You are on page 1of 2

Plano de Aula

Com efeito, é claro que a resistência à historicização se enraíza não


apenas nos hábitos de pensamento de todo um corpo, adquiridos e
reforçados pela aprendizagem e pelo exercício rotineiros de uma prática
ritualizada, mas também nos interesses ligados a uma posição social.
(BOURDIEU, 2001, pp. 59,60))

I. Plano de Aula
DATA: 22 de fevereiro de 2019
II. Dados de Identificação:
Instituição: Universidade Regional do Cariri
“Professor”: Ramiro Ferreira de Freitas
E-Mail para correspondência: ramiroferreira91@gmail.com
Disciplina: História da Educação Física
Turma: semestre 1
Horário: CD
III. Tema:
- O tema específico a ser desenvolvido nesta aula é AS CORPORALIDADES: do orgânico ao funcional na
composição do “eu” materializado entre eficiência e deficiência.
- O assunto possui longa história, com vasta repercussão e divergência acentuada. Embora suscitado nas
épocas pré-codificação do ensino voltado às práticas físicas e resuscitado por ocasião das tentativas iluministas
e kantianas de elaboração “positiva” (os imperativos) filosófico-pedagógicos, posteriormente consolidados, foi
somente nos séculos XIX e XX que a questão veio a ser tratada com seriedade e cientificidade rigorosa. E nos
anos 2000, vê-se ampla discussão sobre a natureza “pós-humana”.
IV. Objetivos:
Objetivo geral: Apresentar os principais fundamentos da matéria a ser discutida, considerando pensamentos
de diferentes correntes intelectuais e autores contemporâneos sobre as ideias básicas apresentadas por
estudiosos precursores da Educação Corporal nos seus conceitos de valoração e aplicação dos instrumentos
condicionalmente normativos ou supradisciplinares.
Objetivos específicos: 1) Revisitar o lugar temporal e espacial dos princípios morais (deontológicos)
compreendidos desde seus antecedentes históricos até o cenário atual do Ocidente, organizando uma
hierarquia de saberes sobre e para o funcionamento social em imitação à vida subjetiva; 2) Associar diferentes
posturas – eficiência ou fragilidade – em busca de uma validação ou negação teórica da construção dogmática
implicada nas “partes” do ordenamento perfeccionista, ressaltando o impacto de transformações individuais
(idade, cultura alimentar, prioridades e genética, entre outras) com impacto sobre o meio e o formar inato dos
hábitos humanos;. 3) Desafiar o chamado senso comum “unitário absolutista”, no sentido de trazer
questionamentos e reflexões capazes de transcender a mera reprodução tecnicista dos preconceitos, mormente
envolvidos em deficiência visual e 4) Propor novas leituras de um mundo pós-cartesiano em matéria
fenotípica, ressaltando a complexidade sistêmica do discurso presente em signos e simbologias realistas
(midiáticas, institucionais, estatais, etc) e o papel do passado-presente enquanto paradigmático instrumento de
construção futura.
V. Conteúdo Programático
1. Corporalidade e Natureza: pensar o “meu” teor físico.
2. O Ser e o Dever-Ser: o historicismo axiológico dentro da carne.
3. Algumas teorias “vestidas” de Educação Física: Descartes, fisiologia, Le Breton e ciborgues.
4. Pessoa como valor: “algo” ou “alguém”?.
5. A invisualidade como deficiência e o “desejo dos olhos” reparadores: corpos úteis e ortopedia social.
6. A Psicologia como autorreconhecimento.
7. O Real na Semiologia: uma provocação.
8. Renasce a escola: paradoxos do corpo adestrado em nome do consumo alheio.
9. Estrutura Fenomenologica da vida: um breve suspiro.
10. Moral como discurso nos dias atuais – sua conexão em ‘nome’ da autoridade evolutiva.
11. Eugenismo pós-moderno: moda e feiura na procriação artificial.
12. Nomogênese: o dinamismo na compreensão das outreidades.
VI. Desenvolvimento do tema (resumo síntético):
Nosso corpo, nossa casa-prisão. Nada é tão óbvio e, ao mesmo tempo, tão inexplicável como a pele, os ossos,
a carne que nos dá forma. O revestimento do espírito humano é naturalmente biológico. Por outro lado,
também somos socializados, engendrados como elementos menores de algum clã, família ou nação; seríamos
as “formigas” do formigueiro organizadas pela autoridade cuja função (contrato social) é dizer “quem” é
“quem”?
No debate que pretende surgir, serão tomadas interrogações similares, dúvidas mostrando a sensibilidade que o
recurso mais intrínseco do homem – seu inseparável duplo – utiliza. Quando se fala em classificação,
sobretudo, há uma clara distinção pela normalidade (consenso). Ser diferente/deficiente é quase sempre visão
nociva, a lembrança inafastável da falibilidade antropológica. O que motiva isso?
Por fim, somos ou temos um corpo com o qual estamos (in)satisfeitos?
VII. Recursos didáticos e pressuposto metodológico:
Os instrumentos básicos desta croase são: lousa branca, pincel com tinta, esboço impresso em papel.
A aula será ministrada com exposição dos objetivos e referenciais utilizados e apreciação da temática
suprarreferida, seguindo o Conteúdo Programático. Após o discurso inicial, poderão ser formuladas
considerações adicionais, caso haja tempo disponível e necessidade de esclarecimentos/aprofundamentos.
VIII. Avaliação:
Não haverá.
OBS: Ao final do exame didático, far-se-á breve menção às técnicas avaliativas que parecem úteis e seriam,
por nós, empregadas durante futuras ocasiões, visando uma fixação hábil com mensuração satisfatória do
aprendizado por parte dos(as) estudantes da graduação.

IX. Bibliografia:
A – BÁSICA
1) DEJOURS, Christophe. Le corps entre biologie et psychanalyse. Paris: Payot, 1986.
2) DENIS, Daniel. El cuerpo enseñado. Barcelona/Buenos Aires: Paidós, 1980.
3) LE BRETON, David. Corps et symbolique sociale. In: Cahiers internationaux de sociologie, vol.
73, pp. 223-232, 1982.
4) ______. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2007.
5) LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São
Paulo: Companhia das Letras, s/d.
6) MERLEAU-PONTY, Maurice. A natureza: curso do collège de France. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
B – COMPLEMENTAR
7) BOURDIEU, Pierre. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
8) COLÓQUIO INTERNACIONAL CORPO E CULTURA, Imagem corporal, percepção de si e do
outro: anais do V colóquio internacional corpo e cultura do movimento – IV simpósio internacional
franco-brasileiro corpo, educação e cultura do movimento – II congresso internacional de
emersiologia – I congresso internacional de estesiologia. Natal/Paris: Universidade Federal do Rio
Grande do Norte/Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia/Université Paris Descartes,
2018. Disponível em: <https://memoria.ifrn.edu.br/bitstream/handle/1044/1606/Anais%20do%20V
%20Colo%20quio%20Internacional%20Corpo%20e%20Cultura.pdf?sequence=1>. Acessado em 03.
fev. 2019.
9) COSTA, Andrize Ramires; CUNHA, António Camilo; KUHN, Roselaine. O governo dos corpos das
crianças e a supressão da liberdade para brincar e se movimentar na educação de infância. In: III
colóquio internacional de ciências sociais da educação: infância(s) e juventude(s) na educação
contemporânea. Braga: Universidade do Minho, 2018. Disponível em:
<https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/58630/1/O%20governo%20dos
%20corpos.pdf>. Acessado em 03. fev. 2019.
10) ESCUDERO, Carolina (coord). Actas del primer encuentro cuerpo, educación y sociedad: debates
em torno al cuerpo – trabajos, comunicaciones y conferencias. La Plata: Universidad Nacional de la
Plata, 2018. Disponível em:
<https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/57415663/libro_actas_Cuerpo_educacion_y_so
ciedad.pdf?
AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1549043050&Signature=nwpOIpb82
FkvY4pLcQJfoe94YJs%3D&response-content-disposition=inline%3B%20filename
%3DEspacialidades_y_temporalidades_en_la_co.pdf>. Acessado em 01. fev. 2019.
11) FERRANTE, Carolina. Cuerpo, discapacidad y estigma en el origen del campo del deporte adaptado
de la ciudad de Buenos Aires, 1950-1961: ¿una mera interiorización de una identidad devaluada? In:
História, ciências, saúde - Manguinhos, vol. 21, n. 2, pp. 421-437, abr.-jun/2014.

You might also like