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Direito Constitucional

Controle de Constitucionalidade
O controle de constitucionalidade tem por fundamento teórico a defesa
do Princípio da supremacia constitucional.

Inconstitucionalidade é a relação de desconformidade verificada entre um


ato (objeto) e pelo menos um preceito normativo ao qual se atribui
supremacia constitucional (parâmetro).

A doutrina costuma tratar da inconstitucionalidade somente com


referência a leis e atos normativos do Poder Público.

1. Tipos de inconstitucionalidade:

1.1. Inconstitucionalidade formal:

Incompatibilidade constitucional que incide no processo de elaboração do


ato. Uma lei formalmente inconstitucional é a que foi aprovada mediante
processo legislativo defeituoso sob a ótica constitucional.

Também chamada de inconstitucionalidade nomodinâmica.

Pode decorrer de três tipos:

a) Inconstitucionalidade orgânica:

Descumprimento de norma constitucional que institui competência a


determinado órgão ou agente para elaborar atos normativos.

Vício de competência do órgão responsável pela edição do ato. Nesse


sentido, uma lei será organicamente inconstitucional se aprovada por
órgão incompetente.

Acarreta a inconstitucionalidade total de todos os dispositivos que façam


parte do ato normativo.
b) Inconstitucionalidade formal propriamente dita:

Contrariedade a normas constitucionais que regulam o processo de


formação adequado ao exercício da competência normativa.

Exemplos: lei ordinária aprovada sem o quórum mínimo de votação


exigido ou que venha a disciplinar matéria reservada à lei complementar.

A inconstitucionalidade poderá adstringir-se apenas a partes do texto


aprovado (inconstitucionalidade parcial).

Por exemplo, se uma lei ordinária invade o campo temático das leis
complementares, são inconstitucionais somente os dispositivos invasores.

c) Inconstitucionalidade por violação a pressupostos objetivos do ato

Desobediência a certas circunstâncias que obstam a produção normativa.


Exemplo: aprovação de emenda constitucional durante o estado de sítio.

Acarreta a inconstitucionalidade total de todos os dispositivos que façam


parte do ato normativo.

Resumindo:

Inconstitucionalidade formal:

 Orgânica: competência legislativa


 Formal propriamente dita: devido processo legislativo
 Por violação a pressupostos objetivos do ato: circunstâncias que
obstam a produção normativa

1.2. Inconstitucionalidade material:

Anomalia que se manifesta no conteúdo do ato. Nessa acepção, lei


materialmente inconstitucional é a que dispõe algo incompatível com a
constituição.

OBS.: Em relação às emendas constitucionais, como o § 4º do art. 6º


proíbe até mesmo "deliberar" propostas tendentes a abolir quaisquer das
cláusulas pétreas, a inconstitucionalidade material a respeito equivale
também a uma inconstitucionalidade formal.
2. Inconstitucionalidade por ação e por omissão:

Inconstitucionalidade por ação:

Defeito que decorre de conduta positiva, num fazer ou praticar algo (ato
comissivo) que seja incompatível com a supremacia constitucional.

Inconstitucionalidade por omissão:

Defeito que decorre da abstenção em cumprir dever constitucional


dirigido à produção ou à atualização das medidas necessárias para tornar
plenamente efetiva determinada norma constitucional.

a) Inconstitucionalidade por omissão total:

Completa abstenção em tomar as medidas exigidas pela constituição;

 Inclui os casos de inertia deliberandi (demora na deliberação) na


tramitação legislativa.

b) Inconstitucionalidade por omissão parcial


A obrigação constitucional foi cumprida de maneira incompleta.

Inclui os casos de falta de atualização das medidas providenciadas, sempre


que o transcurso do tempo ou a mudança de certas situações relevantes
comprometam a suficiência das providências implementadas.

c) Inconstitucionalidade por omissão relativa:


O ato normativo aprovado viola o princípio constitucional da isonomia ao
deixar de contemplar determinadas situações. Ex.: Provimento de cargos
exclusivamente para homens.

3. Inconstitucionalidade originária e superveniente:

3.1. Inconstitucionalidade originária:


Anomalia constitucional que atinge o ato, desde o momento em que
editada. conforme parâmetros de controle de constitucionalidade
vigentes à época.

3.2. Inconstitucionalidade superveniente:


Inconstitucionalidade que surge em momento posterior à edição do ato a
partir de alteração superveniente dos padrões normativos que lhe servem
de parâmetro de controle de constitucionalidade.

O STF não aceita a tese da inconstitucionalidade superveniente por


entender que toda antinomia entre normas constitucionais posteriores e
normas infraconstitucionais anteriores é questão de direito intertemporal,
a ser resolvida pelo critério cronológico (lex posterior derrogat priori), o
que leva ao reconhecimento da simples revogação do ato
infraconstitucional mais antigo.

Teoricamente, esse tipo de inconstitucionalidade pode manifestar- se em


razão de: (a) nova constituição; (b) reforma constitucional; e (c) mutação
constitucional.

4. Inconstitucionalidade total ou parcial

Em razão do princípio da presunção de constitucionalidade os órgãos que


realizam controle de constitucionalidade devem preservar ao máximo o
trabalho de produção normativa.

Daí, o reconhecimento da inconstitucionalidade deve restringir-se às


partes viciadas do ato normativo, preservando- se, sempre que possível os
demais segmentos não contaminados.

Entretanto Como já explicou o STF descabe pretender que a Corte, "a


partir da supressão seletiva de fragmentos do discurso normativo inscrito
no ato estatal impugnado, proceda à virtual criação de outra regra legal
substancialmente divorciada do conteúdo material que lhe deu o próprio
legislador.

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