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Resumo:
O emprego do aço associado às novas técnicas construtivas, ao fator econômico e aos
recursos computacionais hoje disponíveis, tem motivado a adoção e utilização de sistemas
estruturais cada vez mais leves e esbeltos. Os pórticos metálicos esbeltos, em particular, têm
sido largamente empregados pelos projetistas e engenheiros estruturais. Essas estruturas
podem exibir, dependendo da sua geometria, magnitude e tipo de carregamento, e condições
de apoio, um comportamento fortemente não-linear, com o surgimento de pontos críticos
(pontos limites e bifurcação) ao longo das trajetórias de equilíbrio seguidos de perda de
estabilidade da estrutura. Neste trabalho são analisados alguns aspectos importantes da
estabilidade elástica e equilíbrio estático e dinâmico dos pórticos em L esbeltos com ligações
semi-rígidas quando estes são submetidos a diferentes tipos de carregamento. O procedimento
computacional adotado aqui para a obtenção da resposta não-linear estática do problema
segue uma estratégia incremental-iterativa, com iterações do tipo Newton-Raphson acopladas
às tecnicas de continuidade, como comprimento de arco. Esse procedimento permite a
obtenção de trajetórias de equilíbrio fortemente não-lineares. O problema dinâmico não-linear
é resolvido neste trabalho através de métodos de integração numérica baseados no algoritmo
de Newmark com uma eficiente estratégia adaptativa de incremento da variável tempo.
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-
(1)
- Contribuição Técnica a ser apresentada no “III Congresso Internacional da Construção
Metálica – III CICOM” – abril, 2006 – Ouro Preto, MG, Brasil.
(2)
- Pesquisador Recém-Doutor no Depart. de Engenharia Civil, EM/UFOP – Ouro Preto,
MG, Brasil.
(3)
- Prof. do Depart. de Engenharia Civil, PUC-Rio – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”
(4)
- Prof. Adjunto do Depart. de Engenharia Civil, EM/UFOP – Ouro Preto, MG, Brasil.
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”
1- INTRODUÇÃO
método dos elementos finitos (MEF), o equilíbrio de qualquer sistema estrutural pode ser
expresso por:
Fi ( U ) = λFr (1)
sendo que Fi é o vetor das forças internas, que é função dos deslocamentos nodais U; λ é um
escalar que representa o fator de carga; e Fr é um vetor que define a direção e a distribuição
do carregamento aplicado (vetor de referência).
Para se obter o caminho de equilíbrio não-linear de uma dada estrutura, utiliza-se uma técnica
incremental para resolver o sistema de equações representado pela Eq. (1). Esse procedimento
consiste em se calcular uma seqüencia de deslocamentos incrementais ∆U1, ∆U2, ∆U3, ...
correspondentes a uma seqüência de incrementos de carregamento representada por ∆λ1, ∆λ2,
∆λ3,... Em cada incremento de carga ∆λ, entretanto, devido à não-linearidade de Fi, o
problema deve ser obtido através de iterações do tipo Newton-Raphson, com o intuito de
estabelecer o equilíbrio do sistema estrutural (Fi ≅ λFr).
As freqüências de vibração de uma estrutura carregada, bem como os modos de vibração
correspondentes, podem ser obtidas resolvendo-se o seguinte problema de auto-valores:
[[K L ]
+ K τ ] - ω2 M X = 0 (2)
INÍCIO DO
PROCESSAMENTO Leitura de dados de entrada
Ciclo incremental-Iterativo
inc=1,2,...No máximo de incrementos Solução predita: ∆λ0 e ∆u 0
Sim
g Vetor de forças residuais:
∆λFr
≤ζ ? g = λFr − Fi (U)
Vetor de forças internas: Fi
FIM DO
Arquivos de saída PROCESSAMENTO
8
500
7
450
500
6 d a 400 Sc = 10 (x EI/L)
as ta
i eng Sc = 20 (x EI/L)
u na b
5 Col 350 Sc = 10 (x EI/L)
Sc = 5 (x EI/L)
ω2(EI/ ρ AL 4 )
300 Sc = 1 (x EI/L)
E I/ L
P/P e
0
4 Sc = 1 Sc = 0
250
E I/L
Sc = 5
3 200
I/L
Sc = 2 E
150
2
apoiada
Coluna bi 100
1
50
0 0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0
u | P/Pe |
(a) Trajetórias não-lineares de equilíbrio estático. (b) Freqüência natural x carregamento..
Figura 3: Análise não-linear estática e de vibração livre para diferentes valores de Sc.
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”
2.9
2.8
2.7
2.6
2.5
2.4
2.3
2.2
2.1
Pc / Pe 2.0
1.9
Chan e Chui (2000)
1.8
1.7 Análise estática
1.6 Análise de vibração
1.5
1.4
1.3
1.2
1.1
1.0
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0
Sc/(EI/L)
Figura 4: Variação da carga crítica da coluna com o parâmetro Sc.
Ainda no contexto do MEF, a resposta transiente não-linear de sistemas estruturais pode ser
obtida resolvendo-se a seguinte equação de movimento:
&& + C U
M U & + F ( U ) = λ(t) F (3)
i r
_____________________________________________________________________________________
& e 0U
a. Valores iniciais de 0 U, 0 U && e montagem da matriz M;
b. Para cada passo no tempo ∆t:
1. Calcule as matrizes de rigidez K e amortecimento C;
2. Calcule as constantes do método:
1 γ 1 ⎛ 1 ⎞ γ ∆t ⎛ γ ⎞
a0 = , a2 =
, a1 = , a 3 = ⎜⎜ − 1⎟⎟ , a 4 = − 1 , a 5 = ⎜⎜ − 2 ⎟⎟ ,
β∆t β ∆t
2
β ∆t ⎝ 2β∆t ⎠ β 2 ⎝β ⎠
a 6 = a 0 , a 7 = −a 2 , a8 = −a 3 , a 9 = ∆t (1 − γ ) , a10 = ∆tγ .
3. Monta a matriz de rigidez efetiva: Kˆ = K + a0 M + a1 C
4. Calcula o vetor de cargas efetivo: Fˆ = t +∆t λFr + M a 2 t U& + a 3 t U
)
&& + C a 4 t U
& + a5 t U (
&& − t F
i ) ( )
5. Avalia os deslocamentos incrementais: K ∆U = Fˆ
6. Processo iterativo para convergir ao equilíbrio dinâmico: k = 1, 2, ...
i. Calcula as aproximações para acelerações, velocidades e deslocamentos:
t + ∆t && = a0 ∆U − a2 t U
& − a3 t U
&& t + ∆t & = a1 ∆ U − a4 t U
& − a5 t U
&& t + ∆t
U U Uk =t U + ∆Uk
k k
; k k ;
t + ∆t
ii. Calcula o vetor de forças internas: Fi k +1 = t Fi + K ∆ U k +1
iii. Calcula o vetor de forças residuais: λFr − M t + ∆t U&& + C t U
k
t + ∆t
& +
k R k +1 = t + ∆t
( t + ∆t
Fi k )
)
iv. Calcula a correção dos deslocamentos incrementais: K δU k +1 = t +∆t R k +1
v. Corrige os deslocamentos incrementais: ∆U k +1 = ∆U k + δU k +1
∆U k +1 ⎧ Não → vai para 6
vi. Verifica a convergência: ≤ fator de tolerância? ⎨
⎩Sim → Continue
t
U + ∆U k +1
vii. Obtém as acelerações, velocidades e deslocamentos em t+∆t.
c. Para o próximo passo de tempo:
1. Avalia o vetor de forces internas t + ∆t Fi = t Fi + K ∆ U
2. Seleciona um novo passo de tempo ∆t (estratégia adaptativa) e volta para b.
______________________________________________________________________________
12.943
0.05
w
6
∆t = 10 -4s
-4
A = 0.183 I = 8.646 X 10 E = 10.3 X 10 0.00
0.000 0.005 0.010 0.015 0.020
-4
ρ = 8.646 X 10 t(s)
(a) Pórtico de Williams. (b) Resposta transiente.
4- ANÁLISE DO PÓRTICO EM L
P(t) = λ(t)
λ
Sc EI λ(t) = λ
2 6
EAL /EI = 10 (a)
t
θ E = 21000 kN/cm 2
2 4 λ
ρ = 7.65 kN s /cm
L
λ(t) = A sen(Ωt)
L = 580 cm
As = 4.0368 cm2 (b)
L Is = 1.358 cm4 t
Figura 7: Pórtico em L.
A variação das três primeiras freqüências da estrutura descarregada com Sc é apresentada na
Tab. I. Observe que à medida que a rigidez da ligação se aproxima de zero, ou seja, a ligação
tende a uma rótula perfeita, as duas primeiras freqüências se aproximam. Nota-se que, dentre
as três freqüências analisadas, a segunda freqüência é a mais influenciada pela rigidez Sc da
ligação. Isso pode ser explicado analisando-se os modos de vibração apresentados na Fig. 9,
que exibe os 3 primeiros modos de vibração para Sc = 5EI/L e Sc ≅ ∞.
P
2.6
2.4
2.2 P
2.0
1.8
Galvão
Galvão
Sc = 5 EI/L
1.6
Sc = 1 EI/L 60 Sc = 10 15 EI/L
1.4 Sc = 5 EI/L
P/Pe
40 Sc = 1 EI/L
Galvão
1.2 P
1.0
20 Sc = 0
0.8
ω2
0.6 0
0.4
0.2
Galvão
-20
0.0 -40
-130 -100 -70 -40 -10 20 50
-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2. 5
θ (deg)
P/Pe
Figura 8: Análise não-linear estática e de vibração livre para diferentes valores de Sc.
Sc = 5EI/L
Modo 1.
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”
Sc = 5EI/L
Modo 2.
Sc = 5EI/L
Modo 3.
Sc ω1 ω2 ω3
∞ 7.67 13.25 34.56
5 EI/L 7.64 11.53 34.52
1 EI/L 7.49 9.82 34.36
0 7.04 8.92 33.95
Nota-se que a variação do ângulo entre as barras com Sc é bem maior para o segundo modo,
levando a uma maior contribuição da mola na rigidez total do sistema.
Para se entender o comportamento estático e dinâmico em estágios pós-críticos avançados,
são mostradas na Fig. 10, para o pórtico com ligação semi-rígida (Sc = 5EI/L) e carga
concentrada, as curvas de variação das duas primeiras freqüências naturais com o nível de
carregamento até se alcançar grandes deslocamentos e rotações.
Os resultados mostram que, como no caso do arco (Galvão et al., 2005b), o carregamento
afeta de forma marcante ambas as freqüências. Sabendo-se que as regiões da trajetória onde o
equilíbrio é estável possuem todas as freqüências naturais com valores reais e que as regiões
correspondentes a valores negativos de ω2 são instáveis (freqüência natural com valor
imaginário), pode-se destacar as configurações estáveis e as instáveis, como mostra as Figs.
10c e 10d. Esses resultados revelam mais um ramo de equilíbrio estável associado a grandes
deslocamentos.
1 2.4 E A
0.8 2 F
0.6
E 1.6
0.4 B
0.2 1.2
(ω/ω0 )2
(ω/ω0 )2
D A B G
0 J 0.8
F D
-0.2 C
C=G
0.4 Sc = 5 EI/L
-0.4 H L KJ H KJ
0
-0.6 I= M Sc = 5 EI/L L I
-0.4 M
-0.8
-1 -0.8
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
P/Pe P/Pe
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”
3 3.0
Trecho estável
Trecho estável 2.5 B Trecho instável
B
Trecho instável 2.0
2
AF 1.5 A
P/Pe
P/Pe
1 1.0 M
0.5 J
C M EK J I C K I G E
0 G 0.0
L D H
L H -0.5
D -1.0
-1
-80 -40 0 40 80 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
θ (deg) w/L
(c) Caminho de equiíbrio da rotação θ. (d) Caminho de equilíbrio do deslocamento w.
-0.02
-0.001
-0.04
-0.002
θ (deg)
-0.06
θ (deg)
-0.1
-0.004
-0.12
-0.005 -0.14
0 4 8 12 72 76 80 84 88
t(s) t(s)
(a) Ponto A. (b) Ponto B.
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”
-10
1.2
P/Pe
B
-12 1
-14 0.8
-16 0.6
A/Pe = 1.43
0.4 A
-18
-20
0.2
0
-22
92 96 100 104 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60
t(s) θ (deg)
(c) Ponto C. (d) Resposta estática não-linear.
0.14 c
d b a
0.12
4
0.1
(θmax - θmin )
1 →A/Pe = 0.1
0.08 3
2 →A/Pe = 0.2
0.06 2
3 →A/Pe = 0.3
4 →A/Pe = 0.4
0.04
1
0.02
0
0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3
Ω/ωa
Figura 12: Curvas de ressonância para o pórtico em L com ligação rígida submetido a
carregamento harmônico concentrado no topo da coluna.
0.4
0.4
0.2
θ (deg/s)
0.2
θ (deg/s)
0
0
-0.2 -0.2
-0.4 -0.4
-0.04 0 0.04 -0.04 0 0.04
θ (deg) θ (deg)
(a) Ω/ωa=1.5 (a) Ω/ωa=1.2
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”
0.4 0.4
0.2 0.2
θ (deg/s)
θ (deg/s)
0 0
-0.2 -0.2
-0.4 -0.4
-0.04 0 0.04 -0.04 0 0.04
θ (deg) θ (deg)
(c) Ω/ωa=1.0 (d) Ω/ωa=0.85
q
3.5
q (t) = A sen (Ω t) kN/cm θ
L
3.0
L L/2 P
2.5
P/Pe , qL/Pe
2.0 θ
L
θ 1.5 L
1.0
L
0.5
0.0
L -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0
θ (deg)
AL/Pe
12 6
ωa = 7.002 rad/s
1 ¨ 0.10
2 ¨ 0.15
10
0
0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4
Ω/ωa
Figura 15: Curvas de ressonância do pórtico em L com carga distribuída para diferentes
valores da amplitude de carregamento harmônico A.
5- CONCLUSÕES
6- AGRADECIMENTOS
7- REFERÊNCIAS
Rocha, G., 2000. Estratégias numéricas para análise de elementos estruturais esbeltos
metálicos. Dissertação de mestrado, UFOP, Ouro Preto, MG.
Roorda, J., 1965. The instability of imperfect elastic structures. Ph. D. University College
London, England.
Silveira, R.A.M., 1995. Análise de elementos estruturais esbeltos com restrições
unilaterais de contato. Tese de doutorado, PUC-RJ, Rio de Janeiro, RJ.
Williams, F.W., 1964. An Approach to the nolinear behavior of the members of a rigid jointed
plane framework with finite deflections, Quart. J. Mech. Appl. Math. 17(4): 451-469.
Yang, Y.B. e Kuo, S.B., 1994. Theory & analysis of nonlinear framed structures. Prentice
Hall.