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Didática
Introdução................................................................................................................... 3
Referências Bibliográficas........................................................................................ 51
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INTRODUÇÃO
Caro aluno e futuro professor,
Nesta nossa jornada de construção do conhecimento profissional é necessário
que tenhamos subsídios teóricos e práticos que orientem a nossa caminhada.
Este material foi escrito no sentido de levar a pensar/repensar,
construir/reconstruir, aprender/desaprender e desatar as amarras que, por tanto tempo,
nos impuseram a ponto de sermos apontados como os principais culpados pelo
insucesso escolar dos nossos alunos.
Não podemos esquecer que a aprendizagem é uma relação que se estabelece
entre sujeitos que aprendem/ensinam e, que pela busca do conhecimento deverão
estabelecer um vínculo positivo para que essa aprendizagem efetivamente ocorra.
Ao longo do nosso material de Didática traremos conceitos e informações que
permitirão refletir sobre:
a nossa prática educacional,
o processo ensino-aprendizagem,
o papel da escola frente a novas demandas,
a sala de aula: espaço de diversidades,
o planejamento da ação educativa
os saberes e fazeres docentes necessários a uma prática reflexiva.
Para melhor prepará-lo o material constante desta apostila será dividido ao longo
do curso, de forma a ajudá-lo a embasar conhecimentos. Esperamos que ao final dos
módulos do CND, aliado aos conhecimentos adquiridos ao longo da sua vida, a sua
sensibilidade e comprometimento com a educação você possa encontrar um caminho
que lhe permita tornar-se um Professor/Educador: "equilibrista de emoções e um
mediador de sonhos."
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1 – DIDÁTICA: ALGUMAS DEFINIÇÕES
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apresentam em todas as disciplinas. (...) O processo didático (...) tem seu centro
no encontro formativo do aluno com a matéria de ensino.
Renzo Titone, italiano (1974): A Didática é a ciência que tem por objeto
especifico e formal a direção do processo de ensinar, tendo em vista fins
imediatos e remotos de eficiência instrutiva e formativa.
Klimgberg, alemão (1978): A Didática é uma disciplina cientifica da Pedagogia
que se refere às relações regulares entre o ato de ensinar e a aprendizagem.
Danilov, russo (1978): A Didática estuda o processo de ensino, em cujo
envolvimento ocorre a assimilação dos conhecimentos sistematizados, o domínio
dos procedimentos para aplicar tais conhecimentos na prática, e o
desenvolvimento das forças cognoscitivas do educando.
Vicente Benedito, espanhol (1987): A didática é - está a caminho de ser - uma
ciência e tecnologia que se constrói a partir da teoria e da prática, em ambientes
organizados de relação e comunicação intencional, nos quais se desenvolvem
processos de ensino e aprendizagem para a formação do aluno.
Contreras Domingo, espanhol (1991): A Didática é a disciplina que explica os
processos de ensino-aprendizagem para propor sua realização conseqüente com
as finalidades educativas.
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Assim como você, também relemos as informações anteriores e de acordo com a
nossa experiência, o conceito apresentado por Candau é o que mais se aproxima da
nossa maneira de abordar o tema.
Leiamos então, novamente, o conceito apresentado por Candau:
Reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática
pedagógica.
Agora vamos entender esses aspectos.
Para que seja possível uma reflexão que traga melhoria na prática pedagógica, a
Didática busca conhecimento nas diversas áreas do saber: Filosofia, Sociologia,
Psicologia, Antropologia e outros. Esses conhecimentos permitirão por exemplo,,
entender o desenvolvimento humano nos seus aspectos social, histórico, cognitivo e
emocional.
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“Deve-se começar a formação muito cedo, pois não se deve passar a vida a
LEITURA COMPLEMENTAR
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processo de ensino e aprendizagem, e a atividade de estudo como condição do
desenvolvimento intelectual.
Os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino
especialmente a aula, constituem o objeto da mediação escolar.
LIBÂNEO (1998, p.29)
LEITURA COMPLEMENTAR
De quem é a bola?*
De quem é a bola? É de Adão e Eva? É do governo? É do pai... Ou é da
mãe? É da escola?
Afinal de quem é a bola?
Adão e Eva...
No princípio do mundo, Adão e Eva cometeram a primeira falta contra
Deus. Os homens passaram atribuir todos os maus do mundo (as doenças, as
crises, os sofrimentos) a falta cometida por Adão e Eva.
Acontece que as crises foram aumentando, o mundo evoluindo e o
homem conscientizando-se de que a bola não era de Adão e Eva.
Jogou-se a bola para o governo.
Governo...
O governo passou a ser responsável por todos os problemas, por todos
os males que envolvem a humanidade. O povo passa fome por causa do governo...
A educação não vai bem por causa do governo responsabilizando-o dos pequenos
aos grandes problemas. Justifica-se, então, o governo remetendo a bola ao sistema.
Sistema...
Quem é o “Senhor Sistema”? O que ele fez? Onde ele fica?
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Todas as famílias acusam o “Senhor Sistema” como responsável pelos
problemas. Pais e educadores responsabilizam-no pelo elevado número de
marginais adolescentes, que aparecem cada vez mais nas grandes capitais.
Culpam o “Senhor Sistema” de não ter educado, de não possuir família...
Afinal, a bola é do Sistema?
O povo continua a questionar. “De quem é a bola?” E a resposta é de que
a bola é do pai e da mãe...
O pai e a mãe entram em polêmica. O pai joga a bola para a mãe,
acusando-a como responsável pela educação dos filhos.
Se os filhos vão mal ele diz: “Você não para em casa, você não os
acompanha,quer ter os mesmos direitos que os homens. Só pensam em
emancipação, trabalham em dois horários, por isso a família vai mal...”
A mãe, por sua vez, sentindo-se injustiçada joga a bola para o pai,
acusando-o de não estar presente no lar nos momentos mais difíceis de educar,
pois só tem tempo para o futebol, o trabalho, os amigos e a cerveja no bar...
Essa família vai mal... Acontece que os dois em crise resolvem justificar o
erro de responsabilidade jogando a bola para a escola.
Escola...
A Escola recebe os reflexos dos problemas familiares e sociais, trazidos
em alunos carentes de sentimentos bons, de carinhos e afetos, de aprendizagem
lenta com exemplos e modelos da TV.
Com tantas dificuldades, a escola resolve se isentar desta
responsabilidade e diz que o problema, “a bola”, é do pai e da mãe, do Sistema, do
governo... Diz que vai fazer só aquilo que lhe compete.
Acontece que a bola continua solta.
O mundo em decadência, as crises aumentando, homens se violentando,
crianças se degenerando, famílias se desentendendo, jovens confusos.
E o mundo, que foi criado para ser paraíso passa a ser um campo de
concentração, onde a guerra e o desamor predominam... a bola está sendo jogada
para lá e para cá. O problema não chega a uma solução, porque todos se omitem e
se tornam alheios diante do amor e da responsabilidade.
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Portanto, deixamos agora com você a bola. A responsabilidade está nas mãos
de cada um, portanto, compete a todos nós.
E a pergunta é: VAMOS SEGURAR ESSA BOLA JUNTOS???
*http://georgemdia.blogspot.com/2009/03/de-quem-e-bola-reflexao-consciencia-
e.html
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3-DIDÁTICA E O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
Para que a Didática possa servir de base para nossa ação educativa é
necessário que ela entenda como o processo ensino-aprendizagem ocorre. Os debates
a respeito da forma como aprendemos serão aprofundados em Psicologia da educação.
Entender a importância da relação professor-aluno no processo de aprendizagem.
Buscar através das indagações didáticas as alternativas para contemplar as atuais
exigências na prática educativa.
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Vamos pensar mais um pouco. Voltando aos nossos tempos de
escola, nas séries iniciais, como o nosso professor se posicionava perante a turma?
Como nós nos posicionávamos em relação a ele? O que era esperado de nós? O
que era esperado dele? Já terá ocorrido alguma mudança frente às novas
exigências apresentadas?
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LEITURA COMPLEMENTAR
Tropeços da inteligência
Há a história dos dois ursos que caíram numa armadilha e foram levados para um
circo. Um deles, com certeza mais inteligente que o outro, aprendeu logo a ser equilibrar
na bola e andar no monociclo. Seu retrato começou a aparecer em cartazes e todo
mundo batia palmas: “Como é inteligente”. O outro, burro, ficava amuado num canto, e
por mais que o treinador fizesse promessas e ameaças, não dava sinais de entender.
Chamaram o psicólogo do circo e o diagnóstico veio rápido: “É inútil insistir. o QI é muito
baixo...”
Ficou abandonado num canto, sem retratos e sem aplausos, urso burro, sem
serventia... O tempo passou. Veio a crise econômica e o circo foi à falência. Concluíram
que a coisa mais caridosa que se poderia fazer aos animais era devolvê-los às florestas
de onde haviam sido tirados. E assim, os dois ursos fizeram a longa viagem de volta.
Estranho que em meio à viagem o urso tido por burro parece ter acordado da
letargia, como se ele estivesse reconhecendo lugares velhos, odores familiares,
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enquanto que seu amigo de QI alto brincava tristemente com a bola, último presente.
Finalmente, chegaram e foram soltos.
O urso burro sorriu, com aquele sorriso que os ursos entendem, deu um urro de
prazer e abraçou aquele mundo lindo de que nunca se esquecera. O urso inteligente
subiu na sua bola e começou o número que sabia tão bem. Era só o que sabia fazer. Foi
então que ele entendeu, em meio às memórias de gritos de crianças, cheiro de pipoca,
música de banda, saltos de trapezistas e peixes mortos servidos na boca, que há uma
inteligência que é boa para circo. O problema é que ela não presta para viver. Para
exibir sua inteligência ele tivera de se esquecer de muitas coisas. E este esquecimento
seria sua morte.
E podemo-nos perguntar se o desenvolvimento da inteligência não se dá, sempre,
à custa de coisas que devem ser esquecidas, abandonadas, deixadas para trás...
ALVES, Rubem (1993, p.12)
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4 – ESCOLA, PARA QUÊ?
Para que possamos entender a importância de nossa ação educativa é preciso que
tenhamos uma resposta bem fundamentada para esta pergunta:
Escola para quê?
Ao final desse capítulo você deverá ser capaz de :
Identificar o papel social da escola, integrando alunos entre si e com professores e
funcionários.
Entender que a visão de escola dos especialistas varia de acordo com a época e
com a sociedade que eles idealizam.
Perceber que a prática educativa pode se basear numa filosofia de condicionamento
ou de reflexão.
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forma organizada e simplificada, e aos poucos conduzir as crianças à
compreensão das coisas mais complexas. Ou seja, o objetivo da escola deveria
ser ensinar a criança a viver no mundo.
De acordo com as suas palavras “as crianças não estão, num dado momento
sendo preparadas para vida, e em outro vivendo”.
Anton Makarenko (1888 -1938), educador ucraniano
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Paulo Freire (1921 – 1997), educador brasileiro
Freire defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a “ler o
mundo” para poder transformá-lo.
Você percebeu que cada autor idealizou ou atribuiu funções à escola, de acordo
com a visão de mundo de sua época e também da sociedade por ele idealizada.
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LEITURA COMPLEMENTAR
Escola é
... o lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é sobretudo, gente
Gente que trabalha, que estuda
Que alegra, se conhece, se estima.
O Diretor é gente,
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O coordenador é gente,
O professor é gente,
O aluno é gente,
Cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
Na medida em que cada um se comporte
Como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”
Nada de conviver com as pessoas e depois,
Descobrir que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se “amarrar nela”!
Ora é lógico...
Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se, ser feliz.
É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo
Paulo Freire
Disponível em http://www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/professor/a-escola-
paulo-freire. Acesso em maio de 2014
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5 - SALA DE AULA: LUGAR DE CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS
Imagine uma pessoa bem mais velha, aposentada rememorando a sua passagem
pela escola:
Fazendo também esta viagem volto ao meu passado. As lembranças são
inúmeras.
O cheiro de arroz com peixe me faz salivar.
Ah, mas lembrar da professora de Matemática, isto nos causa arrepios.
A rigidez da disciplina imposta pela escola, o pavor das provas orais e ainda bem,
não mais a palmatória: um grande avanço para aquela época.
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Pensando nas relações de poder dentro da escola hoje o que efetivamente
mudou? Que relações de poder ainda continuam sendo estabelecidas entre professores
e alunos? Qual o papel do aluno? Qual o papel do professor? Quais recursos
pedagógicos utilizados? Que tipos de avaliação podem ser encontradas?
Estes questionamentos nos levam a pensar sobre que tendência pedagógica
orientará a nossa prática.
Mas o que são mesmo as TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS?
Progressista Libertária
Função da escola: Instituir com base na participação grupal, mecanismos
institucionais de mudança, de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas
instituições “externas”, leve para lá tudo que aprendeu.
Conteúdos: Resultam da necessidade e interesses manifestos pelo grupo e que não
são necessariamente as matérias de estudo.
Metodologia: Vivência grupal na forma de autogestão.
Relação professor-aluno: O professor é um orientador e um catalisador. Ele se
mistura ao grupo para uma reflexão em comum.
Aprendizagem: A ênfase na aprendizagem informal via grupo, e a negação de toda
forma de repressão visam ao desenvolvimento de pessoas mais livres.
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Progressista “crítico social dos conteúdos”
Função da escola: Difundir conteúdos, garantindo a todos, um bom ensino, isto é, a
apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida do
aluno.
Conteúdos: Universais que se constituíram em domínios de conhecimento
relativamente autônomos, incorporados pela humanidade, mas permanentemente
reavaliados face às realidades sociais.
Metodologia: Deve favorecer a correspondência dos conteúdos com o interesse dos
alunos e como possibilidade de auxílio na compreensão da realidade.
Relação professor-aluno: Sendo o professor mediador, a relação pedagógica
consiste no provimento das condições em que alunos e professores possam
colaborar para fazer progredir essas trocas.
Aprendizagem: Aprender é desenvolver a capacidade de processar informações e
lidar com os estímulos do ambiente organizando os dados disponíveis da
experiência.
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LEITURA COMPLEMENTAR
Outro dia esperava pacientemente na fila minha vez de ser atendido, quando outro
cidadão, sem mais nem menos, se interpôs à frente e pretextando ser amigo de um dos
“pacientes” que a minha frente aguardavam, insurgiu-se e ali se instalou, deixando lá
trás um mundo de resmungos. Minutos depois, esperávamos todos o elevador chegar e
mal a porta se abriu uma matilha alvoroçada ingressou no mesmo, atropelando os que
de lá saiam. Não demorou muito, aguardava a hora de embarque e tão logo foi feita a
chamada para o vôo, uma porção de passageiros desesperados amontoaram-se à
frente, deixando crianças, idosos e deficientes, com suposta preferência, entrarem por
último. Sorte que os lugares eram marcados e assim não coube aos primeiros o
privilégio da escolha. Entrei no vôo por último, suspirando aliviado e pensando minha
sorte em não estar buscando lugar no metrô, que disputa, com maior sofreguidão, bem
mais passageiros.
Confesso que não me habituo a essa rotina agressiva e acho muito estranho tudo
isso, recordando-me de tempos atrás quando havia uma coisa civilizada chamada “fila”
que, agora, parece ter desaparecido.
Nada de surpreendente no que acima se relata. Não há morador de cidade grande
ou média que não percebe essa evidência, que não sabe de pai que vai a escola
reclamar da falta de disciplina e atira cascas de frutas pela janela ou estaciona em mão
dupla. Ser empurrado, levar cotovelada, tapa na orelha e xingamento tornou-se comum
e quem desejar ficar livre desses assédios que não tente sair de casa. Ou se aprende a
empurrar ou se é empurrado cada vez mais. Nada disso parece causar estranheza, mas
por paradoxal que possa parecer, existem os que ficam surpreendidos com o avolumar
da indisciplina em sala de aula.
A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida,
reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não permitirá
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que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende. Ora se a sala
de aula é reflexo da sociedade e se a sociedade urbana perdeu noção de compostura e
disciplina, como esperar que a escola transforme-se em um aquário social, tornando-se
diferente da rua? Se aqui se fechasse esta crônica, ficaria por certo uma questão
essencial. Quer dizer então que não adianta combater a indisciplina em sala de aula,
uma vez que este espaço reproduz a ausência de disciplina que campeia pelas ruas?
A resposta é claramente negativa.
É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor
um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também não
para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao menos se
aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. Mas,
como fazer isso?
Em primeiro lugar transformando-se a disciplina em um “valor”. Isto é, fazendo
com que seja a mesma vista como uma qualidade humana, imprescindível à convivência
e fundamental para as boas relações interpessoais. A disciplina não pode, jamais,
chegar ao aluno como uma ordem, um castigo, um imperativo que partindo do mais
forte, dirige-se ao oprimido em nome de seu conforto pessoal, mas como “produto” de
debate, reflexão, estudo de caso e análise onde se descobre a hierarquia de povos
disciplinados sobre clãs sem mando ou sobre sociedades oprimidas. A Literatura, a
História e a Geografia podem se transformar em espelhos que refletem que a disciplina
que se busca não é apenas a que se vê na relação professor x aluno, mas toda aquela
que leva um povo à vitória, um ideal à concretização.
Depois de uma ampla sensibilização sobre a disciplina enquanto valor humano
cabe uma franqueza cristalina na discussão de regras, princípios, normas e
fundamentos que são essenciais a todos, ainda que funções diferentes impliquem em
regras não necessariamente iguais. Qual a disciplina ideal na opinião dos alunos? Qual
na opinião dos professores? Quais regras são boas para todos e quais sanções cabem
a quem não as cumpre? Esse diálogo não deve valer somente para se sensibilizar a
classe sobre o valor da disciplina, mas para formalizar verdadeiro “contrato” que unindo
interesses, exigirá reciprocidade.
Em terceiro lugar um sincero convite para que todos os membros da comunidade
– alunos, pais, professores, inspetores, serventes, etc. – ajudem a escola a construir os
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valores que objetiva. Que se mostre o que a sala de aula está fazendo e o que espera
que faça o cidadão, que se busque algumas simples regras para a comunidade que
uniformizando a solidariedade, sinaliza, para a construção de um ideal. É a oportunidade
para mostrar que o belo e o bom não são questão de preço, mas ação comportamental
de uma comunidade. É possível imaginar o efeito de um boicote de clientes contra a
instituição pública ou privada que menospreze a disciplina? A construção de regras
implica tacitamente na proposição de sanções quando de sua infringência, tal como no
esporte o descumprir da regra implica na falta, e estas sanções necessitam menos
castigar que orientar menos punir e bem mais relevar o sentido e a significação de se
viver em grupos.
Isto mudará o mundo fora da escola, além do entorno e de sua comunidade?
Ocorrerá a restauração da fila e o voltar do respeito? Impossível ter certeza, mas ainda
sem ela fica a convicção de que se a comunidade não fizer da sala de aula o seu
espelho, ao menos os alunos e mestres desta sala a transformarão em abrigo sereno
que sonha transformar-se em pequenino modelo para uma comunidade melhor.
Celso Antunes
Disponível em http://www.celsoantunes.com.br/pt/textos_exibir.php?tipo=textos&id=18-
acesso em maio de 2014
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6 – O ENSINO E A APRENDIZAGEM NA VIDA HUMANA
Mas será que sabemos exatamente o que cada uma quer dizer?
Comecemos por ensino.
Etimologicamente ensinar é “colocar dentro”. Desse conceito nasceu a
conceituação tradicional de ensino: ensinar é transmitir conhecimento. As aulas são
expositivas e explicativas. O professor “dá” aula sobre um determinado assunto e
espera-se que o aluno seja capaz de reproduzir exatamente o que lhe foi passado. Fica
a imagem de páginas em branco a serem preenchidas.
As tendências renovadas e progressistas da Educação criticam esse tipo de
ensino e elaboram então uma nova definição: ensinar é criar condições de
aprendizagem. O importante não é aprender, mas aprender a aprender. O professor é o
estimulador e orientador da aprendizagem e o aluno, sujeito ativo da prática educativa.
Se o objetivo do ensino é a aprendizagem, o que é efetivamente aprendizagem?
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Aprender não significa somente adquirir informação. Aprender é um processo de
aquisição e assimilação de novas idéias e modos de perceber, ser, pensar e agir.
Desse modo podemos dizer que aprender é mudar de comportamento, passar a
ter outra visão a partir de então.
Aprendizagem
Conjunto de atividades que conduz a pessoa a transformar-se, adquirindo novos
hábitos, atitudes e habilidades decorrentes da construção do
conhecimento.(ANTUNES,2001,P81)
IMPORTANTE
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LEITURA COMPLEMENTAR
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As perguntas didáticas que devemos nos fazer são as seguintes: como o aluno
pode aprender a reordenar e reestruturar a informação que lhe chega fragmentada e em
mosaico pelos meios de comunicação de massa? Como trabalhar em sala de aula para
preencher as lacunas do que não foi apreendido, ensinar os alunos a estabelecer
distâncias críticas com o que é veiculado pelos meios de comunicação?
A par disso, os professores precisam aprimorar as técnicas de comunicação
docente: buscar formas mais eficientes de expor e explicar conceitos e de organizar a
informação, de mostrar objetos ou demonstrar processos, postura corporal, controle da
voz, uso de meios de comunicação na sala de aula. Importante, também, considerar o
ambiente ou contexto físico da comunicação educativa, como é o caso da organização
do espaço da sala de aula.
LIBÂNEO,. (2002, p.40)
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7 – PLANEJAMENTO DA AÇÃO EDUCATIVA
Planejar é uma das ações que mais praticamos no nosso dia a dia. Planejamos a
hora de dormir, de acordar, o que vestir o que comer e quais atividades a executar. Mas
na Educação onde entra o planejamento?
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Existem três tipos de planejamento de ensino:
Planejamento de curso:
É a previsão dos conhecimentos a serem desenvolvidos e das atividades a serem
realizadas em uma determinada turma,em geral durante um ano letivo.
Planejamento de unidade:
É uma especificação maior do plano de curso onde se escolhe uma temática
abrangente para ser desenvolvida.
Planejamento de aula:
É a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia letivo ou num tempo
de aula.
Pelo exposto até aqui, nem é preciso enfatizar o quanto as atividades de
planejamento são importantes e essenciais para a realização da nossa prática
educativa.
De maneira bem simples podemos apontar algumas vantagens de um trabalho
planejado.
A improvisação e a rotina são afastadas, sendo assim, temos maior possibilidade
de conduzir com segurança a direção do ensino, com economia de tempo e energia. Um
planejamento bem feito também possibilitará a eficiência do ensino contribuindo para a
realização dos objetivos estabelecidos e tornando mais provável a aprendizagem dos
educandos.
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LEITURA COMPLEMENTAR
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8 – PLANO: MATERIALIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO
Para que possamos efetivamente executar o que foi proposto é necessário que
tenhamos um plano de ação, isto é, um documento escrito que torne real um
determinado momento do planejamento, apresentando de forma organizada um
conjunto de decisões.
Fique atento
Em grande parte de nossas escolas o livro didático é ainda utilizado como base
para a escolha dos nossos conteúdos, ou até, os conteúdos nele inseridos são a única
fonte de informação.
Por isso, colega professor, é importante que tenhamos conhecimentos dos
conteúdos mínimos necessários a cada ano escolar para que não sejamos nós a impedir
que o nosso aluno tenha acesso a toda informação necessária a seu desenvolvimento.
Já que entendemos que o livro didático não pode ser a única fonte de informação,
o que mais podemos utilizar? Que tal buscarmos artigos de revista, jornais, charges,
tirinhas de história em quadrinhos, novelas, blogs e todo tipo de diversidade textual que
faz parte da nossa prática social.
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Avaliar é momento chave na atividade do professor e implica em dizer que a
avaliação serve como um guia orientador das futuras ações. O desempenho da turma
orientará o rumo da nossa prática docente.
O que eles já sabem em relação a esse conteúdo?
O que falta para eles assimilarem as idéias propostas?
IMPORTANTE
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Modelo plano de curso
Identificação
Escola:______________________________________Série/período:_____________
Disciplina:____________________________________Ano letivo:________________
Curso:_______________________________________Professor:________________
Número previsto de aulas:____________
Objetivos gerais
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Objetivos específicos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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Conteúdo:_____________________________________________________________
Estratégias
Procedimentos de ensino:________________________________________________
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Recursos_____________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Tempo provável________________________________________________________
Formas de avaliação____________________________________________________
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Bibliografia_____________________________________________________________
______________________________________________________________________
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Modelo de Planejamento de unidade
Identificação
Escola:______________________________________Série/período:_____________
Disciplina:____________________________________Ano letivo:________________
Curso:_______________________________________Professor:________________
Número previsto de aulas:____________
Tema central
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Apresentação
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Desenvolvimento
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Integração
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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Modelo plano de aula
Identificação
Escola:______________________________________Série/ano/período:____________
Disciplina:____________________________________Ano letivo:__________________
Curso:_______________________________________Professor:__________________
Número previsto de aulas:____________
Tema central
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Objetivos específicos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Conteúdo:_____________________________________________________________
Estratégias
Procedimentos de ensino:_________________________________________________
______________________________________________________________________
Recursos:______________________________________________________________
______________________________________________________________________
Tempo provável: ________________________________________________________
Formas de avaliação:_____________________________________________________
Bibliografia
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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9 - SABERES E FAZERES DOCENTES NECESSÁRIOS A UMA PRÁTICA
REFLEXIVA
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Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/133/artigo233320-
1.asp Acesso em maio de 2014
o conhecimento científico pedagógico – Saber organizar o conteúdo de
maneira a torná-lo compreensível para o aluno.
o conhecimento do conteúdo disciplinar – Domínio da matéria a ser ensinada.
o conhecimento do aluno e das suas características – Compreender o
passado e presente do seu educando, como sujeito histórico e aprendente que
ele é.
o conhecimento do contexto – Conhecer o espaço social, com suas regras e
valores, na qual o seu aluno está inserido.
o conhecimento dos fins educativos – Consciência plena dos objetivos
educativos a serem alcançados.
o conhecimento de si mesmo – A necessidade que o professor, profissional do
humano, tem de ter conhecimento do que faz, do que pensa e do que diz.
o conhecimento da filiação profissional – Conhecer os sabores e dissabores,
lutas e conquistas travadas ao longo da história do processo de
profissionalização da ação educadora.
De acordo com Alarcão (2004) para que o educador construa sua fundamentação
teórica e desenvolva a aprendizagem poderá apoiar-se em três atividades: na pesquisa-
ação, na aprendizagem experiencial e na abordagem reflexiva. Na pesquisa-ação
deverá solucionar um problema, e como tal, terá que caracterizá-lo, conceituá-lo, enfim,
adquirir conhecimentos que possibilitem a resolução desse. A aprendizagem
experiencial, por sua vez, compreende quatro fases: experiência concreta, observação
reflexiva, conceitualização ativa e experimentação também ativa. Tendo em mente
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esses conceitos, os mesmos servirão de orientação numa pesquisa-ação cada vez mais
eficaz e que culminará com uma abordagem reflexiva.
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7º Avaliação é instrumento de manutenção do poder – Se o aluno não for
submetido à tensão de uma avaliação, ele não dá o valor merecido ao processo
de aprendizagem;
8º Indisciplina é sempre falta de respeito – Indisciplina é sempre sinal de
desinteresse infundado.
É ainda Santos (2006) que ressalta que a mudança de hábitos é dolorosa, mas
ela se faz necessária. Sendo assim, é preciso a aprender a “desaprender” este modelo
de ensinar que não atende mais a demanda da sociedade atual.
Atividade
desse autor?
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De acordo com Freire (2001) as exigências do ato de ensinar são:
Rigorosidade metódica entendida como um rigor no método que possibilite
aprender criticamente situando-se como “sujeitos da construção da reconstrução do
saber ensinado”. Depreende o autor ainda que a tarefa docente não se limite
apenas aos conteúdos, mas também ensinar a pensar certo..
Pesquisa- Freire aponta que não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem
ensino. Assim o ato de pesquisar tem como objetivo conhecer o que não é
conhecido e comunicar o que foi descoberto.
Respeito aos saberes do educando acrescentando que mais do que respeitar os
saberes dos educandos, é necessário levá-los a refletir sobre a condição que vivem
e o que podem fazer para melhorá-la.
Estética e ética - postula que o ato educativo não se dá alheio a formação moral do
educando, desta forma a ética deverá dirigir esta relação.
A corporeificação das palavras pelo exemplo - nesse ponto Freire enfatiza que as
ações do educador devem ter ligação com a sua fala, pois caso contrário cai no
descrédito e o vínculo ensino-aprendizagem se desfaz.
Segundo o mesmo autor o ato de ensinar envolve risco, necessidade de
aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, isso leva a pensar e
repensar sobre a importância da tolerância . O fazer pedagógico prevê ainda a
convicção de que a mudança é possível e que o educador precisa ter segurança,
competência profissional, generosidade, alegria e confiança. Por fim e como mais forte
argumento completa :
Ensinar exige querer bem aos Educandos
Não sendo superior nem inferior a outra prática profissional, a minha,
que é a prática docente, exige de mim um alto nível de
responsabilidade ética de que a minha própria capacitação científica faz
parte. É que lido com gente. Lido, por isso mesmo, independente do
discurso ideológico negador dos sonhos e das utopias, como os
sonhos, as esperanças tímidas, às vezes, mas às vezes, fortes, dos
educando. Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis,
não devo, de outro negar a quem sonha o direito de sonhar. Lido com
gente e não com coisas. (FREIRE, 1996, p.163)
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9-3 As competências para ensinar de acordo com Perrenoud
Para Perrenoud (1999) a prática reflexiva deve estar aliada à participação crítica e
à profissionalização docente. Segundo o autor, estas são orientações prioritárias para a
formação dos professores, pois supõe que o saber docente implica no desenvolvimento
de dez competências que sejam capazes de dar suporte a prática reflexiva.
Perrenoud (1999) relaciona então o que é imprescindível saber para ensinar bem,
numa sociedade em que a informação está cada vez mais acessível às pessoas.
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Para que você melhor conheça as competências abordadas pelo autor
apresentamos exemplos, em forma de objetivos .
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5. Trabalhar em equipe
Objetivos específicos
Elaborar um projeto de equipe;
Confrontar e analisar juntos situações complexas, práticas e problemas
profissionais.
6. Participar da gestão escolar
Objetivos específicos
Elaborar e negociar um projeto da escola.
7. Informar e envolver os pais
Objetivos específicos
Envolver os pais na valorização da construção de saberes.
8. Servir-se de novas tecnologias
Objetivos específicos
Explorar as potencialidades didáticas de programas com relação aos objetivos
das várias áreas de domínios do ensino.
9. Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão
Objetivos específicos
Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais;
Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em classe.
10. Gerir sua própria formação contínua.
Objetivos específicos
Fazer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de
formação contínua.
Atividade
Dentre as competências para ensinar abordadas por Perrenoud (p.46 e 47) , selecione a
que você julga mais importante e exponha seu ponto de vista determinando o porquê da
sua escolha.
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9-4 Outras ideias sobre a formação do professor
De acordo com Libâneo (2004) o docente precisa assumir-se como mediador entre
o aluno e o conhecimento e sempre considerando os conhecimentos e a experiência
que esse traz para sala de aula.
Ressalta alguns tópicos :
o trabalho interdisciplinar, é a melhor forma para se compreender a
realidade e tornar-se capaz de transformá-la.
é essencial que o professor conheça estratégias de como ensinar a pensar.
é necessário reconhecer o impacto das novas tecnologias da comunicação
e trazê-las para dentro do ambiente escolar.
também que se faz necessário atender a diversidade cultural respeitando
as diferenças/subjetividades próprias de todo ser humano.
a dimensão afetiva do processo ensino-aprendizagem e conclui
ressaltando que é preciso saber orientar os discentes em relação aos
valores.
Martins (2006) afirma que o professor do século XXI é aquele que, além da
competência, habilidade interpessoal e equilíbrio emocional, tem juntamente com todas
essas características, a consciência de que mais importante do que o desenvolvimento
cognitivo é levar em conta que o respeito às diferenças está acima de toda pedagogia.
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Para o referido autor são dez os passos para uma pedagogia do desenvolvimento
humano:
1º - Aprimorar o educando como pessoa humana;
2º - Preparar o educando para o exercício da cidadania;
3º - Construir uma escola democrática;
4º - Qualificar o educando para progredir no mundo do trabalho;
5º - Fortalecer a solidariedade humana,
6º - Fortalecer a tolerância recíproca;
7º - Zelar pela aprendizagem dos alunos;
8º - Colaborar na articulação da escola com a família;
9º - Participar ativamente da proposta pedagógica da escola;
10º - Respeitar as diferenças.
Será que estamos prontos para desenvolver todas essas capacidades, habilidades
e competências? Nenhum profissional nasce pronto. A competência se estabelece
através da experiência, da prática reflexiva e da busca contínua pela formação.
Por isso não se esqueça este curso deve ser somente o primeiro passo da grande
jornada de construção e exercício da sua prática docente.
Atividade
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LEITURA COMPLEMENTAR
O essencial da didática e o trabalho de professor
Os alunos mais velhos comentam entre si: “Gosto dessa professora porque ela
tem didática”. Os mais novos costumam dizer que com aquela professora eles
gostam de aprender. Provavelmente, o que os alunos querem dizer é que essas
professoras têm um modo acertado de dar aula, que ensinam bem, que com eles,
de fato, aprendem.
Então, o que é ter didática? A didática pode ajudar os alunos a melhorarem seu
aproveitamento escolar? O que uma professora precisa conhecer de didática, para
que possa melhorar o seu trabalho docente?
Acredito que a maioria do professorado tem como principal objetivo do seu
trabalho conseguir que seus alunos aprendam da melhor forma possível. Por mais
limitações que uma professora possa ter (falta de tempo para preparar aulas, falta
de material de consulta, insuficiente domínio da matéria e dos métodos de ensino,
desânimo por causa da desvalorização profissional etc.), quando a professora entra
na sua classe, ela tem consciência de sua responsabilidade em proporcionar aos
alunos um bom ensino. Apesar disso, saberá ela fazer um bom ensino, de modo
que os alunos aprendam melhor?
Há diversos tipos de professores no Ensino Fundamental. Os mais tradicionais
contentam-se em transmitir a matéria que está no livro didático. Suas aulas são
sempre iguais, o método de ensino é quase o mesmo para todas as matérias,
independentemente da idade e das características individuais e sociais dos alunos.
Pode até ser que esse método de passar a matéria, dar exercícios e depois cobrar o
conteúdo numa prova, dê alguns bons resultados. O mais comum, no entanto, é o
aluno memorizar o que o professor fala decorar o livro didático e mecanizar
fórmulas, definições etc. Esse tipo de aprendizagem (vamos chamá-la de mecânica,
repetitiva) não é duradoura. Na verdade, aluno com uma aprendizagem de
qualidade é aquele que desenvolve raciocínio próprio, que sabe lidar com os
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conceitos e faz relações entre um conceito e outro, que sabe aplicar o
conhecimento em situações novas ou diferentes, seja na sala de aula seja fora da
escola, que sabe explicar uma idéia com suas próprias palavras.
Há professores tradicionais que sabem ensinar os alunos a aprender assim, mas
a maioria deles não se dá conta de que a aprendizagem duradoura é aquela pela
qual os alunos aprendem a lidar de forma independente com os conhecimentos.
Os professores que se julgam mais atualizados (vamos chamá-los de
progressistas) variam bastante os métodos de ensino. Preocupam-se mais com as
diferenças individuais e sociais dos alunos, costumam fazer trabalho em grupo ou
estudo dirigido, tentam usar mais diálogo no relacionamento com as crianças, são
mais amorosos. Essa forma de trabalho didático é, sem dúvida, bem mais acertada
do que a tradicional. Entretanto, quase sempre acabam tendo um entendimento de
aprendizagem parecido com o tradicional. Na hora de cobrar os resultados do
processo de ensino, pedem a memorização, a repetição de fórmulas e definições.
Mesmo utilizando técnicas ativas e respeitando mais o aluno, fica a atividade pela
atividade. Ou seja, muitos professores não sabem como ajudar o aluno a, através
de uma atividade, elaborar de forma consciente e independente o conhecimento.
Em outras palavras, as atividades que organiza para os alunos não os levam a uma
atividade mental, não levam os alunos a adquirirem métodos de pensamento,
habilidades e capacidades mentais para poderem lidar de forma independente e
criativa com os conhecimentos que vão assimilando. (LIBÂNEO ,2002, p. 4)
Atividade
1- Que limitações são apontadas ao trabalho docente de acordo com o autor?
2-Por que Libâneo pondera que os professores sejam tradicionais ou progressistas
muitas vezes utilizam a atividade pela atividade?
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Rubens. Estórias de quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1993.
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LIBÂNEO, José. C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências
educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2004.
_____________ Didática. São Paulo: Cortez, 1991.
_____________ Didática: velhos e novos tempos. Goiânia: Produção própria,
2002.
MAGER, Robert. F. Objetivos para o ensino efetivo. Rio de Janeiro: SENAI. 1972.
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SOUZA, P. N. P. A nova LDB: como entender e aplicar. São Paulo: Pioneira, 1998.
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