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(ESAMC)
Sorocaba/SP
2018
ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO, MARKETING E COMUNICAÇÃO
(ESAMC)
Sorocaba/SP
2018
AGRADECIMENTOS
Por fim, meu muito obrigada as professoras Alina de Toledo Rossi e Ana
Paula Pescatori Bismara Gomes, que contribuíram de forma significativa para o
desenvolvimento deste trabalho. Tenho certeza que, sem a ajuda de vocês, esta
monografia não teria sido realizada com excelência.
EPÍGRAFE
This paper aims to present what is the Tax on the Circulation of Goods and
Services of interstate and intermunicipal transportation and communication (ICMS)
and its aspects in the scope of the Fiscal War and its relation with Brazilian Federalism,
as well as to discuss Complementary Law No 160/2017, which deals with the validation
of tax benefits granted irregularly by the Member States and ends with the end the
requirement of unanimity for approval. For the research, doctrines were used, such as
the great jurists Roque Antônio Carrazza, Hugo de Brito Machado and some editions
of the Dialectic Journal of Tax Law. In addition, I conducted searches on the most
renowned sites specialized in legal matters, such as Legal Adviser and Jota. In
addition, some articles on the subject were used. It is concluded that, with the new
legislation, some administrative and judicial proceedings pending in the Courts will be
resolved, although there is still pessimism about the possibility of ending the fiscal war.
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8
2. ICMS .................................................................................................................... 10
2.2. O princípio da não-cumulatividade no ICMS ..................................................... 13
2.3. Isenções e benefícios fiscais: A Lei Complementar nº 24/1975 ......................... 15
3. GUERRA FISCAL ................................................................................................ 18
3.1. O requisito previsto no art. 2º, § 2º da Lei Complementar nº 24/75: debate sobre
sua constitucionalidade ............................................................................................ 20
3.2. O requisito de unanimidade no CONFAZ e o federalismo ................................. 22
4. A LEI COMPLEMENTAR Nº 160/2017 ................................................................. 25
4.1. Fim da Guerra Fiscal? ....................................................................................... 26
4.2. A Lei Complementar nº 160/2017 e seu impacto nos processos administrativos e
judiciais ainda não julgados ..................................................................................... 26
5. JULGADOS SOBRE GUERRA FISCAL NO TRIBUNAL DE IMPOSTOS E TAXAS
DO ESTADO DE SÃO PAULO (TIT-SP) .................................................................. 28
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 29
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 30
8
1. INTRODUÇÃO
1
CARDOSO, Alessandro Mendes e FREIRE, Edgar Junqueira. Do Direito ao Crédito Integral do ICMS
e a Guerra Fiscal: Análise da Evolução Jurisprudencial. Revista Dialética de Direito Tributário, São
Paulo, nº 189, p.9-p.21, junho/2011.
9
2. ICMS
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a
referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.
2
Tem sido, todavia, utilizado também com função extrafiscal, mas essa prática é desaconselhável, em
virtude das práticas fraudulentas que o tratamento diferenciado pode estimular.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que o ICMS poderá ser seletivo em função da
essencialidade das mercadorias e dos serviços (art. 155, §2º, III), facultando, assim, seu uso com
função extrafiscal. Todavia, consciente dos problemas que daí podem decorrer, cuidou de estabelecer
fortes limitações a essa faculdade, atribuindo ao Senado Federal competência para estabelecer as
alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação, e a este facultando o
estabelecimento de alíquotas mínimas e máximas nas operações internas (art. 155, 2º, IV e V).
(MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015.
562 p.)
3
Cada contribuinte registra suas operações, escritura seus livros de entradas e de saídas e de
apuração do imposto, recolhendo o montante respectivo em cada mês, independente de exame de
seus cálculos pela autoridade administrativa.
Pode, é claro, como acontece em qualquer tributo, ser lançado de ofício, se o contribuinte não tomar a
iniciativa do respectivo recolhimento na época própria. (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito
Tributário. 36. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015. 562 p.)
11
4
Hugo de Brito Machado menciona o artigo 3º, que lista os casos aonde não há a incidência do imposto,
dizendo que, “ao comportar a definição do âmbito do ICMS, a Lei Complementar 87/1996 dispõe:
‘Art. 3º. O imposto não incide sobre: I – operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a
sua impressão; II – operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos
primários e produtos industrializados semielaborados, ou serviços; III – operações interestaduais
relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, quando destinados à industrialização ou à comercialização; IV – operações com ouro,
quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; V – operações relativas a
mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da
saída, de serviço de qualquer natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre
serviços, de competência dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei
complementar; VI – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de
estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie; VII – operações decorrentes de alienação
fiduciária em garantia, inclusive a operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento
do devedor; VIII – operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado
ao arrendatário; IX – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens imóveis
salvados de sinistro para companhias seguradoras.
Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a saída de mercadoria realizada
com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: I – empresa comercial exportadora,
inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa; II – armazém alfandegado ou
entreposto aduaneiro’”. (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2015. 562 p.)
13
Art. 7º. Para efeito de exigência do imposto por substituição tributária, inclui-
se, também, como fato gerador do imposto, a entrada de mercadoria ou bem
no estabelecimento5 do adquirente ou em outro por ele indicado.
5
“A jurisprudência, no STJ e no STF, tem-se manifestado no sentido de que o estabelecimento não
pode ser considerado contribuinte autonomamente, pois contribuinte é a pessoa jurídica.
Na verdade, estabelecimento é objeto e não sujeito de direitos; entretanto, por ficção legal, admite-se
que o estabelecimento seja considerado contribuinte. O que se quer realmente é tomar em
consideração cada estabelecimento, e não a empresa, para os fins de verificação da ocorrência do fato
gerador do imposto”. (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2015. 562 p.)
6
Na opinião de Hugo de Brito Machado, “A não cumulatividade do ICMS constitui um dos graves
defeitos de nosso sistema tributário. Técnica copiada dos franceses, que a instituíram nos anos 50 do
século passado, como forma de incrementar a integração da Comunidade Econômica Europeia, foi
adotada entre nós pela Emenda Constitucional 18/1965. Seus defensores afirmam ser ela um
instrumento da modernidade, mas a não cumulatividade é inteiramente inadequada para o Brasil.
O grande número de dispositivos introduzidos na Constituição Federal na tentativa de normatizar
adequadamente a compensação do imposto em cada operação é expressivo da inadequação dessa
técnica para um imposto estadual numa Federação com enormes desigualdades econômicas entre as
suas diversas unidades e com a dimensão territorial de nosso País”. (MACHADO, Hugo de Brito. Curso
de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015. 562 p.)
14
Excluído do rol de assuntos tratados pela Lei Kandir, foi recepcionada pela
Constituição Federal de 1988 a Lei Complementar 24/1975, que “dispõe sobre os
convênios para a concessão de isenções do imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias (…)”. Tal dispositivo determina em seu artigo 1º, caput, que
“as isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão
concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos
Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei” 7.
Leal Júnior e Freitas Filho (2009, p. 66) esclarecem que os convênios são
determinados no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz):
7
BRASIL. Lei Complementar nº 24, de 7 de Janeiro de 1975. Dispõe sobre os convênios para a
concessão de isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, e dá outras
providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp24.htm>. Acesso em: 07
mai 2018.
16
i) isenções;
ii) reduções de base de cálculo;
iii) devolução total ou parcial, direta ou indireta, condicionada ou não, do
ICMS ao contribuinte, responsável ou a terceiros;
iv) concessão de crédito presumido;
v) quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais,
concedidos com base no ICMS, dos quais resulte redução ou eliminação,
direta ou indireta, do respectivo ônus; e
vi) prorrogações ou extensões de isenções vigentes.
8
Na opinião de Leal Júnior e Freitas Filho, “verifica-se procedimento deveras diferenciado, já que nem mesmo a aprovação
de emenda constitucional requer unanimidade de consenso, mas tão-só maioria qualificada”. Além disso, afirmam que tal
exigência vai de encontro com as diretrizes da democracia, “em que se assentam as estruturas do Estado brasileiro. Pautar-
se na democracia é obedecer à vontade da maioria, que, por sua vez, não é o mesmo que unanimidade”. (LEAL JÚNIOR,
João Carlos; FREITAS FILHO, Júlio César. Análise crítica à lei complementar nº. 24/1975 sob o prisma do preceito
fundamental da democracia. Rev. de Direito Público, Londrina, PR, v.4, n.3, p. 50-70, Set./Dez. 2009. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/viewFile/10870/9495>. Acesso em: 07 mai 2018).
17
Tal prática ficou conhecida como “Guerra Fiscal”, que será melhor
explanada no capítulo a seguir.
18
3. GUERRA FISCAL
9
(…) para as aquisições de mercadorias oriundas de Estados nos quais o contribuinte usufrua de
qualquer espécie de benefício fiscal, admite-se apenas o desconto de crédito correspondente ao
imposto efetivamente recolhido, conforme disposto no inciso I do artigo 8º da mesma LC 24/75.
(CARDOSO, Alessandro Mendes e FREIRE, Edgar Junqueira. Do Direito ao Crédito Integral do ICMS
e a Guerra Fiscal: Análise da Evolução Jurisprudencial. Revista Dialética de Direito Tributário, São
Paulo, nº 189, p.9-p.21, junho/2011).
10
CASQUET, Pedro Guilherme Modenese e VICECONTI, Andressa Vianna Santos. Reflexões sobre
o Atual Entendimento Jurisprudencial sobre a Guerra Fiscal e sobre a (Definitiva) Solução do
Problema. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, nº 221, p.110-p.116, fevereiro/2014.
11
Do ponto de vista estritamente jurídico, é importante distinguir o incentivo concedido por um Estado
rico daquele concedido por um Estado pobre. O primeiro é flagrantemente contrário à Constituição
Federal, o segundo realiza princípio fundamental por esta consagrado.
A Constituição Federal consagra como um dos objetivos fundamentais de nossa República erradicar a
pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais (art. 3º, III). (…) Diante de tão evidente e
eloquente consagração, pela Lei Maior, do propósito de reduzir as desigualdades socioeconômicas
regionais, tem-se de concluir que a concessão de incentivos fiscais por Estados ricos, porque tende a
agravar as desigualdades socioeconômicas regionais, é inconstitucional, enquanto os incentivos fiscais
20
Para Guilherme Assunção Fagundes12 tal quórum não é utilizado nem para
aprovação de emenda constitucional, uma vez que:
concedidos por Estados pobres, porque tendem a reduzir aquelas desigualdades, realizam o princípio
constitucional. (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2015. 562 p.)
12
FAGUNDES, Guilherme Assunção. A inconstitucionalidade da exigência de unanimidade de
votos no âmbito do CONFAZ para concessão de benefício de ICMS. Conteudo Juridico, Brasilia-
DF: 13 ago. 2016. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.56569&seo=1>.
Acesso em: 08 maio 2018.
21
complementar que institui tal medida sem unanimidade de votos (para edição
de lei complementar basta maioria absoluta dos parlamentares). Trata-se da
única regra de aprovação unânime existente em todo o sistema político-
legislativo brasileiro.13
13
Fernando Facury Scaff possui opinião semelhante: “Observe-se que a exigência de unanimidade não
existe nem mesmo para alterar a Constituição. As propostas de emenda constitucional devem ser
aprovadas por 3/5 (três quintos) dos votos dos membros do Congresso Nacional. Todo o processo
legislativo possui regras de aprovação inferiores a esta proporção de 3/5, sendo a regra geral a de
metade mais um dos membros das Casas Legislativas (artigo 47, Constituição Federal). Mesmo a
aprovação de Súmulas Vinculantes pelo STF exige a concordância de apenas 2/3 de seus membros
(artigo 103-A, caput, Constituição Federal)”. (SCAFF, Fernando Facury. A inconstitucional
unanimidade do Confaz e o surpreendente Convênio 70. Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 12
de agosto de 2014. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2014-ago-12/contas-vista-
inconstitucional-unanimidade-confaz-convenio-70>. Acesso em: 08 mai 2018).
14
Afinal, o que vem a ser o princípio da proporcionalidade? Sinteticamente, foi a solução desenvolvida
pelo jurista alemão Robert Alexy para ponderar bens e valores tutelados por princípios constitucionais
que se confrontam. Divide o referido princípio em três testes: (i) adequação; (ii) necessidade; e (iii)
proporcionalidade em sentido estrito. O teste de adequação consiste no meio que consegue promover
o fim almejado, não infringindo tanto o outro princípio como outros meios poderiam vir a infringir.
Sucintamente, a norma é adequada quando é apta a atingir o fim a qual foi proposta. (…) O teste da
necessidade consiste na intervenção mínima, isto é, é a adequação de eficácia das medidas, conforme
a qual a intervenção somente deve ocorrer quando extremamente necessária à proteção do interesse
público e, dentre as demais possíveis, deve ser escolhida a menos lesiva. (…) O teste da
proporcionalidade em sentido estrito ou razoabilidade consiste na “justa medida”, a justa razoabilidade
da intervenção provocada ante os resultados obtidos. (FAGUNDES, Guilherme Assunção. A
inconstitucionalidade da exigência de unanimidade de votos no âmbito do CONFAZ para
concessão de benefício de ICMS. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 13 ago. 2016. Disponivel em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.56569&seo=1>. Acesso em: 08 mai 2018).
22
15
SCAFF, Fernando Facury. A inconstitucional unanimidade do Confaz e o surpreendente
Convênio 70. Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 12 de agosto de 2014. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2014-ago-12/contas-vista-inconstitucional-unanimidade-confaz-convenio-
70>. Acesso em: 08 mai 2018.
16
Em sentido contrário, Valério Pimenta de Morais afirma que: “A atuação do Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz) enquadra-se inteiramente no panorama democrático e republicano
presente na Constituição cidadã, sobretudo quando considerado o princípio da igualdade presente nas
relações entre os entes federativos, apesar do sedutor argumento do autoritarismo de norma anterior
à redemocratização constitucional”. (MORAIS, Valério Pimenta de. Unanimidade no Confaz é
manifestação da igualdade e da autonomia. Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 23 de setembro
de 2014. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2014-set-23/valerio-pimenta-unanimidade-confaz-
manifestacao-igualdade>. Acesso em: 08 mai 2018).
17
O Princípio da Presunção de Constitucionalidade baseia-se na eficácia do controle preventivo e
pugna pelo entendimento de que toda espécie normativa nasce de acordo com a Constituição.
(OLIVEIRA FILHO, Gabriel Barbosa Gomes de. Comentários sobre as ações de
constitucionalidade no STF da Lei nº 9868/98. Direito Net. 01 de julho de 2013. Disponível em:
<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8036/Comentarios-sobre-as-acoes-de-
constitucionalidade-no-STF-da-Lei-no-9868-98>. Acesso em: 09 mai 2018.)
23
18
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 19. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2003. 942 p. apud LULIA, Michel Miguel Elias Temer. Elementos de Direito
Constitucional. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1982. p.77
19
Na Federação, os Estados que dela participam (Estados-membros) estão subordinados a uma Carta
Magna, que lhes confere competências, tanto quanto ao Estado Central (União). Nela, a União e os
Estados-membros são autônomos, mas não soberanos, já que encontram limites em seu agir na
Constituição, que, encimando-os, dá validade aos atos jurídicos que praticam. Em rigor, soberano era
o poder que deu à estampa e fez obedecida a Constituição (Poder Constituinte). Exercitada, a
soberania acaba devolvida ao povo, seu único senhor, nos regimes democráticos.
Enfatizamos, ainda, que, nas Federações, geralmente há absoluta igualdade jurídica – enquanto
pessoas de direito constitucional interno – entre os Estados federados e entre estes e o Estado Federal
24
Entendo que o artigo 2º, parágrafo 2º da Lei Complementar 24/75 não foi
recepcionado pela atual Constituição em face do Princípio Federativo e do
Princípio Democrático, pois, da forma como se encontra estruturado, é
possível a um único Estado da Federação bloquear uma deliberação que seja
relevante para o conjunto dos demais entes federados. Isso não está
auxiliando ou permitindo o desenvolvimento federativo, ao contrário, está
matando a Federação. Nem mesmo uma proposta de Emenda Constitucional
que contivesse este tipo de obrigatoriedade poderia ser analisada, por ferir
cláusula pétrea de nossa Constituição (artigo 60, parágrafo 4º, I, Constituição
Federal).
(a União). Tanto que, na clássica definição de Antônio de Sampaio Dória, “Federação é a autonomia
recíproca entre a União e os Estados, sob a égide da Constituição Federal”. (CARRAZZA, Roque
Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 19. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2003.
942 p.)
20
SCAFF, Fernando Facury. A inconstitucional unanimidade do Confaz e o surpreendente
Convênio 70. Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 12 de agosto de 2014. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2014-ago-12/contas-vista-inconstitucional-unanimidade-confaz-convenio-
70>. Acesso em: 09 mai 2018.
25
Art. 1o. Mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar no 24,
de 7 de janeiro de 1975, os Estados e o Distrito Federal poderão deliberar
sobre:
I - a remissão dos créditos tributários, constituídos ou não, decorrentes das
isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou financeiro-fiscais
instituídos em desacordo com o disposto na alínea “g” do inciso XII do § 2 o
do art. 155 da Constituição Federal por legislação estadual publicada até a
data de início de produção de efeitos desta Lei Complementar;
II - a reinstituição das isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou
financeiro-fiscais referidos no inciso I deste artigo que ainda se encontrem em
vigor.
Art. 2o. O convênio a que se refere o art. 1o desta Lei Complementar poderá
ser aprovado e ratificado com o voto favorável de, no mínimo:
I - 2/3 (dois terços) das unidades federadas; e
II - 1/3 (um terço) das unidades federadas integrantes de cada uma das 5
(cinco) regiões do País.
De acordo com Felipe Luchete, o fim será gradual, mas todos os benefícios
devem ser encerrados 15 anos após acerto entre entes federados, o que na prática
21
Já os estados, em troca, devem deixar tudo às claras e divulgar lista de todos os atos normativos
que concederam isenções, incentivos e benefícios de ICMS. (LUCHETE, Felipe. Lei tenta encerrar
Guerra Fiscal até 2033 com perdão de dívidas antigas. Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 8 de
agosto de 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-ago-08/lei-tenta-encerrar-guerra-
fiscal-2033-perdao-creditos>. Acesso em: 10 mai 2018).
26
deve ocorrer até 203322 23. Importante destacar que já foi aprovado o Convênio nº
190/2017, através do Confaz e sob as regras da nova lei.
22
Valem por 15 anos benefícios concedidos para estimular as atividades agropecuária e industrial,
além de infraestrutura rodoviária, aquaviária, ferroviária, portuária, aeroportuária e de transporte
urbano. O período é de oito anos para aqueles destinados à manutenção ou ao incremento do setor
portuário e aeroportuário no comércio internacional.
Atividades comerciais podem continuar agraciadas por mais cinco anos, enquanto operações
interestaduais com produtos agropecuários e extrativos vegetais in natura têm prazo de três anos. As
demais devem ser encerradas até o ano seguinte da produção de efeitos do convênio. Quem
descumprir fica sujeito a sanções como deixar de receber transferências voluntárias; obter garantia,
direta ou indireta, de outro ente; e contratar operações de crédito. (LUCHETE, Felipe. Lei tenta
encerrar Guerra Fiscal até 2033 com perdão de dívidas antigas. Revista Consultor Jurídico. São
Paulo: 8 de agosto de 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-ago-08/lei-tenta-
encerrar-guerra-fiscal-2033-perdao-creditos>. Acesso em: 10 mai 2018).
23
LUCHETE, Felipe. Lei tenta encerrar Guerra Fiscal até 2033 com perdão de dívidas antigas.
Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 8 de agosto de 2017. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2017-ago-08/lei-tenta-encerrar-guerra-fiscal-2033-perdao-creditos>.
Acesso em: 10 mai 2018.
24
SCAFF, Fernando Facury e CUNHA, Gabriel Hercos da. Não se crê que a LC 160 colocará fim à guerra fiscal entre
estados. Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 17 de agosto de 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-
ago-17/opiniao-nao-cre-lc-160-colocara-fim-guerra-fiscal>. Acesso em: 10 mai 2018.
27
25
SCAFF, Fernando Facury e CUNHA, Gabriel Hercos da. Não se crê que a LC 160 colocará fim à guerra fiscal entre
estados. Revista Consultor Jurídico. São Paulo: 17 de agosto de 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-
ago-17/opiniao-nao-cre-lc-160-colocara-fim-guerra-fiscal>. Acesso em: 10 mai 2018.
26
DOMENE, Vanessa. Lei Complementar 160/2017: o fim da guerra fiscal? Jota. 11 de agosto de
2017. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/pauta-fiscal/lei-complementar-
1602017-o-fim-da-guerra-fiscal-11082017>. Acesso em: 10 mai 2018.
28
27
__________________________BRASIL. Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo.
Recurso Ordinário nº 4090160-9. Relatora: Lílian Zub Ferreira, publicado em 28 de setembro de 2017.
Consulta de Acórdãos do Tribunal de Impostos e Taxas. Disponível em:
<https://www.fazenda.sp.gov.br/VDTIT/ConsultarVotos.aspx?instancia=2>. Acesso em: 10 mai 2018.
28
__________________________BRASIL. Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo.
Recurso Ordinário nº 4088917-8. Relator: Paulo Schmidt Pimentel, publicado em 11 de dezembro de
2017. Consulta de Acórdãos do Tribunal de Impostos e Taxas. Disponível em:
<https://www.fazenda.sp.gov.br/VDTIT/ConsultarVotos.aspx?instancia=2>. Acesso em: 10 mai 2018.
29
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SCAFF, Fernando Facury e CUNHA, Gabriel Hercos da. Não se crê que a
LC 160 colocará fim à guerra fiscal entre estados. Revista Consultor Jurídico. São
Paulo: 17 de agosto de 2017. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-ago-
17/opiniao-nao-cre-lc-160-colocara-fim-guerra-fiscal>. Acesso em: 10 mai 2018.
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