejada. Tese
com renda de 0 a 6 salários. (Doutorado) – Instituto Universitário de Pesquisa do
Rio de Janeiro, Instituto de Ciências Humanas, Rio de
21 - Disponível em http://www.minurvi.org/documentos/
Janeiro, 1991.
Noticias/Alquiler%20Uruguay%202010/2010%20
Alquiler%20-%20A%20loca%C3%A7%C3%A3o%20
social%20no%20contexto%20da%20pol%C3%ADtica%20
MARICATO, Ermínia. O impasse da politica urbana no
nacional%20de%20habita%C3%A7%C3%A3o.pdf Brasil. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
22 - Numero levantado pelos grupos sociais envolvidos na SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 1. ed., São
luta pela moradia na RMBH. Paulo: HUCITEC,1998.
Estudos realizados pela FJP, à luz dos resultados Como se verifica no Mapa 1, dois componentes se
do Censo Demográfico Brasileiro 2010, estimam o destacam na composição do déficit habitacional
déficit habitacional como sendo de 6.490 milhões brasileiro: a coabitação familiar (43,1%) e o
de unidades, o que corresponde a 12,1% dos ônus excessivo com aluguel (30,6%). Juntos,
domicílios existentes. representam um déficit de 5,1 milhões de unidades.
Mapa 1 – Composição do déficit habitacional por unidades da
Deste total, quase 85% encontram-se nas áreas
Federação – Brasil – 2010
urbanas, notadamente nas Regiões Sudeste e
Nordeste do País, como se pode ver na Tabela 1.
Chama a atenção, também, o fato de que mais de
56% do déficit urbano encontra-se nas Regiões
90%
Fonte: Instituto Brasileiro de
70%
60%
Os maiores déficits habitacionais encontravam- 50%
40%
se nos estados mais populosos da federação: 30%
20%
São Paulo (1.495 milhões de unidades), Minas 10%
Gerais (557 mil), Bahia (521 mil) e Rio de Janeiro 0%
NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C-OESTE BRASIL
(515 mil). 10 SM OU MAIS 5 A 10 SM 3 A 5 SM 0 A 3 SM SEM RENDIMENTO
Em outubro de 2011, o CRESS-MG, na gestão definido a partir dos interesses e necessidades da classe
Compromisso e luta: em defesa da categoria e do nosso trabalhadora. A intervenção profissional, considerando
projeto ético-político (2011-2014), instituiu o Grupo que todo o processo de construção do conhecimento
de Trabalho Saúde e Serviço Social. Desde então, o é parte constitutiva da intervenção, requer outros
GT passou a desenvolver uma série de atividades junto elementos teórico-metodológicos referentes aos
à categoria, ganhando expressividade e referência na instrumentos, técnicas e estratégias, que potencializem
agenda política do Serviço Social no estado. Dessa a ação profissional rumo à consecução teleológica do
forma, em 2012, após avaliar o trabalho desenvolvido, projeto ético-político do Serviço Social. Portanto, é
a sua definição institucional de Grupo de Trabalho foi de fundamental importância “impulsionar pesquisas
alterada para a Comissão de Saúde e Serviço Social, e projetos que favoreçam o conhecimento do modo
tornando-se espaço permanente para tratamento das de vida e de trabalho – e correspondentes expressões
deliberações do Conjunto CFESS/CRESS no eixo da culturais – dos segmentos populacionais atendidos,
seguridade social com ênfase nas políticas de saúde e criando um acervo de dados sobre as expressões da
interface com a formação e fiscalização profissional, questão social nos diferentes espaços ocupacionais do
bem como para intensificar os mecanismos de diálogo assistente social” (IAMAMOTO, 2001, p. 24).
constante do CRESS-MG com os assistentes sociais
inseridos nos diversos espaços sociocupacionais da Na Área da Saúde, o assistente social pendula entre a
Saúde. sua competência técnica-privativa, o que é constitutivo
da matéria do Serviço Social, e entre a competência
Hoje, a Comissão de Saúde e Serviço Social ocupa do campo, que são qualificados pela sua intervenção
diversos espaços importantes no Conselho Estadual na particularidade da referida política pública,
de Saúde, movimentos sociais, Fórum Mineiro contra caracterizado de forma interdisciplinar, operado
Privatização e Defesa do SUS, Fórum de Residentes fundamentalmente na constituição de equipes e/ou
ou mesmo na articulação junto a outros conselhos mini-equipes de referência que tem demandado do
profissionais, sindicatos, entidades de defesa de direitos profissional constante observação e análises em torno
e movimento estudantil na Frente Mineira de Defesa dos aspectos:
da Saúde. Além dessas participações, a Comissão
também dá tratamento a questões relacionadas ao Condições objetivas - a) Condições materiais
exercício profissional na política de saúde tendo como institucionais; b) Recursos humanos (quantitativo/
referência a defesa do nosso projeto ético-político. qualitativo) e c) Diversidade das demandas trazidas
pelos usuários. Condições subjetivas - a) Visão sobre
O constante diálogo com os profissionais atuantes o usuário; b) Leitura sobre a autonomia profissional; c)
na Área da Saúde faz-se necessário, tendo em vista Estratégias teórico-metodológicas e d) Compreensão
a existência de questões centrais que tencionam o do projeto ético-político.
Serviço Social na Saúde, quais sejam: a identidade
tecnicista atribuída institucionalmente ao profissional Para falar mais das dimensões e análises, coletamos
e por ele aceita e reproduzida de forma acrítica, nas reuniões da Comissão de Saúde e Serviço Social,
distanciando-se das possibilidades de materialização por meio de uma roda de conversa, a percepção
do projeto ético-político do Serviço Social, que deve de alguns profissionais assistentes sociais sobre
ser lembrado, sobretudo, como projeto societário alguns desafios apresentados em espaços como:
No trabalho do profissional de Serviço Social Amélia Andrade do Nascimento, assistente social, no período da
construção deste conjunto de relatos estava atuante na política
podemos dizer que condições objetivas são, por de saúde mental - mel.andrade116@hotmail.com
exemplo, os limites e possibilidades colocados pela
instituição a qual o profissional está vinculado; o Cristiano Costa de Carvalho, assistente social, professor do curso
local onde se dá sua atuação; os recursos financeiros de Serviço Social do Centro Universitário UNA. Conselheiro do
CRESS-MG responsável pelo acompanhamento da Comissão
e humanos disponíveis para o trabalho, dentre outras. de Saúde e Serviço Social - servicosocialcristiano@yahoo.com.
Já as condições subjetivas dizem respeito à escolhas e br
valores profissionais: sua visão de mundo, seu nível de
qualificação, suas referências teórico-metodológicas, Isabella da Paixão Alves, assistente social, atuante em uma
Unidade Básica de Saúde do Município de Belo Horizonte, no
sua vinculação a um projeto profissional, entre período da construção deste conjunto de relatos estava atuante
outras. Elas são expressas em três dimensões: em uma unidade de alta complexidade - isabella.paixao@
dimensão técnico-operativa; teórico-metodológica hotmail.com
e ético-política. Essas três dimensões influenciam- Jhony Oliveira Zigato, assistente social, no período da
se mutuamente e ao mesmo tempo em todos os construção deste conjunto de relatos estava atuante no programa
momentos da atividade profissional, direcionando o de Residência em Serviço Social no Hospital Universitário da
agir profissional. Universidade Federal de Juiz de Fora - cfgjhony@hotmail.com
No dia 26 de outubro de 2013 o Espaço Comum Luiz Estrela abriu suas portas para a comunidade reativando
um prédio público abandonado desde 1994 na rua Manaus, no bairro de Santa Efigênia, Zona Leste de BH.
Vestindo figurinos teatrais, dezenas de agentes culturais e ativistas sociais de diferentes ideologias participaram
de uma instalação artística que culminou com a devolução do prédio à comunidade.