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Introdução ao Direito do Trabalho: Conceitos, Natureza

Jurídica e Fontes.

1) Conceitos.
A tarefa de conceituar um ramo do direito pode ser muito extensa. O
Doutrinador Maurício Godinho Delgado inicia o seu Curso de Direito do Trabalho
com o seguinte parágrafo:
"O Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado, que regula certo tipo
de relação laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar-se
pela apresentação de suas características essenciais, permitindo ao analista
uma imediata visualização de seus contornos próprios mais destacados".
Podemos identificar, na doutrina, três correntes de pensamento teórico acerca
da definição de Direito do Trabalho.
a) Corrente subjetivista: define o Direito do Trabalho tendo como premissa
os sujeitos da relação de trabalho;

b) Corrente objetivista: define o Direito do Trabalho apresentando


conceitos fundados no conteúdo objetivo das relações jurídicas reguladas
pelo Direito do Trabalho;

c) Corrente mista: define o Direito do Trabalho através de uma mescla de


pensamento das duas correntes anteriores.

O objeto do Direito do Trabalho é o estudo do trabalho subordinado entre


Empregado e Empregador. Daí o emprego de duas teorias para conceituar a matéria:
a subjetiva e a objetiva. A corrente subjetiva enfatiza os sujeitos ou as pessoas que
figuram nas relações jurídico-trabalhistas. Por sua vez, a objetivista considera o
objeto; a matéria disciplinada pelo Direito do Trabalho e não as pessoas que figuram
nas relações jurídicas que pertencem ao seu âmbito. Difere, portanto, da subjetiva.
A corrente subjetiva toma por base os tipos de trabalhadores a que se aplica o
Direito do Trabalho. A corrente objetivista partem do ângulo da matéria a ser
analisada e não das pessoas. O Direito do Trabalho não estuda o trabalho autônomo,
mas o trabalho subordinado. Com o emprego da expressão situações análogas,
iremos tratar das ocorrências que têm semelhança com o trabalho subordinado, mas
que necessariamente não são iguais a ele. O trabalhador temporário e o empregado
doméstico não deixam de ser subordinados. O trabalhador avulso não é subordinado,
mas é estudado pelo Direito do Trabalho.
Messias Pereira Donato adota uma definição objetivista para o Direito do
Trabalho, ao afirmar que é o “corpo de princípios e de normas jurídicas que ordenam
a prestação do trabalho subordinado ou a este equivalente, bem como as relações e
os riscos que dela se originam”. A posição subjetiva tem origem na formação
histórica do Direito do Trabalho, na medida em que visa à proteção dos
trabalhadores.
O caráter protetor pode abranger toda e qualquer relação de trabalho ou
somente a empregatícia. Já a corrente objetivista, ao adotar a matéria com essência
da definição, também pode incorrer na tendência expansionista ou reducionista do
Direito do Trabalho. Quanto a esta corrente, Mauricio Godinho Delgado (2004, p.
35) declina que “o enfoque objetivista é mais satisfatório que o subjetivista, pois elege
a relação empregatícia como categoria essencial do Direito do Trabalho”.
Enfim, o direito regulamenta o convívio humano. As normas que regem o
comportamento social nascem do Estado que as elabora. No Direito do Trabalho
encontramos variabilidade na fixação do seu conceito, podendo ser dividido em
definições objetivistas, em que os autores tratam da matéria de que se ocupa;
subjetivistas, que definem o Direito do Trabalho em função dos sujeitos, das pessoas
que participam da relação de emprego e definições mistas, que se referem tanto às
pessoas como à matéria.
Por sua vez, a conceituação mista das correntes subjetiva e objetiva partem da
correta verificação de que o Direito do Trabalho tem, diante de si, a relação de
emprego e que deve discipliná-la; além disso, aprecia, igualmente, a identidade e a
situação social das partes que integram aquela relação.
Vejamos agora os conceitos decorrentes da corrente mista:
a) Direito Individual do Trabalho: “complexo de princípios, regras e institutos
jurídicos que regulam, no tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia
de trabalho, além de outras relações laborais normativamente especificadas”.

b) Direito Coletivo do Trabalho: “complexo de princípios, regras e institutos


jurídicos que regulam as relações laborais de empregados e empregadores, além de outros
grupos jurídicos normativamente especificados, considerada sua ação coletiva, realizada
autonomamente ou através das respectivas associações”
No conceito de Vólia Bomfim: “Direito do Trabalho é um sistema jurídico permeado
por institutos, valores, regras e princípios dirigidos aos trabalhadores subordinados e assemelhados,
aos empregadores, empresas coligadas, tomadores de serviço, para tutela do contrato mínimo de
trabalho, das obrigações decorrentes das relações de trabalho, das medidas que visam à proteção da
sociedade trabalhadora, sempre norteadas pelos princípios constitucionais, principalmente o da
dignidade da pessoa humana. Também é recheado de normas destinadas aos sindicatos e associações
representativas; à atenuação e forma de solução dos conflitos individuais, coletivos e difusos, existentes
entre capital e trabalho; à estabilização da economia social e à melhoria da condição social de todos
os relacionados”.
Para Amauri Mascaro Nascimento, a definição seria: É o ramo da ciência do direito
que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho
subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção
desse trabalho, em sua estrutura e atividade
Miguel Reale, o ilustre jurista, diz que no mundo atual: Realçando a finalidade
do direito como sendo a manutenção da ordem social, é imperiosa a existência de
um conjunto de normas jurídicas que disciplinem a vida em sociedade, impondo
limites, critérios de ação quanto às relações humanas.
Para ele a estrutura da norma jurídica é do tipo dever-ser. Procura disciplinar
atitudes, comportamentos, ações e omissões do homem em sociedade, de forma
preventiva. Portanto, o Direito do Trabalho reflete a visão humanista do próprio
Direito nas relações sociais, cujo objeto é o trabalho humano subordinado.
Já Mozart Victor Russomano expõe que: Direito do Trabalho é um conjunto
de princípios e normas tutelares que disciplinam as relações entre empresários e
trabalhadores ou entre as entidades sindicais que os representam, assim como outros
fatos jurídicos resultantes do trabalho.
De qualquer forma, o Direito do Trabalho pode ser apresentado como
individual ou coletivo.
A reunião do Direito Individual do Trabalho e do Direito Coletivo do
Trabalho cria o conhecido Direito Material do Trabalho. É o que se chama de
Direito do Trabalho no sentido lato:
"...pode, ..., ser definido como: complexo de princípios, regras e institutos
jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações
normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e
princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e
tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas".
Noutro conceito, pode ser assim definido o Direito Material do Trabalho:
“compreendendo o Direito Individual e o Coletivo – e que tende a ser
chamado, simplesmente de Direito do Trabalho, no sentido lato –, pode,
finalmente, ser definido como: complexo de princípios, regras e institutos
jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações
normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e
princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e
tomadores de serviço, em especial através de suas associações coletivas.
Já a denominação Direito do Trabalho é aceita com predominância na
doutrina, jurisprudência e em muitas leis e outros diplomas normativos.
Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o Direito do Trabalho
é o conjunto de princípios, regras e instituições atinentes à relação de trabalho
subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores condições de trabalho
e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que lhe são
destinadas.
Quando foi citado que o Direito do Trabalho é o conjunto de princípios,
regras e instituições atinentes à relação de trabalho quer dizer que a palavra “conjunto”
revela que a matéria é composta de várias partes organizadas, formando um sistema,
um todo, pois contém princípios que são colocações genéricas das quais derivam as
demais normas. Com o conhecimento dos princípios notaremos um tratamento
científico dado à disciplina, justificando, também, sua autonomia.
Os objetivos específicos seriam compreender as primeiras noções do Direito
do Trabalho e identificar os motivos que determinaram a sua criação. O seu objeto
é o estudo do trabalho subordinado. A CLT vai tratar do trabalhador urbano
subordinado, de modo geral, que é a pessoa que irá prestar serviços ao empregador
por conta deste.
O Direito do Trabalho tem por finalidade melhorar as condições de trabalho
dos trabalhadores e suas situações sociais, assegurando-lhes a prestação de seus
serviços em um ambiente salubre, por meio de um salário que proporcione uma vida
digna, podendo assim desempenhar seu papel na sociedade. Também corrige as
deficiências encontradas no âmbito da empresa, não só no que diz respeito às
condições de trabalho, mas também para assegurar uma remuneração honrada, a fim
de que o trabalhador possa suprir as necessidades de sua família, ou seja, visa
aperfeiçoar essas condições.
A melhoria das condições de trabalho e sociais do trabalhador foi aplicada por
meio de legislação que, antes de tudo, tem por objetivo protegê-lo. As medidas de
proteção a serem observadas são previstas na legislação, quando limita a jornada de
trabalho, assegura férias ao trabalhador depois de certo tempo, possibilita intervalos
nas jornadas, prevê um salário que é considerado o mínimo que o trabalhador irá
receber, etc.
Têm o Direito do Trabalho inúmeras regras que versam sobre a matéria. A
maioria delas está contida na CLT. A competência para tratar dessas regras é privativa
da União, conforme se verifica no inciso I do art. 22 da Constituição Federal. Lei
complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões específicas. Os
estados e municípios deverão respeitar as regras gerais em matéria trabalhista editadas
pela União, não podendo aqueles editar normas sobre o assunto.
No Direito do Trabalho não existem apenas conjuntos de princípios e regras,
mas também de instituições, de entidades, que criam e aplicam o referido ramo do
Direito. O Estado é o maior criador dessas normas. O Ministério do Trabalho edita
portarias, resoluções, instruções normativas, etc. Já a Justiça do Trabalho julga as
questões trabalhistas.

2) Natureza Jurídica:

Segundo Delgado, a definição, ou seja, a busca da essência e a classificação, ou


melhor, a busca do posicionamento comparativo fazem compreender a natureza do
assunto tratado.
Aqui tem-se a velha e infindável discussão a respeito de se saber se o Direito
do Trabalho é parte do Direito Público ou do Direito Privado.
Enfocando a substância central do Direito do Trabalho que seria a relação de
emprego, a conclusão a que se chega o autor é a de o Direito do Trabalho tem
natureza de Direito Privado, haja vista que a relação se daria entre particulares.
Mas o que é uma natureza jurídica dentro do ramo do Direito? Para Maurício
Godinho Delgado:
“A pesquisa acerca de natureza de um determinado fenômeno supõe a sua
precisa definição – como declaração de sua essência e composição – seguida
de sua classificação, como fenômeno passível de enquadramento em um
conjunto próximo de fenômenos correlatos. Definição (busca da essência) e
classificação (busca do posicionamento comparativo) eis a equação
compreensiva básica da idéia de natureza. Encontrar a natureza jurídica de
um instituto do Direito (ou até de um ramo jurídico, como o Direito do
Trabalho) consiste em se apreenderem os elementos fundamentais que
integram sua composição específica; contrapondo-os, em seguida, ao conjunto
mais próximo de figuras jurídicas (ou de segmentos jurídicos, no caso do ramo
justrabalhista), de modo a classificar o instituto enfocado no universo de
figuras existentes no Direito”.
Com esta direção de DELGADO podemos dizer que a Natureza Jurídica é a
busca da essência de determinado instituto. É uma precisa definição do ordenamento
que envolve a matéria jurídica, contendo seus elementos fundamentais que vão ajudar
a definir o direito, que em nosso caso, o Direito do Trabalho.
Temos a palavra chave “essência” para descobrir o que é natureza jurídica.
Esta palavra vem do latim “Essentia” que significa dizer “a natureza intima das
coisas; aquilo que faz que uma coisa seja o que é, ou que lhe dá aparência dominante;
aquilo que constitui a natureza de um objeto”.
Orlando Gomes especifica que “todo instituto jurídico tem no sistema seu lugar
próprio. Encontrá-lo é determinar-lhe a natureza. A localização ajuda a compreensão e aplicação
das regras agrupadas.”
Complementando, para MARTINS, “analisar a natureza jurídica de um instituto é
procurar enquadrá-lo na categoria a que pertence no ramo do Direito”.
Esta natureza pode ser dividida em Direito Público, Privado ou Misto que no caso
passaremos a estudar mais detalhadamente.
GARCIA comenta:
“No Direito do Trabalho observam-se diversas normas de caráter cogente,
ou seja, com natureza de ordem pública. Isso, no entanto, não significa que
o Direito do Trabalho seja considerado Direito Público, pois, não regula, de
forma preponderante, a atividade estatal, nem o exercício de seu poder de
império. O caráter imperativo de certas normas jurídicas apenas significa a
relevância para a sociedade, na sua observância”
Outra citação bastante importante é a de BASILE:
“O Direito do Trabalho constitui ramo do Direito Privado, posto que
oriundo do instituto romano civil locatio conductio operarum (locação de mão
de obra) e, principalmente, porque envolve, na grande maioria das vezes, dois
sujeitos particulares. Embora muitas de suas normas revelem feição protetiva
(restringindo a autonomia privada das partes) e regulamentem mecanismos
públicos de fiscalização, isso não será suficiente para alterar sua natureza
jurídica”.
DELGADO já afirma:
“Nesse debate teórico, o Direito do Trabalho já foi classificado como
componente do Direito Público, por autores de distinta especialização
jurídica. Prepondera, hoje, entretanto, a classificação do ramo justrabalhista
no segmento do Direito Privado. Há autores, contudo, que consideram esse
ramo jurídico inassimilável a qualquer dos dois grandes grupos clássicos
enquadrando-se em um terceiro grande grupo de segmentos jurídicos, o Direito
Social”.
Temos uma visão clara que a natureza do direito do trabalho pode ser dividida
em Direito Público, Privado, Misto, ou até mesmo Social e Unitário.
O direito do trabalho sendo público ou objetivo, e privado ou subjetivo tem
uma abrangência especial no ramo do Direito. É difícil conceituar outros ramos do
Direito positivo tendo mais de uma natureza jurídica, que por sua vez, o Direito do
trabalho pode se confundir entre direito público e privado em nosso tempo
contemporâneo.
Porém, por mais que o direito do trabalho possa ser visto como um direito
público, assim como foi exposto pela citação de DELGADO, o entendimento
majoritário diz que este direito é privado, pois seu centro visa o contrato de trabalho.
A sua essência é a relação de empregado e empregador, seja esta público ou privado,
sendo assim, um contrato que os rege.
É importante saber que a natureza do direito do trabalho foi definida como
“privado” não porque simplesmente o direito passou a existir e assim autores fizeram
suas denominações. Todo este conceito andou juntamente com a história, pois, com
o determinado tempo houve filosofias, pensamentos divergentes, política, que assim
definiu este direito. Como encontramos o significado da palavra essência no começo
deste estudo.

3) Fontes do Direito do Trabalho.

Fonte é aquilo que origina ou produz, o mesmo que origem ou causa. Fontes
do Direito são “os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas
jurídicas. É tudo o que dá origem, que produz o direito”.
O termo fonte vem do latim fons, que se traduz como nascente ou manancial,
e comporta vários significados no mundo jurídico, como: origem do Direito,
fundamento de validade das normas jurídicas ou exteriorização do Direito.
Nesse sentido, “Fonte de Direito do Trabalho significa: meio pelo qual o
Direito do Trabalho se forma, se origina e estabelece suas normas jurídicas”
As fontes do Direito do Trabalho estão divididas em dois grandes ramos:
3.1 - Fontes Materiais
Constituem fontes materiais o conjunto de fatos econômicos, filosóficos,
políticos ou sociais que de uma forma ou de outra influenciam a formação de todo
o corpo de normas objeto de estudo do Direito do Trabalho.
As fontes materiais são consideradas uma etapa anterior ao surgimento das
fontes formais.
A fonte do direito do trabalho do tipo material é a antecipação da elaboração
da norma jurídica positivada nas fontes formais.
As fontes materiais são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento
de normas, compreendendo fatos e valores. São estudados os fatores sociais,
psicológicos, econômicos, históricos, dentre outros, sendo realizada uma análise de
fatos reais que influenciarão na edição da norma jurídica. (MARTINS, Sérgio Pinto.
2017, p. 37).
A fonte do Direito do Trabalho, do tipo materiais, são aquelas que se baseiam
em acontecimentos ou fatos sociais, econômicos, filosóficos e políticos, nos quais o
legislador se inspira para elaborar as norma jurídicas.
As fontes materiais são responsáveis pelo surgimento ou pela alteração das
normas e são de observância facultativa, ou seja, não obrigatórias.
Assim, nem todo fato social irá necessariamente dar origem a uma norma
jurídica. As fontes materiais do Direito do Trabalho encontram fundamento na teoria
tridimensional do Direito - fato, valor e norma (Miguel Reale).
De acordo com essa teoria o fato influencia no surgimento de uma fonte
material. Isso porque se acontecer um determinado fato, a sociedade poderá dar valor
a esse acontecimento e o legislador irá elaborar uma norma jurídica para regular esse
fato.
São Exemplos de Fontes Materiais:
• Constantes reivindicações dos trabalhadores e dos empregadores em busca de
melhores condições de trabalho;
• Exercício do direito de greve;
• Mobilização sindical para pedir a redução do limite da jornada de trabalho;
• Reforma Trabalhista: mobilização para flexibilização das normas trabalhistas
(crise mundial), trazendo maior diálogo entre empregador e empregado.
Negociado prevalecerá sobre o legislado - redução do rigor das leis
trabalhistas.
Nos dizeres de Vólia Bomfim Cassar, as “fontes materiais de Direito do Trabalho
encontram-se num estágio anterior às fontes formais, porque contribuem com a formação do direito
material; é antecedente lógico das fontes formais”.
Para a ilustre doutrinadora, “o fenômeno da movimentação social dos trabalhadores, em
busca de melhoria das condições de trabalho através de protestos, reivindicações e paralisações,
constituem exemplos de fonte material de Direito do Trabalho. Da mesma forma, as pressões dos
empregadores em busca de seus interesses econômicos ou para flexibilização das regras rígidas
trabalhistas também são consideradas fontes materiais. Em resumo, a fonte material de Direito do
Trabalho é a ebulição social, política e econômica que influencia de forma direta ou indireta na
confecção, transformação ou formação de uma norma jurídica. Afinal, as leis são confeccionadas
para a satisfação dos apelos sociais e o direito para satisfazer a coletividade”.
Na concepção de Maurício Godinho Delgado, as “fontes materiais dividem-
se, por sua vez, em distintos blocos, segundo o tipo de fatores que se enfoca no
estudo da construção e mudanças do fenômeno jurídico. Pode-se falar, desse modo,
em fontes materiais econômicas, sociológicas, políticas e, ainda, filosóficas (ou
político-filosóficas), no concerto dos fatores que influenciam a formação e
transformação das normas jurídicas.”
3.2 – Fontes Formais
As fontes do Direito do Trabalho, do tipo formais, nada mais são do que a
exteriorização das normas jurídicas trabalhistas. São os meios de revelação e
transparência da norma jurídica, pelos quais se reconhece a sua positividade.
A fonte formal surge quando o valor criado pelas fontes materiais se torna
uma norma jurídica. As normas jurídicas são de observância obrigatória pela
sociedade.
Deverão ser cumpridas por todas as pessoas, quem quer que sejam. São
obrigatórias pois possuem caráter imperativo.
As fontes do direito do trabalho (formais) podem ser elaboradas pelo Estado
ou pelos destinatários das normas (classe operária e classe empresarial).
Se o Estado elaborar as normas jurídicas trabalhistas, essas serão de
observância obrigatória por toda a sociedade. Já se as normas jurídicas trabalhistas
forem elaboradas por seus destinatários (por acordo ou convenção coletiva), as
partes afetadas pelo acordo ou convenção é que serão impactadas pela norma
jurídica.
Por sua vez, as Fontes Formais podem ser classificadas em dois subgrupos:
3.2.1 - Fontes Formais Autônomas
As fontes formais autônomas são fontes do direito do trabalho discutidas e
elaboradas pelas partes diretamente interessadas e afetadas pela criação da norma
jurídica trabalhista. São fontes do direito do trabalho originadas da vontade expressa
das partes interessadas em criar a norma jurídica.
Exemplos:
• Convenção Coletiva de Trabalho - acordo entre sindicato profissional e
sindicato da categoria econômica. As cláusulas de uma convenção coletiva
serão fruto de uma composição entre o sindicato dos trabalhadores (categoria
profissional) e o sindicato dos empregadores (categoria econômica), acerca de
condições de trabalho.
• Acordo Coletivo de Trabalho - acordo entre empresa e sindicato
representante da categoria profissional. As cláusulas de um acordo coletivo
serão resultado de uma conciliação sobre condições de trabalho entre
sindicato dos trabalhadores (categoria profissional) e uma ou mais empresas.

• Usos e Costumes, sento este último é a vontade social decorrente de uma


prática reiterada, de certo hábito, de seu exercício”, enquanto o uso “envolve
o elemento objetivo do costume, que é a reiteração em sua utilização”, por
exemplo, aparecer regras na própria empresa que, por serem aplicadas
reiteradamente, acabaram sendo disciplinadas por lei, como foi que ocorreu
com o 13º salário.
3.2.2 - Fontes Formais Heterônomas:
São aquelas “decorrentes de regras cuja produção não se caracteriza pela
imediata participação dos destinatários principais das mesmas regras jurídicas. São,
em geral, as regras de direta origem estatal, como a Constituição, as leis, medidas
provisórias, decretos e outros diplomas produzidos no âmbito do aparelho do
Estado (é também heterônoma a hoje cada vez mais singular fonte justrabalhista
brasileira denominada sentença normativa)”.
Na visão de Vólia Bomfim, “são aquelas que emanam do Estado e
normalmente são impostas ou aquelas em que o Estado participa ou interfere”.
Recorreremos mais uma vez á classificação de Maurício Godinho Delgado.
Segundo ele, constituem fontes formais heterônomas:
• Constituição Federal;
• Lei Complementar;
• Lei Ordinária;
• Lei Delegada;
• Medida Provisória (matéria de relevância e urgência);
• Tratados e Convenções Internacionais ratificadas pelo Brasil;
• Decretos;
• Portarias, Avisos, Circulares, Instruções;
• Sentença Normativa: decisão de tribunais em dissídio coletivo.
BIBLIOGRAFIA:
DELGADO, Maurício Godinho, Curso de Direito do Trabalho, 17ª edição, São
Paulo: LTr, 2017;
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. Niterói: Impetus, 2018.
NORONHA NETO, Francisco Tavares. Noções fundamentais de Direito do
Trabalho . Jus Navigandi, Teresina, a. 10, n. 904, 24 dez. 2005. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7686. Acesso em: 27 dez. 2017;
MAFRA., Francisco. Direito do Trabalho: conceito, características, divisão,
autonomia, natureza, funções. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 28, abr 2006.
Disponível em: < http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=981>.
Acesso em ago 2018.
GOMES. Orlando. Introdução do Direito Civil. 19ª Ed. Revista, Atualizada e
Aumentada de acordo com o código civil de 2002. Editora Forense: Rio de Janeiro,
2009. Pág. 12.
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito do Trabalho. 2º Ed. Revista e
Atua. Editora Método: São Paulo, 2010. Pág. 03.
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 10ª Ed. Editora Atlas: São Paulo,
2016.
BASILE, César Reinaldo Offa. Direito do Trabalho, Teoria Geral a Segurança e
Saúde. Editora Saraiva: 2012. 5º Ed. volume 27. Pág. 20.

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