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“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”

“ANÁLISE NÃO-LINEAR ESTÁTICA E DINÂMICA DE


PÓRTICOS METÁLICOS ESBELTOS”(1)

Alexandre da Silva Galvão(2)


Paulo Batista Gonçalves(3)
Ricardo Azoubel da Mota Silveira(4)

Resumo:
O emprego do aço associado às novas técnicas construtivas, ao fator econômico e aos
recursos computacionais hoje disponíveis, tem motivado a adoção e utilização de sistemas
estruturais cada vez mais leves e esbeltos. Os pórticos metálicos esbeltos, em particular, têm
sido largamente empregados pelos projetistas e engenheiros estruturais. Essas estruturas
podem exibir, dependendo da sua geometria, magnitude e tipo de carregamento, e condições
de apoio, um comportamento fortemente não-linear, com o surgimento de pontos críticos
(pontos limites e bifurcação) ao longo das trajetórias de equilíbrio seguidos de perda de
estabilidade da estrutura. Neste trabalho são analisados alguns aspectos importantes da
estabilidade elástica e equilíbrio estático e dinâmico dos pórticos em L esbeltos com ligações
semi-rígidas quando estes são submetidos a diferentes tipos de carregamento. O procedimento
computacional adotado aqui para a obtenção da resposta não-linear estática do problema
segue uma estratégia incremental-iterativa, com iterações do tipo Newton-Raphson acopladas
às tecnicas de continuidade, como comprimento de arco. Esse procedimento permite a
obtenção de trajetórias de equilíbrio fortemente não-lineares. O problema dinâmico não-linear
é resolvido neste trabalho através de métodos de integração numérica baseados no algoritmo
de Newmark com uma eficiente estratégia adaptativa de incremento da variável tempo.

Palavras-chave: Pórticos em L, Análise não-linear, Ligação semi-rígida, Instabilidade


elástica, Vibração livre, Resposta transiente.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------
-
(1)
- Contribuição Técnica a ser apresentada no “III Congresso Internacional da Construção
Metálica – III CICOM” – abril, 2006 – Ouro Preto, MG, Brasil.
(2)
- Pesquisador Recém-Doutor no Depart. de Engenharia Civil, EM/UFOP – Ouro Preto,
MG, Brasil.
(3)
- Prof. do Depart. de Engenharia Civil, PUC-Rio – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”

(4)
- Prof. Adjunto do Depart. de Engenharia Civil, EM/UFOP – Ouro Preto, MG, Brasil.
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1- INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de novos aços estruturais, o emprego de novas técnicas construtivas, a


disponibilidade de recursos computacionais e os fatores econômicos têm motivado a
implementação de projetos com elementos estruturais cada vez mais leves e esbeltos. Porém,
sabe-se que, à medida que se aumenta a esbeltez de um dado elemento estrutural, o seu
mecanismo de colapso pode sofrer significativas mudanças de caráter qualitativas. Assim,
problemas relativos à perda de estabilidade sob cargas estáticas e dinâmicas, bem como
vibrações indesejáveis, podem surgir. Isso é bastante comum, em particular, nas estruturas
metálicas reticuladas.
Nesse contexto, a análise numérica não-linear de estruturas metálicas esbeltas é cada vez mais
relevante. Essa análise consiste basicamente em introduzir no modelo numérico e formulações
a serem adotadas e implementadas, todos os fatores considerados relevantes e que permitam o
analista conhecer os possíveis mecanismos de colapso da estrutura. Dentre os fatores
considerados relevantes a serem incluídos nessa análise, destacam-se: os efeitos de segunda
ordem decorrentes dos grandes deslocamentos e rotações que o sistema estrutural possa
sofrer, a flexibilidade das conexões e as imperfeições iniciais, como as geométricas e de
carregamento.
Assim, muitos pesquisadores têm se empenhado e direcionado suas pesquisas para o
desenvolvimento de metodologias práticas e eficientes para uma análise não-linear de
sistemas estruturais. Entre os trabalhos relacionados diretamente com o presente artigo, vale
destacar Silveira (1995), Galvão (2000, 2004), Pinheiro (2003) e Machado (2005), que
desenvolveram um programa computacional capaz de realizar análises não-lineares avançadas
de sistemas esruturais reticulados planos. Galvão (2000) estudou e implementou várias
formulações geometricamente não-lineares de elementos de viga-coluna que, junto com uma
metodologia de solução incremental-iterativa baseada no método de Newton-Raphson e
técnicas de continuidade (Silveira, 1995; Rocha, 2000), possibilitaram a obtenção de
caminhos de equilíbrio fortemente não-lineares; Pinheiro (2003) estudou várias formulações
para a análise de treliças planas e espaciais, bem como introduziu a possibilidade da
modelagem de pórticos com ligações viga-coluna semi-rígidas; Galvão (2004) implementou a
posibilidade da realização de análises de vibração linear e não-linear de estruturas planas com
ligações semi-rígidas; e, por fim, Machado (2005) desenvolveu e implementou formulações
para análises estruturais inelásticas, com as abordagens elasto-plástica e plástica-refinada.
Essas referências citadas forneceram a base computacional para o presente trabalho, cujo
objetivo principal é obter uma melhor compreensão dos fenômenos de instabilidade elástica
de estruturas compostas por pórticos esbeltos planos. Na realidade, este artigo pode ser
considerado uma extensão de três outros trabalhos publicados pelos autores em 2005 (Galvão
et al., 2005a, 2005b, 2005c).
Serão analisados agora, de uma forma mais detalhada, os chamados pórticos em L, para os
quais serão obtidas as curvas de variação das freqüências e modos de vibração para diferentes
níveis de carregamentos e condições de ligação. Será também analisada a resposta transiente
não-linear dessas estruturas.

2- PROBLEMA NÃO-LINEAR ESTÁTICO E DE VIBRAÇÃO LIVRE

Os detalhes da formulação geometricamente não-linear do elemento finito de pórtico com


ligações rígidas e semi-rígidas usada neste artigo podem ser encontrados em Galvão (2000,
2004), que se baseou nos trabalhos de Alves (1995), Yang e Kuo (1994) e Chan e Chui
(2000). Adicionalmente, a metodologia de solução incremental-iterativa adotada aqui para
problemas não-lineares estáticos é mostrada resumidamente na Fig. 1, onde, num contexto do
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método dos elementos finitos (MEF), o equilíbrio de qualquer sistema estrutural pode ser
expresso por:

Fi ( U ) = λFr (1)

sendo que Fi é o vetor das forças internas, que é função dos deslocamentos nodais U; λ é um
escalar que representa o fator de carga; e Fr é um vetor que define a direção e a distribuição
do carregamento aplicado (vetor de referência).
Para se obter o caminho de equilíbrio não-linear de uma dada estrutura, utiliza-se uma técnica
incremental para resolver o sistema de equações representado pela Eq. (1). Esse procedimento
consiste em se calcular uma seqüencia de deslocamentos incrementais ∆U1, ∆U2, ∆U3, ...
correspondentes a uma seqüência de incrementos de carregamento representada por ∆λ1, ∆λ2,
∆λ3,... Em cada incremento de carga ∆λ, entretanto, devido à não-linearidade de Fi, o
problema deve ser obtido através de iterações do tipo Newton-Raphson, com o intuito de
estabelecer o equilíbrio do sistema estrutural (Fi ≅ λFr).
As freqüências de vibração de uma estrutura carregada, bem como os modos de vibração
correspondentes, podem ser obtidas resolvendo-se o seguinte problema de auto-valores:

[[K L ]
+ K τ ] - ω2 M X = 0 (2)

em que KL e Kτ são as matrizes de rigidez linear e geométrica, respectivamente; M é a matriz


de massa; ω é a freqüência natural; e X o vetor modo de vibração. Os procedimentos
numéricos para se calcular as freqüências naturais e os modos de vibração são mostrados nas
Fig. 1. Note que, em cada passo de carga, após a obtenção do equilíbrio estático do sistema,
resolve-se a equação anterior para a obtenção das frequencias da estrutura carregada.

2.1- Exemplo de Validação


Seja a coluna com ligações semi-rígidas nas duas extremidades e submetida a uma força axial
P na extremidade livre a translação, como indica a Fig. 2.
A Figura 3a exibe as trajetórias de equilíbrio não-linear para diferentes condições de rigidez
nos apoios, representadas pelo parâmetro Sc. Já a variação da freqüência natural da coluna
com o parâmetro rigidez Sc da ligação e força P é representada na Fig. 3b.
Superpondo-se os valores obtidos para a carga crítica através da análise não-linear estática
(Fig. 3a) com os valores de carga que levaram a freqüência natural da coluna a zero (Fig. 3b)
e comparando esses resultados com os fornecidos por Chan e Chui (2000), pode-se, como
mostrado na Fig. 4, verificar a eficiência do procedimento numérico adotado no presente
trabalho.
u
L = 20
Sc Sc
P

EI = 4882.8 A = 0.125 ρ = 0.00026

Figura 2: Coluna com ligações semi-rígidas nas extremidades.


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INÍCIO DO
PROCESSAMENTO Leitura de dados de entrada

Montagem do vetor de cargas de referência: Fr

Novo incremento Configuração inicial: tU e tλ

Matriz de rigidez: K e Matriz de massa M


Subrotina FREQNAT
Freqüências naturais e modos de vibração

Ciclo incremental-Iterativo
inc=1,2,...No máximo de incrementos Solução predita: ∆λ0 e ∆u 0

Sim
g Vetor de forças residuais:
∆λFr
≤ζ ? g = λFr − Fi (U)
Vetor de forças internas: Fi

Não Ciclo iterativo k=1,2,...

Se N-R padrão Cálculo de Atualiza as variáveis


recalcula Κ δλk e δUk incrementais e totais

FIM DO
Arquivos de saída PROCESSAMENTO

Figura 1: Algoritmos para solução não-linear e análise de vibração.

8
500
7
450
500
6 d a 400 Sc = 10 (x EI/L)
as ta
i eng Sc = 20 (x EI/L)
u na b
5 Col 350 Sc = 10 (x EI/L)
Sc = 5 (x EI/L)
ω2(EI/ ρ AL 4 )

300 Sc = 1 (x EI/L)
E I/ L
P/P e

0
4 Sc = 1 Sc = 0
250
E I/L
Sc = 5
3 200
I/L
Sc = 2 E
150
2
apoiada
Coluna bi 100
1
50

0 0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0
u | P/Pe |
(a) Trajetórias não-lineares de equilíbrio estático. (b) Freqüência natural x carregamento..

Figura 3: Análise não-linear estática e de vibração livre para diferentes valores de Sc.
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2.9
2.8
2.7
2.6
2.5
2.4
2.3
2.2
2.1
Pc / Pe 2.0
1.9
Chan e Chui (2000)
1.8
1.7 Análise estática
1.6 Análise de vibração
1.5
1.4
1.3
1.2
1.1
1.0
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0
Sc/(EI/L)
Figura 4: Variação da carga crítica da coluna com o parâmetro Sc.

3- PROBLEMA DE VIBRAÇÃO FORÇADA

Ainda no contexto do MEF, a resposta transiente não-linear de sistemas estruturais pode ser
obtida resolvendo-se a seguinte equação de movimento:

&& + C U
M U & + F ( U ) = λ(t) F (3)
i r

com C sendo a matriz de amortecimento viscoso do sistema estrutural; e U& e U


&& são os vetores
de velocidades e acelerações nodais do sistema, respectivamente. Observe que agora o
parâmetro de carga λ é dependente da variável t.

3.1- Algoritmo de Integração Numérica


A resposta transiente não-linear obtida através da solução do sistema de equações (3) pode ser
conhecida com a aplicação de algoritmos de integração em conjunto com métodos adaptativos
de incrementos da variável tempo t. A metodologia numérica usada neste trabalho é
apresentada na Fig. 5, que é baseada no algoritmo de integração numérica de Newmark
(Dokanish e Subbaraj, 1989). A tese de Galvão (2004) pode também ser consultada para
maiores detalhes sobre a formulação dinâmica não-linear e as implementações
computacionais realizadas.

3.2- Curvas de Ressonância


Ao contrário dos modelos numéricos de baixa dimensão, onde diversas técnicas podem ser
empregadas com relativa facilidade na obtenção das curvas de ressonância não-linear, nos
sistemas estruturais com elevado número de graus de liberdade o conhecimento dessas curvas
torna-se bastante oneroso do ponto de vista computacional. Para esse fim foi implementado
um procedimento de repetição simples acoplado ao método de integração, que consiste em dar
incrementos ∆Ω constantes na freqüência de excitação e, para cada passo incremental,
integrar as equações diferenciais de movimento no intervalo de N ciclos harmônicos de
excitação. No programa desenvolvido, os parâmetros N e ∆Ω são definidos pelo usuário
juntamente com o método de integração a ser utilizado, em seguida a estratégia adaptativa de
incremento da variável tempo é acoplada a este (Jacob, 1990).
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_____________________________________________________________________________________
& e 0U
a. Valores iniciais de 0 U, 0 U && e montagem da matriz M;
b. Para cada passo no tempo ∆t:
1. Calcule as matrizes de rigidez K e amortecimento C;
2. Calcule as constantes do método:
1 γ 1 ⎛ 1 ⎞ γ ∆t ⎛ γ ⎞
a0 = , a2 =
, a1 = , a 3 = ⎜⎜ − 1⎟⎟ , a 4 = − 1 , a 5 = ⎜⎜ − 2 ⎟⎟ ,
β∆t β ∆t
2
β ∆t ⎝ 2β∆t ⎠ β 2 ⎝β ⎠
a 6 = a 0 , a 7 = −a 2 , a8 = −a 3 , a 9 = ∆t (1 − γ ) , a10 = ∆tγ .
3. Monta a matriz de rigidez efetiva: Kˆ = K + a0 M + a1 C
4. Calcula o vetor de cargas efetivo: Fˆ = t +∆t λFr + M a 2 t U& + a 3 t U
)
&& + C a 4 t U
& + a5 t U (
&& − t F
i ) ( )
5. Avalia os deslocamentos incrementais: K ∆U = Fˆ
6. Processo iterativo para convergir ao equilíbrio dinâmico: k = 1, 2, ...
i. Calcula as aproximações para acelerações, velocidades e deslocamentos:
t + ∆t && = a0 ∆U − a2 t U
& − a3 t U
&& t + ∆t & = a1 ∆ U − a4 t U
& − a5 t U
&& t + ∆t
U U Uk =t U + ∆Uk
k k
; k k ;
t + ∆t
ii. Calcula o vetor de forças internas: Fi k +1 = t Fi + K ∆ U k +1
iii. Calcula o vetor de forças residuais: λFr − M t + ∆t U&& + C t U
k
t + ∆t
& +
k R k +1 = t + ∆t
( t + ∆t
Fi k )
)
iv. Calcula a correção dos deslocamentos incrementais: K δU k +1 = t +∆t R k +1
v. Corrige os deslocamentos incrementais: ∆U k +1 = ∆U k + δU k +1
∆U k +1 ⎧ Não → vai para 6
vi. Verifica a convergência: ≤ fator de tolerância? ⎨
⎩Sim → Continue
t
U + ∆U k +1
vii. Obtém as acelerações, velocidades e deslocamentos em t+∆t.
c. Para o próximo passo de tempo:
1. Avalia o vetor de forces internas t + ∆t Fi = t Fi + K ∆ U
2. Seleciona um novo passo de tempo ∆t (estratégia adaptativa) e volta para b.
______________________________________________________________________________

Figura 5: Algoritmo para solução dinâmica não-linear.

3.3- Exemplo de validação


A Figura 6a exibe o pórtico abatido biengastado conhecido como o pórtico de Williams
(Williams, 1964). Trata-se de um sistema estrutural clássico e será analisado aqui apenas a
situação em que esse pórtico é submetido a uma carga súbita, conforme indicado na mesma
figura. Na Figura 6b pode-se perceber a boa concordância entre a resposta transiente não-
linear encontrada no presente trabalho e a fornecida por Chan e Chui (2000).
P(t) P(t)
15.0

t(s) Chan & Chui (2000)

H = 0.386 w Presente trabalho


0.10

12.943
0.05
w

6
∆t = 10 -4s
-4
A = 0.183 I = 8.646 X 10 E = 10.3 X 10 0.00
0.000 0.005 0.010 0.015 0.020
-4
ρ = 8.646 X 10 t(s)
(a) Pórtico de Williams. (b) Resposta transiente.

Figura 6: Análise de vibração forçada não-linear do pórtico de Williams.


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4- ANÁLISE DO PÓRTICO EM L

Em algumas estruturas aporticadas esbeltas sujeitas a grandes deflexões, certos membros


podem apresentar configurações de equilíbrio crítico e, principalmente, configurações pós-
críticas, fortemente dependentes das características dos membros adjacentes. Esse é o caso
dos pórticos em L, conhecidos na literatura como L-Frames. Em 1967, Koiter (1967) mostrou
que alguns pórticos em L apresentavam bifurcação assimétrica e, conseqüentemente, sua a
capacidade pós-crítica era afetada por imperfeições. Seus resultados puderam ser comparados
com os obtidos experimentalmente por Roorda (1965). Desde então, o comportamento pós-
critico desse tipo de estrutura tem sido fartamente estudado.
Em Galvão et al. (2005a) foi apresentado um estudo paramétrico detalhado envolvendo a
estabilidade elástica de pórticos em L. Pretende-se neste trabalho dar continuidade a esse
estudo. Para tanto, serão estudados alguns aspectos do comportamento não-linear estático e
dinâmico do pórtico em L cujas propriedades físicas e geométricas são representadas na Fig.
7.
Através da Fig. 8a são apresentadas as trajetórias de equilíbrio do pórtico para diferentes
valores do parâmetro de rigidez Sc da ligação entre a viga e a coluna; já a Fig. 8b fornece a
relação não-linear entre a força axial P e a freqüência natural para alguns valores de Sc.
Nessas figuras, o carregamento foi adimensionalizado através da divisão pela carga crítica da
coluna de Euler.
Essas relações mostram não somente a influência do pré-carregamento estático nas
freqüências naturais como também podem ser usadas, de acordo com os critérios dinâmicos
de estabilidade, para identificar os trechos estáveis e instáveis da trajetória de equilíbrio da
estrutura. Assim, os valores positivos de ω2 estão associados a regiões de equilíbrio estável do
pórtico, os valores negativos a regiões instáveis, e os pontos críticos são obtidos quando ω2
=0.
Os pórticos em L geralmente apresentam um caminho fundamental de equilíbrio seguido de
uma bifurcação assimétrica, caracterizada por uma dada inclinação inicial do caminho de
equilíbrio pós-crítico. Em Galvão et al. (2005a), foi observado que o aumento da rigidez
estrutural promove um aumento no valor da carga crítica do pórtico, mas, por outro lado,
torna mais acentuada a inclinação inicial do caminho pós-crítico e, consequentemente,
aumenta a sensibilidade a imperfeições. Essa característica pode ser observada claramente na
Fig. 8a.
Pode ser notado nas curvas de freqüência da Fig. 8b que o trecho relativo ao caminho
fundamental de equilíbrio referente aos 4 casos de ligação são praticamente lineares,
aparecendo pequenas não-linearidades próximas aos pontos de bifurcação. Isso ocorre devido
às perturbações utilizadas para se obter numericamente os dois ramos do caminho pós-crítico.
A partir desses resultados, verifica-se que o ramo direito do caminho pós-crítico é instável e o
ramo esquerdo é estável até o surgimento do ponto limite de carga.
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P(t) = λ(t)
λ

Sc EI λ(t) = λ
2 6
EAL /EI = 10 (a)
t
θ E = 21000 kN/cm 2
2 4 λ
ρ = 7.65 kN s /cm
L

λ(t) = A sen(Ωt)
L = 580 cm
As = 4.0368 cm2 (b)
L Is = 1.358 cm4 t

Figura 7: Pórtico em L.
A variação das três primeiras freqüências da estrutura descarregada com Sc é apresentada na
Tab. I. Observe que à medida que a rigidez da ligação se aproxima de zero, ou seja, a ligação
tende a uma rótula perfeita, as duas primeiras freqüências se aproximam. Nota-se que, dentre
as três freqüências analisadas, a segunda freqüência é a mais influenciada pela rigidez Sc da
ligação. Isso pode ser explicado analisando-se os modos de vibração apresentados na Fig. 9,
que exibe os 3 primeiros modos de vibração para Sc = 5EI/L e Sc ≅ ∞.
P
2.6
2.4
2.2 P

2.0
1.8
Galvão
Galvão

Sc = 5 EI/L
1.6
Sc = 1 EI/L 60 Sc = 10 15 EI/L
1.4 Sc = 5 EI/L
P/Pe

40 Sc = 1 EI/L
Galvão

1.2 P
1.0
20 Sc = 0
0.8
ω2

0.6 0
0.4
0.2
Galvão

-20
0.0 -40
-130 -100 -70 -40 -10 20 50
-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2. 5
θ (deg)
P/Pe

(a) Trajetórias de equilíbrio não-linear. (b) Freqüência natural x carregamento.

Figura 8: Análise não-linear estática e de vibração livre para diferentes valores de Sc.

Sc = 5EI/L

Modo 1.
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Sc = 5EI/L

Modo 2.

Sc = 5EI/L

Modo 3.

Figura 9: Modos de vibração do pórtico em L descarregado (Sc = 5EI/L e Sc ≅ ∞).


Tabela I: Variação das 3 primeiras freqüências naturais com o parâmetro Sc.

Sc ω1 ω2 ω3
∞ 7.67 13.25 34.56
5 EI/L 7.64 11.53 34.52
1 EI/L 7.49 9.82 34.36
0 7.04 8.92 33.95

Nota-se que a variação do ângulo entre as barras com Sc é bem maior para o segundo modo,
levando a uma maior contribuição da mola na rigidez total do sistema.
Para se entender o comportamento estático e dinâmico em estágios pós-críticos avançados,
são mostradas na Fig. 10, para o pórtico com ligação semi-rígida (Sc = 5EI/L) e carga
concentrada, as curvas de variação das duas primeiras freqüências naturais com o nível de
carregamento até se alcançar grandes deslocamentos e rotações.
Os resultados mostram que, como no caso do arco (Galvão et al., 2005b), o carregamento
afeta de forma marcante ambas as freqüências. Sabendo-se que as regiões da trajetória onde o
equilíbrio é estável possuem todas as freqüências naturais com valores reais e que as regiões
correspondentes a valores negativos de ω2 são instáveis (freqüência natural com valor
imaginário), pode-se destacar as configurações estáveis e as instáveis, como mostra as Figs.
10c e 10d. Esses resultados revelam mais um ramo de equilíbrio estável associado a grandes
deslocamentos.

1 2.4 E A
0.8 2 F
0.6
E 1.6
0.4 B
0.2 1.2
(ω/ω0 )2
(ω/ω0 )2

D A B G
0 J 0.8
F D
-0.2 C
C=G
0.4 Sc = 5 EI/L
-0.4 H L KJ H KJ
0
-0.6 I= M Sc = 5 EI/L L I
-0.4 M
-0.8
-1 -0.8
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5
P/Pe P/Pe
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(a) Primeira freqüência x carregamento. (b) Segunda freqüência x carregamento.

3 3.0
Trecho estável
Trecho estável 2.5 B Trecho instável
B
Trecho instável 2.0
2
AF 1.5 A

P/Pe
P/Pe

1 1.0 M
0.5 J
C M EK J I C K I G E
0 G 0.0
L D H
L H -0.5
D -1.0
-1
-80 -40 0 40 80 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
θ (deg) w/L
(c) Caminho de equiíbrio da rotação θ. (d) Caminho de equilíbrio do deslocamento w.

Figura 10: Análise da estabilidade elástica do pórtico em L.

Considera-se agora para a mesma estrutura um amortecimento viscoso proporcional à massa e


à rigidez, C = am M + ak K , definido pelos coeficientes de Rayleigh, am e ak, que são
calculados a partir da taxa de amortecimento crítico ξ = 0.4. A resposta transiente não-linear é
agora obtida usando-se o algoritmo da Fig. 5, onde analisa-se em o comportamento dessa
estrutura quando submetida a uma carga de magnitude constante e duração infinita, mas
aplicada subitamente (Fig. 7a).
A Figura 11 apresenta a resposta da estrutura no tempo para diferentes níveis do
carregamento aplicado. Observe que o pórtico exibe grandes amplitudes na fase transiente e
converge para uma configuração estática correspondente ao nível do carregamento aplicado.
Considerando agora o carregamento harmônico (Fig. 7b) e utilizando o procedimento descrito
na seção 3.2, obtém-se as curvas de ressonância para o pórtico em L considerando a ligação
entre viga e coluna perfeitamente rígida. A Figura 12 exibe a variação da amplitude (θmax-
θmin) com a razão de freqüências Ω/ωa, onde Ω é a freqüência de excitação da carga
harmônica e ωa = ω0 1 − ξ 2 é a primeira freqüência natural amortecida do sistema. Pode-se
observar nesse caso que a influência da não-linearidade é bastante pequena, fato explicado
pela linearidade do caminho fundamental da estrutura perfeita (Fig. 11d). A Figura 13 exibe
os planos fase da resposta permanente para A/Pe = 0.4 e diferentes valores da freqüência da
excitação.
0
0

-0.02
-0.001
-0.04
-0.002
θ (deg)

-0.06
θ (deg)

A/Pe = 0.24 -0.08


-0.003 A/Pe = 1.2

-0.1
-0.004
-0.12

-0.005 -0.14
0 4 8 12 72 76 80 84 88
t(s) t(s)
(a) Ponto A. (b) Ponto B.
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0 Estado permanente da resposta dinâmica


-2 Trajetória de equilíbrio não-linear
2.2
-4 2
-6 1.8
-8 1.6
1.4 C Trecho instável
θ (deg)

-10
1.2

P/Pe
B
-12 1
-14 0.8
-16 0.6
A/Pe = 1.43
0.4 A
-18
-20
0.2
0
-22
92 96 100 104 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60
t(s) θ (deg)
(c) Ponto C. (d) Resposta estática não-linear.

Figura 11: Resposta do pórtico em L submetido a diferentes níveis de carregamento.

0.14 c
d b a
0.12
4
0.1
(θmax - θmin )

1 →A/Pe = 0.1
0.08 3
2 →A/Pe = 0.2
0.06 2
3 →A/Pe = 0.3
4 →A/Pe = 0.4
0.04
1
0.02
0
0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3
Ω/ωa

Figura 12: Curvas de ressonância para o pórtico em L com ligação rígida submetido a
carregamento harmônico concentrado no topo da coluna.

0.4
0.4
0.2
θ (deg/s)

0.2
θ (deg/s)

0
0
-0.2 -0.2
-0.4 -0.4
-0.04 0 0.04 -0.04 0 0.04
θ (deg) θ (deg)
(a) Ω/ωa=1.5 (a) Ω/ωa=1.2
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”

0.4 0.4
0.2 0.2

θ (deg/s)

θ (deg/s)
0 0
-0.2 -0.2
-0.4 -0.4
-0.04 0 0.04 -0.04 0 0.04
θ (deg) θ (deg)
(c) Ω/ωa=1.0 (d) Ω/ωa=0.85

Figura 13: Planos fase para A/Pe = 0.4.

A seguir, o mesmo estudo é feito considerando-se o carregamento distribuído, como indicado


na Fig. 14. Nesse caso, ao contrário do anterior, observa-se na Fig. 15 um comportamento do
tipo softening. O caminho de equilíbrio desse pórtico (Fig. 14b) apresenta uma forte não-
linearidade associada a uma sensível perda de rigidez inicial. Observa-se, portanto, grande
influência do tipo de carregamento na não-linearidade da resposta dinâmica.

q
3.5
q (t) = A sen (Ω t) kN/cm θ

L
3.0
L L/2 P
2.5
P/Pe , qL/Pe

2.0 θ

L
θ 1.5 L

1.0
L

0.5
0.0
L -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0
θ (deg)

(a) Carregamento harmônico distribuído. (b) Trajetória não-linear estática.

Figura 14: Pórtico em L com carregamento harmônico distribuído.


“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”

AL/Pe
12 6

ωa = 7.002 rad/s
1 ¨ 0.10
2 ¨ 0.15
10

(θmax - θ min ) (deg)


5 3 ¨ 0.20
4 ¨ 0.30
8 5 ¨ 0.40
4 6 ¨ 0.50
6
3
4 2
1
2

0
0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4
Ω/ωa
Figura 15: Curvas de ressonância do pórtico em L com carga distribuída para diferentes
valores da amplitude de carregamento harmônico A.

5- CONCLUSÕES

Com a finalidade de dar continuidade ao estudo paramétrico dos pórticos em L apresentado


em Galvão et al. (2005a) e obter uma melhor compreensão dos fenômenos de instabilidade
dessas estruturas, estudou-se a variação das freqüências e modos de vibração para diferentes
níveis de carregamentos e condições de ligação. Procurando ainda complementar trabalhos
anteriores dos autores (Galvão et al., 2005b, 2005c), foi também analisado o comportamento
não-linear dessas estruturas quando submetidas a carregamentos dinâmicos.
Os resultados obtidos demonstram que o presente desenvolvimento pode ser usado com
eficiência na avaliação do comportamento estático e dinâmico de estruturas esbeltas
suscetíveis a flambagem e pode servir de base para futuros desenvolvimentos. Entretanto, a
metodologia utilizada para obtenção de curvas de ressonância (seção 3.2) apresentou alguns
problemas numéricos que precisam ser destacados:
1. Extremamente oneroso: para se obter cada ponto da curva de ressonância é necessário que
se execute a integração numérica em um intervalo de tempo que contenha um número de
ciclos suficiente para se obter a resposta permanente associada a cada incremento de
freqüência. Efetivamente este processo pode levar muito tempo de trabalho computacional;
2. Acúmulo de resíduos: apesar de se utilizar métodos de integração com valores de
parâmetros que garantam a estabilidade do processo e adotar estratégias adaptativas de
incremento do intervalo de tempo, o acúmulo de resíduos proveniente do processo
incremental de obtenção das forças internas - que na obtenção de trajetórias de equilíbrio não-
lineares da análise estática é desprezível -, podem provocar erros consideráveis na resposta
dinâmica devido ao número muito grande de incrementos. Uma das formas utilizadas para se
tentar minimizar esse problema foi a adoção do recomeço do processo a cada incremento de
freqüência, ou seja, a cada nova freqüência reiniciava-se os parâmetros evitando assim que o
erro se propagasse além dos N ciclos necessários à obtenção de cada estado permanente
(steady-state). Entretanto, esse reinício dos parâmetros torna a resposta transiente a cada
incremento mais pronunciada, elevando o número N de ciclos necessários para se obter a
resposta permanente;
3. E, por fim, uma das mais importantes limitações deste método é que ele não possibilita a
obtenção de pontos limites na curva de ressonância tais como os que caracterizam regiões
“III Congresso Internacional da Construção Metálica – III CICOM”

com perda de rigidez (softening) e ganho de rigidez (hardening), comuns na análise de


problemas envolvendo não-linearidade geométrica.
Estuda-se no momento, portanto, novas formas de se obter as curvas de ressonância de
sistemas estruturais submetidos a carregamentos dinâmicos.

6- AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio financeiro recebido da FAPEMIG e do CNPq para o


desenvolvimento desta pesquisa.

7- REFERÊNCIAS

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doutorado, COPPE-UFRJ, Rio de Janeiro, RJ.
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