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Jurídica e Fontes.
1) Conceitos.
A tarefa de conceituar um ramo do direito pode ser muito extensa. O
Doutrinador Maurício Godinho Delgado inicia o seu Curso de Direito do Trabalho
com o seguinte parágrafo:
"O Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado, que regula certo tipo
de relação laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar-se
pela apresentação de suas características essenciais, permitindo ao analista
uma imediata visualização de seus contornos próprios mais destacados".
Podemos identificar, na doutrina, três correntes de pensamento teórico acerca
da definição de Direito do Trabalho.
a) Corrente subjetivista: define o Direito do Trabalho tendo como premissa
os sujeitos da relação de trabalho;
2) Natureza Jurídica:
Fonte é aquilo que origina ou produz, o mesmo que origem ou causa. Fontes
do Direito são “os meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas
jurídicas. É tudo o que dá origem, que produz o direito”.
O termo fonte vem do latim fons, que se traduz como nascente ou manancial,
e comporta vários significados no mundo jurídico, como: origem do Direito,
fundamento de validade das normas jurídicas ou exteriorização do Direito.
Nesse sentido, “Fonte de Direito do Trabalho significa: meio pelo qual o
Direito do Trabalho se forma, se origina e estabelece suas normas jurídicas”
As fontes do Direito do Trabalho estão divididas em dois grandes ramos:
3.1 - Fontes Materiais
Constituem fontes materiais o conjunto de fatos econômicos, filosóficos,
políticos ou sociais que de uma forma ou de outra influenciam a formação de todo
o corpo de normas objeto de estudo do Direito do Trabalho.
As fontes materiais são consideradas uma etapa anterior ao surgimento das
fontes formais.
A fonte do direito do trabalho do tipo material é a antecipação da elaboração
da norma jurídica positivada nas fontes formais.
As fontes materiais são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento
de normas, compreendendo fatos e valores. São estudados os fatores sociais,
psicológicos, econômicos, históricos, dentre outros, sendo realizada uma análise de
fatos reais que influenciarão na edição da norma jurídica. (MARTINS, Sérgio Pinto.
2017, p. 37).
A fonte do Direito do Trabalho, do tipo materiais, são aquelas que se baseiam
em acontecimentos ou fatos sociais, econômicos, filosóficos e políticos, nos quais o
legislador se inspira para elaborar as norma jurídicas.
As fontes materiais são responsáveis pelo surgimento ou pela alteração das
normas e são de observância facultativa, ou seja, não obrigatórias.
Assim, nem todo fato social irá necessariamente dar origem a uma norma
jurídica. As fontes materiais do Direito do Trabalho encontram fundamento na teoria
tridimensional do Direito - fato, valor e norma (Miguel Reale).
De acordo com essa teoria o fato influencia no surgimento de uma fonte
material. Isso porque se acontecer um determinado fato, a sociedade poderá dar valor
a esse acontecimento e o legislador irá elaborar uma norma jurídica para regular esse
fato.
São Exemplos de Fontes Materiais:
• Constantes reivindicações dos trabalhadores e dos empregadores em busca de
melhores condições de trabalho;
• Exercício do direito de greve;
• Mobilização sindical para pedir a redução do limite da jornada de trabalho;
• Reforma Trabalhista: mobilização para flexibilização das normas trabalhistas
(crise mundial), trazendo maior diálogo entre empregador e empregado.
Negociado prevalecerá sobre o legislado - redução do rigor das leis
trabalhistas.
Nos dizeres de Vólia Bomfim Cassar, as “fontes materiais de Direito do Trabalho
encontram-se num estágio anterior às fontes formais, porque contribuem com a formação do direito
material; é antecedente lógico das fontes formais”.
Para a ilustre doutrinadora, “o fenômeno da movimentação social dos trabalhadores, em
busca de melhoria das condições de trabalho através de protestos, reivindicações e paralisações,
constituem exemplos de fonte material de Direito do Trabalho. Da mesma forma, as pressões dos
empregadores em busca de seus interesses econômicos ou para flexibilização das regras rígidas
trabalhistas também são consideradas fontes materiais. Em resumo, a fonte material de Direito do
Trabalho é a ebulição social, política e econômica que influencia de forma direta ou indireta na
confecção, transformação ou formação de uma norma jurídica. Afinal, as leis são confeccionadas
para a satisfação dos apelos sociais e o direito para satisfazer a coletividade”.
Na concepção de Maurício Godinho Delgado, as “fontes materiais dividem-
se, por sua vez, em distintos blocos, segundo o tipo de fatores que se enfoca no
estudo da construção e mudanças do fenômeno jurídico. Pode-se falar, desse modo,
em fontes materiais econômicas, sociológicas, políticas e, ainda, filosóficas (ou
político-filosóficas), no concerto dos fatores que influenciam a formação e
transformação das normas jurídicas.”
3.2 – Fontes Formais
As fontes do Direito do Trabalho, do tipo formais, nada mais são do que a
exteriorização das normas jurídicas trabalhistas. São os meios de revelação e
transparência da norma jurídica, pelos quais se reconhece a sua positividade.
A fonte formal surge quando o valor criado pelas fontes materiais se torna
uma norma jurídica. As normas jurídicas são de observância obrigatória pela
sociedade.
Deverão ser cumpridas por todas as pessoas, quem quer que sejam. São
obrigatórias pois possuem caráter imperativo.
As fontes do direito do trabalho (formais) podem ser elaboradas pelo Estado
ou pelos destinatários das normas (classe operária e classe empresarial).
Se o Estado elaborar as normas jurídicas trabalhistas, essas serão de
observância obrigatória por toda a sociedade. Já se as normas jurídicas trabalhistas
forem elaboradas por seus destinatários (por acordo ou convenção coletiva), as
partes afetadas pelo acordo ou convenção é que serão impactadas pela norma
jurídica.
Por sua vez, as Fontes Formais podem ser classificadas em dois subgrupos:
3.2.1 - Fontes Formais Autônomas
As fontes formais autônomas são fontes do direito do trabalho discutidas e
elaboradas pelas partes diretamente interessadas e afetadas pela criação da norma
jurídica trabalhista. São fontes do direito do trabalho originadas da vontade expressa
das partes interessadas em criar a norma jurídica.
Exemplos:
• Convenção Coletiva de Trabalho - acordo entre sindicato profissional e
sindicato da categoria econômica. As cláusulas de uma convenção coletiva
serão fruto de uma composição entre o sindicato dos trabalhadores (categoria
profissional) e o sindicato dos empregadores (categoria econômica), acerca de
condições de trabalho.
• Acordo Coletivo de Trabalho - acordo entre empresa e sindicato
representante da categoria profissional. As cláusulas de um acordo coletivo
serão resultado de uma conciliação sobre condições de trabalho entre
sindicato dos trabalhadores (categoria profissional) e uma ou mais empresas.