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DIAGNÓSTICO SÓCIO- ECONÔMICO E AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE

SOCIAL, TERRITORIAL E INTEROCUPASSIONAL PRESENTES EM


COMUNIDADES RURAIS DO ENTORNO DA CIDADE DE SÃO JOÃO DEL
REI.

DIAGNOSIS AND SOCIO-ECONOMIC ASSESSMENT OF SOCIAL MOBILITY,


AND TERRITORIAL INTEROCUPASSIONAL GIFTS IN RURAL COMMUNITIES
AROUND THE CITY OF SÃO JOÃO DEL REI.

Fernanda Cristina Resende/Universidade Federal de Sao João Del Rei – UFSJ


Ivair Gomes/Universidade Federal de Sao João Del Rei – UFSJ
fecrisresende@yahoo.com.br, ivair@ufsj.edu.br

Resumo
Este trabalho apresenta os resultados finais do projeto institucional de iniciação
científica (PIBIC/CNPC), intitulada a pesquisa sobre o diagnóstico sócio- econômico e
avaliação da mobilidade social, territorial e interocupassional de três comunidades
rurais no entorno da cidade de São João del-Rei, que está inserida no contexto da
mesorregião do Campo das Vertentes – MG. Com o intuído de construir uma analise
que correspondem às realidades empíricas dessas regiões rurais, abrindo assim novos
olhares sobre o estado atual e as perspectivas futuras para essas comunidades rurais,
além de compreender as mudanças nos sucessivos sistemas técnicos de produção e
complexidade de organização, suas dinâmicas, demandas, problemas e perspectivas
compreendidas através do estudo da estrutura agrícola, uso da terra, força de trabalho e
tecnologia de produção. A metodologia consistiu principalmente de entrevistas semi-
estruturadas e em profundidade, discussão com lideranças e/ou residentes mais antigos e
também observações diretas além de levantamento bibliográfico. A pesquisa permitiu
concluir que a predominância da agricultura familiar nas comunidades tem contribuído
para o desenvolvimento local, apresentando um nível de modernização relativamente
baixo, permanecendo o vínculo entre a produção e o mercado local, desta forma
contribuindo também para a economia do município, contudo, esses pequenos
produtores necessitam de políticas públicas eficazes.
Abstract
This work presents the final results of the project institutional undergraduates (PIBIC /
CNPC), titled research on the socio-economic diagnosis and evaluation of social
mobility, territorial and inters occupational three rural communities around the city of
São João del-Rei, which is inserted in the context of meso of Campo das Vertentes –
MG. With intuited to build an analysis that correspond to the empirical realities of these
rural areas, thus opening new perspectives on the current status and future prospects for
these rural communities, In addition to understanding the changes in successive
technical systems of production and complexity of the organization, its dynamics,
demands, problems and perspectives understood by studying the structure of
agriculture, land use, workforce and production technology. The methodology consisted
mainly of interviews semi-structured and in depth, discussion with leaderships and / or
residents oldest and also direct observations besides bibliographical survey. The survey
showed that the prevalence of family farming communities has contributed to the
development site, offering a level of modernization relatively low, standing the link
between production and the local market, and thus also contributing to the city's
economy, however, these small producers need effective public policies.
Palavras-chave: Agricultura Familiar; Território; Comunidade Rural.
Keywords: Family Agriculture; territory; Rural Community.
Eixo de inscrição/debate: Relação campo-cidade.

Objetivos

Nas últimas décadas, o espaço rural vem sofrendo varias mudanças que evidenciam a
construção de novos arranjos sociais e produtivos decorrentes de melhorias tecnológicas
na agricultura e das demandas do mercado. Assim a introdução de novas técnicas de
produção agrícola que modificam os modos de produção e dão novo significado aos
meios já existentes, caracterizando o fenômeno de modernização do campo. Nota-se que
no atual processo de modernização, no espaço rural, a terra vem perdendo valor em
relação à aplicação de insumos, caracterizando novas formas de relacionar-se com o
capital industrial.
As mudanças que ocorreram na agricultura brasileira, nas ultimas décadas provocaram a
intensificação da expropriação dos pequenos agricultores. E uma nova organização do
espaço rural brasileiro, principalmente na agricultura familiar, sendo está discutida por
distintos autores a exemplo de: Abramovay (1998) Guanziroli (2001), Romeiro (1998),
Bittencourt (1995), Lênin (1985), Kautsky (1986), Schneider (2003), entre outros. O
debate sobre a agricultura familiar é intenso no meio acadêmico, político e social, e cada
vez mais, ampliam-se às discussões sobre sua dinâmica, seus elementos
caracterizadores, e sua lógica econômica.
Ao longo dos séculos o espaço rural brasileiro se adaptou às exigências do mercado
externo, desde a colonização ao período atual. O espaço produto da ação humana é
marcado por diferentes formas de uso em momentos distintos (SANTOS & SILVEIRA,
2006). É necessária a devida compreensão do uso diferenciado do território brasileiro
em diferentes períodos históricos, a sucessão de objetos técnicos materializados no
espaço geográfico, sendo este, “formado por um conjunto indissociável, solidário e,
também, contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações”. (Santos, 1996, p.
51).
Este artigo se propõe apresentar os resultados finais do projeto institucional de iniciação
científica (PIBIC), intitulada a pesquisa sobre o diagnóstico sócio- econômico e
avaliação da mobilidade social, territorial e interocupassional de algumas comunidades
rurais em torno do município de São João del-Rei. Com o intuído de construir uma
analise que correspondem às realidades empíricas dessas regiões rurais, abrindo assim
novos olhares sobre o estado atual e as perspectivas futuras para essas comunidades
rurais.
Na perspectiva de entender e apreender a diversas especificidades do espaço rural no
município de São João del-Rei este trabalho procurou delimitar as diferentes
territorialidades, compreender as mudanças nos sucessivos sistemas técnicos de
produção e complexidade de organização, suas dinâmicas, demandas, problemas e
perspectivas compreendidas através do estudo da estrutura agrícola , uso da terra, força
de trabalho e tecnologia de produção.

Pequeno produtor rural: importância e desafios no contexto local

O contexto econômico da agricultura brasileira, principalmente nas ultimas quatro


décadas sofreu grandes mudanças, ocorrendo predominância dessas atividades nos
estabelecimentos mais modernizados e, quase sempre, em imóveis de média e larga
escala de produção.
Em síntese, avaliados o mundo rural e a expansão agrícola no período
contemporâneo, o Brasil vem observando o que talvez possa ser
denominado de um “desenvolvimento bifronte”: há um lado alvissareiro
de crescimento rápido da produção agropecuária, ancorado em taxas
elevadas de produtividade, de extrema importância para o desempenho
geral da economia do país. E há um lado socialmente negativo, senão
perverso, de seletividade social, situação agravada pela relativa
incompreensão da ação governamental (NAVARRO, p.16)

Em se tratando de pequenos produtores rurais, de menor porte econômico, enfrentam


grandes dificuldades na produção e comercialização de seus produtos, principalmente
nos preços pagos, que são definidos pelos grandes latifundiários. Deste modo, esses
pequenos produtores necessitam de políticas de crédito rural e, neste especial, a história
agrária do Brasil tem sido discriminatória em relação aos pequenos estabelecimentos
rurais.
Com intuito de incorporar os pequenos produtores ao sistema de mercado, numa lógica
capitalista, na década de 1990, o governo federal criou o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no empenho de facilitar o acesso dos
pequenos agricultores às novas tecnologias de produção via concessão de crédito
agrícola. Mas a falta de comunicação com esses pequenos produtores rurais, que muitas
vezes contém um baixo grau de instituição, interfere na incorporação de novos sistemas
produtivos e metodológicos no espaço agrário, sendo necessários outros investimentos
além do acesso ao credito.
O debate sobre pequenos produtores rurais, denominados por muitos como agricultura
familiar é intenso no meio acadêmico, político e social, e cada vez mais, ampliam-se às
discussões a respeito de seus elementos caracterizadores, sua dinâmica, sua viabilidade
e sua lógica econômica. A agricultura familiar está, basicamente, na responsabilidade da
família. Contudo, isso não a isenta de utilizar a mão-de-obra assalariada.
A agricultura de propriedade familiar é caracterizada por
estabelecimentos em que a gestão e o trabalho estão intimamente
ligados, ou seja, os meios de produção pertencem à família e o trabalho
é exercido pelos mesmos proprietários em uma área relativamente
pequena ou média. (MARAFON, 2006, p. 21)

Como é evidente, as características principais da agricultura familiar está ligada, a


forma de produção utilizada pela família com base no seu próprio trabalho, no uso do
território e seus sistemas produtivos. Acrescenta- se ainda, a agricultura familiar é
aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos
que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento. (ABRAMOVAY,1997, p. 3).
As características produtivas resultam de relações humanas com a natureza no território
e por isso representam e distinguem os cenários territoriais. O tipo de produção agrícola
é importante instrumento para caracterizar o espaço e demarcar as divisões de poder.
Com tudo, intensifica a fragmentação do território, no qual os sistemas de objetos
tendem a ser mais técnicos e informacionais. (SANTOS, 1994, 2005; SANTOS &
SILVEIRA, 2006).

Metodologia

Esse trabalho está sendo desenvolvido através do Programa Institucional de Iniciação


Científica/PIBIC/CNPC da Universidade Federal de São João Del Rei. As metodologias
de pesquisa empregada consistiram principalmente de entrevistas semi-estruturadas e
em profundidade, discussão com lideranças e/ou residentes mais antigos e também
observações diretas. A metodologia das entrevistas pretendeu garantir flexibilidade e
dinâmica à abordagem dos temas sobre desenvolvimento, por meio de um roteiro amplo
e flexível que permitia a contextualização dos entrevistados e a ordenação específica das
perguntas de acordo com cada situação estabelecida em campo e de acordo com as
singularidades de cada entrevistado e comunidade.
Além disto, durante toda a pesquisa foi obtido levantamentos bibliográficos referente ao
tema, leitura de artigos científicos, textos teóricos, documentos de pesquisa de
instituições acadêmicas e órgãos governamentais e analisaram-se dados e informações
como indicadores estatísticos e socioeconômicos, mapas e gráficos de instituições
públicas como universidades, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
entre outros.

Resultados

A área de estudo proposta nesse trabalho é a analise de algumas comunidades entorno


da cidade de São João del-Rei, que está inserida no contexto da mesorregião do Campo
das Vertentes – MG (mapa1), localizada no sudoeste mineiro.

Mapa meso região do campo das Vertentes


fonte: http://www.ufsj.edu.br/dplag/contexto_regional.php

A cidade de São João del-Rei teve origem no período conhecido como “Ciclo do Ouro”
por que passou o Brasil, e principalmente o estado de Minas Gerais. Seu
desenvolvimento deu-se principalmente com a construção da Estrada de Ferro Oeste
Minas (EFOM), inaugurada em 1881, com a chegada da ferrovia várias melhorias foram
introduzidas nos serviços urbanos e no setor agrícola, o núcleo urbano de São João del-
Rei encontrava-se, no último quartel do século XIX, em acelerado processo de
urbanização (GRAÇA FILHO, 2002). Nesse período ocorreu interesse por parte da
população elitizada e dos políticos da cidade, a vinda de imigrantes europeus para as
áreas rurais do município, com o intuito de promover o “embranquecimento” e a
“europeização” da população local, além do interesse da cia. Agrícola Oeste de Minas
de formar núcleos coloniais ao longo de suas áreas de atuação. A partir deste contexto
chegaram em 1881, os primeiros imigrantes italianos, estes se instalaram em colônias ao
longo da ferrovia, principalmente na “várzea do Marçal”, atualmente colônia do
Giarola, Felizardo e Recondego.
A imigração italiana em São João del-Rei possibilitou o aumento da
população, influenciou a diversificação do comércio da cidade, os
imigrantes forneceram produtos de olaria para construção de novas
edificações, aumentaram a oferta de produtos agropecuários na região e
forneceram mão-de-obra para o desenvolvimento da indústria têxtil.
(CAMPOS, 2005, p.36)

Em São João del-Rei ocorreram vários processos históricos que se caracterizaram pela
produção de um excedente resultante do trabalho e da sua apropriação: transição do
trabalho escravo para o trabalho assalariado, assim é possível afirma que a formação
territorial, sofreu influência das transformações socioeconômicas dos últimos séculos,
os objetos técnicos presentes na paisagem urbana e rural do município refletem as
transformações espaciais ocorridas ao longo de vários períodos históricos. Atualmente o
município possui sua base econômica ligada aos serviços e a predominância de
pequenas e médias propriedades e a forte presença da agricultura familiar,
permanecendo o vínculo entre a produção e o comercio local. Foi possível detectar
nessas comunidades a predominância da agricultura familiar ligada à pequena produção
e ao comercio local.
Os questionários foram aplicados em 50% dos domicílios das comunidades visitadas, as
perguntas eram semi estruturadas e consistia em perguntas sobre as características dos
domicílios, da propriedade e membros da família, os recursos naturais da propriedade,
equipamentos, produtos cultivados, as criações de animais, quantidade produzida, valor
pago pelo produto, assistência técnica, problemas ambientais, além de dificuldade que
enfrentam na produção e venda dos seus produtos. O método utilizado permitiu levantar
a maior quantidade possível de informações a respeito de cada propriedade.
Foi possível verificar nas três comunidades visitadas, os domicílios não recebem
serviços públicos básicos (rede de água e esgoto, correio, iluminação pública, entre
outros), com exceção do lixo, este é coletado uma vez por semana pelo serviço de
limpeza, apesar de ser necessário os moradores caminharem até a cesta de lixo mais
próxima da propriedade, estas em alguns lugares ficam a mais de 1 km de distancia.
Com relação ao abastecimento de água, a principal fonte utilizada pelos moradores é de
poço (cisterna) ou nascente, localizada na própria propriedade ou propriedade vizinha.

Comunidades do Felizardo e Recondego.

As comunidades do felizardo e Recondego encontram-se aproximadamente a 5 km do


inicio do perímetro urbano da cidade de são João del-Rei, sendo de fácil acesso a
locomoção de seus moradores até a cidade, pois existe uma linha de ônibus que faz o
trajeto cidade/comunidade quatro vezes ao dia. A única dificuldade que os moradores
destas comunidades enfrentam no transporte é no período chuvoso, em algumas épocas
a estrada fica intransitável, impossibilitando a locomoção dos moradores até a cidade,
podem ficar ilhados por mais de uma semana. Esse fato ocorre principalmente porque as
comunidades estão localizadas na margem do rio das Mortes, o rio passa por dentro da
cidade ocasionado um maior volume de água quando chega nesta região.
As duas comunidades têm características comuns, a produção de horticultura ligada à
agricultura familiar, por grande parte dos seus moradores, esse fato ocorre
principalmente porque a maioria dos moradores destas comunidades são descendente de
Italianos, que vieram para o Brasil em séculos passados e firmaram residências nesta
região. Causa também, o fato de boa parte dos moradores terem um grau de parentesco
próximo, são em sua maioria irmãos ou primos, assim as experiências, os ensinamentos
e as tradições são passados de pai para filhos e assim sucessivamente.
A maioria das propriedades é de pequeno tamanho, menores que 50 hectares, alguns
agricultores produzem as hortaliças em apenas dois ou três hectares de terra, importante
destacar que a divisão da terra ocorre por herança familiar, também foi constatado que
muitos filhos constroem suas casas no terreno dos pais e continuam produzindo no
mesmo terreno.
Nota-se que a agricultura é fundamental para essas famílias, que tem sua principal renda
retirada do que é produzido na propriedade, e sua principal característica é a agricultura
familiar. Existe um grande companheirismo entre os produtores, esses combinam o que
cada um irá produzir, para que não aconteça uma disputa pela concorrência, além de
dividirem o custo do transporte da produção entre semanalmente nos mercados da
cidade e no Ceasa (Centro de Abastecimento de Belo Horizonte).
Os principais alimentos produzidos são hortaliças, mas também há produção de leite,
milho, feijão, frutas e flores. Entre as principais hortaliças produzidas estão alface,
cebolinha, repolho, tomate, inhame, couve, pimentão, cenoura, brócolis e espinafre. Os
principais mercados de compra estão localizados na cidade de São João del-Rei, são
mercadinhos, sacoloes e pequenos supermercados, muitos agricultores também vendem
seus produtos na feira da cidade, que ocorrem todos os finais de semana no bairro do
matozinhos (Figura 2), os produtores relataram que em épocas de safra boa, o excedente
é levado para o Ceasa, em Belo Horizonte. É preciso salientar que o preço dos produtos
é colocado de acordo com o preço do Ceasa, assim mesmo que os produtos sejam
vendidos nos mercados do município estes são pagos pelo preço que o Ceasa define.

Foto: Feira semanal dos produtores rurais de São João del-Rei. Fonte: autores

Os maquinários utilizados pelos produtores não são modernos, a maioria não têm
tratores e capinam a plantação com enxadas, e utilizam inseticidas no combate das
pragas. A maior parte dos produtores conta com uma caminhonete ou caminhão para o
transporte de seus produtos.
Em relação sobre as principais dificuldades enfrentadas, os produtores relataram
principalmente a falta de assistência técnica e o incentivo governamental, em algumas
comunidades nunca ocorreram visitas de assistentes técnicos, já outro produtor relatou
que recebeu visitas de duas assistentes que começaram a fazer pesquisas na sua
propriedade, mas que desapareceu depois de algum tempo.

Comunidade do Elvas

A comunidade do Elvas está localizada nos municípios de São João del-Rei e


Tiradentes, contendo uma média de 80 domicílios ocupados, sendo que sua maioria está
localizado no município de Tiradentes, apesar disto, os moradores desta região tem
mais acesso a cidade de São João del-Rei, possivelmente pelo fato de ter ônibus,
diariamente, que passa na rodovia que corta a comunidade, assim as compra e venda de
produtos são feitas principalmente em São João del-Rei.
Na comunidade do Elvas há a predominância da pecuária nas propriedades produtora,
sendo estas ligadas a agricultura familiar, os agricultores comercializam principalmente
o leite e seus derivados como mussarela, queijo e manteiga. Alguns produtores ainda
praticam cultura anual milho e feijão, e avicultura.
Nesta comunidade está ocorrendo uma modificação na forma de produção, vários
produtores estão se integrando as novas demandas do mercado, a procura de melhores
preços e maior produção, os agricultores começaram nos últimos anos, incentivados por
políticas públicas, fabricar mussarela. Produtores que antes vendiam o leite para
laticínios da região, agora fabricam a mussarela na própria propriedade. Contudo, para
começarem a produzir é preciso construir um cômodo adequado para a produção da
mussarela.
Para alcançar a qualidade pretendida do produto é indispensável seguir, um conjunto de
práticas e procedimentos em todas as etapas do processo produtivo. Nesse sentido,
qualidade, higiene e limpeza, organização e boas práticas de produção carecem ser
adotadas, além da identificação e controle dos aspectos mais críticos associados direta
ou indiretamente à obtenção desses produtos.
Cabe destacar que, existe uma grande dificuldade por parte dos pequenos agricultores
para se adequarem as “novas ruralidades” devido ao alto custo para enquadrar técnica e
sanitariamente ao SIM (selo de inspeção municipal). Apesar dos produtores não
constarem com assistência técnicas, eles recebem a visita de um fiscal mensalmente
para verificação da produção.
Alguns entrevistados informaram que gostariam de começar a produzir mussarela, mas
que não contém subsidio suficiente para se adequarem as normas de produção. As
dificuldades para implantação e consolidação dessas unidades são enormes, destacando
principalmente a falta de crédito e infraestrutura. Foi possível constatar que os
produtores que já se adequaram as novas técnicas, são famílias que contém uma renda
superior, mesmo assim adquiriram financiamentos junto aos bancos (Pronaf), os quais
têm certas exigências que dificultam a liberação.
A produção de mussarela e queijo é vendida principalmente na cidade de São João del-
Rei, em mercadinhos e pequenos supermercados, os produtores levam, semanalmente o
produto até a cidade. Verifica que as agroindústrias de pequeno porte proporcionam
meios efetivos de manutenção do homem no campo, além de aumentar a renda, Além
disso, têm a competência de abastecer os mercados locais e próximos com produtos de
qualidade e preços compatíveis (Lima e Wilkinson 2002).
Também foi verificado que uma das principais dificuldades enfrentadas pelos
agricultores na comercialização dos seus produtos, todos os moradores responderam que
são os preços pagos nos produtos, segundo eles são baixos e a falta de transporte
adequado para levarem seus produtos até a cidade para serem comercializados.
Os produtos fabricados não contem embalagens com um nome fantasia, apenas um selo
informando o local da produção e datas. Os produtores, não possuem perfil de gestores
em sua maioria e têm pouco conhecimento de administração, dificultando o
estabelecimento e o fortalecimento de um preço melhor dos seus produtos.
É necessário destacar, sobre a falta de incentivos por parte dos órgãos governamentais
para estas comunidades, os agricultores recebem pouco incentivos dos sindicatos e do
governo municipal, dificultando assim a comercialização e a agregação de valor dos
seus produtos. Observa-se que agricultores familiares, mesmo com todos os problemas
que enfrentam de ordem conjuntural e estrutural, têm grande interesse em continuar na
unidade agrícola, produzindo para o mercado e para o consumo.

Cabe salientar que a comercialização e produção de produtos agrícolas por parte dos
pequenos produtores rurais sempre se compôs em um amplo desafio, dadas suas
limitações e carências infraestruturais. De todo modo, é necessário o desenvolvimento
de estratégias e políticas voltadas ao maior acesso à educação, e oferta de infraestrutura
básica (água, energia e transporte), à assistência técnica e às novas modalidades de
crédito rural, assim permitindo que um número bem mais significativo de produtores
rurais consiga pelo menos ter a chance de adequar aos novos canais de comercialização
e ampliar seus níveis de renda.

Comentários finais

A agricultura familiar é grande importância para o município de são João Del rei, apesar
da falta de apoio, é responsável por grande parte da sua produção agropecuária.
Atualmente ocorre no município a predominância de pequenas e médias propriedades,
apresentando um nível de modernização relativamente baixo, permanecendo o vínculo
entre a produção e o mercado local, desta forma contribuindo também para a economia
do município.
Com efetivação do meio técnico-científico-informacional no território, (SANTOS,
1994, 2005;). Verifica-se a necessidade de orientar os pequenos produtores rurais no
sentido da gestão das novas possibilidades de produção e as mudanças tecnológicas que
vem ocorrendo nestas comunidades, muitas vezes, essas atividades são as mais rentáveis
e importantes na sua economia familiar. Estudar os mercados e produzir alternativas de
comercialização e de distribuição destes produtos carece ser enfrentado de forma eficaz
pelos órgãos de fomento e de extensão.
Referencias Bibliográficas

ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. 2. ed. São


Paulo: Hucitec, 1998.

CAMPOS, Bruno Nascimento. Marcas de uma Ferrovia: a Estrada de Ferro Oeste


de Minas em São João Del - Rei (1877-1915). São João Del Rei – UFSJ, 2005.
(Monografia de Bacharelado)

GRAÇA FILHO, A. de A. A princesa do oeste e o mito da decadência de Minas. São


Paulo: Anablume, 2002.

LIMA, Dalmò M de Albuquerque e WILKINSON, John (orgs). Inovação nas


tradições da agricultura familiar. Brasília: CNPq/Paralelo 15, 2002.

MARAFON, Gláucio José. Agricultura familiar, pluriatividade e turismo: reflexões a


partir do território fluminense. Campo-Território Revista de Geografia Agrária,
Uberlândia, v.1, n.1, p.17-40, fev. 2006.

SANTOS M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século


XXI. 9° ed. São Paulo: Record, 2006

SANTOS, M. Técnica, Espaço, Tempo: globalização e meio técnico-científico


informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.

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