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CONVERSA INICIAL

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A biossegurança está inserida em um contexto mais amplo chamado
Segurança do Trabalho e é extremamente importante na área da enfermagem
do trabalho, por exigir conhecimento e conduta profissional assertivos, uma vez
que muitos trabalhadores – inclusive aqueles sob nossa supervisão – não tomam
cuidados teoricamente simples na execução de suas atividades, o que pode
ocasionar consequências terríveis à saúde. Por isso, o objetivo desta aula é
apresentar conceitos básicos de segurança do trabalho e prevenção de
acidentes.
Vamos lá? Boa aula!

CONTEXTUALIZANDO
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M. M. S, 45 anos, sexo feminino, auxiliar de limpeza em hospital público há mais
de 15 anos, sem comorbidades ou queixas, é encaminhada ao serviço de
infectologia por conta de um aumento de marcadores hepáticos em seus exames
periódicos do trabalho. Durante a anamnese, negou hemotransfusão prévia,
acupuntura, tabagismo, uso de drogas ilícitas e promiscuidade sexual, mas
relata “esquecer” com frequência de usar máscara e outros materiais de
proteção, apesar do contato frequente com sangue em seu ambiente de
trabalho. Após exames complementares, foi diagnosticado hepatite C com
elevado grau de fibrose hepática. A questão norteadora aqui é: Como os
conceitos de biossegurança estão aplicados nesse caso? Mas não responda
agora! Ao longo da aula, você entenderá melhor e, ao final, poderá responder.

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TEMA 1: SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – NORMATIVAS
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Em seu trabalho, o profissional pode ficar exposto a diferentes situações
de risco à saúde. A expressão “Segurança e Saúde no Trabalho” envolve um
conjunto de normas e procedimentos específicos a ser adotado pela empresa
com a finalidade de proteger a integridade física e mental de seus colaboradores,
previnindo acidentes decorrentes de fatores de riscos ocupacionais, ou seja,
inerentes às tarefas de cada cargo e ao ambiente onde são executadas.
Esse tema é tão importante que, no Brasil, existem Normas
Regulamentadoras (NRs) específicas na legislação, as quais orientam sobre
todos os procedimentos obrigatórios à segurança e à medicina do trabalho.
Atualmente, há 36 NRs vigentes, a saber:
• NR 01 – Disposições gerais
• NR 02 – Inspeção prévia
• NR 03 – Embargo ou interdição
• NR 04 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em
medicina do trabalho
• NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa)
• NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
• NR 07 – Programas de controle médico de saúde ocupacional
• NR 08 – Edificações
• NR 09 – Programas de prevenção de riscos ambientais
• NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade
• NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de
materiais
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• NR 12 – Máquinas e equipamentos
• NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão
• NR 14 – Fornos
• NR 15 – Atividades e operações insalubres
• NR 16 – Atividades e operações perigosas
• NR 17 – Ergonomia
• NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção
• NR 19 – Explosivos
• NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis
• NR 21 – Trabalho a céu aberto
• NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração
• NR 23 – Proteção contra incêndios
• NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho
• NR 25 – Resíduos industriais
• NR 26 – Sinalização de segurança
• NR 27 – Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no
MTB
• NR 28 – Fiscalização e penalidades
• NR 29 – Segurança e saúde no trabalho portuário
• NR 30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário
• NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária
silvicultura, exploração florestal e aquicultura
• NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de
saúde
• NR 33 – Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados

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• NR 34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção e reparação naval
• NR 35 – Trabalho em altura
• NR 36 – Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e
processamento de carnes e derivados
Essas normas estão contidas na Portaria nº 3.214 de 1978 do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), órgão que regulamenta as relações trabalhistas
no país. As NRs são citadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
legislação de observância obrigatória para todas as empresas, as quais são
periodicamente revisadas pelo MTE.

TEMA 2: CONCEITOS-CHAVE – ENTENDENDO OS RISCOS


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Vamos a alguns conceitos fundamentais: você sabe a diferença entre
risco e perigo? Segundo o MTE, em sua NR nº 10, “perigo é uma fonte ou
situação com potencial para causar danos à integridade do trabalhador,
instalações e/ou equipamentos do ambiente de trabalho, enquanto que risco se
define como a combinação da probabilidade de ocorrência e da consequência
de um determinado evento perigoso”. Ou seja, perigo é a “fonte geradora”; risco,
a “exposição a esta fonte”. Um exemplo é a atividade de limpar o piso do local
de trabalho: o perigo é o piso escorregadio; o risco, uma queda, um acidente,
ferimentos...
No ambiente laboral, é possível classificar os riscos em cinco tipos,
conforme exposto a seguir.
RISCOS E SEUS AGENTES

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Risco de acidente
Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar
sua integridade e seu bem-estar físico e psíquico.
Exemplos: máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio
e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado etc.

Risco ergonômico
Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do
trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde.
Exemplos: levantamento de peso, ritmo de trabalho excessivo, monotonia,
repetitividade, postura inadequada etc.

Risco físico
Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que
possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão,
umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibração etc.

Risco químico
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via
respiratória, na forma de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores,
ou que sejam, pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato
com o organismo ou ser absorvidos por ele através da pele ou por ingestão.

Risco biológico
Consideram-se agentes de risco biológico bactérias, vírus, fungos, parasitos,
entre outros.

Adaptado de <www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/tipos_de_riscos.html>.

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Diferentes partes do corpo de um indivíduo podem estar mais expostas
que outras a riscos de trabalho, conforme as atividades desenvolvidas por ele
dentro da empresa e o ambiente onde isso acontece. Assim, o trabalhador pode
ter necessidade de proteção especial em algumas áreas, como ilustrado na

figura
abaixo.

Fonte: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT), 2012.

TEMA 3: EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA


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Contra os riscos do ambiente laboral, todo trabalhador tem direito a
dispositivos que preservem sua integridade física. Existem para isso

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equipamentos de proteção coletiva (EPC) e equipamentos de proteção
individual (EPI).
Os EPC têm como objetivos proteger e manter a segurança de um grupo
de trabalhadores que realiza determinada tarefa ou atividade, preservando a
integridade deles diante da exposição a determinados riscos. São exemplos de
EPC:
• enclausuramento acústico de fontes de ruído;

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• ventilação dos locais de trabalho;
• chuveiros e lava olhos de emergência;
• alarme contra incêndio;
• proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos;
• sinalização de segurança, corrimões de escadas;
• cabine de segurança biológica;
• capelas químicas;
• extintores de incêndio;
• exaustores para gases, névoas e vapores contaminantes;
• sensores em máquinas;
• barreiras de proteção em máquinas e em situações de risco
• corrimão e guarda-corpos;
• fitas sinalizadoras e antiderrapantes em degraus de escada;
• piso antiderrapante;
• barreiras de proteção contra luminosidade e radiação;
• cabines para pintura;
• redes de proteção;
• isolamento de áreas de risco;
• sinalizadores de segurança (como placas e cartazes de
advertência, ou fitas zebradas);
• detectores de tensão;
• chuveiros de segurança;
• chuveiro lava olhos;
• kit de primeiros socorros.
Esses EPCs são de utilização prioritária, quando comparados ao uso dos
EPIs. Por exemplo: um equipamento de enclausuramento acústico, por proteger
num âmbito coletivo, deve ser a primeira alternativa a ser indicada em uma
situação de risco físico de ruído. Somente quando essa condição não for
possível, deve ser pensado o uso de EPIs para proteção individual dos
8trabalhadores, como protetores auditivos. Entre as vantagens do EPC,
podemos citar a redução de acidentes de trabalho, a melhoria nas condições do
trabalho – comodidade que aumenta eficácia e eficiência nas atividades – e o
menor custo a longo prazo.

TEMA 4: EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


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Equipamentos destinados a esse fim só poderão ser postos à venda ou
utilizados com a indicação do Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo MTE,
tanto para produtos nacionais quanto importados. Existem ainda os
Equipamentos Conjugados de Proteção Individual, que compreendem todos
aqueles compostos de vários dispositivos, que o fabricante tenha associado
contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente.
Segundo Curia, Céspedes e Nicoletti (2014), são exemplos de EPIs:
• Proteção da cabeça: capacete de segurança contra impactos
provenientes de queda ou projeção de objetos; protetores de
cabeça impermeáveis e resistentes nos trabalhos com produtos
químicos.
• Proteção dos olhos e da face: protetores faciais destinados à
proteção contra lesões ocasionadas por partículas, respingos,
vapores de produtos químicos e radiações luminosas intensas;
óculos de segurança para trabalhos que possam causar ferimentos
provenientes do impacto de partículas, ou de objetos pontiagudos
ou cortantes; óculos de segurança contra respingos para trabalhos
que possam causar irritação e outras lesões decorrentes da ação
de líquidos agressivos. • Proteção auditiva: protetores auriculares
nas atividades em que o ruído seja excessivo.
• Proteção das vias respiratórias: respiradores com filtros mecânicos
para trabalhos que impliquem produção de poeira; respiradores e
máscaras de filtro químico para trabalhos com produtos químicos;
respiradores e máscaras de filtros combinados (químicos e
mecânicos) para atividades em que haja emanação de gases e
poeiras tóxicas; aparelhos de isolamento, autônomos ou de adução
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de ar para locais de trabalho onde o teor de oxigênio (O 2) seja
inferior a 18% (dezoito por cento) em volume.
• Proteção dos membros superiores: luvas e/ou mangas de proteção
nas atividades em que haja perigo de lesões provocadas por a) materiais ou objetos
escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes; b) produtos químicos tóxicos, alergênicos,
corrosivos, cáusticos, solventes orgânicos e derivados de petróleo; c) materiais ou objetos
aquecidos; d) operações com equipamentos elétricos; e) tratos com animais, suas vísceras e
detritos e na possibilidade de transmissão de doenças decorrentes de produtos infecciosos ou
parasitários; f) picadas de animais peçonhentos.
• Proteção dos membros inferiores: botas impermeáveis e com
estrias no solado para trabalhos em terrenos úmidos; botas com
biqueira reforçada para trabalhos em que haja perigo de queda de
materiais e objetos pesados; perneiras em atividades nas quais
haja perigo de lesões provocadas por materiais ou objetos
cortantes, escoriantes ou perfurantes; calçados impermeáveis e
resistentes em trabalhos com produtos químicos; calçados de
couro para as demais atividades.
• Proteção do tronco: Aventais, jaquetas, capas e outros para
proteção nos trabalhos em que haja perigo de lesões provocadas
por: a) riscos de origem térmica; b) riscos de origem mecânica; c)
riscos de origem meteorológica; d) produtos químicos.
• Proteção contra quedas com diferença de nível: Cintas e correias
de segurança.

TEMA 5: RESPONSABILIDADES EMPREGADOR E EMPREGADO


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A legislação trabalhista prevê responsabilidades sobre os equipamentos
de proteção, tanto para empregador quanto para empregado. Quem falha nessas
obrigações pode ser responsabilizado, caso ocorra algum dano ao trabalhador.
Segundo a Norma Regulamentdora 6, é de responsabilidade do empregador o
fornecimento gratuito de EPI adequado ao risco:
em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: sempre que
as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do
trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; enquanto as medidas de proteção coletiva
estiverem sendo implantadas; e, para atender a situações de emergência.

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Cabe ainda ao empregador, quanto ao EPI:
• adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
• exigir seu uso;
• fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional
competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; •
orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e
conservação;
• substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;
responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,
comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
• registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados
livros, fichas ou sistema eletrônico.

Com relação às responsabilidades do trabalhador, cabe ao empregado


quanto ao EPI:
• usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;
• responsabilizar-se pela guarda e conservação;
• comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio
para uso; e,
• cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

FINALIZANDO
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Espera-se que você tenha compreendido que sempre existem riscos à
segurança do trabalhador no desenvolvimento de suas atividades. É importante
saber também que existem normas na legislação com orientações específicas
sobre manter o ambiente de trabalho seguro, bem como adoção de medidas para
minimizar os riscos de danos à integridade de cada indivíduo.
Lembra-se do caso apresentado no início da aula? A trabalhadora
contraiu uma doença grave ao desenvolver suas atividades laborais, o que
poderia ter sido evitado com uso correto dos EPIs. Essa situação ilustra apenas

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um dos diversos riscos existentes em um ambiente de atenção à saúde, o que
demostra a importância da biossegurança na prática profissional.
Bons estudos e até a próxima aula!

REFERÊNCIAS
CURIA, L. R.; CÉSPEDES, L.; NICOLETTI, J. (Org.). Segurança e medicina do
trabalho. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
FIO CRUZ. Sistema de informação em biossegurança. Disponível em:
<http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/StartBIS.htm >. Acesso em: 30 abr.
2017.
NESTOR, N.W. Segurança do trabalho: os primeiros passos. São Paulo: Viena,
2015.
VELOSO, L. A. Dossiê técnico: segurança no trabalho em indústrias químicas e
farmacêuticas. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas, 2012.

LEITURA OBRIGATÓRIA DA DISCIPLINA

Texto de abordagem prática:


ALVES, S. S. M.; PASSOS, J. P.; TOCANTINS, F. R. Acidentes com
perfurocortantes em trabalhadores de enfermagem: uma questão de
biossegurança. Disponível em:
<http://www.facenf.uerj.br/v17n3/v17n3a13.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2017.

SAIBA MAIS
<https://www.youtube.com/watch?v=EI02JNK7wiI>
<https://www.youtube.com/watch?v=Mj_dA5OX9VY>
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