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Apostila – Filosofia

Aula 1: Introdução à lógica

Relembrando: o que é a filosofia?

Podemos dizer que a filosofia surge quando os seres humanos começam a exigir
provas e justificações racionais que validem ou invalidem as crenças cotidianas. Por que
racionais? Em primeiro lugar, porque racional significa argumentado, debatido e
compreendido; em segundo lugar, porque racional significa que, ao argumentar, e
debater, queremos conhecer as condições e os pressupostos de nossos pensamentos e os
dos outros e; em terceiro lugar, porque racional significa respeitar certas regras de
coerência do pensamento para que um argumento ou um debate tenham sentido, chegando
a conclusões que podem ser compreendidas, discutidas, aceitas e respeitadas por outros.

A primeira característica desta atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não


aos “pré-conceitos”, aos “pré-juízos”, aos fatos e às ideias das experiências cotidianas, ao
que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido. A segunda característica da atitude
filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que das coisas, as ideias, os fatos,
as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação
sobre o porquê e o como disso tudo e de nós próprios. “O que é?”, “Por que é?”, “Como
é?”. A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de
atitude crítica. Por que “crítica”? A palavra crítica vem do grego e possui três sentidos
principais: 1) capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame racional
de todas as coisas sem preconceito e sem prejulgamento; 3) atividade de examinar e
avaliar detalhadamente uma ideia, um valor um costume, um comportamento, uma obra
artística ou científica. A atitude filosófica é uma atitude crítica a qual, como se observa,
é inseparável da noção de racional, que vimos acima.

Considerando estas características gerais da filosofia, podemos perceber que


muitas características que são atribuídas à prática científica são, na verdade,
características filosóficas. A busca pela verdade, pensamento racional, procedimentos
especiais para conhecer fatos, aplicação prática de conhecimentos teóricos, correção e
acúmulo de saberes: esses objetivos e propósitos das ciências não são científicos, são
filosóficos e dependem de questões filosóficas.
Primeiro contato com a lógica

A lógica se dedica ao estudo dos conceitos de prova e verdade. Um dos objetivos


da lógica é determinar se a argumentação utilizada por alguém para se chegar a uma certa
conclusão é válida ou não. A lógica tem sido utilizada em todas as áreas da ciência: exatas,
biológicas e humanas. É de uso comum por parte do matemático, do cientista da
computação, do engenheiro, do advogado, do biólogo, do historiador, etc...

Vimos que a atitude filosófica implica um uso racional do argumento, em que é


preciso: 1) provar a sua opinião; 2) fundamentar a sua opinião e; 3) dar sentido à sua
opinião. Estas três atitudes não estão apenas embasadas no uso racional do argumento,
mas em seu uso lógico. A lógica, neste sentido, é o exercício de encadear um pensamento
de maneira racional, a partir das atitudes filosóficas que vimos na última aula, para que
uma opinião possa ser comprovada como verdade.

ATIVIDADE

1- O que quer dizer a palavra crítica?

2- Quais são as três principais perguntas que caracterizam a atitude filosófica?

3- Por que a atitude filosófica é racional?

4- Por que a lógica é uma atitude filosófica?

Aula 2: Lógica e Filosofia

Vimos que a lógica é o exercício de encadear um pensamento de maneira racional,


a partir das atitudes filosóficas, para que uma opinião possa ser comprovada como
verdade.

O uso da lógica na filosofia exerce um papel fundamental, pois é através da lógica


que os filósofos reconhecem uma proposição filosófica, uma tese ou uma teoria como
verdadeira ou falsa, boa ou má. Ora, sempre houve boas e más teorias, seja qual for o
problema que procuram resolver. As teorias dos filósofos não podem constituir exceção.
Assim, também há boas e más teorias filosóficas. Mas, como é óbvio, apenas estamos
interessados nas boas teorias filosóficas. Por isso se torna crucial saber distinguir as boas
das más teorias. Há duas maneiras de avaliarmos teorias, para procurarmos saber se são
boas ou más: 1) podemos procurar saber se a teoria resolve o problema que pretendia
resolver, e se essa solução é aceitável; 2) podemos procurar saber quais são os argumentos
em que essas teorias se apoiam e verificar se tais argumentos constituem boas razões a
favor daquilo que nelas se defende.

No caso dos filósofos, conhecer os argumentos que sustentam as suas teorias é


ainda mais importante do que noutros casos. Isso é assim porque os problemas da filosofia
são problemas de carácter conceptual e não empírico. Dificilmente acontece, com base
em factos empíricos, mostrar que uma teoria filosófica é verdadeira ou falsa, ao contrário
do que se verifica com muitas teorias científicas. Não há factos empíricos que mostrem
que Deus existe ou não existe; mas a teoria segundo a qual existe vida em Marte pode ser
refutada ou confirmada pelos factos. Daí que o valor de uma teoria filosófica, mais do
que qualquer outro tipo de teoria, dependa essencialmente dos argumentos que a
sustentam.

Não podemos, pois, saber se uma teoria é boa se não soubermos avaliar a
qualidade dos seus argumentos. Esse é, precisamente, o nosso objectivo ao estudar lógica.

ATIVIDADE

1- Como reconhecemos a validade de uma teoria ou proposição filosófica?


2- Qual é a importância dos argumentos de um proposição para sua validade como
verdade?
3- De que modo a lógica pode servir para avaliar a validade dos argumentos de uma
proposição?

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