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HISTÓRICO – EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO

Em 04 de março de 1998 o decreto Nº 2508 promulga (publica oficialmente) que a convenção


Internacional para a Prevenção Causada por Navios (MARPOL) concluída em 17 de fevereiro de 1978 e
todos os seus anexos serão executados e cumpridos tão inteiramente como neles se contém.
A MARPOL passa a ser, no Brasil, referência no combate à poluição causada por navios. E também
define: substâncias nocivas e descarga.
Até então, a MARPOL continha, no anexo IV, as seguintes características:
A sua definição de esgoto não contém as características das águas cinzas, preocupando-se somente
com “águas negras”.
Na regra 5 determina a necessidade de um certificado Internacional de Prevenção da Poluição por
Esgoto, onde a MEPC. 2(VI) de 1976 determina os parâmetros de testes de performance das unidades de
tratamento sanitário.
Na regra 9 especifica que os navios devem possuir um dos três sistemas de esgotos:
1- Instalação de tratamento de esgotos, ou
2- Sistema de trituração e desinfetação de esgoto, bem como um meio para armazenamento temporário,
ou
3- Um tanque de armazenamento com capacidade para retenção de todo o esgoto, com indicação visual
de seu conteúdo, tendo em vista a operação do navio.
Na regra 11 proíbe a descarga de esgoto para o mar, exceto quando:
1- Haja um sistema de esgoto triturado e desinfetado (regra 9.1.2), e a uma distância superior a 3
milhas náuticas da terra mais próxima, ou sem triturar e desinfetar a mais de 12 milhas, em
ambos os casos com velocidade superior a 4 noz., ou
2- Haja um sistema de tratamento de esgoto (regra 9.1.1), e
1- Os resultados dos testes da instalação constem do certificado Internacional de Prevenção da
Poluição por Esgoto, e
2- Os efluentes não apresentem sólidos flutuantes visíveis, nem causem uma descoloração da
água em volta dele.

Em 28 de abril de 2000 a lei 9966 dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em AJB, e abrange portos
organizados, instalações portuárias, plataformas e navios em AJB (Artigo 1º), e aplica-se quando ausentes os
pressupostos para aplicação da MARPOL, e em sua complementação. (Artigo 1º itens I e II)
Ela também apresenta várias definições, entre elas:

1- Navio- qualquer embarcação que opere em ambiente aquático,

2- Substância nociva- qualquer substância que, se descarregada nas águas, é capaz de gerar riscos ou
causar danos à saúde humana, ao ecossistema aquático ou prejudicar o uso da água e de seu
entorno;

No seu artigo 4º determina que as substâncias nocivas sejam divididas em quatro categorias (A – B -
C - D).
Assim como a “MARPOL”, ela estabelece que todo porto organizado deve dispor instalações de
instalações ou meios adequados para o recebimento e tratamento dos diversos tipos de resíduos e para o
combate da poluição.

Em seu artigo16º proíbe a descarga das substâncias (B, C e D), exceto se atendidas cumulativamente
as seguintes condições:

I – a situação em que ocorrer o lançamento enquadre-se nos casos permitidos pela Marpol 73/78;

II – o navio não se encontre dentro dos limites de área ecologicamente sensível;

III – os procedimentos para descarga sejam devidamente aprovados pelo órgão ambiental competente.

Ainda nesse artigo determina que os esgotos sanitários e as águas servidas de navios, plataformas e suas
instalações de apoio equiparam-se, em termos de critérios e condições para lançamento, às substâncias
classificadas na categoria "C", definida no art. 4o desta Lei; e portanto as águas servidas também devem ser
tratadas.

E que: Os lançamentos de que trata o parágrafo anterior deverão atender também às condições e aos
regulamentos impostos pela legislação de vigilância sanitária.

No seu capítulo 5º determina as infrações e sanções.

Então nota-se que a partir desta lei as águas cinzas também passam a requerer tratamento.

Em 13 de outubro de 2006 é adotada pela MARPOL a resolução MEPC.159(55) em substituição à


MEPC.2(VI) de 1976. O prazo limite para entrar em vigor é 01 de janeiro de 2010.

Ela estabelece menores valores tolerados para os testes de performance das unidades de tratamento
sanitário. Acrescenta o controle de COD (demanda química de oxigênio), o controle de PH, e determina um
valor limite para o resíduo de desinfetante (hipoclorito-0,5 mg/L).

Determina também a necessidade de treinamento dos tripulantes para operação e manutenção da


planta de tratamento sanitário.

Implementa a definição de águas cinzas: drenagem de pias de cozinhas,lavatórios, chuveiros,


lavanderias,e banhos.
Determina também que mesmo trabalhando com uma instalação aprovada, os efluentes não devem
conter sólidos visíveis ou causar descoloração na água ao redor.
Altera a descrição do certificado internacional de tratamento sanitário.

Em 29 de dezembro de 2009 é adotada a Resolução “RDC 72”, que estabelece os requisitos mínimos
para a promoção da saúde nos portos de controle sanitário instalados em território nacional, e embarcações
que por eles
transitem, nos termos desta Resolução.
Na seção VII trata do tanque de retenção e tratamento de dejetos e águas servidas.

No artigo 66º proíbe a liberação de efluentes não tratados.


No artigo 67º determina que embarcações com sistema de tratamento de efluentes não certificados devem
manter a válvula de costado fechada e lacrada.

No artigo 69º determina o sistema de tratamento de dejetos e águas servidas devem apresentar condições
higiênicas satisfatórias, bem como limpeza e manutenção preventiva.

O artigo 71 prescreve que as embarcações equipadas com sistema de tratamento de efluentes sanitários, em
correta operação, cujo padrão encontre-se aprovado pela Organização Marítima Internacional - IMO e que
possuam o Certificado Internacional de Prevenção da Poluição por Esgoto, quando atracadas, podem
fazer a liberação do efluente sanitário no ambiente aquático, mediante a manifestação prévia da autoridade
sanitária, devendo as válvulas de desvio, by pass, do sistema de tratamento, que possam descarregar
efluentes para o meio aquático, permanecer fechadas e lacradas.

§ 1º Para liberação dos efluentes sanitários no ambiente aquático, os resultados do teste de instalação devem
estar lançados no Certificado Internacional de Prevenção da Poluição por Esgoto, e, adicionalmente, os
efluentes resultantes do tratamento não devem apresentar sólidos flutuantes visíveis, nas águas circundantes,
nem produzir a descoloração das mesmas.

Em 05 de outubro de 2012 é adotada pela MARPOL a Resolução MEPC.227(64) em substituição à


MEPC.159(55), e com prazo para entrar em vigor em: 01 de janeiro de 2016.
Quanto aos resultados dos testes de performance dos sistemas de tratamento sanitário acrescenta-se o
controle de (“N”˂Qi/Qe mg/L, ou redução de 70%) e de (“P”˂1,0 Qi/Qe mg/L, ou redução de 80%) . (Qe=
material resultante do tratamento)
Permanece a necessidade de treinamento a bordo para operação e manutenção das instalações de
tratamento sanitário, e acrescenta-se a necessidade do registro das manutenções e reparos efetuados.
Melhora a definição de águas cinzas acrescentando que não são incluídas as drenagens de toaletes,
sanitários, hospitais, e espaços de animais, e também não inclui drenagens dos espaços de carga.
E as águas cinzas também aparecem nos cálculos de Qd (dilution-toda água de diluição: águas
cinzas, água salgada introduzida). e Qi (influent-líquido que contém esgoto e águas cinzas a ser processado).

RESUMO

Apesar de no seu início o anexo IV da Marpol regular somente o esgoto sanitário a bordo; com sua
evolução, até chegar na Resolução MEPC.227(64) que entra em vigor em 01 de janeiro de 2016 já está
presente a definição de águas cinzas, bem como sua medição durante os testes de performance das unidades
de tratamento sanitário.
Em paralelo a legislação brasileira adota a Marpol, desde 1998, e prevê tanto na lei 9966, como na
RDC 72 o tratamento de esgoto e de águas cinzas, e a possibilidade de liberação, após tratamento, em
ambiente portuário, desde que a instalação seja certificada (certificado internacional-Marpol) e a ANVISA
notificada.
Em adição a lei 9966 de 2000 delega à ANVISA o controle sanitário nos portos.

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