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AVALIAÇÃO DO RETORNO FINANCEIRO DE UMA FRANQUIA: UM ESTUDO

DE CASO NO SHOPPING RECIFE

RESUMO
Com a preocupação na melhoria da qualidade de vida e dos níveis de remuneração
profissionais qualificados do mercado de trabalho, cada vez mais, têm procurado abrir um
negócio próprio. O sistema de franquia é uma opção de investimento para esses profissionais,
pois se trata de um negócio que normalmente estruturado e que já foi testado e, por
conseqüência, acaba tendo seu risco minimizado. O objetivo do estudo é avaliar o retorno
financeiro de uma franquia no segmento de prestação de serviço de emolduramento rápido,
discorrendo pelos principais aspectos desse tipo específico de negócio. Trata-se de estudo de
caso, o trabalho foi fundamentado em várias fontes de evidência, como pesquisa bibliográfica
e documental. na documentação indireta, através de pesquisa documental e de pesquisa
bibliográfica. O resultado do estudo de caso demonstra que, com base nos conceitos
apresentados, a avaliação do retorno do investimento é um dos principais fatores na tomada de
decisão de se investir ou não no negócio de franquia.
Palavras chave: Retorno de investimento, franquia, métodos de avaliação.

1. INTRODUÇÃO
A Contabilidade tem como uma de suas funções mais importantes “prover informação
útil para a tomada de decisões econômicas” (IUDICÍBUS, 2000, p.20). Além disso, a
contabilidade se inter-relaciona com outras áreas de conhecimento, como as teorias de
finanças, com o principal objetivo de fornecer dados para avaliar os resultados obtidos pelas
organizações ou avaliar novos projetos de investimento.
O retorno de investimento é uma exigência para a existência e, principalmente, a
continuidade das empresas. O retorno de investimento não é um assunto que está sendo
discutido há pouco tempo, existem diversas teorias de gestão empresarial que possibilitam
essa avaliação, para isso é importante que o investidor as conheça e que tenha claro os
principais conceitos para que não seja feita uma análise incorreta do investimento. Muitos
investidores utilizam empresas de consultoria para realização do trabalho de análise do
investimento, mas isso não os exime de ter pelo menos o conhecimento dos principais
conceitos de análise de investimento, para que estejam aptos a compreender o resultado do
trabalho realizado pelas empresas especializadas.
Um dos fatores que tem impacto direto na decisão de investir ou não em um negócio
próprio são os riscos envolvidos. O principal risco de um negócio próprio é o de que ele não
dê certo, seja pela falta de planejamento, por uma avaliação incompleta do cenário econômico
ou ainda por incapacidade gerencial, levando o investidor a perder todo o capital investido.
O sistema de franquia proporciona ao investidor interessado uma opção de
investimento onde os riscos são minimizados, uma vez que usualmente o negócio já foi e é
testado pela rede de franqueados existente ou por uma unidade piloto do franqueador. No
sistema de franquia, o franqueador deverá dar o suporte para a instalação e assessoria na
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administração do negócio. Entretanto, em decorrência do investimento ser elevado, além de


ser necessário que o investidor disponha de capital, seja ele próprio ou de terceiros, tenha os
objetivos de rentabilidade e de retorno previamente definidos.
O mercado de trabalho está sempre em constante evolução e os profissionais tendem a
buscar novos desafios. Diante disso, uma franquia é uma opção de negócio próprio para
aqueles profissionais que apesar de terem exercido cargos de gerência ou de direção em
grandes empresas, não têm a segurança necessária para criar um novo negócio. A opção de
uma franquia é mais segura pelo fato de normalmente já ser um negócio estruturado e testado,
portanto, oferecendo menores riscos.
Segundo Bernard (1999, p.14),
Investir em uma franquia é algo muito próximo de se investir num negócio próprio.
Alguns franqueadores chegam a afirmar que o melhor franqueado é aquele que
montaria um negócio sozinho no mesmo ramo caso a franquia não existisse.
2.MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE RETORNO DE INVESTIMENTOS
Com relação à avaliação do retorno de investimento, existem diversas ferramentas de
análise que tem por objetivo auxiliar no processo decisório, entretanto serão tratados neste
trabalho apenas os mais comuns na bibliografia existente.
Payback ou Período de Recuperação
O payback é uma maneira simples e objetiva de avaliação de investimento, pois ela irá
dizer se haverá a recuperação do capital investido e em quanto tempo. Segundo Brigham et.
al, (2001, p.424), “o período de payback, definido como o número esperado de anos
necessários para recuperar o investimento original, foi o primeiro método formal utilizado
para avaliar projetos de orçamento de capital.” Ainda de acordo com os referidos autores
(1999, p. 381), o período de recuperação do investimento é o “prazo necessário para que as
receitas líquidas de um investimento cubram seu custo.”.
Segundo Kassai et. al (2000, p.84), “O payback é o período de recuperação de um
investimento e consiste na identificação do prazo em que o montante de dispêndio de capital
efetuado seja recuperado por meio dos fluxos líquidos de caixa gerados pelo investimento.”.
Brigham e Houston (1999, p.381) afirmam que “quanto mais baixa for a recuperação
[do projeto], melhor”. De acordo com Braga (1989, p.283), “Quanto mais amplo for o
horizonte de tempo considerado, maior será o grau de incerteza nas previsões. Deste modo,
propostas de investimentos com menor prazo de retorno apresentam maior liquidez e,
consequentemente, menor risco.”. Ou seja, uma das conclusões importante desse método é
que quanto menor o prazo de recuperação do investimento menor será o risco do
investimento.
O cálculo do payback é simples, basta somar os fluxos de caixa líquido (FCL) futuros
para cada ano até que seja atingido o valor do custo inicial do projeto, assim tem-se o tempo
total de recuperação do investimento. Segundo Braga (1989, p.283), “se as entradas líquidas
de caixa forem uniformes, bastará dividir o investimento inicial pelas entradas de caixa;
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quando as entradas anuais forem desiguais, estas deverão ser acumuladas até atingir o valor do
investimento, apurando-se o prazo do retorno”.
Payback Descontado
O conceito é basicamente o mesmo do payback original, porém o fator tempo no valor
do dinheiro é levado em consideração, pois traz a valor presente os valores futuros do fluxo de
caixa. Ou seja, os valores do fluxo de caixa são tratados considerando uma taxa de desconto
de acordo com as expectativas de quem estiver fazendo a análise, sejam os analistas ou os
investidores.
Para Brigham et. al, (2001, p.425), “o período de payback descontado é definido como
o número de anos necessário para recuperar o investimento dos fluxos líquidos de caixa
descontados.” e ele leva em consideração o custo do capital, mostrando o ano que ocorrerá o
ponto de equilíbrio depois dos custos do capital forem cobertos, sendo capital próprio ou de
terceiros.
A taxa de desconto a ser utilizada pode ser uma taxa mínima de atratividade (TMA) a
ser definida pelos investidores ou pelos analistas, ou ainda, os custos do capital a ser
empregado no projeto.
Para Brigham et. al (2001, p.426), “um importante empecilho tanto no método de
payback comum quanto do descontado é que eles ignoram os fluxos de caixa que são pagos
ou recebidos após o período de payback.”.
Ross et. al (1995, p.125) afirmam:
À primeira vista, o payback descontado parece ser uma alternativa atraente, mas, com
um exame mais atento, se percebe que possui as mesmas dificuldades básicas do
payback. Como este último, o payback descontado exige, inicialmente, que façamos
uma escolha um tanto mágica de um período máximo arbitrário, e depois ignoremos
todos os fluxos de caixa que ocorrerem a partir deste momento.
O payback descontado é uma análise um pouco mais elaborada que o payback original,
pois ele leva em consideração o fator tempo na análise, mas os outros problemas persistem.
Portanto, para uma análise mais completa, se faz necessária a utilização de outros métodos.
Valor Presente Líquido - VPL
Para Weston e Brigham (2000, p.533), o Valor Presente Líquido (VPL) pode ser
definido como “um método de avaliação das propostas de investimento de capital em que se
encontra o valor presente dos fluxos de caixa futuros líquidos, descontados ao custo do capital
da empresa ou a taxa de retorno exigida.”. Esse método depende das técnicas de fluxo de
caixa descontado que “são métodos para avaliar propostas de investimento que utilizam os
conceitos de valor do dinheiro no tempo; dois desses são o valor presente líquido e a taxa
interna de retorno.”.
O VPL é muito utilizado para avaliação de propostas de investimentos por se tratar de
um método mais completo que o payback. Pois segundo Kassai et. al (2000, p.61-62), “reflete
a riqueza em valores monetários do investimento medida pela diferença entre o valor presente
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das entradas de caixa e o valor presente das saídas de caixa a uma determinada taxa de
desconto.”.
Segundo Gitman (2001, p.302), valor presente líquido é “uma técnica de orçamento de
capital sofisticada; encontrada ao se subtrair o investimento inicial de um projeto de valor
presente de seus fluxos de entrada de caixa, descontados a uma taxa igual ao custo de capital
da empresa.”. É uma técnica sofisticada pelo fato de considerar explicitamente o valor do
dinheiro no tempo.
Sendo o VPL positivo, significa que o projeto irá cobrir o investimento inicial, já
descontando uma taxa de retorno esperada, e ainda irá gerar recursos adicionais, gerando
riquezas para seus investidores. No caso do VPL negativo, significa que o projeto não irá
gerar recursos suficientes para cobrir o capital investindo considerando a taxa de retorno
exigida, portanto não sendo viável sua implantação.
Kassai et. al, (2000, p.65-66) consideram o VPL como “um dos melhores métodos e o
principal indicado como ferramenta para analisar projetos de investimentos”, pois além de
trabalhar com os fluxos de caixa descontados, tem consistência matemática e o seu “resultado
é em espécie ($) revelando a riqueza absoluta do investimento.”. O ponto negativo desse
método é a dificuldade na identificação da taxa de desconto a ser utilizada, pois muitas vezes
“é obtida de forma complexa ou até mesmo subjetiva.”.
Taxa Interna de Retorno - TIR
Segundo Weston e Brigham (2000, p.536), a taxa interna de retorno “é um método de
avaliação das propostas de investimento com o emprego da taxa de retorno sobre um
investimento em ativos, calculado ao encontrar a taxa de desconto que iguala o valor presente
das entradas futuras com as saídas esperadas de caixa do projeto.”.
De acordo com Braga (1989, p.290), “A TIR corresponde a uma taxa de desconto que
iguala o valor atual das entradas líquidas de caixa ao valor atual dos desembolsos relativos ao
investimento líquido.”.
Para Gitman (2001, p.303), “a taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que
iguala o valor presente de fluxos de entradas de caixa com o investimento inicial associado a
um projeto, por conseguinte tornando o VPL = $ 0.”.
É provavelmente um dos métodos de avaliação mais utilizados e sofisticados para
avaliação de projetos de investimento. Entretanto o cálculo da TIR dificilmente poderá ser
feito sem a utilização de uma calculadora financeira, planilhas eletrônicas ou software
específico. Caso não se utilize as ferramentas, o cálculo poderá ser feito por tentativa e erro
utilizando a seguinte fórmula, segundo Weston e Brigham (2000, p.536):

CFo + __CF1__ + __CF2__ + ... + __CFn__ = 0


(1+TIR)¹ (1+TIR)² (1+TIR)ⁿ
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Para análise da TIR, de acordo com Kassai et. al (2000, p.66), “é considerado
economicamente atraente todo o investimento que apresente a TIR maior ou igual à TMA
[Taxa mínima de atratividade].”.
Braga (1989, p.290) considera que “A TIR deve ser comparada com uma taxa de
rentabilidade mínima exigida em face do risco do projeto. Essa taxa mínima poderá também
corresponder ao custo de capital da empresa.”, cabendo ao investidor essa decisão.
Alguns cuidados na interpretação devem ser tomados na utilização da TIR, segundo
Kassai et. tal (2000, p.68), são eles:
1. No cálculo da TIR de um investimento há o pressuposto de que todos os valores
caminham no tempo pela própria TIR, ou seja, os fluxos de caixa negativos ou
investimentos seriam financiados pela TIR e os fluxos de caixa positivos ou lucros
também seriam reinvestidos pela TIR. Neste caso, quando a TIR apurada é muito
diferente das taxas de mercado, sua interpretação não é verdadeira.
2. Quando o projeto é representado por um fluxo de caixa não convencional, ou seja,
em que há várias inversões de sinais entre fluxos de caixa positivos e negativos, as
seguintes situações podem ocorrer: Pode apresentar uma ou mais TIR positivas e/ou
negativas. O projeto pode ter, simultaneamente, taxas positivas e negativas; pode
apresentar uma única TIR, igual a um projeto classificado como convencional; ou
ainda inexistir solução.
Assim, os principais problemas da TIR são que: (i) pode haver uma interpretação
errada de seu resultado em decorrência da utilização da própria TIR nos cálculos onde os
fluxos de caixa são negativos e positivos; e (ii) podem existir mais de um resultado possível
ou até mesmo inexistir o resultado quando o fluxo de caixa do projeto for não convencional,
impossibilitando a utilização da TIR como método de avaliação do retorno de investimento,
pois não se poderá chegar a uma conclusão sobre a viabilidade do negócio.
Taxa Interna de Retorno Modificada - TIRM
Para Brigham e Houston (1999, p.392), a TIR modificada é a “taxa de desconto à qual
o valor presente do custo de um projeto é igual ao valor presente de seu valor final, onde o
valor final é encontrado como a soma dos valores futuros das entradas de caixa, capitalizados
ao custo de capital da empresa.”.
Weston e Brigham (2000, p.545) afirmam que a TIRM “é uma taxa de desconto na
qual o valor presente do custo de um projeto é igual ao valor presente de seu valor terminal,
em que o valor terminal é encontrado como a soma dos valores futuros das entradas de caixa,
compostas ao custo de capital da empresa.”.
No cálculo da TIRM os fluxos negativos são trazidos a valor presente (VP) por uma
taxa de financiamento compatível com as taxas de mercado e os fluxos positivos são levados a
valor futuro (FV) por uma taxa de reinvestimento, também compatível com as taxas de
mercado. Assim, tem-se um novo fluxo de caixa, com apenas um VP e um FV, como o
período é o mesmo, é encontrada uma taxa de juros (i) que será a TIRM, a partir da fórmula
tradicional de juros compostos (FV = PV (1+i)ⁿ).
Para Kassai et. al (2000, p.73):
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podemos fazer algumas ‘modificações’ em sua [TIR] forma de cálculo, na tentativa de


eliminar as falhas (...) , ou seja, o problema do financiamento de capital e do
reinvestimento dos lucros, bem como da possibilidade de existirem diversas soluções
possíveis [para TIR], ou inexistir solução real no mundo empresarial.
Ainda segundo Kassai et. al (2000, p.74):
obtemos uma taxa interna de retorno, em que os lucros são remunerados a uma taxa
condizente com a realidade da empresa e os investimentos são financiados a taxas
compatíveis com às do mercado; consequentemente uma taxa de retorno de
investimento mais realista..
A principal vantagem da TIRM sobre a TIR é que, para os fluxos de caixa não
convencionais, onde existem fluxos de caixa positivos e negativos, ela irá levar em
consideração das taxas de reinvestimento e de financiamento, respectivamente, além de fazer
com que os fluxos de caixa negativos ao longo do projeto sejam trazidos a valor presente e os
fluxos de caixa positivos sejam levados a valor futuro, evitando assim mais de um resultado
da TIRM ou a inexistência do resultado.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa quanto aos objetivos é a pesquisa exploratória, uma vez que ela, segundo
Gil (2006, p.41), tem como objetivo aprimorar as idéias ou a descoberta de intuições. Quanto
aos procedimentos, a pesquisa é um estudo de caso, pois se trata de um estudo específico de
um único caso. Para Gil (2006, p.54), o estudo de caso “consiste no estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento”. Com relação à abordagem do problema, é uma pesquisa qualitativa, Beuren
et. al (2003, p.92) destaca que “a abordagem qualitativa não emprega um instrumento
estatístico como base no processo de análise do problema.”, como é o caso da pesquisa que
trata esse trabalho.
Esta pesquisa analisa os custos para a instalação e funcionamento de uma franquia já
existente de prestação de serviço de emolduramento rápido, considerando um período de 36
meses, localizada no Shopping Recife, em Recife, Pernambuco. A pesquisa foi realizada no
mês de abril de 2007.
Foram utilizadas fontes secundárias e primárias obtidas diretamente na organização em
análise.
4. O SISTEMA DE FRANQUIA
O conceito legal de franquia a definição oficial da ABF (Associação Brasileira de
Franchising) citado por Schwartz (2003),
Franchising é um sistema de comercialização de produtos e/ou serviços e/o
tecnologias, baseado em estreita e contínua colaboração entre empresas e jurídicas e
financeiramente distintas e independentes, através do qual o franqueador concede o
direito e impõem a obrigação aos seus franqueados de explorarem um empresa de
acordo com o seu conceito. [...].
O franqueado é a pessoa física ou jurídica que adere a um sistema de franquia
mediante a realização de determinado investimento e a celebração de um contrato de franquia.
Via de regra é quem opera e administra a franquia (franqueado-operador) enquanto o
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franqueador é a pessoa jurídica fundadora de rede de franquia constituída por si e por seus
franqueados individuais cuja continuidade e liderança é por ela assegurada. Em geral, é
também detentora da marca, dos métodos de trabalho repassados a terceiros e da
administração do sistema de franquias.
Segundo o item XV do artigo 3º da Lei 8.955/94 o contrato de franquia formaliza o
relacionamento, define os direitos e deveres do franqueador e do seu franqueado. Pode ser
precedido por um pré-contrato. Na maioria dos casos, o contrato de franquia tem uma duração
média de cinco anos, pode ser renovado. O prazo do contrato de franquia não pode ser inferior
ao prazo de retorno do capital investido.
Ainda segundo Schwartz (2003), a taxa inicial de franquia ou taxa de adesão
corresponde ao primeiro pagamento, em geral um e valor fixo, que o franqueado faz ao
franqueador para entrar na rede de franquias. Valor este pago no ato da assinatura do contrato
de franquia, não sendo restituível em caso de desistência posterior. A taxa de adesão em geral
engloba a adesão à rede franquias, o direito de utilizar a marca do franqueado e alguns
serviços adicionais como: a participação na escolha do ponto comercial, avaliação do
potencial de vendas, programas de treinamento, manuais operacionais, projeto arquitetônico,
etc. Esses serviços oferecidos poderão variar para cada franqueador, sendo importante o
conhecimento dessas informações antes da assinatura do contrato de franquia.
Para Schwartz (2003), há basicamente dois tipos de taxas que são pagas mensalmente
no decorrer do prazo do contrato de franquia:
· Taxa de royalties que normalmente é um percentual sobre o faturamento
mensal, pago periodicamente, que contempla o uso da marca e uma contraprestação de
serviços continuados ao franqueado, como consultoria de campo, desenvolvimento de novos
produtos e tecnologias, assistência na solução de problemas, etc.
· Taxa de fundo de promoção ou marketing que é uma forma de custeio dos
investimentos em marketing, como a criação de campanhas institucionais e promocionais,
elaboração de plano de marketing, dentre outros. Também é um percentual sobre o
faturamento pago periodicamente.
Além da análise dos métodos de avaliação retorno de investimento, devem ser
analisados outros fatores para a colocação de uma franquia, este assunto não é objeto do
estudo deste trabalho, mas é considerado importante o seu conhecimento. Para Bernard (2000,
p.39-41), especificamente nas franquias, são cinco fatores que podem levar o franqueado ao
fechamento do negócio em 99% dos casos: o ponto, ou seja, o local onde seu empreendimento
será montado determina seu patamar básico de faturamento; a capacidade administrativa do
franqueado e seus gerentes; o capital inicial empatado no negócio e a disponibilidade de
capital de giro; a expectativa das partes antes de assinar o contrato e a presença de sócios que
não se conhecem muito bem, ou que não tenham um vínculo muito forte.
A análise dos fatores acima é importante para auxiliar na decisão de se investir em
uma franquia e não eles podem ser desprezados no momento da tomada da decisão,
complementando a análise do retorno de investimento.
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4.1 Histórico da Franquia Moldura Minuto


A Moldura Minuto teve início no Brasil em 1999, na cidade de São Paulo, e após um
ano de inauguração da primeira unidade teve aberta a porta para o mercado nacional através
do sistema de franchising. Em 2003, com a abertura de 10 unidades, teve destaque recebendo
o Selo de Excelência em Franchising oferecido pela ABF, selo este que comprova a
idoneidade e seriedade com que a Moldura Minuto trata o seu negócio.
O sucesso da Moldura Minuto se deve à preocupação em escolher com rigor as
matérias-primas usadas na confecção de seus quadros, utilizando alta tecnologia em
equipamentos e no desenvolvimento de processos. Além dos diferenciais de promover aos
clientes uma consultoria em decoração e não simplesmente venda de moldura e diferenciar-se
na rapidez de confecção dos quadros os entregando em apenas uma hora.
De acordo com a Moldura Minuto franchising (2007), o principal diferencial de
mercado é oferecer o serviço de emolduramento rápido, em no máximo uma hora. Além disso,
a empresa conta também com os seguintes diferenciais:Perfeição nos detalhes de
acabamento;O serviço é realizado na frente do cliente;Mount Board que substitui o Eucatex,
um material superior, livre de teor ácido (acid free), utilizado no fundo do
quadro;Passepartout importado de ph neutro, proporcionando um melhor acabamento no
quadro;Colagem a seco (dry mount);Garantida de dois anos na moldura e um ano de seguro no
vidro (se quebrar é trocado sem custo nenhum para o cliente); e Atendimento e produção
totalmente informatizados.
Esses diferenciais caracterizam os produtos e os serviços oferecidos pela Moldura
Minuto e são eles que sustentam o sucesso do negócio.
A empresa vende produtos e serviços direcionados a quadros e molduras, sendo uma
oficina e comércio varejista de molduras, quadros, esculturas, pôsteres nacionais e
impostados, gravuras, fotografias e vidros.
E, segundo informações da Moldura Minuto franchising (2007), o perfil do cliente da
é da classe A e B, com um nível educacional alto, sendo o cliente bastante exigente com
relação à qualidade dos produtos e serviços.
5. ANÁLISE DE RETORNO DE INVESTIMENTO
De acordo com os orçamentos obtidos dos itens necessários para a instalação da loja
no Shopping Recife, o investimento inicial está demonstrado de forma resumida na Tabela 1.
Para fins de análise não será considerado o investimento no ponto comercial, pois este é
considerado como investimento imobiliário, uma vez que poderá ser revendido em caso de
descontinuidade da operação. Outro fator importante é que o pagamento do investimento
inicial foi considerado como sendo todo à vista, pois foi levado em consideração que os
investidores não possuem histórico de crédito, dificultando a concessão do mesmo junto aos
fornecedores.

TABELA 1 - DEMONSTRATIVO DOS INVESTIMENTOS


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NECESSÁRIOS NA FRANQUIA MOLDURA MINUTO – ANO 0

VALORES( R$ )
INVESTIMENTO
Obra civil 65.000,00
Capital de Giro 10.000,00
Taxa Adesão 40.000,00
Instalações 9.100,00
Equipamentos 53.390,00
Moveis e Utensílios 35.000,00
Comunicação Visual 4.000,00
Estoque Inicial 30.550,00
Total 247.040,00

Fonte: Próprios autores (2007)

Para realizar o estudo de viabilidade do investimento, foi considerado o período de três


anos e as seguintes premissas econômicas:

TABELA 2 - PREMISSAS ECONÔMICAS (%)


Ano Ano Ano
Descrição 1 2 3
Inflação Estimada (a.a.) 3,5 4,6 5,0
Reajuste dos salários (a.a.) 5,0 5,0 5,0
Projeção de crescimento aproximada por ano 5,0 5,0 5,0
Taxa de atratividade definida pelos
investidores (a.a.) 25,0 25,0 25,0
Fonte: Próprios autores (2007)

Além das informações das Tabelas 1 e 2 para que a estimativa do fluxo de caixa da
Tabela 6 fosse projetada foram utilizadas as seguintes premissas:
· Recebimentos de vendas – estimativa feita com base em estudo do franqueador,
onde foi levado em consideração as características locais do mercado, bem como a evolução
das lojas da rede de franquias;
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· Fornecedores – estimativa feita com base em percentuais em relação ao


faturamento das principais matérias-primas e insumos, levantados a partir de dados históricos
de consumo;
· Impostos – considerando o enquadramento da empresa no Simples Nacional;
· Custos de franchising – engloba os royalties e o fundo de promoção ambos
pagos mensalmente ao franqueador;
· Aluguel e Condomínio – aluguel do ponto comercial, os custos do condomínio,
inclusive energia elétrica, da loja foram obtidos junto ao setor comercial do Shopping; e
· Salários e Benefícios – obtidos na Convenção Coletiva vigente da categoria dos
comerciários.

TABELA 3 - FLUXO DE CAIXA ESTIMADO


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Fonte: Próprios autores (2007)

A partir dos dados apresentados poderão ser feitos os estudos necessários para a
avaliação da viabilidade do investimento.
Com base nos dados apresentados, a análise da viabilidade se dará basicamente pelo
cálculo dos cinco métodos apresentados no trabalho.

Na tabela 4 tem se o resumo dos dados a serem avaliados.

TABELA 4 - RESUMO DOS DADOS A SEREM AVALIADOS


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Fonte: Próprios autores (2007)


O Fluxo de caixa livre é resultado da geração do caixa apresentado no fluxo de caixa
projetado da Tabela 3, sendo que no Ano 0 representa o investimento inicial que foi
apresentado na Tabela 1.
O custo do capital requerido é composto por três taxas, a Taxa de Atratividade que foi
definida pelos investidores e as taxas de financiamento e reinvestimento que servirão como
parâmetro para o cálculo da TIRM, que também foram definidas pelos investidores, tomando
como base as taxas de mercado aplicadas ao negócio.
O fluxo de caixa a valor presente são os valores do fluxo de caixa livre trazidos a valor
presente mediante a aplicação da fórmula de juros compostos pela TMA, para o Ano 0.
Utilizando os conceitos apresentados neste trabalho, bem como as premissas e dados
levantados, seguem as demonstrações dos cálculos de retorno do investimento.
a) Payback
TABELA 5 - DEMONSTRATIVO DO SALDO A RECUPERAR
FLUXO DE CAIXA LIVRE

Fonte: Próprios autores (2007)

Payback = Ano antes da recuperação+custo não recuperado no ano da recuperação


Fluxo de caixa do ano da recuperação
Payback = 1 ano + R$ 15.664,00
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R$ 108.156,00
Payback = 1,14 anos

b)Payback Descontado

TABELA 6- DEMONSTRATIVO DO SALDO A RECUPERAR


FLUXO DE CAIXA A VALOR PRESENTE

Fonte: Próprios autores (2007)

A fórmula utilizada é a mesma do Payback, porém os dados do fluxo de caixa são a


valor presente.
Payback Descontado = 2 anos + R$ 11.687,04
R$ 65.868,80

Payback Descontado = 2,18 anos

c) Valor Presente Líquido - VPL

VPL = CFo + _CF1_ + _CF2_ + ... + _CFn_


(1+k)¹ (1+k)² (1+k)ⁿ

VPL = (R$ 247.040,00) + R$ 154.548,00 + R$ 108.156,00 + R$ 128.650,00


(1,25)¹ (1,25)² (1,25)³
VPL = R$ 11.687,04
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Na Tabela 7 está o resumo dos resultados obtidos.

TABELA 7 - RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS

Fonte: Próprios autores (2007)

Os resultados de uma maneira geral foram positivos, exceto a TIRM que ficou abaixo
da TMA definida pelos investidores. Tanto o payback original como o payback descontado
demonstram um período de recuperação relativamente curto considerando a natureza do
investimento e o VPL é positivo agregando riqueza aos investidores.
A tomada de decisão de investimento utilizando apenas um dos métodos pode não dar
a informação completa se o investimento será viável. O ideal é que sejam utilizados pelo
menos dois dos cinco métodos apresentados, uma vez que com eles se pode ter uma visão
global do resultado esperado.
Para um investidor no sistema de franquia, os métodos que melhor se adequam a
realidade desse investimento são o payback descontado e a TIRM. O payback descontado
demonstra que o prazo de retorno levando em consideração o valor do dinheiro no tempo é de
2,18 anos, sendo um prazo relativamente curto. Já a TIRM que demonstra a taxa interna de
retorno do investimento também levando em consideração o valor do dinheiro no tempo é de
21% a.a., que mesmo sendo abaixo da expectativa dos investidores pode ser considerado um
bom retorno. O fato dos dois indicadores levarem em consideração o valor do dinheiro no
tempo é o que os tornam mais adequados. Isso de deve ao fato de minimizar o efeito das altas
taxas de juros praticadas no mercado brasileiro na análise, demonstrando os aspectos reais do
retorno, sem a influência desse fator.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise de retorno de investimento é apenas uma das análises que deverão ser feitas
antes da tomada de decisão de se investir em uma franquia. Mas ela não pode ser a única para
que seja tomada a decisão. Existem mais alguns itens subjetivos que deverão ser levados em
consideração, como a identificação dos investidores com o negócio e a capacidade de
operacional e gerencial do administrador do negócio. Como se trata de um negócio de
pequeno porte, em geral haverá apenas um investidor, pois o VPL mesmo sendo positivo, não
é muito alto. Sendo um negócio mais interessante, pelo menos no período de recuperação do
investimento, para apenas um investidor.
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Outro fator que pode ser levado em consideração para alavancar o resultado é a
possibilidade da abertura de mais de uma loja, pois assim o envolvimento do administrador
nas rotinas administrativas será basicamente o mesmo, maximizando assim o tempo do
administrador, proporcionando um resultado maior. Além disso, poderão ser trabalhadas
condições especiais com os fornecedores, tendo ganho na escala das compras. Mas isso só
será possível após uma análise detalhada do mercado, com o objetivo de verificar o tamanho
do mercado consumidor.
O trabalho demonstra de uma maneira clara e objetiva os conceitos dos principais
métodos de avaliação do retorno do investimento, proporcionando aos investidores que
porventura não tenham o conhecimento teórico, uma compreensão básica dos conceitos para
que eles pelo menos consigam interpretar o significado de cada indicador.
A partir disso, pôde-se calcular, com base em dados reais, os resultados de cada uma
dos métodos. Após a avaliação dos cinco métodos apresentados, chegou-se a conclusão que
são necessários pelo menos dois métodos para auxiliar no processo de tomada de decisão de
se investir em uma franquia de emolduramento rápido. O payback descontado por demonstrar
em quanto tempo o capital investido seria recuperado, considerando o valor do dinheiro no
tempo e a TIRM por apresentar a taxa de retorno do investimento ao longo dos três anos
analisados, também considerando o valor do dinheiro no tempo e considerando no seu cálculo
o fluxo de caixa do período com as taxas de financiamento e de reinvestimento reais foram
considerados os dois métodos mais adequados para análise. É necessário ressaltar que a
análise desses dois métodos é o mínimo a ser analisado.
A decisão de investir ou não é muito mais complexa que essa análise e os outros
fatores envolvidos, alguns até mencionados neste trabalho, poderão ser objetos de novos
estudos.

7. REFERÊNCIAS
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