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De: anilson@cefetba.

br
Enviado em: quinta-feira, 17 de abril de 2008 18:01
Para: Ricardo Gomes
Cc: Ricardo Barreto; Gustavo Castellucci;
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Assunto: Uma nova crônica - Sobre o campo...

SOBRE O CAMPO...

Eta! Faz tempo que não escrevo! Mas, pelo motivo que abaixo revelarei,
acho que vale a pena
escrever mais uma crônica, ou melhor, um causo como diria Rolandro
Bodrin(1) . Estou daqui da
capital federal, submetido às torturas patrocinadas pela Escola Nacional
de Administração Pública.
Não me perguntem o porquê! Acho que sou um potencial candidato a
burocrata, disfarçado de
gestor do estado brasileiro. Bom, não vou me alongar e nem debater sobre
o tal curso, que agora
decido deixar para polemizar numa outra oportunidade de escrita.
O fato é que a despeito de prosseguir na minha carreira de
“administrador”
(num sei de quê!), fiquei alojado – nem vou usar esse termo, melhor
explicando: fiquei instalado nas dependências da tal escola massacrante.
Puta que pariu! Oito horas diárias discutindo sobre contratos públicos,
Lei xxxx/XX, adjudicação e
outros termos altamente “divertidos” são suficientes para qualquer pessoa
esgotar a paciência no
primeiro dia. Para a minha extrema alegria: ficarei 15 dias aqui! Durante
o dia absorvendo
conhecimentos relevantes para minha futura carreira profissional e sendo
argüido sobre os temas
supracitados, por professores de terno escuro e humor escancaradamente
brasiliense. E, à noite
“hospedado” (melhor falar
assim) aqui mesmo, nos apartamentos da ENAP.
O fato é que, caminhando por estas dependências, pude observar um fato
curioso: a generosidade das áreas cedidas às instalações das repartições
públicas como um todo.
O troço aqui é farto! Aqui ao lado da ENAP, no finalzinho da Asa Sul,
estão outros órgãos da
Administração Pública brasileira, também desfrutando daquilo que vou
chamar de benesses da era
Juscelino Kubitschek(2). Cada entidade dessa, sobre a ótica do movimento
moderno da
arquitetura brasileira fez incursões no sentido de reservar espaços –
quase que numa proporção
meio-a-meio - pro esporte e pro lazer.
Nada contra uma coisa ou outra, porém contrapondo um dos metros quadrados
mais caros do
Brasil, ter uma quadra de esporte, ou um campo de futebol ou piscina em
cada uma instituição
dessa é dose pra elefante!
Voltando aqui pra ENAP. Descobri um campo de futebol com grama sintética
de primeiríssimo
mundo inteiramente à disposição dos servidores, visitantes e hóspedes. Em
que pese a minha
opinião a respeito dos gastos públicos para com a implantação e a
manutenção do campo ali
instalado, vai também o elogio à qualidade do projeto: tamanhos oficiais,
iluminação perfeita,
superfície plana. Aqui, a bola rola fácil! Será? Em termos reducionistas
eu poderia até arriscar dizer
que a infra-estrutura interfere (e muito!) para um bom jogo, entretanto,
recordando terríveis
lances patrocinados por alguns conterrâneos aí da Bahia – evidente que me
refiro apenas a alguns
deles – é fácil concluir que a plástica do futebol depende primeiramente,
e bote primeiramente
nisso, da qualificação individual de cada jogador. Por isso mesmo, que
fico daqui instigando o
aperfeiçoamento dos integrantes da nossa confraria. Cabe a cada um
identificar as dicas que aqui
vou por: dar uma corridinha na orla durante a semana ajuda e muito,
estimular em si mesmo o
espírito da coletividade (toque de bola), distribuir times mais
competitivos e reduzir as
“panelinhas” (deixar que o par ou ímpar seja realizado por jogadores do
mesmo nível), chutar
quando tiver a absoluta certeza que não será “de bico”, não entregar ao
artilheiro a bola de graça
depois de uma sapateada confusa, nem correr paralelo a linha lateral
feito atleta dos 50 m rasos.
Enfim, tem outras contribuições pros nobres colegas que em si colocaram a
carapuça e vão lotar
minha caixa de e-mail´s.
Vou me despedindo dos desafetos já ratificando o meu retorno aos campos
soteropolitanos no
sábado dia três de maio, quando exibirei, mais lépido que nunca, uma
grande performance e com
meus cinco quilos a menos.

1. Rolando Boldrin é cantor, apresentador, ator e articulista. Escreve


artigos para a Revista TAM e
outras publicações.

2. Juscelino Kubitschek, político mineiro, foi presidente da república


brasileira e transferiu a capital
do país para o planalto Central.

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