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DIREITO E ÉTICA
autor do original
TAYLISI LEITE
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial fernando fukuda, simone markenson, jeferson ferreira fagundes
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-090-4
Prefácio 5
Conceitos 68
Das obras intelectuaisprotegidas 71
Da autoria das abras intelectuais 72
Do registro das obras intelectuais 73
Dos direitos do autor 74
Das Limitações aos Direitos Autorais 77
Da transferência dos direitos de autor 78
Da utilização de obras intelectuais e dos fonogramas 79
Da comunicação ao público 79
Da utilização da obra de arte plástica 81
Da utilização da obra fotográfica 81
Da utilização de fonograma e obra audiovisual 81
Da utilização de bases de dados 81
Das sanções civis às violações dos direitos autorais 82
7
1
Noções de Direito
Público: Direito
Constitucional e
Direito Penal
1 Noções de Direito Público:
Direito Constitucional e Direito Penal
OBJETIVOS
Neste Capítulo, você aprenderá um pouco sobre organização do Estado, cidadania e direitos
fundamentais, para que possa compreender os contornos jurídicos e políticos do Brasil. Isso
irá melhorar sua atuação na sociedade, como profissional e cidadã(o). Você também irá ad-
quirir boas noções de Direito Penal e estudará alguns crimes importantes, especialmente, na
área de tecnologia.
REFLEXÃO
De alguma vez ter estudado o Estado, a divisão de poderes e a Constituição Federal? Você
conhece a legislação brasileira? Sabe quais são seus direitos e deveres? Neste Capítulo,
vamos falar um pouco sobre tudo isso!
10 • capítulo 1
1.1 Noções de Direito Constitucional
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representan-
tes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
capítulo 1 • 11
Para garantir que os governantes jamais se desviem da vontade popular o
modelo liberal propõe a divisão dos poderes estatais. Veja o artigo segundo de
nossa Constituição: “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
Executivo
Judiciário
Legislativo
Povo Parlamento
Lei
Quadro elaborado pela autora
12 • capítulo 1
Com esse ciclo, a ideologia liberal estabelece uma justificativa de legitimi-
dade absoluta para o Direito, muito diferente da Monarquia e dos regimes re-
ligiosos. Na República, você só se submete à lei porque quer, e não porque ela
foi imposta, já que ela veio da vontade popular. Por isso, o Parlamento é o mais
importante dos três Poderes Estatais. O Poder Executivo é a Administração Pú-
blica. Isso significa que o Chefe do executivo é um administrador. Ele só pode
fazer o que está estritamente escrito na lei. Isso é o que garante que o governan-
te nunca se desviará da vontade popular.
Escolhe respresentantes
Por isso os Princípios máximos que regem nosso Estado são a Legalidade e
a Supremacia do interesse público. Porém a Legalidade é diferentes para nós,
cidadãos, e para o Estado. Isto é muito importante, pois, erroneamente, a maio-
ria das pessoas pensa que o Chefe do Executivo pode fazer o que quiser quando,
na verdade, só pode atuar nos limites da Lei.
Princípio da Legalidade para o cidadão:
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer nada senão em virtude de Lei.
capítulo 1 • 13
Por essa razão, o Estado Republicano é chamado de “Estado de Direito”, e,
como os representantes do Legislativo e do Executivo devem ser eleitos por am-
pla votação popular, chama-se “Estado Democrático de Direito”.
E o Poder Judiciário?
O Poder Judiciário tem a função de dirimir conflitos, dizendo qual a lei aplicá-
vel a determinado caso concreto, como se deve compreender a lei, e qual a forma
correta de aplicar a legislação infraconstitucional (todas as leis estão abaixo da
Constituição) em conformidade com os valores máximos contidos na Constitui-
ção Federal, como cidadania, soberania e dignidade da pessoa humana, que vi-
mos no artigo primeiro, por exemplo. Aqui, é oportuno fazermos um destaque
para o inciso IV: “os valores sociais do trabalho e a livre iniciativa”. A partir desse
inciso, podemos notar que o Estado brasileiro adota o capitalismo como sistema
econômico, apoiando a livre iniciativa, desde que preservados os valores da socie-
dade e o trabalhador, como elemento central da produção de valores. Também
são fundamentais os valores contidos no artigo terceiro, que vão demonstrar que,
embora seja capitalista, o Estado Brasileiro tem a obrigação de combater a misé-
ria e a desigualdade. Nenhuma lei infraconstitucional, atos do Poder Executivo,
ou decisões do Poder Judiciário podem contrariar esses valores:
14 • capítulo 1
CF
Constitucionalidade Legislativo
Poder Legislação
judiciário
Federações:
O Legislativo Estadual é a Assembleia Legislativa Estadual, onde funcionam
os Deputados Estaduais. A Chefia do Executivo Estadual é o Governo do Esta-
do, auxiliado pelas Secretarias Estaduais. O Judiciário Estadual possui um Tri-
bunal de Justiça e se divide em Comarcas e Varas. Os Municípios também são
considerados entes federativos de relativa independência. Possuem um Poder
Legislativo próprio (a Câmara dos Vereadores), e uma Chefia do Executivo, que
é a Prefeitura Municipal, auxiliada pelas Secretarias Municipais.
capítulo 1 • 15
Por isso, existem diferentes atribuições a cada ente federativo e a cada um
de seus poderes. Em relação à competência administrativa, a União, represen-
tada pela Presidência da República, possui competência limitada, devido à ex-
tensão territorial do Brasil. A imensa maioria de serviços públicos e políticas
públicas são de competência estadual ou municipal. Já em relação à compe-
tência legislativa, é o Congresso Nacional que possui atribuição para fazer leis
federais, com vigor em todo o país. As leis estaduais e municipais só poderão
ser complementares das federais e não podem versar sobre qualquer matéria –
seus limites estão na própria Constituição Federal.
16 • capítulo 1
Essa é uma estratégia que
evita que a democracia se tor-
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ne uma “ditadura da maio-
ria”. Desde que nenhuma lei
ou ato do governo possa con-
trariar os direitos humanos e
os direitos das minorias, a de-
mocracia sempre será justa.
Como dissemos, esses valores
só vieram definitivamente
para uma constituição brasileira em 1988, pois, antes disso, vivíamos ditadu-
ras, que violavam sistematicamente os direitos humanos. Então, que fique cla-
ro: não há democracia sem igualdade de direitos e oportunidades.
Por isso, na Constituição Federal de 1988, temos diversos artigos dedicados
aos direitos humanos que, a partir do momento em que saem da Declaração da
ONU e são incluídos em um texto constitucional, passam a chamar-se “direitos
fundamentais”. Sem dúvida, o mais importante artigo de nossa Constituição
na proteção dos direitos humanos/fundamentais é o artigo 5º, que, além dos
direitos, propriamente, também prevê formas de garanti-los (para que não fi-
quem “só no papel”).
Há vários outros artigos importantes que preveem esses direitos, como os
artigos 6º, 7º, 225, 228 etc., mas, aqui, falaremos apenas de alguns incisos do
artigo 5º, que tem a seguinte redação: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]”.
Desde pronto, podemos notar que esse artigo proíbe qualquer espécie de dis-
criminação em relação a qualquer ser humano. Assim, qualquer discriminação
de raça/etnia, sexo/gênero, religião/crença ou “de qualquer natureza”, o que, cer-
tamente inclui, por exemplo, a opinião política ou a orientação sexual. A liberda-
de é máxima, para garantia da democracia. Tudo isso se reforça nos incisos:
capítulo 1 • 17
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Consti-
tuição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exer-
cício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos im-
posta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; [...]
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pes-
soa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anterior-
mente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar
[...].
18 • capítulo 1
que, se uma pessoa ofende a moral ou a imagem de outra, deverá ceder espaço
para a resposta do ofendido e pagar indenização. Essa previsão é muito impor-
tante diante do avanço da internet e do uso das redes sociais, pois ofender al-
guém, ainda mais abusando do anonimato da rede não é exercício do direito de
liberdade constitucionalmente garantido.
Também devemos ler em pares os incisos IX e X: “IX - é livre a expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente
de censura ou licença; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação”. Está vedada a censura em qualquer atividade
intelectual, de imprensa, comunicação, científica, artística, desde que não viole
os direitos da personalidade de outros seres humanos (honra, imagem etc.). Nes-
te caso, além de gerar o dever de indenizar, pode até constituir crime.
Da mesma forma, a propriedade privada não pode ser tomada do ponto de
vista individualista, já que ela deve servir à comunidade. Outros três incisos que
precisam ser lidos em conjunto:
Essa leitura deixa claro que o direito de propriedade privada é direito funda-
mental e deve ser assegurado pelo estado, desde que tal propriedade contribua
para o desenvolvimento e bem-estar de toda a coletividade, ou deixa de ser di-
reito resguardado e ficará sujeita a desapropriação.
Nesse ponto, como “propriedade privada” devemos compreender não
apenas os bens móveis e imóveis (rurais e urbanos), mas também as empre-
sas privadas e a propriedade intelectual. Isso significa que um terreno que não
cumpre função social, por exemplo, porque nada produz, ou porque polui o
meio-ambiente não gera direito assegurado ao seu proprietário. Da mesma for-
ma, uma empresa precisa cumprir função social, ou poderá ser dissolvida. E,
ainda, a propriedade intelectual precisa contribuir para o avanço da sociedade,
e não apenas gerar lucros para seu autor.
capítulo 1 • 19
Em relação a esta última, o artigo 5º fez previsões especiais:
Falamos que nenhum direito, ainda que fundamental e resguardado pelo Esta-
do de Direito, é absoluto, pois encontra sua limitação em outros direitos funda-
mentais. Assim, embora tenhamos liberdade, não a podemos utilizar ilimita-
damente. No uso de minha liberdade, posso matar alguém, sequestrar alguém,
usurpar o patrimônio de alguém, xingar alguém? Até posso, porém, isso terá
um preço. Se eu realizar alguma dessas condutas, estarei abrindo a possibilida-
de de o Estado me retirar direitos que antes deveria proteger. Por quê? Porque
todas essas condutas mencionadas estão previstas na lei como crimes, e o cri-
me é a exceção ao modelo protetivo estatal. Se eu cometer um crime, deixo de
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contar com a tutela do Estado sobre meus direitos individuais – ao contrário: o
próprio Estado irá me destituir desses direitos, ao aplicar uma pena.
Portanto, podemos dizer que a pena é a cassação de direitos que o Estado
realiza sobre um sujeito que violou direitos de outros sujeitos. Para afirmarmos
que houve um crime e que o sujeito deverá sofrer uma pena, é necessário exis-
tir uma lei que preveja aquele crime antes dele ocorrer. Mais um inciso do tão
aclamado artigo 5º estabelece essa regra: “XXXIX - não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
capítulo 1 • 21
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza
do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral.
Por isso, no Brasil, nenhum crime, por mais importante que seja o bem ju-
rídico violado, não pode ser punido com prisão perpétua, pena de morte, ou
nenhum tipo de crueldade. Aqui, por força de nossa Constituição, a dignidade
humana deve ser preservada para todos os seres humanos, até mesmo para os
que cometem crimes, sendo-lhes assegurado o respeito à integridade física e
moral. Em nosso sistema jurídico, quem comete crime previsto na lei penal po-
derá sofrer apenas três tipos de pena, de acordo com a previsão legal:
• Restritiva de Liberdade: pena de prisão simples, detenção ou reclusão;
• Restritiva de Direitos: suspensão ou interdição de direitos civis, ou obri-
gatoriedade de prestar serviços úteis à comunidade;
• Patrimonial: multa ou perda de bens.
A pena privativa de liberdade é muito grave, pois a liberdade é um dos direi-
tos mais importantes do ser humano, pelo que só deve ser aplicada em último
caso. Assim, quem comete um crime deve pagar por isso, sofrendo as penas
previstas na lei, mas essas penas só incidem sobre liberdade e patrimônio, ja-
mais podendo desumanizar ou torturar seres humanos. Isso se deve ao fato de
nosso sistema jurídico ser absolutamente democrático e colocar os direitos hu-
manos acima de qualquer valor.
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1.3.1 Do Crime
A visão material é aquela que a sociedade possui acerca do crime, que pro-
cura identificar o crime com um fato moralmente reprovável e espera, na se-
veridade pena, que o Estado “castigue” o criminoso. Porém, conforme já dis-
semos, em um Estado Democrático, a pena não pode ser um castigo, muito
menos uma vingança; seu papel é proteger direitos fundamentais e, por isso,
seria incongruente se ela própria afrontasse direitos humanos.
A segunda visão, formalista, leva em consideração tão-somente a existência
de uma lei anterior prevendo a conduta e a pena. Por exemplo, temos o artigo
121 do Código Penal: “Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte
anos”. Se Fulano atirou em Ciclano e este morreu, Fulano deverá sofrer a pena
prevista. Isso seria considerar cada artigo de lei que prevê um crime de forma
isolada, descolada do sistema jurídico. Por essa perspectiva, todos que matas-
sem alguém teriam cometido o crime do artigo 121. Porém, não é assim que o
Direito funciona.
Por exemplo, se um sujeito matar alguém para defender a sua vida ou a de
uma outra pessoa, não houve crime. Isso mesmo: não houve crime! Há quem pen-
se que houve crime, mas a pessoa não sofreria pena; afinal, ela matou alguém.
Porém, para o Direito, nenhum crime aconteceu. Por quê? Porque o Direito atual
adota a teoria analítica, segundo a qual crime é fato típico ilícito e culpável.
O “tipo penal” é um modelo de conduta previsto na lei penal, com a finalidade
de estabelecer padrões incriminadores e estabelecer um dever jurídico a partir de
uma norma proibitiva. Diz o Código Penal: “Art. 1º . Não há crime sem lei anterior
que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. A lei prevê uma conduta
(matar alguém), proibindo-a e, caso alguém realize exatamente a conduta previs-
ta na letra da lei, estará submetido à pena prevista para aquele tipo.
Assim, o “fato típico” é a conduta humana que se encaixa perfeitamente em
todos os elementos da previsão legal e está ligada, por nexo causal, ao resulta-
capítulo 1 • 23
do. O nexo causal é a efetiva vinculação entre as ações e omissões de um sujeito
e a lesão a um bem jurídico importante. Diz o Código: “Art. 13 - O resultado, de
que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorri-
do”.Então, o que seria o resultado?
Todo tipo penal tem por objetivo proteger um determinado bem jurídico.
Por exemplo, o artigo 121 acima citado protege a vida humana. O resultado se-
ria a verdadeira afronta ao bem jurídico, ou seja, haverá resultado quando a víti-
ma morrer ou quando sua vida for realmente ameaçada pela conduta realizada.
Fato Típico:
Conduta
prevista na Nexo casual
lei penal
Resultado
24 • capítulo 1
Porém, para um fato ser típico, a conduta ainda precisa preencher o “ele-
mento subjetivo do tipo”, isto é, nos crimes que exigem intenção do agente, a
conduta precisa ter como objetivo o alcance do resultado. O sujeito precisa de-
sejar o resultado ou pelo menos, assumir o risco de lesar o bem jurídico
Por exemplo, ainda no caso do
artigo 121, quando uma pessoa
dispara uma arma em direção a
outra, precisa mesmo desejar ma-
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tar, de fato, ou, pelo menos, pre-
cisa saber que pode matar a outra
e aceitar esse resultado tranquila-
mente. Isso porque a regra geral é
de que todo crime é doloso. Diz o
artigo 18, do Código Penal:
capítulo 1 • 25
Direto: resultado desejado
(único ou principal)
26 • capítulo 1
está no parágrafo 3º do mesmo artigo 121: “§ 3º Se o homicídio é culposo: Pena
- detenção, de um a três anos”.Observe que a pena é outra, bem menor que a do
tipo doloso. Portanto, só existe homicídio culposo porque o legislador previu o
“tipo culposo”. Se não houvesse essa previsão, na ausência de dolo, falaríamos
em “fato atípico”. Crimes como o furto e o roubo, por exemplo, não possuem
forma culposa. Na impossibilidade de se provar o dolo, diremos que não houve
crime, porque não existem furto ou roubo culposos.
Então, se o legislador previr o tipo culposo, podemos dizer que a pessoa
sempre será punida, mesmo se agiu “sem querer” – por exemplo, se matou al-
guém “sem querer”? Não necessariamente. Só haverá culpa, em termos crimi-
nais, se for comprovada uma das modalidades legais da culpa: imprudência,
negligência ou imperícia.
Negligência: falta do
dever de cuidado
Imperícia: falta de
certificação técnica
capítulo 1 • 27
Porquanto, como vimos, além de típico, o fato precisa ser ilícito. Isso quer
dizer que não pode haver nenhuma norma que retire a ilicitude da conduta. O
artigo 23 do Código penal, por exemplo, é uma norma desincriminadora, que
retira a ilicitude das condutas:
Assim, um fato pode ser típico, como, por exemplo, matar alguém dolosa-
mente, e não ser crime. Se alguém matar em estado de necessidade ou em legí-
tima defesa, o fato será típico, mas não será ilícito, por estará diante da hipóte-
se de aplicação da norma desincriminadora. Como um crime tem que ser fato
típico, ilícito e culpável, se um fato for típico e não for ilícito, não haverá crime.
O artigo 23 é um exemplo de norma que retira a ilicitude, mas não é o único.
Pode haver outras com esse teor no corpo da legislação penal brasileira.
Por fim, o crime precisa ser culpável, isto é, precisa ser reprovável e estar sujei-
to a pena. Se o sujeito penalmente inimputável, também não haverá crime, pois
faltará culpabilidade. No Brasil, por força do artigo 228 da Constituição Federal
e do artigo 27 do Código Penal, somente maiores de 18 anos cometem crimes.
Se uma pessoa menor de 18 anos comete um fato típico e ilícito, não podemos
chamar essa conduta de crime, pois falta o elemento da culpabilidade (imputa-
28 • capítulo 1
bilidade penal). A legislação trata essa conduta pelo nome de “ato infracional”,
pois, tecnicamente, não é um crime.
Ainda, do mesmo modo que ocorre com a ilicitude, poderá haver normas
que afastam a culpabilidade. Vejamos:
Art. 20. § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstân-
cias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
[...]
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem,
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou
da ordem.
Se houver algum fato que exclua a culpabilidade, como, por exemplo, os pre-
vistos nos dispositivos acima, também não podemos dizer que estamos diante
de um crime. Portanto, eis o modelo do crime
Crime
Conduta
capítulo 1 • 29
1.3.2 Da Ação Penal
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa
do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o
exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem
tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o
Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal § 4º - No caso de morte
do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer
queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
30 • capítulo 1
criminal, o legislador poderá impor a condição de a vítima se manifestar, re-
presentar sua vontade, autorizando que o Ministério Público inicie o processo.
Por isso, a Ação Penal Pública pode ser condicionada à Requisição (do MJ) ou à
Representação (da vítima).
Ainda, é possível que o legislador considere que o bem jurídico não é de in-
teresse público, mas apenas de interesse da própria vítima. Nesse caso, o direi-
to de ação não será do Ministério Público, que apenas representa os interesses
socialmente relevantes. Portanto, há a possibilidade da ação penal ser de ini-
ciativa exclusivamente privada – a vítima contrata um advogado e processa o
réu. Quando a Ação Penal for Privada, sua petição inicial se chamará “Queixa”.
Quando a Ação Penal não seguirá a regra geral de ser Pública e Incondicio-
nada? Quando o legislador estabelecer que para um determinado crime ou um
grupo de crimes, a Ação Penal será de outro tipo (Pública Condicionada ou Pri-
vada), ou seja, somente a lei dirá. Se não houver nada disposto na lei sobre qual
a Ação Penal, deve-se seguir a regra geral. Porém, há um último caso, por força
do artigo 100, § 3º, no qual a Ação que era originalmente Pública pode se tor-
nar Privada. Isso só ocorrerá por inércia do Ministério Público, que não faz a
denúncia no prazo da lei. Então, a vítima, desejosa de punição para o réu, pode
contratar um advogado e apresentar uma “Queixa substitutiva da Denúncia”.
Incondicionada
Condicionada à
Pública
requisição
Condicionada à
representação
Ação penal
Queixa-crime
Privada
Queixa
substitutiva da
denúncia
capítulo 1 • 31
1.3.3 Dos Crimes Contra Honra
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado
por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sen-
tença irrecorrível.
Para haver tipicidade para o artigo 138, é preciso que se acuse alguém de
fato especificamente previsto na lei penal como um crime; por isso, apenas di-
zer que alguém é “bandido”, “assassino”, “criminoso” não tipifica essa condu-
ta. É, então, preciso que realmente se acuse alguém; por exemplo: “Foi Fulano
que matou Ciclano”, “Foi aquele o homem que me roubou” etc. Além disso,
é preciso que o fato seja definido como “crime” mesmo – não pode ser uma
contravenção, muito menos um fato apenas moralmente reprovável. Por fim, a
acusação deve ser falsa. Se o ofendido realmente for autor de crime, um crimi-
noso, não há calúnia. Afinal, falar a verdade não é caluniar!
32 • capítulo 1
Obviamente, a calúnia deve ser pública, ou seja, feita em público ou por qual-
quer meio que alcance conhecimento público, como redes sociais, mídia em ge-
ral, ou mesmo fofoca. Não será típica a calúnia dirigida apenas ao ofendido, em
local privado (será Injúria). Por outro lado, aquele que não é o autor da calúnia,
mas a propala, divulga ou espalha também comete o crime. Atenção, fofoqueiros!
Porém, como saber se alguém realmente é um criminoso? Somente uma
sentença judicial irrecorrível condenando o ofendido pela prática daquele fato
pode ser tomada como “verdade” e livrar o ofensor de ser punido por calúnia.
No Brasil, ninguém pode ser considerado culpado de crime, a não ser por sen-
tença condenatória irrecorrível. Assim, você pode até ter visto uma pessoa ma-
tar a outra, que, se espalhar isso por aí, será um caluniador, a não ser que o
Poder Judiciário condene o sujeito por homicídio e não haja mais recursos ca-
bíveis da condenação. Entendeu?
Acusar alguém de cometer um crime é algo muito grave, por isso, deve-se ter
cuidado com esse tipo de conduta. Se você souber de um fato criminoso, procure
a polícia, mas jamais faça fuxico por aí. Por ser um fato grave, até mesmo se a pes-
soa já estiver morta, o caluniador estará cometendo crime. Nesse caso, a vítima
não é o morto, pois os mortos não podem ser vítimas de crimes. O Direito penal
estará protegendo seu legado, sua reputação, que faz parte da Honra de sua famí-
lia. Por isso, as vítimas do crime, nesse caso, serão os familiares do morto.
O crime de calúnia está entre os considerados pelo legislador apenas de in-
teresse da vítima, e não de toda a sociedade. Por isso, por força do artigo 145, a
Ação penal será privada, exceto:
• Se a vítima for Chefe do governo brasileiro (Presidente da República) ou
de governo estrangeiro: nestes casos, a Ação Penal será Pública condicio-
nada à Requisição.
• Se a vítima for funcionário público, ofendido em razão das funções pú-
blicas que exerce: neste caso, a Ação Penal será Pública condicionada à
Representação.
CONEXÃO
Lembre-se de que estudamos os tipos de Ação Penal no item 1.3.2 deste Capítulo!
capítulo 1 • 33
Depois, vem a Difamação, no artigo 139, do Código. Este crime consiste em
fazer a má fama de alguém (difamar). Isso significa falar mal, fazer fofoca, espa-
lhar boatos, ou seja, qualquer coisa que deprecie a imagem pública de alguém
e não seja fato definido como crime (pois, nesse caso, seria calúnia e não difa-
mação). Diz o tipo:
34 • capítulo 1
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo
meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à
violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, reli-
gião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Todos estes crimes contra a honra podem ser cometidos via redes sociais.
Cuidado!
Ainda dentro do Título I do Código Penal, que prevê os crimes contra a pessoa,
a seção IV traz os crimes contra a inviolabilidade de segredo. No artigo 153, te-
mos o crime de “Divulgação de Segredo”, que consiste na conduta de divulgar,
sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produ-
zir dano a outra pessoa. Neste crime, submetido a uma pena de detenção, de
um a seis meses, que pode ser substituída por multa, o sujeito ativo tem a posse
do documento, mas as informações nele contidas se referem a terceira pessoa.
Se a divulgação ocorrer sem autorização desta pessoa e lhe causar qualquer
prejuízo jurídico, o crime se consuma, desde que o autor do crime não tenha
capítulo 1 • 35
justa causa para divulgar essas informações, como, por exemplo, proteger a si
mesmo ou uma outra pessoa.
Como apenas a vítima pode aferir se foi prejudicada pela divulgação das in-
formações a seu respeito, ela deverá manifestar ao Ministério Público desejo de
que o sujeito seja acusado e processado.
Já no parágrafo § 1º-A do mesmo artigo 153, temos outro crime, que consiste
em divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim defini-
das em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública. Este crime é considerado mais grave (qualificado), moti-
vo pelo qual a pena é de detenção, de um a quatro anos, mais pena de multa.
Neste crime, as informações não podem ser divulgadas porque seu caráter
sigiloso estará prescrito em lei. Isso quer dizer que este crime só ocorrerá se
houver outra lei (diferente do Código Penal), determinando sigilo de determi-
nadas informações, com a finalidade de proteger os segredos da Administração
Pública. A vítima principal, neste caso, é o Estado, motivo pelo qual o Minis-
tério Público é que deverá processar o agente, dispensando-se a necessidade
da vítima representar interesse no processo quando a Administração Pública
sofrer qualquer prejuízo em decorrência da divulgação.
Atente para o fato de que, no caso deste crime qualificado, os dados sigilo-
sos podem estar em documentos impressos, pastas, papeis e arquivos físicos,
mas também podem ser dados informáticos, integrando sistemas de informa-
ções da Administração Pública. Portanto, esse crime pode perfeitamente ser
cometido através do acesso e divulgação virtual de informações sigilosas.
Na sequência, o artigo 154 traz o crime de “Violação de Segredo Profissio-
nal”. Para cometer esse crime, o sujeito ativo necessita ter ciência de um se-
gredo em função de sua profissão (advogado, médico, psicólogo etc.), ofício
(barbeiro, manicure, depiladora etc.) ou ministério (padre, pastor, rabino etc.).
Assim, a vítima confia um segredo a outra pessoa num contexto profissional,
acreditando que terá sigilo, mas o agente revela esse segredo.
A revelação pode-se dar através de qualquer meio (presencial, telefônico,
por mensagens, redes sociais etc). e não precisa ter um grande público, pode
ser apenas para uma pessoa; o que importa é que a revelação possa causar ver-
dadeiro dano à vítima ou a terceira pessoa envolvida no segredo.
Esse crime existe para preservar a confiança das pessoas nos profissionais
que precisam saber segredos e intimidades para bem realizar seu trabalho. A
pena é baixa (detenção de três meses a um ano), podendo ser convertida em
36 • capítulo 1
multa, e a ação penal requer a representação da vítima para o Ministério Públi-
co processar o réu.
Por fim, temos o crime do artigo 154-A, acrescentado ao Código Penal pela
Lei 12.737 de 2012, apelidada de “Lei Carolina Dieckmann”, porque foi feita
após a divulgação de fotografias nas quais essa atriz estava nua.
Eis a redação do tipo penal:
capítulo 1 • 37
não pode ser caracterizada. Por exemplo, se uma pessoa deixa todos os seus
arquivos abertos e desprotegidos, sua caixa de “e-mails” na tela e não toma ne-
nhuma precaução de resguardo num aparelho compartilhado com outras pes-
soas, não haverá “invasão”, e a conduta do curioso não será crime.
Portanto, invadir pressupõe a uti-
lização de força, artimanha, violação
indevida de mecanismo de segurança,
desrespeito à vontade do proprietário
do equipamento, ou atividades de “ha-
© AMIR KALJIKOVIC | DREAMSTIME.COM
38 • capítulo 1
Invasão de Dispositivo Informático
§ 1º. Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde disposi-
tivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida
no caput.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
capítulo 1 • 39
§ 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: I - Pre-
sidente da República, governadores e prefeitos; II - Presidente do Supremo Tribunal
Federal; III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assem-
bleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara
Municipal; ouIV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal.
Para todas as condutas previstas, a vítima deverá representar para que o Mi-
nistério Público possa processar o réu. Somente é dispensada a necessidade
de representação, se o crime for cometido contra o Estado, atingindo dados da
Administração Pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União,
Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias
de serviços públicos.
40 • capítulo 1
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
capítulo 1 • 41
Também é oportuno diferenciarmos o furto mediante fraude do esteliona-
to. No furto, a fraude possibilita ao agente o acesso ao objeto a ser furtado, após
a vítima ser distraída pela fraude, ou seja, o agente ainda subtrai a coisa, pega
para si. No estelionato, a vítima, enganada pelo estelionatário, entrega a coisa.
O agente não subtrai, mas recebe das mãos da vítima a vantagem pretendida.
Certamente, o estelionato também poderá incidir sobre moedas utilizadas
em jogos virtuais. Só é possível saber se houve um crime ou outro diante do caso
concreto. No caso de constatado o estelionato, e não o furto mediante fraude,
o sujeito ativo sofrerá pena menor, de um a cinco anos e multa. Em qualquer
caso, a titularidade da ação penal é do Ministério Público.
42 • capítulo 1
do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectu-
al ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos. Nestes
casos, o titular da ação penal é o Ministério Público.
Ainda, se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo,
fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário
realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar
previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lu-
cro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor,
do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os
represente, a pena também é de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
mas a ação do Ministério Público será condicionada à representação da vítima.
Porém, não há o crime se o agente faz apenas uma cópia para uso pessoal,
sem intuito de lucro para estudo, crítica, uso pessoal, ou prova judicial. Não
constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução, na imprensa diária ou pe-
riódica, de notícia ou de artigo informativo, de obras literárias, artísticas ou
científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reprodução,
sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedi-
mento em qualquer suporte para esses destinatários;a reprodução, em um só
exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por
este, sem intuito de lucro;a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer ou-
tro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo,
crítica ou polêmica, e o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por
aqueles a quem elas se dirigem.
Não haverá crime, por exemplo, no caso de um estudante xerocar partes de
uma obra para ler. Também não há crime se um professor executa vídeos ou
músicas em sala de aula para incrementar o aprendizado de seus alunos, nem
se um jornalista reproduz parte de uma obra para fazer sua crítica. Também
não é crime a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas
e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusiva-
mente para demonstração do aparelho à clientela, ou a representação teatral e
a execução musical, quando realizadas no recesso familiar, bem como a utili-
zação de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova judiciária
ou administrativa.
Também é lícita a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de
obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes
plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra
capítulo 1 • 43
nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause
um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores. Em relação a
downloads, porém, a discussão é um pouco mais complexa, conforme estuda-
remos nos próximos capítulos.
ATIVIDADE
1. Explique quais são os três poderes do Estado e a função de cada um deles.
3. João, em seu “blog”, fez uma postagem especial no aniversário de Alfredo, seu desafe-
to, acusando-o se “mau-caráter”, “bandido” e “pilantra”. João pode ser processado por
algum crime? Explique.
4. Meire aproveitou a ida de seu namorado Paulo ao banheiro para ler todos os e-mails de
remetentes femininos em sua caixa de entrada. Paulo havia deixado seu computador
ligado, com sua conta de e-mail aberta. Meire cometeu algum crime? Qual? Justifique
sua resposta.
REFLEXÃO
Os direitos fundamentais individuais devem mesmo ser limitados?
LEITURA
Para saber mais sobre os conteúdos aqui abordados, leia o texto disponível no link abaixo.
Boa leitura!
http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-os-direitos-humanos/
44 • capítulo 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, Luiz Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. 4ªed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. v. 1.11. ed. atual. São
Paulo: Saraiva, 2007.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 29ª Ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2010.
DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 7. ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo falaremos sobre noções de Direito do Trabalho, Direito Civil e Direito do
Consumidor. Vamos lá?
capítulo 1 • 45
46 • capítulo 1
2
Noções de
Direito Privado:
Trabalhista, Cível e
Consumerista
2 Noções de Direito Privado: Trabalhista, Cível e
Consumerista
OBJETIVOS
Estudaremos a formação histórica das leis trabalhistas, para que você possa compreender
a importância das conquistas dos trabalhadores, e adquira boas noções do que caracteriza
uma relação de emprego. Veremos a regulação dos contratos de trabalho, dos contratos
cíveis e dos contratos de consumo, para que você possa exercitar seus direitos adequada-
mente e para que sempre cumpra a legislação quando for celebrar qualquer contratação.
REFLEXÃO
Vimos os princípios constitucionais que orientam toda a nossa legislação e o funcionamento
do Direito Penal. Não se esqueça destes conceitos para que sejam relacionados com o que
você vai aprender neste capítulo.
Assim, adicionalmente, devem-se perceber as ações de treinamento como também voltadas
para a valorização das pessoas, que são os principais agentes da transformação organizacio-
nal em busca da excelência e da satisfação dos clientes.
Vocês já pararam para pensar nesse conceito e em como ele está presente em sua vida
desde o nascimento?
Convido-os agora para uma reflexão acerca do tema! Sejam bem-vindos!
48 • capítulo 2
2.1 Noções de Direito do Trabalho
capítulo 2 • 49
seus empregados a condições verdadeiramente desumanas. Não havia limita-
ção de jornada (alguns trabalhavam nas fábricas até morrer de exaustão), pausas
para descanso, finais de semana livres, férias, décimo-terceiro salário etc.
Por isso, no início do século 19, o sentimento de revolução já fazia parte da
classe trabalhadora. Os operários começavam a reivindicar seus direitos e a
exigir qualidade de vida no trabalho, sem que houvesse a perda de liberdade.
Em 1848, Marx e Engels redigiram o “Manifesto Comunista”, impulsionando
ainda mais as revoltas dos trabalhadores por toda a Europa e EUA. E, em 1891,
a “Rerum Novarum” do Papa Leão XIII alimentou ainda mais o desejo por mu-
danças, pois ele preconizava o direito ao salário mínimo, à previdência social,
à jornada de trabalho, entre outros temas de caráter social, na luta por esses
direitos. Para o Papa, era uma questão de humanidade.
Em 1917, a Rússia experimentou uma Revolução Socialista, convertendo-se,
mais tarde, em URSS. A posição do Vaticano e o medo de que os trabalhadores
do resto mundo fizessem revoluções comunistas ensejou a criação da Organi-
zação Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, pelo Tratado deVersalhes, em
Genebra. O Brasil é um dos países membros da OIT.
No Brasil, inicialmente, as relações de trabalho começaram na exploração
dos indígenas, desde o descobrimento em 1500. Posteriormente, milhões de
africanos foram trazidos para o Brasil para servirem como escravos na produ-
ção de açúcar. Em 1888, devido a fortes pressões inglesas e ameaças de blo-
queio econômico internacional, o Brasil foi o último país do mundo a abolir
definitivamente a escravidão, através da Lei Áurea.
De 1889, com a Proclamação da República, até 1922, presencia-se a criação
dos Tribunais Rurais, sendo planejada, também, a criação do primeiro órgão
da Justiça do Trabalho no país. No ano posterior, tem-se o início da Previdência
Social. E, em 1927, o Código de Menores foi promulgado, limitando e regula-
mentando o trabalho infantil.
Conquanto, no Brasil, foi apenas no governo do presidente Getúlio Vargas-
que o direito do trabalho sofreu mudanças, sendo criado o Ministério do Traba-
lho, Indústria e Comércio e a Constituição de 1934. O segundo governo Vargas,
que instaurou uma ditadura no Brasil, com a finalidade de combater o comu-
nismo, é que foi responsável, em 1943, pela criação da CLT.
A CLT não é um código, como o Código Civil ou o Código Penal, porque a
maioria de suas normas já existia de forma esparsa. O que a Era Vargas fez foi
compilar e sistematizar toda a legislação do trabalho no Brasil, consolidando di-
50 • capítulo 2
reitos, como o sindicalismo, a greve, a segurança do trabalho, férias, décimo-ter-
ceiro salário, limitação de jornada e horas extraordinárias, entre outros direitos.
Porém, como, entre a ditadura
Vargas (1930-1945) e a ditadura mi-
litar (1964-1988), o Brasil teve um
período muito curto de democracia,
capítulo 2 • 51
Cadeia produtiva:
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalida-
de jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, consti-
tuindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para
os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e
cada uma das subordinadas.
52 • capítulo 2
tiver dinheiro ou patrimônio para ser executado).
Contudo, a CLT reconhece que pode haver situações em que o empregador
não extrai lucro do trabalho do empregado, mas sim outras formas de explo-
ração, pelo que, ainda assim, a relação de emprego se caracteriza. Apesar do
Parágrafo Único do artigo 966 do Código Civil dizer que “Não se considera em-
presário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exer-
cício da profissão constituir elemento de empresa”, estes podem ser considera-
dos empregadores segundo a CLT.
Não serão considerados empresários pelo fato de não possuírem intuito de
lucro, lembrando que lucro é o valor agregado pelo trabalhador que não lhe é
pago. Assim, um médico ou advogado, quando contratam secretárias ou faxi-
neiras, por exemplo, não estão explorando sua mão-de-obra em sua atividade-
fim, pois elas não realizam atividades de medicina ou advocacia. Assim, nessa
hipótese, não podemos dizer que esses profissionais liberais extraíram lucro de
suas empregadas.
Entretanto, eles exploraram o trabalho delas de outra maneira, pois as man-
tiveram subordinadas às suas ordens como verdadeiros patrões. Por isso, o pa-
rágrafo 1º do artigo 2º da CLT dirá que se equiparam ao empregador, para os
efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as institui-
ções de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins
lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
Para conceituar quem é empregado, o artigo 3º da CLT diz que:
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo
único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalha-
dor, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Por isso, só as pessoas físicas podem ser empregadas, mas o sistema jurídico
trabalhista admite que qualquer pessoa física ou jurídica, com ou sem fins lucra-
tivos, possa ser considerada empregadora, desde que submeta o empregado aos
contornos descritos no artigo 3º. Ao final, o que importa para caracterizar uma ver-
dadeira relação de emprego são os requisitos desse artigo, assim sistematizados:
capítulo 2 • 53
Onerosidade
Vínculo empregatício
Pessoalidade
Habitualidade
Subordinação
54 • capítulo 2
2.1.2 Rescisão do Contrato de Trabalho
O contrato de trabalho que não for temporário poderá ser rescindido pelo em-
pregado ou pelo empregador. Se for rescindido pelo empregado, por justa cau-
sa, devido ao descumprimento da legislação por parte do empregador, aquele
terá direito a todas as verbas trabalhistas indenizatórias. Porém, se o empre-
gado encerra o contrato sem justa causa (apenas pede demissão por qualquer
motivo), perde o direito às verbas rescisórias, restando-lhes apenas as verbas
trabalhistas ordinárias devidas e os direitos previdenciários.
capítulo 2 • 55
o empregado provar que esta não ocorreu, além das verbas rescisórias, o empre-
gado deverá pagar mais uma indenização.
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empre-
gador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e
quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou
for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido
suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou
ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou
de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o emprega-
dor e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
56 • capítulo 2
Neste ponto, é interessante destacar
© ANTONIOGRAVANTE | DREAMSTIME.COM
o uso do e-mail funcional, ou e-mail cor-
porativo. Para facilitar as comunicações
corporativas, as empresas têm fornecido
endereços eletrônicos aos seus colabora-
dores, dando-lhe o domínio sobre a caixa
de correspondência virtual. Neste caso, o
empregador poderia violar as correspon-
dências do empregado?
O Judiciário tem entendido que sim,
pois essa caixa de mensagens só pode
ser usada no exercício das funções labo-
rais, em atendimento aos interesses do
empregador. Portanto, segundo o Tribunal Superior do Trabalho, se o empre-
gador violar a correspondência do empregado, nessas condições, não comete
crime de violação algum e não deve pagar indenização por dano à privacidade.
Ainda, caso o empregador encontre material incompatível com o ambiente
de trabalho que enquadre a conduta do empregado no rol da justa causa (como
pornografia, por exemplo), poderá demitir o titular do e-mail por justa causa ime-
diatamente. Neste caso, alegará mau procedimento. De outro lado, se encontrar
correspondências pessoais, cartas de amor, piadas, vídeos virais etc., o empre-
gador poderá considerar que houve desídia e também dispensar o empregado
por justa causa. Nada obsta que o empregado recorra à Justiça do Trabalho para
discutir se essas condutas realmente preenchem as previsões do artigo 482 da
CLT. Porém, recomenda-se sempre agir com ética, seriedade e profissionalismo.
capítulo 2 • 57
O Código Civil brasileiro vigente foi elaborado pelo famoso jurista Miguel Reale. Entrou
em vigor a partir de janeiro de 2003, um ano após a sua publicação, em 10 de janeiro
de 2002, sob o comando da Lei 10.406. Tamanha a importância do Código, que foi pre-
ciso estabelecer o tempo mínimo de um ano para a compreensão e análise dos juristas,
antes que efetivamente passasse a vigorar no ano de 2003.Para ressaltar a importância
de um novo Código Civil, desde 1973, o projeto do código atual esteve no Congresso
Nacional, requerendo muito tempo de avaliação e discussão em codificação legal tão
importante para a vida das pessoas, já que regulamenta o casamento, a herança, os
contratos, e tantas outros assuntos que fazem parte do nosso cotidiano.
58 • capítulo 2
Por isso, os contratantes são obrigados a guardar, na conclusão do contrato
e sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Obviamente, os contratos não podem ter objetos ilícitos, não podem dispor
sobre a vida ou a integridade física de ninguém, nem sobre a herança de pessoas
vivas. É ilícito um contrato no qual um sujeito vende um rim a outro, assim como
um contrato no qual um sujeito vende imóvel de seu pai quando este ainda está
vivo, acreditando ser herdeiro e, por isso, poder dispor do bem.
Além do mais, embora os
© APRESCINDERE | DREAMSTIME.COM
contratos decorram do exercício
da liberdade de contratar dos su-
jeitos, na vida prática, muitas ve-
zes, não temos outra escolha se-
não aceitar os termos e cláusulas
impostos pelo outro contratante.
Quem já locou imóvel em imobi-
liárias sabe que, ou aceita as con-
dições impostas, ou fica sem ter onde morar. Esses contratos nos quais uma das
partes é obrigada a assinar um contrato pronto, a aderir a ele, sem poder negociar
e discutir suas cláusulas é chamado “contrato de adesão”.
Para preservação da segurança jurídica dos contratantes e em atenção ao
princípio da boa-fé, quando houver, no contrato de adesão, cláusulas ambíguas
ou contraditórias, adota-se a interpretação mais favorável ao aderente. Contra-
to de adesão. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a
renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Fora dessa situação, se um sujeito negociou as clausulas e assinou o contra-
to de livre e espontânea vontade, ele está obrigado ao adimplemento. Deverá
cumprir todas as obrigações do contrato e arcar com eventuais multas e indeni-
zações. Se deixar de cumprir as obrigações nos prazos estipulados no contrato,
o prejudicado deve executar o contrato judicialmente.
Um contrato assinado por duas testemunhas (desde que não seja de adesão)
é título executivo extrajudicial e nem precisa passar por uma ação de conheci-
mento. Isso quer dizer que não é necessário provar em juízo que a pretensão
de direitos deve ser atendida. Basta intentar uma ação de execução e já nomear
patrimônio do devedor a ser penhorado para liquidar uma dívida, no caso de
obrigação de pagar, por exemplo.
capítulo 2 • 59
2.2.1.1 Da Formação dos Contratos
Um contrato pode se formar pela celebração de proposta ou pela assinatura di-
reta do contrato, com todas as suas cláusulas.
A simples proposta de contrato assinada já implica todas as obrigações ju-
rídicas para o proponente, e o Direito Civil considera que, havendo proposta, o
local onde essa foi feita é que será considerado local do contrato para eventuais
cobranças e ações judiciais.
A proposta só deixa de ser de cumprimento obrigatório nestes casos: se,
feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se
também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comuni-
cação semelhante;se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;se, feita a
pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;se, an-
tes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retra-
tação do proponente.
Do mesmo modo, a oferta ao público equivale à proposta quando encerra os
requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias
ou dos usos. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde
que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do
proponente, este deve comunicar imediatamente ao aceitante da proposta, sob
pena de responder por perdas e danos. A aceitação fora do prazo, com adições, res-
trições, ou modificações, importará nova proposta. Mas, se o negócio for daqueles
em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado,
será considerado concluído o contrato se a recusa não chegar a tempo.
60 • capítulo 2
Constituição Federal de 1988, que prevê os direitos do consumidor entre os
direitos fundamentais das pessoas (art. 5º, inciso XXXII:O Estado promoverá
na forma da lei a defesa do consumidor), tornou-se imperativa a elaboração de
normas que acompanhassem o dinamismo de uma sociedade de consumo.
Ainda, o artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias de-
terminava que, dentro de 120 dias da sua promulgação, deveria ser elaborado o
código de defesa do consumidor. Além da determinação legal, com a redemo-
cratização do país, houve um crescimento das entidades não-governamentais,
fortalecendo o clamor popular por uma regulamentação dos direitos sociais,
entre os quais, os direitos consumeristas.
Buscando alcançar esse objetivo, o Ministério da Justiça designou uma co-
missão de juristas para que elaborassem um anteprojeto de lei federal que mais
tarde seria aprovado como o Código de Defesa do Consumidor. Finalmente, o
CDC foi promulgado em 1990, gerando importantes mudanças que, no decor-
rer dos anos 90, entrando com força total no século 21. A existência desse Có-
digo mudou consideravelmente as relações de consumo, impondo uma maior
qualidade na fabricação dos produtos e no próprio atendimento das empresas
de um modo geral, melhorando a vida do consumidor brasileiro.
capítulo 2 • 61
gos, arquitetos, professores particulares, escolas e cursos diversos, hospitais,
água e energia, internet, TV paga etc. Atenção, pois no caso de serviços gerais
e de profissionais liberais somente será considerada a relação de consumo se
for afastado o vínculo trabalhista, desde que falte um de seus quatro requisitos.
Se houver mesmo “prestação de serviço”, e não vínculo empregatício, um mé-
dico, por exemplo, será considerado “fornecedor” e seu paciente “consumidor”.
CONEXÃO
Lembre-se de que estudamos os requisitos do vínculo empregatício neste Capítulo! Para
saber mais acesse o link abaixo http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26413521/vinculo-
empregaticio-relacao-de-emprego
62 • capítulo 2
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Desse modo, se uma das partes puder ser caracterizada como fornecedora, e
a outra como consumidora, estaremos diante de uma RELAÇÃO DE CONSUMO.
Esta somente ocorrerá se o consumidor PAGAR pelo serviço. Se for serviço públi-
co, prestado pelo Estado, voluntário ou gratuito, não há consumo.
Caracterizada a relação de consumo, a legislação que irá regulamentar to-
dos os direitos e deveres jurídicos dela decorrentes será o Código de Defesa do
Consumidor. Portanto, havendo relação de consumo, o Código Civil só se aplica
subsidiariamente, prevalecendo o CDC. Por isso, contratos de consumo não são
regidos pelas regras gerais do Código Civil, e sim pelo CDC.
Da proteção contratual
Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigam os consu-
midores se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio
de todo o seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de
modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance, com linguagem ina-
cessível. Na relação de consumo, as cláusulas contratuais serão interpretadas
de maneira mais favorável ao consumidor
ATENÇÃO
Lembre-se de que estudamos a regulação dos Contratos no Código Civil! As regras dos
contratos de adesão aplicam-se também aos contratos de consumo!
Para saber mais acesse http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
capítulo 2 • 63
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devida-
mente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de
manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática,
com ilustrações.
Nos contratos de consumo, qualquer cláusula abusiva, que prejudique ou
onere muito o consumidor, é considerada NULA. São nulas de pleno direito,
entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos
e serviços que:impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do
fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou im-
pliquem renúncia ou disposição de direitos (nas relações de consumo en-
tre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
limitada, em situações justificáveis);subtraiam ao consumidor a opção de
reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;transfiram
responsabilidades a terceiros; estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;estabeleçam inversão do ônus da
prova em prejuízo do consumidor.
Segundo preceitua o próprio CDC, no artigo 51,são nulas também: as cláu-
sulas que determinem a utilização obrigatória de arbitragem;que imponham
necessidade de representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico
pelo consumidor;que deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o con-
trato;que autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem
que igual direito seja conferido ao consumidor; que obriguem o consumidor
a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe
seja conferido contra o fornecedor;que autorizem o fornecedor a modificar uni-
lateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;que
possibilitem a violação de normas ambientais; ou, por fim, que estejam em de-
sacordo com o sistema de proteção ao consumidor.
O mesmo código considera exagerada ao fornecedor a vantagem que: ofen-
de os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; restringe
direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal
modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; se mostra excessivamente
onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contra-
to, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. A nulidade
de uma cláusula contratual abusiva pode, inclusive, invalidar todo o contrato
quando sua supressãoacarretar um prejuízo excessivo a uma das partes (reda-
ção adaptada do artigo 51).
64 • capítulo 2
2.3.2 Da Publicidade Enganosa ou Abusiva
capítulo 2 • 65
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de
produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações
escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.
[...]
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou
abusiva:
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publi-
cidade:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Essas previsões tornam tais condutas não apenas sujeitas a ações indeniza-
tórios, mas também a processo penal.
ATIVIDADE
1. Diferencie os contratos civis, consumeristas e trabalhistas.
2. Sempre que alguém assinar um contrato deverá se submeter a todas as suas cláusulas?
66 • capítulo 2
REFLEXÃO
Quais os limites para o empregador “espionar” o e-mail corporativo dos empregados?
LEITURA
Para saber mais sobre os conteúdos aqui abordados, leia o texto disponível no link abaixo.
Boa leitura!!!
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2008/06/empresas-podem-acessar-e-mail-funcional-
de-empregados-diz-justica-1956317.html
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTAR, Carlos Alberto. Direitos do consumidor: Código de Defesa do Consumidor. 6ª ed.
São Paulo: Forense Universitária, 2003.
COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Civil. V. 3, Contratos. 4ª Ed. São Paulo: Saraiva,
2010.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 24. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
capítulo 2 • 67
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítuloestudaremos a Lei dos Direitos Autorais, a fim de compreendermos o que é
“direito autoral”, quais são as formas de violação desses direitos, bem como quais são as sanções
civis cabíveis diante da ilegalidade.
68 • capítulo 2
3
Lei de Direitos
Autorais -
Lei 9610/1998
3 Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/1998
A Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 entrou em vigor cento e vinte dias após
sua publicação, revogando expressamente a Lei 5.988 de 1973, até então vigen-
te. Seu texto não se afasta das linhas enunciadas pelas Convenções Internacio-
nais ratificadas pelo Brasil, embora seja gritante a interferência da Organização
Mundial do Comércio.
Desde sua entrada em vigência, esta é a lei que protege os direitos do autor em
nosso país. Neste Capítulo, estudaremos suas disposições detalhadamente, a
fim de compreendermos o que o Direito Pátrio entende por “direito autoral”,
quais são as formas de violação desses direitos, bem como quais são as sanções
civis cabíveis diante da ilegalidade.
OBJETIVOS
Nosso objetivo neste capítulo e fornecer a você conhecimento técnico acerca da lei que regu-
lamenta os direitos dos autores no Brasil, para que você possa utilizar este instrumental no seu
cotidiano profissional e não incorrer em ilegalidades.
REFLEXÃO
No Capítulo anterior, estudamos o crime de violação de direitos autorais, previsto no Código
Penal. Agora, veremos em detalhes o que são esses direitos autorais protegidos pelo Direito.!
3.1 Conceitos
A Lei 9.610 alterou, atualizou e consolidou toda a legislação sobre direitos au-
torais, além de estabelecer outras providências ao poder público. Esta é, então,
a Lei que regula os direitos autorais no Brasil, entendendo-se sob esta denomi-
nação os direitos de autor e os que lhes são conexos.
70 • capítulo 3
ATENÇÃO
Lembre-se de que, quando estudamos os crimes contra a Propriedade Intelectual, no Capítulo
1, vimos que os direitos autorais são uma espécie de propriedade imaterial!,
São protegidos por esta Lei os autores nacionais (brasileiros natos ou natu-
ralizados) ou pessoas domiciliadas em países que assegurem aos brasileiros ou
pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos direitos autorais
ou equivalentes. Os estrangeiros domiciliados no exterior também dispõem da
proteção assegurada nos acordos, convenções e tratados em vigor no Brasil.
Direitos autorais, para os efeitos legais, são considerados bens móveis e
incidem sobre todos os negócios jurídicos que tenham por objeto os direitos
autorais.Tais negócios jurídicos podem ser referentes à publicação, à transmis-
são, à emissão, à retransmissão, à distribuição, à comunicação ao público, e à
reprodução da obra.
Para os efeitos legais, considera-se publicação a oferta de obra literária,
artística ou científica ao conhecimento do público, com o consentimento do
autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer forma ou
processo. A transmissão ou emissão consistemna difusão de sons ou de sons e
imagens, por meio de ondas radioelétricas; sinais de satélite, fio, cabo ou outro
condutor, meios óticos ou qualquer outro processo eletromagnético. Já a re-
transmissão é a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra.
Distribuição, por sua vez, é a disponibilização de original ou cópia de obras lite-
rárias, artísticas ou científicas, interpretações ou execuções, mediante a venda,
locação ou qualquer outra forma de transferência, inclusive, por download. Co-
municação ao público é qualquer meio ou procedimento e que não consista na
distribuição de exemplares, e, por fim, reprodução seria a cópia de um ou vários
exemplares de uma obra literária, artística ou científica ou de um fonograma,
incluindo qualquer armazenamento permanente ou temporário por meios ele-
trônicos ou qualquer outro meio, inclusive, via download.
Outros conceitos, ainda, são bastante importantes para a compreensão da
regulamentação dos direitos autorais. São eles: obra anônima - quando não se
indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser desconhecido; obra pseudô-
nima - quando o autor se oculta sob outro nome; obra inédita - a que não haja
sido objeto de publicação;obra póstuma - a que se publique após a morte do
autor; obra originária - a criação inovadora; obra derivada - a que, constituindo
capítulo 3 • 71
criação intelectual nova, resulta da transformação de obra originária; obra cole-
tiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa físi-
ca ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela
participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa cria-
ção autônoma; obra audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou
sem som, que tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a im-
pressão de movimento, independentemente dos processos de sua captação, do
suporte usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios uti-
lizados para sua veiculação;fonograma - toda fixação de sons de uma execução
ou interpretação ou de outros sons, ou de uma representação de sons que não
seja uma fixação incluída em uma obra audiovisual. (BRASIL, 1998).
Não apenas os autores ou intérpretes podem ser titulares de direitos autorais,
mas também os produtores e editores, desde que haja contratação específica em
obediência à lei que lhes assegure esses direitos. Para os efeitos legais, editor é a
pessoa física ou jurídica à qual se atri-
© SDECORET | DREAMSTIME.COM
72 • capítulo 3
3.2 Das obras intelectuaisprotegidas
capítulo 3 • 73
Art. 10. A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e inconfundível
com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por outro autor. Parágrafo
único. O título de publicações periódicas, inclusive jornais, é protegido até um ano
após a saída do seu último número, salvo se forem anuais, caso em que esse prazo se
elevará a dois anos.
Segundo a lei, pode ser “autor” sujeito às proteções legais toda a pessoa física
criadora de obra literária, artística ou científica. Para se identificar como autor,
poderá o criador da obra literária, artística ou científica usar seu próprio nome
civil, completo ou abreviado, somente suas iniciais, pseudônimo ou qualquer
outro sinal convencional, que o individualize e identifique.
Assim, autores são sempre pessoas físicas, já que as obras derivam da criati-
vidade, do engenho e do espírito humano. Porém, a proteção concedida aos au-
tores (pessoas físicas) poderá aplicar-se também às pessoas jurídicas nos casos
previstos na legislação.Então, será considerado autor da obra intelectual, para
feitos de proteção legal, aquele que, por uma das modalidades de identificação
referidas, tiver, em conformidade com o uso, indicada ou anunciada essa qua-
lidade na sua utilização, desde que não haja prova em contrário, naturalmente.
Destarte, legalmente, autor poderá ser pessoa física ou jurídica.
A pessoa jurídica se torna titular de direitos autorais através de contrato de
cessão de tais direito. Também se torna titular de direitos de autor quem adap-
ta, traduz, arranja ou orquestra obra de domínio público. Uma mesma obra,
portanto, pode ter mais de um autor, e todos serão titulares de direitos autorais.
74 • capítulo 3
A coautoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal
convencional for utilizada. Porém, atenção: não se considera coautor quem
simplesmente auxiliou o autor na produção da obra literária, artística ou cien-
tífica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição
ou apresentação por qualquer meio.
Assim, ao coautor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente,
são asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra indivi-
dual, vedada, porém, a utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da
obra comum. São considerados coautores, por exemplo, o autor do assunto ou
argumento literário em obra audiovisual ou musical, bem como o diretor de
TV, cinema e espetáculos. Também são considerados coautores de desenhos
animados os artistas que criam os desenhos utilizados na obra audiovisual.
Nas obras coletivas, é assegurada a proteção às participações individuais,
porém, cabe ao organizador a titularidade dos direitos patrimoniais sobre
o conjunto da obra coletiva.Qualquer dos participantes, no exercício de seus
direitos morais, poderá proibir que se indique ou anuncie seu nome na obra
coletiva, sem prejuízo do direito de haver a remuneração contratada.Por isso,
o contrato com o organizador deverá, obrigatoriamente, especificar a contri-
buição de cada participante, o prazo para entrega ou realização, a remuneração
e demais condições para sua execução. (BRASIL, 1998).
capítulo 3 • 75
3.5 Dos direitos do autor
76 • capítulo 3
ano subsequente ao de sua divulgação. Além das obras em relação às quais de-
correu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio
público: I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores; II - as
de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos
e tradicionais. (BRASIL, 1998).
Em relação aos direitos patrimoniais, cabe ao autor o direito exclusivo de
utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. Depende de auto-
rização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalida-
des, tais como:I - a reprodução parcial ou integral;II - a edição;III - a adaptação,
o arranjo musical e quaisquer outras transformações;IV - a tradução para qual-
quer idioma;V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;VI - a dis-
tribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros
para uso ou exploração da obra;VII - a distribuição para oferta de obras ou pro-
duções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema
que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la
em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a deman-
da, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer
sistema que importe em pagamento pelo usuário;VIII - a utilização, direta ou
indireta, da obra literária, artística ou científica; IX - a inclusão em base de da-
dos, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas
de arquivamento do gênero; X - quaisquer outras modalidades de utilização
existentes ou que venham a ser inventadas. (BRASIL, 1998).
Consideram-se utilização de obra: a) representação, recitação ou declama-
ção;b) execução musical;c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos;d)
radiodifusão sonora ou televisiva;e) captação de transmissão de radiodifusão
em locais de frequência coletiva;f) sonorização ambiental;g) a exibição audio-
visual, cinematográfica ou por processo assemelhado;h) emprego de satélites
artificiais;i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qual-
quer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados;j) ex-
posição de obras de artes plásticas e figurativas. As diversas modalidades de
utilização de obras literárias, artísticas ou científicas ou de fonogramas são in-
dependentes entre si, e a autorização concedida pelo autor, ou pelo produtor a
uma modalidade não se estende a quaisquer das demais. (BRASIL, 1998).
No exercício do direito de reprodução, o titular dos direitos autorais poderá
colocar à disposição do público a obra, na forma, local e pelo tempo que desejar,
gratuitamente ou mediante pagamento.O direito de exclusividade de reprodução
capítulo 3 • 77
não será aplicável quando ela for temporária e apenas tiver o propósito de tornar
a obra, fonograma ou interpretação perceptível em meio eletrônico ou quando
for de natureza transitória e incidental, desde que ocorra no curso do uso devida-
mente autorizado pelo titular da obra. Em qualquer modalidade de reprodução,
a quantidade de exemplares será informada e controlada, cabendo a quem repro-
duzir a obra a responsabilidade de manter os registros que permitam, ao autor, a
fiscalização do aproveitamento econômico da exploração.
O direito de utilização econô-
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78 • capítulo 3
3.6 Das Limitações aos Direitos Autorais
Segundo a lei, não constitui ofensa aos direitos autorais, ficando tais condutas
isentas de qualquer sanção, inclusive cível:
capítulo 3 • 79
XI - A reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes,
de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a
reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a ex-
ploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos
interesses dos autores.
XII - As paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra originá-
ria nem lhe implicarem descrédito.
XIII - A representação de obras situadas permanentemente em logradouros públicos,
por meio de pinturas, desenhos, fotografias e procedimentos audiovisuais.
CONEXÃO
Lembre-se de que já falamos disso quando estudamos os crimes contra a propriedade
intelectual no Capítulo 1! Para saber mais acesse http://jus.com.br/artigos/22559/o-novo-
codigo-penal-e-os-crimes-contra-a-propriedade-intelectual
80 • capítulo 3
A cessão total ou parcial dos direitos de autor, que se fará sempre por es-
crito, presume-se onerosa, ou seja, que houve negociação financeira para sua
realização a cessão mediante pagamento.
capítulo 3 • 81
por quaisquer outros processos, inclusive, por radiodifusão ou transmissão por
qualquer outra modalidade. São considerados locais de frequência coletiva os
teatros, cinemas, salões de baile ou concertos, boates, bares, clubes ou associa-
ções de qualquer natureza, lojas, estabelecimentos comerciais e industriais,
estádios, circos, feiras, restaurantes, hotéis, motéis, clínicas, hospitais, órgãos
públicos da administração direta ou indireta, fundacionais e estatais, meios de
transporte de passageiros terrestre, marítimo, fluvial ou aéreo, ou onde quer
que se representem, executem ou transmitam obras literárias, artísticas ou
científicas.(BRASIL, 1998).
Tanto as representações quan-
to as execuções dependem de au-
torização.Previamente à realização
da execução pública, o empresário
deverá apresentar ao escritório cen-
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82 • capítulo 3
ção para reproduzir obra de arte plástica, por qualquer processo, deve se fazer por
escrito e se presume onerosa (mediante pagamento de preço). (BRASIL, 1998).
O titular do direito patrimonial sobre uma base de dados terá o direito exclusi-
vo, a respeito da forma de expressão da estrutura da referida base, de autorizar
ou proibir sua reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, sua
tradução, adaptação, reordenação ou qualquer outra modificação, a distribui-
ção do original ou cópias da base de dados ou a sua comunicação ao público,
bem como a reprodução, distribuição ou comunicação ao público dos resulta-
dos de tais operações. (BRASIL, 1998).
capítulo 3 • 83
3.14 Das sanções civis às violações dos direitos autorais
A Lei 9610/98 prevê a aplicação de sanções civis sobre aqueles que violam direi-
tos autorais, sem prejuízo das penas cabíveis caso haja constatação de crime.
Isto significa que uma pessoa que viola direitos autorais pode sofrer processo
cível e ser obrigada a pagar indenização, e, além disso, acabar sofrendo pena de
prisão e multa.
ATENÇÃO
Lembre-se de o crime de violação de direitos autorais está previsto no artigo 184 do Có-
digo Penal!
84 • capítulo 3
e de fonogramas, realizadas mediante violação aos direitos de seus titulares,
deverão ser imediatamente suspensas ou interrompidas pela autoridade ju-
dicial competente, sem prejuízo da multa diária pelo descumprimento e das
demais indenizações cabíveis, independentemente das sanções penais aplicá-
veis; caso se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos
titulares de direitos de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado
até o dobro. (BRASIL, 1998).
A sentença condenatória por violação de direitos autorais também poderá
determinar a destruição de todos os exemplares ilícitos, bem como das matri-
zes, moldes, negativos e demais elementos utilizados para praticar o ilícito ci-
vil, assim como a perda de máquinas, equipamentos e insumos destinados a tal
fim. (BRASIL, 1998).
ATIVIDADE
1. Quais são as obras protegidas por direitos autorais?
2. O que é ECAD?
REFLEXÃO
Os direitos autorais são ilimitados ou possuem limites, como todo direito individual?
LEITURA
Para saber mais sobre os conteúdos aqui abordados, leia o texto disponível no link abaixo.
Boa leitura!!!
http://www.ecad.org.br/pt/direito-autoral/o-que-e-direito-autoral/Paginas/default.aspx
capítulo 3 • 85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTAR, Carlos Alberto.Direito de Autor. Rio de Janeiro: Forense, 1994.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítuloveremos o conceito jurídico de “programas de computador” para compre-
endermos quais são objeto de proteção da legislação, e em quais circunstâncias o programa-
dor ou designer serão titulares da propriedade imaterial sobre softwares; e estudaremos
quais são os requisitos para que uma invenção seja patenteada e quais os mecanismos for-
mais para solicitar o registro de uma patente.
86 • capítulo 3
4
Proteção da Propriedade
Intelectual de Programa de
Computador - Lei 9.609/1998
Patentes - Lei 9.279/1996
4 Proteção da Propriedade Intelectual de
Programa de Computador - Lei 9.609/1998
Patentes - Lei 9.279/1996
A Lei de proteção a programa de computador foi publicada no mesmo dia em
que a Lei de Direitos autorais, estudada no capítulo anterior. Segundo sua regu-
lamentação, os programas de computador ficam incluídos no âmbito dos direi-
tos autorais, sendo proibidas a reprodução, a cópia, o aluguel e a utilização de
cópias de programas de computador feitas sem a devida autorização do titular
dos direitos autorais.
A legislação de software estabelece que a violação destes direitos é passível de
ação criminal e de ação cível de indenização. Combinada com a Lei do Direito
Autoral, a Lei de Software permite que as perdas e danos do titular do programa
sejam ressarcidos pelo valor equivalente a 3.000 cópias de cada software ilegal-
mente produzido. A nova lei prevê, ainda, que, praticada a pirataria, o poder
fiscalizador do Estado passa a investigar a sonegação fiscal relacionada à ativi-
dade da reprodução ilegal do software, seja para fins comerciais ou não.
Neste capítulo, também veremos a proteção de patentes. Uma patente, na sua
formulação clássica, é uma concessão pública, conferida pelo Estado, que ga-
rante ao seu titular a exclusividade ao explorar comercialmente a sua criação.
Em contrapartida, é disponibilizado acesso ao público sobre o conhecimento
dos pontos essenciais e as reivindicações que caracterizam a novidade no in-
vento.Os direitos exclusivos garantidos pela patente referem-se ao direito de
prevenção de outros de fabricarem, usarem, venderem, oferecerem vender ou
importar a dita invenção.
Diz-se também patente, mas, no Brasil, com maior precisão, carta-patente, do
documento legal que representa o conjunto de direitos exclusivos concedidos
pelo Estado a um inventor.A patente insere-se nos denominados direitos de
Propriedade Industrial cuja disciplina legal, no Brasil, está na Lei da Proprieda-
de Industrial (Lei 9279/96), como veremos a seguir..
OBJETIVOS
Neste capítulo, você irá aprender os mecanismos legais de proteção específicos para os
softwares, e para as invenções e modelos industriais, que possuem proteção específica em
88 • capítulo 4
relação às outras modalidades de propriedade intelectual (protegidas pelos direitos autorais).
Veremos o conceito jurídico de “programas de computador” para compreendermos quais
são objeto de proteção da legislação, e em quais circunstâncias o programador ou designer
serão titulares da propriedade imaterial sobre softwares. Você também aprenderá quais são
os requisitos para que uma invenção seja patenteada e quais os mecanismos formais para
solicitar o registro de uma patente..
REFLEXÃO
No capítulo anterior, vimos uma das modalidades de direitos sobre propriedade intelectual,
que são os direitos autorais sobre obras de arte, música, literatura, bem como teses e escritos
científicos e acadêmicos. Neste capítulo, veremos outras modalidades de propriedade inte-
lectual: os softwares e as patentes industriais.
capítulo 4 • 89
Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa de computador
pelo prazo de cinquenta anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subse-
quente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação. A proteção
aos direitos independe de registro.
© RANCZ ANDREI | DREAMSTIME.COM
90 • capítulo 4
Art. 4º Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusivamente ao empregador,
contratante de serviços ou órgão público, os direitos relativos ao programa de compu-
tador, desenvolvido e elaborado durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutá-
rio, expressamente destinado à pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do
empregado, contratado de serviço ou servidor seja prevista, ou ainda, que decorra da
própria natureza dos encargos concernentes a esses vínculos.
§ 1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do trabalho ou serviço prestado
limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado.
§ 2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, contratado de serviço ou servi-
dor os direitos concernentes a programa de computador gerado sem relação com o
contrato de trabalho, prestação de serviços ou vínculo estatutário, e sem a utilização
de recursos, informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais,
instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a qual o
empregador mantenha contrato de prestação de serviços ou assemelhados, do contra-
tante de serviços ou órgão público.
§ 3º O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos casos em que o programa de
computador for desenvolvido por bolsistas, estagiários e assemelhados.
CONEXÃO
Lembre-se de que estudamos os requisitos do vínculo empregatício e o conceito de pres-
tação de serviços no Capítulo 2! Para saber mais acesse http://www.jusbrasil.com.br/topi-
cos/303706/vinculo-empregaticio
Com relação aos atos que não violam direitos do autor de programa de com-
putador, estipula o artigo 6º:
capítulo 4 • 91
III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por
força das características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos nor-
mativos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para a sua expressão;
IV - a integração de um programa, mantendo-se suas características essenciais, a um
sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do
usuário, desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu
Estas condutas são lícitas, e, portanto, não geram nenhum tipo de sanção,
nem mesmo indenização cível.
Art. 8º Aquele que comercializar programa de computador, quer seja titular dos direitos
do programa, quer seja titular dos direitos de comercialização, fica obrigado, no territó-
rio nacional, durante o prazo de validade técnica da respectiva versão, a assegurar aos
respectivos usuários a prestação de serviços técnicos complementares relativos ao
adequado funcionamento do programa, consideradas as suas especificações.
Parágrafo único. A obrigação persistirá no caso de retirada de circulação comercial
do programa de computador durante o prazo de validade, salvo justa indenização de
eventuais prejuízos causados a terceiros.
92 • capítulo 4
direitos de comercialização referentes a programas de computador de origem
externa, deverá ser fixada a responsabilidade pelos respectivos pagamentos e
estabelecida a remuneração do titular dos direitos de programa de computador
residente ou domiciliado no exterior.
Nos contratos sobre cessão de direitos sobre programas de computador,
serão nulas as cláusulas que:I - limitem a produção, a distribuição ou a comer-
cialização, em violação às disposições normativas em vigor;II - eximam qual-
quer dos contratantes das responsabilidades por eventuais ações de terceiros,
decorrentes de vícios, defeitos ou violação de direitos de autor. (BRASIL, 1998).
Nos casos de transferência de tecnologia de programa de computador, o
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) fará o registro dos respecti-
vos contratos, para que produzam efeitos em relação a terceiros.Para o registro,
é obrigatória a entrega, por parte do fornecedor ao receptor de tecnologia, da
documentação completa, em especial do código-fonte comentado, memorial
descritivo, especificações funcionais internas, diagramas, fluxogramas e ou-
tros dados técnicos necessários à absorção da tecnologia.
capítulo 4 • 93
cadação tributária ou prática de quaisquer dos crimes contra a ordem tributá-
ria ou contra as relações de consumo. Nestes casos, a ação penal será Pública.
A ação penal e as diligências preliminares de busca e apreensão, nos ca-
sos de violação de direito de autor de programa de computador, serão pre-
cedidas de vistoria, podendo o juiz ordenar a apreensão das cópias produ-
zidas ou comercializadas com violação de direito de autor, suas versões e
derivações, em poder do infrator ou de quem as esteja reproduzindo ou
comercializando. Diz a lei, ainda, que, independentemente da ação pe-
nal, o prejudicado poderá ingressar com uma ação para proibir ao infra-
tor a prática do ato incriminado (chamada ação de abstenção de prática de
ato), com pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito (multa).
A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cumulada com a de perdas e
danos pelos prejuízos decorrentes da infração. (BRASIL, 1998).
Diz a lei que as disposições dos tratados em vigor no Brasil são aplicáveis, em igual-
dade de condições, às pessoas físicas e jurídicas nacionais ou domiciliadas no País,
e que os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis, para to-
dos os efeitos legais. Isso quer dizer que tanto pessoas jurídicas quanto pessoas
naturais podem ser proprietárias de bens móveis, assim como de patentes.
É assegurado o direito de obter patente ao autor de invenção ou modelo de
utilidade, para que lhe seja garantida a propriedade imaterial. A patente poderá
ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo
cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta-
ção de serviços determinar que pertença a titularidade. Quando se tratar de in-
venção ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por duas ou mais
94 • capítulo 4
pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante
nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direitos.
Sempre se presume que o requerente está legitimado a obter a patente. Caso
alguém queira contestar a autoria, deverá ajuizar ação.(BRASIL, 1996).
Chama-se invenção ao ato de criar
uma nova tecnologia, processo ou ob-
jeto, ou um aperfeiçoamento de tec-
nologias, processos e objetos pré-exis-
tentes. Não pode ser confundida com
Novidade
Patente
Atividade inventiva
Aplicação industrial
capítulo 4 • 95
O responsável por invenções é chamado legalmente de inventor. Quando
o inventor deseja guardar exclusividade acerca do mecanismo ou processo do
novo invento (para fins comerciais) deve patentear, ou seja, registrar uma pa-
tente do produto.
O inventor será nomeado e qualificado, podendo requerer a não divulgação
de sua nomeação.Se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma invenção
ou modelo de utilidade, de forma independente, o direito de obter patente será
assegurado àquele que provar o depósito mais antigo, independentemente das
datas de invenção ou criação.
96 • capítulo 4
de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no
Brasil ou no exterior. Para fins de aferição da novidade, o conteúdo completo do
pedido depositado no Brasil (e ainda não publicado) será considerado “estado
da técnica” a partir da data de depósito. Isso também será aplicado ao pedido
internacional de patente depositado segundo tratado ou convenção em vigor
no Brasil desde que haja processamento nacional.
Não será considerado como estado da técnica pelo Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI) mera divulgação de invenção ou modelo de uti-
lidade, quando ocorrida durante os 12 (doze) meses que precederem a data de
depósito ou a da prioridade do pedido de patente, através de publicação oficial
do pedido de patente depositado sem o consentimento do inventor.O INPI po-
derá exigir do inventor uma declaração relativa à divulgação, acompanhada ou
não de provas, nas condições estabelecidas no regulamento. (BRASIL, 1996).
A invenção é considerada dotada de atividade inventiva sempre que, para um
técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técni-
ca. Já o modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técni-
co no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica. De
qualquer maneira, ambos são considerados suscetíveis de aplicação industrial
quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria.
Será assegurado direito de prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo o
pedido de patente depositado em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em
organização internacional, que produza efeito de depósito nacional, desde que o
depósito não seja invalidado nem prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.
Por isso, a reivindicação de prioridade deve ser feita no próprio ato de depósito,
podendo ser suplementada dentro de 60 dias por outras prioridades anteriores à
data do depósito no Brasil. Se não for efetuada no momento do depósito, a com-
provação deverá ocorrer em até cento e oitenta dias contados do mesmo.
Tratando-se de prioridade obtida por cessão, o documento correspondente
deverá ser apresentado dentro de cento e oitenta dias contados do depósito, ou,
se for o caso, em até sessenta dias da data da entrada no processamento nacio-
nal, dispensada a legalização consular no país de origem.
O pedido de patente de invenção ou de modelo de utilidade depositado ori-
ginalmente no Brasil, sem reivindicação de prioridade e não publicado, assegu-
rará o direito de prioridade ao pedido posterior sobre a mesma matéria depo-
sitado no Brasil pelo mesmo requerente ou sucessores, dentro do prazo de um
ano. (BRASIL, 1996).
capítulo 4 • 97
4.5.3 Invenções e Modelos de Utilidade Não Patenteáveis
Não são patenteáveis, segundo a lei, invenções ou modelos que afrontem a mo-
ral, os bons costumes, a segurança, a ordem e a saúde públicas. Para tanto, de-
vemos reconhecer que as concepções morais e os costumes da sociedade são
extremamente subjetivos e variam com o passar do tempo. Muitas vezes, ainda,
o que é considerado imoral para um indivíduo não o é para outro, e os costumes
e valores podem variar muito conforme as regiões do país. Por isso, na prática,
desde que uma invenção ou um modelo de utilidade sejam úteis para a socieda-
de ou capazes de gerar valores econômicos e não constituam tipicidade penal
(crime), poderão ser patenteados. (BRASIL, 1996).
98 • capítulo 4
prática do objeto do pedido, que não possa ser descrito na forma deste artigo
e que não estiver acessível ao público, o relatório será suplementado por de-
pósito do material em instituição autorizada pelo INPI ou indicada em acordo
internacional. (BRASIL, 1996).
Todo pedido de patente é mantido em sigilo durante dezoito meses conta-
dos da data de depósito ou da prioridade mais antiga. Ao fim desse prazo, será
publicado pelo INPI. Da publicação, deverão constar dados identificadores do
pedido de patente, ficando cópia do relatório descritivo, das reivindicações, do
resumo e dos desenhos à disposição do público no INPI.Publicado o pedido
de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação, pelos interes-
sados, de documentos e informações para subsidiarem o exame, caso haja al-
guém que questione a autoria da invenção. Esse exame de veracidade é sempre
iniciado após sessenta dias da publicação do pedido. (BRASIL, 1996).
Quando for requerido o exame, deverão ser apresentados, no prazo de 60
dias, sempre que solicitado, sob pena de arquivamento do pedido: todos os do-
cumentos necessários à regularização do processo e exame do pedido, e as obje-
ções, buscas de anterioridade e resultados de exame para concessão de pedido
correspondente em outros países, quando houver reivindicação de prioridade.
Por ocasião do exame técnico, será elaborado o relatório de busca e parecer re-
lativo à patenteabilidade do pedido, possível adaptação do pedido à natureza
reivindicada, reformulação do pedido ou divisão da patente, ou, ainda, pode
ser solicitado o cumprimento de outras exigências técnicas para a concessão
da patente. (BRASIL, 1996).
Quando o parecer for pela não patenteabilidade ou pelo não enquadramen-
to do pedido na natureza reivindicada ou formular qualquer exigência, o de-
positante será intimado para manifestar-se no prazo de noventa dias. Se não
atender às exigências, o pedido será definitivamente arquivado; se atender,
ainda que não cumprida, ou contestada sua formulação, e havendo ou não ma-
nifestação sobre a patenteabilidade ou o enquadramento, será dado prossegui-
mento ao exame, até decisão final. Concluído o exame, será proferida decisão,
deferindo ou indeferindo o pedido de patente. (BRASIL, 1996).
Para melhor esclarecer ou definir o pedido de patente, o depositante poderá
efetuar alterações até o requerimento do exame, desde que estas se limitem à
matéria inicialmente revelada no pedido.O exame do pedido de patente deverá
ser requerido pelo depositante ou por qualquer interessado em questionar a
autoria ou a inovação, no prazo de trinta e seis meses contados da data do depó-
capítulo 4 • 99
sito, sob pena do arquivamento do pedido. Se houver arquivamento, o pedido
de patente poderá ser desarquivado por requerimentodo depositante no prazo
de sessenta dias contados do arquivamento, mediante pagamento de uma re-
tribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo.(BRASIL, 1996).
Por fim, é possível a desistência da patente. Um pedido de patente pode ser
retirado ou abandonado, masserá obrigatoriamente publicado pelo INPI. O pe-
dido de retirada deverá ser apresentado em até dezesseis meses, contados da
data do depósito ou da prioridade mais antiga.
100 • capítulo 4
4.5.6 Direitos decorrentes da Patente
A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu consen-
timento, possa produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar qualquer
produto objeto de patente, bem como qualquer processo ou produto obtido dire-
tamente por processo patenteado.Ocorrerá violação de direito da patente de pro-
cesso, quando o possuidor ou proprietário não comprovar, mediante determina-
ção judicial específica, que o seu produto foi obtido por processo de fabricação
diverso daquele protegido pela patente.
Ao titular da patente é assegurado o direito de obter indenização pela explo-
ração indevida de seu objeto, inclusive, em relação à exploração ocorrida entre
a data da publicação do pedido e a da concessão da patente.Quando o objeto do
pedido de patente se referir a material biológico, o direito à indenização será
somente conferido quando o material biológico se tiver tornado acessível ao
público. (BRASIL, 1996).
A pessoa de boa fé que, antes da data de depósito ou de prioridade de pedido
de patente, explorava seu objeto no país, poderá continuar a exploração sem ônus,
por conta do direito adquirido. Além desta, são exceções ao direito sobre patente
os atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalida-
de comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular
da patente, ou que possuam finalidade experimental, relacionados a estudos ou
pesquisas científicas ou tecnológicas. (BRASIL, 1996). Também não deve respeito
à patente a preparação de medicamento de que depende a vida de seres humanos,
pois a saúde é direito que se sobrepõem à propriedade privada.
ATENÇÃO
Lembre-se de que vimos, lá no Capítulo 1, que a dignidade humana é o valor máximo previsto
na Constituição Federal!..
capítulo 4 • 101
Ainda, não se impõe a patente a terceiros que, no caso de patentes relacio-
nadas com matéria viva, utilizem, sem finalidade econômica, o produto paten-
teado como fonte inicial de variação ou propagação para obter outros produtos;
que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, ponham em
circulação ou comercializem um produto patenteado que haja sido introduzido
licitamente no comércio pelo detentor da patente ou por detentor de licença,
desde que o produto patenteado não seja utilizado para multiplicação ou pro-
pagação comercial da matéria viva em causa; e aos atos praticados por terceiros
não autorizados, relacionados à invenção protegida por patente, destinados ex-
clusivamente à produção de informações, dados e resultados de testes, visando
à obtenção do registro de comercialização, no Brasil ou em outro país, para a
exploração e comercialização do produto objeto da patente, após a expiração
dos prazos legais. (BRASIL, 1996).
O titular do direito de patente poderá aliená-lo mediante venda, arrendamen-
to, cessão, doação etc., desde que juntamente com o negócio ou empresa, ou par-
te desta que tenha direta relação com a exploração do objeto da patente. O titular
de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença para exploração,
e o licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os poderes para agir em
defesa da patente. Para tanto, o contrato de licença deverá ser averbado no INPI
para que produza efeitos em relação a terceiros. (BRASIL, 1996). Assim, poderá
solicitar ao INPI que coloque a patente em oferta para fins de exploração.
Nenhum contrato de licença voluntária de caráter exclusivo será averbado no
INPI sem que o titular tenha desistido da oferta.A patente sob licença voluntária,
com caráter de exclusividade, não poderá ser objeto de oferta. O titular poderá, a
qualquer momento, antes da expressa aceitação de seus termos pelo interessado,
desistir da oferta; na falta de acordo entre o titular e o licenciado, as partes pode-
rão requerer ao INPI o arbitramento da remuneração. (BRASIL, 1996).
O titular da patente poderá requerer o cancelamento da licença se o licen-
ciado não der início à exploração efetiva dentro de um ano da concessão, inter-
romper a exploração por prazo superior a um ano, ou, ainda, se não forem obe-
decidas as condições para a exploração. O titular ficará sujeito a ter a patente
licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma
abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico, comprovado nos
termos da lei, por decisão administrativa ou judicial. (BRASIL, 1996).
Na relação de trabalho, a invenção e o modelo de utilidade pertencem ex-
clusivamente ao empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja
102 • capítulo 4
execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade in-
ventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado
contratado. Salvo expressa disposição contratual em contrário, a retribuição
pelo trabalho a que se refere este artigo limita-se ao salário ajustado. O empre-
gador, titular da patente, poderá conceder ao empregado, autor de invento ou
aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da explora-
ção da patente, mediante negociação com o interessado ou conforme disposto
em norma da empresa. (BRASIL, 1996).
Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utili-
dade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e
não decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações
ou equipamentos do empregador. Há, ainda, a possibilidade de a propriedade
de invenção ou de modelo de utilidade ser dividida, em partes iguais, quando
resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios,
materiais, instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa
disposição contratual em contrário. Sendo mais de um empregado, a parte que
lhes couber será dividida igualmente entre todos, salvo ajuste em contrário. É
garantido ao empregador o direito exclusivo de licença de exploração e assegu-
rada ao empregado a justa remuneração. (BRASIL, 1996).
Nesses casos, a exploração do objeto da patente, na falta de acordo, de-
verá ser iniciada pelo empregador dentro do prazo de um ano, contado da data
de sua concessão, sob pena de passar à exclusiva propriedade do empregado
a titularidade da patente, ressalvadas as hipóteses de falta de exploração por
razões legítimas. (BRASIL, 1996).
capítulo 4 • 103
A patente extingue-se: pela expiração do prazo de vigência, pela renúncia de seu
titular, ressalvado o direito de terceiros, pela caducidade, e pela falta de pagamento
da retribuição anual. Extinta a patente, o seu objeto cai em domínio público.
A patente caduca (perde validade), de ofício ou a requerimento de qualquer
pessoa com legítimo interesse, se, decorridos dois anos da concessão da pri-
meira licença compulsória, esse prazo não tiver sido suficiente para prevenir ou
sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justificáveis. A patente também caduca-
rá quando, na data do requerimento da caducidade ou da instauração de ofício
do respectivo processo, não tiver sido iniciada a exploração. (BRASIL, 1996).
O titular será intimado mediante publicação para se manifestar, no prazo ses-
senta dias, cabendo-lhe o ônus da prova quanto à exploração. A decisão do INPI
será proferida dentro de sessenta dias, produzindo efeitos a partir da data do re-
querimento ou da publicação da instauração de ofício do processo. (BRASIL, 1996).
Retribuição anual
O depositante do pedido e o titular da patente estão sujeitos ao pagamento
de retribuição anual, a partir do início do terceiro ano da data do depósito.O pa-
gamento antecipado da retribuição anual será regulado pelo INPI, e deverá ser
efetuado dentro dos primeiros três meses de cada período anual, podendo, ain-
da, ser feito, independente de notificação, dentro dos seis meses subsequentes,
mediante pagamento de retribuição adicional. A mesma regra aplica-se aos pe-
didos internacionais depositados em virtude de tratado em vigor no Brasil, de-
vendo o pagamento das retribuições anuais vencidas antes da data da entrada
no processamento nacional ser efetuado no prazo de três meses dessa data.A
falta de pagamento da retribuição anualacarretará o arquivamento do pedido
ou a extinção da patente. (BRASIL, 1996).
Se isso acontecer, o pedido de patente e a patente poderão ser restaurados,
desde que o depositante ou o titular da patente requeiram a restauração da vi-
gência da patente, dentro de três meses, contados da notificação do arquiva-
mento do pedido ou da extinção da patente, mediante pagamento de retribui-
ção específica. (BRASIL, 1996).
104 • capítulo 4
ATIVIDADE
1. Como os programas de computador são protegidos pela legislação?
REFLEXÃO
Aplicativos para “smartphones” e “tablets” se enquadram no conceito jurídico de “programas
de computador” e estão sujeitos à proteção da Lei?
LEITURA
Para saber mais sobre os assuntos abordados nesse capítulo, leia o texto disponível no
link abaixo: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
id=10902&revista_caderno=17
Para maiores informações sobre os detalhes do pedido, acesse o site do INPI:
http://www.inpi.gov.br/portal/.
Boa Leitura!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Denis Borges. Uma introdução à propriedade industrial, vols. I e II, 2ª ed. Rio de
Janeiro: Lúmen Júris, 1997.
capítulo 4 • 105
FALCÃO, Joaquim; LEMOS, Ronaldo; FERRAZ JUNIOR, Tércio S. (coord.). Direito do Software
Livre e a Administração Pública. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2007.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítuloveremos como a legislação disciplina essas outras formas de tutela à proprie-
dade intelectual, e teremos alguns conceitos de ética para que você possa proceder eticamente
em sua atuação profissional, de forma fundamentada.
106 • capítulo 4
5
Lei da Propriedade
Industrial
(Lei 9279/06)
Noções de Ética
5 Lei da Propriedade Industrial
(Lei 9279/06) Noções de Ética
OBJETIVOS
Este Capítulo tem por objetivo propiciar a você conhecimento acerca dos requisitos for-
mais para solicitar a proteção do estado sobre a propriedade industrial que não se confi-
gure nos conceitos de “invenção”. Além disso, temos por finalidade ampliar seus horizon-
108 • capítulo 5
tes conceituais acerca do que é ética, a fim de que possa sempre proceder eticamente
no exercício profissional.
REFLEXÃO
Que, no decorrer deste caminho pedagógico, começamos vendo a organização do esta-
do brasileiro, segundo nossa Constituição Federal, passamos pelos direitos fundamentais,
para compreendermos o direito de propriedade, por noções de direito penal, de direito civil,
trabalhista e consumerista. Depois, estudamos as leis que foram elaboradas especialmente
para proteger direitos autorais sobre obras de arte, de ciência, da computação e começa-
mos a estudar a Lei de número 9279, ao aprendermos sobre a concessão de patentes.
Neste Capítulo, terminaremos de estudar esta Lei e falaremos sobre ética profissional.
capítulo 5 • 109
ATENÇÃO
Lembre-se de que é a Lei 9610/98 que regulamenta essa proteção.
110 • capítulo 5
ATENÇÃO
Veremos que o procedimento para registro é quase idêntico ao das patentes.
capítulo 5 • 111
apresentadas as manifestações, o processo será decidido pelo Presidente do
INPI, encerrando-se a instância administrativa. Aplicam-se à ação de nulidade
de registro de desenho industrial, no que couber, as disposições sobre nulida-
des de patentes. (BRASIL, 1996).
O registro de desenho industrialextingue-se: pela expiração do prazo de vi-
gência, pela renúncia de seu titular e pela falta de pagamento da retribuição.
5.2 Marcas
Tipos de Marcas:
• Nominativa (palavras)
• Figurativa (figuras, símbolos, emblemas)
• Mista (palavras e figuras)
• De produto ou serviço
• De certificação (INMETRO, ISO, etc)
• Coletiva (dada entidade, associação ou cooperativa)
• Notoriamente conhecida (sem registro, proteção na sua área)
• de alto renome (têm registro. Proteção em todas as classes)
112 • capítulo 5
Marca coletiva é aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos
de membros de uma determinada entidade. (BRASIL, 1996).
Confira a seguir a lista das 20 marcas mais valiosas do mundo em 2008.
Após a marca, aparece seu valor1 .
2 3 IBM 59,031
3 2 Microsoft 59,007
4 4 GE 53,086
5 5 Nokia 35,942
6 6 Toyota 34,050
7 7 Intel 31,261
8 8 McDonald's 31,049
9 9 Disney 29,251
10 20 Google 25,590
11 10 Mercedes-Benz 25,577
12 12 Hewlett-Packard 23,509
13 13 BMW 23,298
14 16 Gillette 22,069
1 A lista foi feita pela consultoria de marcas Interbrand em parceria com a revista americana “Businessweek”:
<http://www.businessweek.com/>.
capítulo 5 • 113
POSIÇÃO EM POSIÇÃO EM VALOR EM US$
MARCA
2008 2007 BILHÕES
15 15 American Express 21,940
17 18 Cisco 21,306
18 14 Marlboro 21,300
19 11 Citi 20,174
20 19 Honda 19,079
114 • capítulo 5
za, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produ-
ção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva; VII - sinal ou expressão empre-
gada apenas como meio de propaganda; VIII - cores e suas
denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo
peculiar e distintivo; IX - indicação geográfica, sua imitação
suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente
induzir indicação geográfica; X - sinal que induza a falsa in-
dicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade
ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;
XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente
adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou na-
tureza; XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido
registrado como marca coletiva ou de certificação por tercei-
ro; XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artís-
tico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial
ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetí-
vel de criar confusão, salvo quando autorizados pela autori-
dade competente ou entidade promotora do evento; XIV - re-
produção ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos
Municípios, ou de país; XV - nome civil ou sua assinatura,
nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo
com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVI
- pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome
artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do
titular, herdeiros ou sucessores;XVII - obra literária, artística
ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos
pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão
ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte,
que tenha relação com o produto conferido só poderá ser ce-
dido juntamente com o negócio ou empresa, ou parte deste,
que tenha direta relação com a exploração do objeto do re-
gistro, por alienação ou arrendamento;XIX - reprodução ou
imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo,
de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar pro-
capítulo 5 • 115
duto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de
causar confusão ou associação com marca alheia;XX - dua-
lidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou
serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma nature-
za, se revestirem de suficiente forma distintiva;XXI - a forma
necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicio-
namento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de
efeito técnico;XXII - objeto que estiver protegido por registro
de desenho industrial de terceiro; e, finalmente, XXIII - sinal
que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o
requerente evidentemente não poderia desconhecer em ra-
zão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado
em território nacional ou em país com o qual o Brasil mante-
nha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se
a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico,
semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou asso-
ciação com aquela marca alheia.
116 • capítulo 5
obedecidas as práticas leais de concorrência. Proprietários de marcas também
não podem obstar a livre circulação de produtos colocados no mercado interno
ou impedir a citação da marca em discurso, obra científica ou literária ou qual-
quer outra publicação, desde que sem conotação comercial e sem prejuízo para
seu caráter distintivo. (BRASIL, 1996).
O registro da marca vigora pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da
concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos.O pedido de
registro e o registro poderão ser cedidos, desde que o cessionário atenda aos re-
quisitos legais para requerer tal registro. A cessão deverá compreender todos os
registros ou pedidos, em nome do cedente, de marcas iguais ou semelhantes, re-
lativas a produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, sob pena de cancela-
mento dos registros ou arquivamento dos pedidos não cedidos. (BRASIL, 1996).
O INPI fará anotações da cessão, fazendo constar a qualificação completa
do cessionário, de qualquer limitação ou ônus que recaia sobre o pedido ou
registro, ou das alterações de nome, sede ou endereço do depositante ou titu-
lar.O titular de registro ou o depositante de pedido de registro poderá celebrar
contrato de licença para uso da marca, sem prejuízo de seu direito de exercer
controle efetivo sobre as especificações, natureza e qualidade dos respectivos
produtos ou serviços. O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para
que produza efeitos em relação a terceiros. (BRASIL, 1996). O registro de uma
marca estará vinculado à atividade econômica exercida, já que um mesmo
nome empresarial pode ser usado se a atividade for distinta.
O registro da marca extingue-se pela expiração do prazo de vigência, ou
pela renúncia do seu titular, que poderá ser total ou parcial em relação aos
produtos ou serviços assinalados pela marca. Também pode haver extinção
pelo que os juristas chamam de “caducidade”. A caducidade ocorre quando
o uso de uma marca não tiver sido iniciado no Brasil, se o uso da marca ti-
ver sido interrompido por mais de cinco anos consecutivos, ou se, no mesmo
prazo, a marca tiver sido usada com modificação que implique alteração de
seu caráter distintivo original, tal como constante do certificado de registro.
Somente não ocorrerá caducidade nestas hipóteses se o titular justificar o de-
suso da marca por razões legítimas. (BRASIL, 1996).
O certificado de registro de marca será concedido depois de deferido o pedi-
do e comprovado o pagamento das retribuições correspondentes, que deverá
ser feito no prazo de 60 (sessenta) dias contados do deferimento. Reputa-se
concedido o certificado de registro na data da publicação do respectivo ato, no
capítulo 5 • 117
qual deverão constar a marca, o número e data do registro, nome, nacionalida-
de e domicílio do titular, os produtos ou serviços, as características do registro
e a prioridade estrangeira. (BRASIL, 1996).
Ocorrerá nulidade do registro que
for concedido em desacordo com as
disposições legais, podendo ser to-
tal ou parcial, sendo condição para
a nulidade parcial o fato de a parte
subsistente poder ser considerada
registrável.
A declaração de nulidade produz
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118 • capítulo 5
Ora, se alguém fornece componente de um produto patenteado, ou mate-
rial ou equipamento para realizar um processo patenteado, desde que a aplica-
ção final do componente, material ou equipamento induza, necessariamente, à
exploração do objeto da patente; exporta, vende, expõe ou oferece à venda, tem
em estoque, oculta ou recebe, para utilização com fins econômicos, produto
fabricado com violação de patente de invenção ou de modelo de utilidade, ou
obtido por meio ou processo patenteado, importa produto que seja objeto de
patente de invenção ou de modelo de utilidade ou obtido por meio ou processo
patenteado no País, para os fins previstos no inciso anterior, e que não tenha
sido colocado no mercado externo diretamente pelo titular da patente ou com
seu consentimento, a pena máxima é de 3 meses. (BRASIL, 1996).
Com relação aos desenhos industriais, é crime fabricar, sem autorização do
titular, produto que incorpore desenho industrial registrado, ou imitação subs-
tancial que possa induzir em erro ou confusão. A pena é de detenção, de 3 (três)
meses a 1 (um) ano, ou multa. Quem realiza aquelas condutas, como no caso da
patente, de exportação, venda, importação etc., também responde com pena
máxima de 3 meses de detenção. (BRASIL, 1996).
CONEXÃO
Lembra-se do conceito de DOLO? Nenhum crime contra a propriedade intelectual pode
ser culposo! Para saber mais acesse http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8149
Comete crime contra registro de marca quem reproduz, sem autorização do ti-
tular, no todo ou em parte, marca registrada, ou imita-a de modo que possa induzir
confusão, oualtera marca registrada de outrem já aposta em produto colocado no
mercado. A pena máxima também é de um ano e a mínima, de três meses, conver-
sível em pena pecuniária. Semelhante ao que ocorre com as outras propriedades
industriais, quem importa, exporta, vende, oferece ou expõe à venda, oculta ou tem
em estoque produto assinalado com marca ilicitamente reproduzida ou imitada,
de outrem, no todo ou em parte, ouproduto de sua indústria ou comércio, contido
em vasilhame, recipiente ou embalagem que contenha marca legítima de outrem,
sofre pena de até 3 (três) meses, ou multa. (BRASIL, 1996).
Também será crime induzir o consumidor a erro, mediante propaganda,
imitando marcas alheias, assim como reproduzir ou imitar, de modo que pos-
sa induzir em erro ou confusão, armas, brasões ou distintivos oficiais nacio-
capítulo 5 • 119
nais, estrangeiros ou internacionais, sem a necessária autorização, no todo ou
em parte. No âmbito privado, não apenas a marca é objeto de proteção penal,
mas também título de estabelecimento, nome comercial, insígnia ou sinal de
propaganda. Usar essas reproduções ou imitações com fins econômicos, assim
como vender produtos assinalados com essas marcas, submete o agente à pena
de detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Neste caso, comete também
crime de concorrência desleal. (BRASIL, 1996).
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ou outra utilidade, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe
proporcione vantagem e o empregado que recebe dinheiro ou outra utilidade,
ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empre-
gado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador, cometem o crime
de espionagem.(BRASIL, 1996).
Da mesma forma, aquele que divulga, explora ou utiliza-se, sem autoriza-
ção, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na
indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de
conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a
que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o
término do contrato, ou informações obtidas por meios ilícitos ou a que teve
acesso mediante fraude comete esse mesmo crime. (BRASIL, 1996).
Quem vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de
patente depositada, ou concedida, ou de desenho industrial registrado, que
não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel comercial, como depositado
ou patenteado, ou registrado, sem o ser, quem divulga, explora ou se utiliza,
sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja
elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a en-
tidades governamentais como condição para aprovar a comercialização de pro-
dutos, também é concorrente desleal. (BRASIL, 1996).
Qualquer conduta de concorrência desleal tem pena máxima de um ano, que
pode ser aumentada de um terço até a metade se o agente é ou foi representante,
mandatário, preposto, sócio ou empregado do titular da patente ou do registro, ou,
ainda, do seu licenciado; ou se a marca alterada, reproduzida ou imitada for de alto
renome, notoriamente conhecida, de certificação ou coletiva.(BRASIL, 1996).
Além da aplicação da pena privativa de liberdade ou multa, poderão ser apreen-
didos, de ofício ou a requerimento do interessado, pelas autoridades alfandegárias,
no ato de conferência, os produtos assinalados com marcas falsificadas, alteradas
ou imitadas ou que apresentem falsa indicação de procedência. (BRASIL, 1996).
Fica a critério do titular requerer a apreensão de marca falsificada, alterada
ou imitada onde for preparada ou onde quer que seja encontrada, antes de uti-
lizada para fins criminosos, ou a destruição de marca falsificada nos volumes
ou produtos que a contiverem, antes de serem distribuídos, ainda que fiquem
destruídos os envoltórios ou os próprios produtos. (BRASIL, 1996).
Tratando-se de estabelecimentos industriais ou comerciais legalmente or-
ganizados e que estejam funcionando publicamente, as diligências prelimina-
capítulo 5 • 121
res serão vistoria e apreensão dos produtos, quando ordenadas pelo juiz, não
podendo ser paralisada a sua atividade licitamente exercida. Quando for reali-
zada a diligência de busca e apreensão, responderá por perdas e danos a parte
que a tiver requerido de má-fé, por espírito de emulação, mero capricho ou erro
grosseiro. (BRASIL, 1996).
Fica ressalvado ao prejudicado o direito de haver perdas e danos em ressar-
cimento de prejuízos causados por atos de violação de direitos de propriedade
industrial e atos de concorrência desleal, tendentes a prejudicar a reputação
ou os negócios alheios, a criar confusão entre estabelecimentos comerciais, in-
dustriais ou prestadores de serviço, ou entre os produtos e serviços postos no
comércio. Prescreve em 5 (cinco) anos a ação para reparação de dano causado
ao direito de propriedade industrial. (BRASIL, 1996).
Ética Profissional
Como você pôde perceber, violar a propriedade industrial não gera uma
pena tão grave para o sujeito ativo, podendo, na maioria das vezes, ser conver-
tida em multa. Quando a legislação cria condutas previstas como crime e esta-
belece penas irrisórias, dizemos que se trata de um “direito penal simbólico”,
pois, nesses casos, a função do direito penal não é fazer com que as pessoas
sofram a pena de prisão efetivamente, mas sim sinalizar que as condutas pre-
vistas como crime são moralmente erradas.
Quando a sociedade não consegue impor seus valores morais com eficiên-
cia, recorre ao Direito, para que a lei exerça um papel educativo, um papel pe-
dagógico que intenta evitar, prevenir que o crime ocorra. Aí, entra a vinculação
entre direito e moral na nossa sociedade.
A ética, por sua vez, pode ser entendida, num primeiro momento, como
uma teoria da ação justa e moral, e tem como função descobrir as concepções
dominantes da moralidade social e a origem desta. A ética também pode ser
definida como a “ciência da moral”, isto é, a seara do conhecimento que possui
um campo paradigmático próprio para descrever a gama de valores que orien-
tam o comportamento humano dentro de determinados contextos sociais.
Nesse passo, a moral seria tanto o conjunto de valores socialmente constru-
ído para orientar condutas quanto o próprio comportamento moral, variando
conforme o entorno. Porém, não é no sentido de “ciência que estuda a moral”
que desejamos trabalhar a terminologia “ética”. Trataremos a ética como uma
derivação de valores que se transformam em intervenções concretas no mundo
122 • capítulo 5
e, assim vão constituindo o sujeito e suas ações. A ética pode ser conceituada
como uma prática permanente, na qual o acúmulo de experiências levaria à
construção de uma ética social, ou mesmo profissional.
A moral não se confunde com moralismo, ou moralidade e também não
pode ser identificada com a moral religiosa, pois isso excluiria indivíduos que
não comungam da mesma religião. Por isso, a moral deve ser compreendida
como um arcabouço axiológico socialmente compartilhado, ou seja, um con-
junto de princípios. Tais princípios compreendem valores, preceitos e compor-
tamentos que norteiam um padrão de comportamento individual considerado
adequado em determinado grupo social.
O ser humano não sobrevive isolado, precisa viver em sociedade. Para ter
inserção e aceitação social, porém, necessita adaptar-se aos parâmetros esta-
belecidos pelo grupo. Cada sociedade estipula seus padrões de normalidade
a exclui os considerados desviantes e anormais. Assim, agir de forma moral é
agir de acordo com os padrões do grupo social e da cultura a que você pertence.
Etimologicamente, é comum se considerar que ética e moral são expres-
sões sinônimas, sendo que a primeira derivou do grego, e a segunda do latim.
Porém, os gregos possuíam uma acepção um pouco diferenciada, uma vez que,
para eles, a ética era, necessariamente, uma práxis. A práxis é algo que congre-
ga teoria e prática necessariamente, e de forma dialética.
Assim, a ética seria todo um conjunto de conceitos sobre um comportamen-
to justo que só se completa no momento em que o indivíduo é capaz de aplicar
esses conceitos no convívio com as outras pessoas. De nada adianta teorizar so-
bre o bem, nem mesmo compreender intelectualmente o que é o bem... Para os
gregos, o bem é a ausência de mal, e ele só se realiza quando alguém consegue
efetivamente ser bom para as outras pessoas. O que os gregos queriam dizer
com isso é que a ética não pode ser só um conjunto bonito de ideias e teorias:
ela precisa ser uma prática também!
Quantas pessoas você conhece que possuem um discurso muito bonito e
uma prática muito feia? É isso que os gregos pretendiam evitar quando afirma-
ram que a ética é uma práxis.
Porém, dizer que a ética precisa ser prática não quer dizer que ela possa ser
confundida com a Lei, ou com o Direito também. A lei impõe uma conduta, que
as pessoas tendem a obedecer com medo da sanção, do castigo, da pena. Então,
a lei é coercitiva, e atua de fora para dentro na consciência do indivíduo. Acon-
tece que nem sempre o Direito consegue cumprir esse papel. Quando falamos
capítulo 5 • 123
anteriormente que existe um direito penal simbólico que pretende orientar um
comportamento moral nos indivíduos, isso não significa que ele tenha sucesso.
Será que, pelo fato de existir uma lei afirmando que determinada conduta é cri-
me, todas as pessoas evitarão essa conduta? Ou será que muitas pessoas farão
mesmo assim, a até possam se sentir mais tentadas a burlar ou infringir a lei?
Sabemos que a segunda hipótese é que mais corresponde à realidade. Por
isso, o Direito não tem o poder de mudar o comportamento das pessoas. O má-
ximo que ele pode fazer é sancionar quem descumpre seus comandos. De outro
lado, a ética, diferente do Direito, vem de dentro para fora. Ela parte do próprio
indivíduo, que refletiu sobre o que é a justiça e pretende, agora, agir como uma
pessoa justa. A ética pode ser ensinada pela família, pela escola, pela religião e
até pelo Direito, mas ela só se torna uma realidade se cada um trouxer isso para
dentro das suas reflexões e transformar isso numa conduta.
Assim, por mais importante que
seja conhecermos a legislação, é fun-
damental que nos comprometamos
a um comportamento ético e deixe-
mos de fazer pirataria, por exemplo,
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124 • capítulo 5
Constituem elementos fundamentais da ética profissional a educação e res-
peito entre os funcionários, a cooperação e atitudes que visam à ajuda aos cole-
gas de trabalho, a divulgação de conhecimentos que possam melhorar o de-
sempenho das atividades realizadas na empresa, o respeito à hierarquia dentro
da empresa, a busca de crescimento profissional sem prejudicar outros colegas
de trabalho, bem como todas as ações e comportamentos que visam criar um
clima agradável e positivo dentro da empresa como, por exemplo, manter o
bom humor.
No que se refere ao cumprimento de
capítulo 5 • 125
ATIVIDADE
1. O que é desenho industrial e como é protegido pela legislação?
REFLEXÃO
Você atua com ética profissional?
LEITURA
Para saber mais sobre os conceitos abordados nesse capítulo, leia o texto disponível no link
abaixo. Boa leitura!!! http://www.comoregistrarumamarca.com.br/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUILAR, Francis J. A ética nas empresas: maximizando resultados através de uma conduta
ética nos negócios. Tradução Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1996.
BARBOSA, Denis Borges. Uma introdução à propriedade industrial, vols. I e II. 2ª ed., Rio de
Janeiro: Lúmen Júris, 1997.
SOARES, José Carlos Tinoco. Lei de patentes, marcas e direitos conexos, Lei 9279-
14.05.1996, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
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EXERCÍCIO RESOLVIDO
Capítulo 1
1. Explique quais são os três poderes do Estado e a função de cada um deles.
Poder Legislativo – tem a função de representar a vontade do povo na elaboração das
leis, que irão orientar toda a atuação estatal, e deve fiscalizar se o Poder Executivo
está cumprindo a legalidade e a Constituição Federal; Poder Executivo – tem a função
de arrecadar a receita pública e aplicar a verbas públicas conforme determinado pela
legislação, a fim de efetivar direitos fundamentais, cumprindo estritamente as leis e a
Constituição; Poder Judiciário – tem a função de julgar as causas que são levadas a ele,
aplicando a legislação e a Constituição, devendo, inclusive, controlar a constitucionalida-
de das leis elaboradas pelo Legislativo e dos atos realizados pelo Executivo.
3. João, em seu “blog”, fez uma postagem especial no aniversário de Alfredo, seu
desafeto, acusando-o se “mau-caráter”, “bandido” e “pilantra”. João pode ser
processado por algum crime? Explique.
Sim. João cometeu o crime de difamação contra Alfredo, sujeito à pena de três meses
a um ano. Nesse caso, Alfredo deverá contratar um advogado para processar João, por-
que a ação penal é privada. Atenção: não se trata de calúnia, pois nesta a vítima tem que
ser acusada diretamente de haver cometido um crime, não bastando a palavra “bandido”;
não se trata de injúria, pois esta é um xingamento direto à vítima, e a conduta de João se
deu maculando a reputação de Alfredo via internet.
4. Meire aproveitou a ida de seu namorado Paulo ao banheiro para ler todos os
e-mails de remetentes femininos em sua caixa de entrada. Paulo havia deixado
seu computador ligado, com sua conta de e-mail aberta. Meire cometeu algum
crime? Qual? Justifique sua resposta.
Não. Para cometer o crime de “invasão de dispositivo informático”, a pessoa precisa vio-
lar mecanismo de segurança. Se uma computador é deixado ligado, com a caixa de men-
sagens aberta, sem nenhum tipo de proteção (como senhas), o fato é totalmente atípico.
capítulo 5 • 127
Capítulo 2
2. Sempre que alguém assinar um contrato deverá se submeter a todas as suas
cláusulas?
Não. Os contratos de direito civil se regulam pelo princípio da boa-fé objetiva, por isso,
sendo contratos de adesão (aqueles nos quais o aderente não pode negociar cláusulas),
se houver abuso, as cláusulas abusivas poderão ser consideradas nulas. Do contrário,
nos contratos civis, se o contrato não desrespeitar a legalidade e cumprir os requisitos
formais, vincula o contratante sim. Já os contratos consumeristas não obrigam os con-
sumidores se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de todo o
seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensão de seu sentido e alcance, com linguagem inacessível. As cláusulas abusi-
vas, que prejudiquem ou onerem muito o consumidor, são consideradas nulas, podendo-
-se anular, inclusive, todo o contrato. No direito do trabalho, se cumpridos os requisitos
do vínculo empregatício, o empregador está obrigado a atender a legislação trabalhista
(mesmo que não tenha registrado o empregado); ao passo que o empregado está sub-
metido às sanções legais pelo descumprimento de contrato de trabalho desde que este
tenha sido registrado em sua CTPS.
128 • capítulo 5
3. João tem uma empresa de prestação de serviços em informática. Anunciou um
preço em jornal local para instalação de Windows e cobrou outro do cliente,
justificando que a máquina era muito ruim. João cometeu alguma ilegalidade?
João realizou propaganda enganosa, Por isso, pode ser processado criminalmente como
incurso no artigo 67 da Lei 8078/90, sujeito a pena de até um ano, mais multa. Também
poderá ser requerido em ação indenizatória no âmbito civil.
Capítulo 3
capítulo 5 • 129
dor; as coletâneas ou compilações, e as antologias, enciclopédias, dicionários, bases de
dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo,
constituam uma criação intelectual.
130 • capítulo 5
4. Quais são as violações aos direitos do autor?
Os proprietários, diretores, gerentes, empresários e arrendatários e os organizadores
dos espetáculos que não recolhem os direitos ao ECAD violam de direitos autorais nos
espetáculos e audições públicas, realizados nos locais ou estabelecimentos abertos ao
público. Da mesma forma, quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver
em depósito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade
de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para
outrem, será solidariamente responsável com o violador de direitos direto, tornando-se
também devedor da indenização. A transmissão e a retransmissão, por qualquer meio ou
processo, e a comunicação ao público de obras artísticas, literárias e científicas, de inter-
pretações e de fonogramas, realizadas mediante violação aos direitos de seus titulares
violam direitos autorais. Deverão ser imediatamente suspensas ou interrompidas pela
autoridade judicial competente, sem prejuízo da multa diária pelo descumprimento e das
demais indenizações cabíveis, independentemente das sanções penais aplicáveis; caso
se comprove que o infrator é reincidente na violação aos direitos dos titulares de direitos
de autor e conexos, o valor da multa poderá ser aumentado até o dobro.
Capítulo 4
capítulo 5 • 131
específica que crie exceção a esta regra. Pertencerão, com exclusividade, ao emprega-
do, contratado de serviço ou servidor os direitos concernentes a programa de compu-
tador gerado sem relação com o contrato de trabalho e sem a utilização de recursos,
informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais, instalações ou
equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a qual o empregador man-
tenha contrato de prestação de serviços.
132 • capítulo 5
formular qualquer exigência, o depositante será intimado para manifestar-se no prazo
de noventa dias. Concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o
pedido de patente.
Capítulo 5
capítulo 5 • 133
3. Como se deve proceder para registrar uma marca?
Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou
de direito privado. O pedido de registro e o registro poderão ser cedidos, desde que
o cessionário atenda aos requisitos legais para requerer tal registro. A cessão deverá
compreender todos os registros ou pedidos, em nome do cedente, de marcas iguais ou
semelhantes, relativas a produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, sob pena de
cancelamento dos registros ou arquivamento dos pedidos não cedidos.O certificado de
registro de marca será concedido depois de deferido o pedido e comprovado o paga-
mento das retribuições correspondentes, que deverá ser feito no prazo de 60 (sessenta)
dias contados do deferimento. Reputa-se concedido o certificado de registro na data da
publicação do respectivo ato, no qual deverão constar a marca, o número e data do regis-
tro, nome, nacionalidade e domicílio do titular, os produtos ou serviços, as características
do registro e a prioridade estrangeira.
134 • capítulo 5