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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E POLÍTICAS – CCJP

CURSO DE CIÊNCIA POLÍTICA

A TERCEIRA VIA

ANDRE LUIZ

BRENNO

KAREN

YASMIN

Trabalho de Ideologias Políticas Apresentado ao curso


de ciência política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

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Prof. Márcia Ribeiro Dias

NOVEMBRO / 2018
A Terceira Via
A terceira Via, chamada também de “Esquerda modernizadora” ou “Social Democracia modernizadora”, é um dos
temas principais do sociólogo inglês Anhony Giddens, e talvez, o mais polêmico deles. Neste trabalho pretende-se
caracterizar a contextualizar essa teoria que propõe ir além da “esquerda” e da “direita”, e que está no cerve das
discussões políticas atuais.
Tido como um dos grandes teóricos da nova social democracia, o sociólogo Anthony Giddens, influenciaria com suas
obras os rumos de governos nos países desenvolvidos e nos emergentes. Seu pensamento seria adotado como um
norte em um período em que boa parte da literatura econômica e social das décadas anteriores começava a não
acompanhar a rapidez das transformações do mundo globalizado.

Segundo Giddens, “social-democracia” e “neoliberalismo” significavam duas teorias de largo espectro, inclusivas de
grupos muito diversos, com filosofias e motivações distintas. Dentro do conceito de “neoliberalismo”, o sociólogo
Britânico distinguia duas correntes: a principal, conservadora; e outra, também com uma preponderância
considerável, que propunha a liberdade dos mercados, mas tão libertária nas questões morais, como nas de
natureza económica. Por outro lado, Giddens considerava a “social-democracia” como uma designação ainda mais
alargada e ambígua. O ideólogo da “Terceira Via” fazia a distinção entre a actuação dos partidos sociais-democratas
de diversos Países, antes de 1980, onde existia a adopção de uma perspectiva semelhante e após essa década, em
que a resposta, ao progresso do “neoliberalismo” e aos problemas do socialismo, se traduziu num distanciamento de
pontos de vista, em relação aos que eram perfilhados no passado. De forma a demonstrar esta diversidade de
políticas, o sociólogo Britânico dividia os estados-providência Europeus, em quatro grupos institucionais: o sistema
do Reino Unido, que punha a tónica nos serviços sociais e na saúde, mas que também tendia para fazer depender os
benefícios dos níveis de rendimento dos beneficiários; os estados-providência escandinavos e nórdicos, baseados
num nível elevado de impostos, que proporcionavam benefícios generosos e serviços estatais bem financiados,
incluindo os serviços de saúde; os sistemas da Europa Central, que assumiam compromissos relativamente baixos
em serviços sociais, mas que proporcionavam serviços bem financiados noutros domínios, sendo pagos, na maioria,
com descontos sobre os rendimentos de trabalho, e baseados em contribuições para a segurança social; e,
finalmente, os sistemas do Sul da Europa, semelhantes na forma aos da Europa Central, mas menos abrangentes e
proporcionando níveis inferiores de ajuda.

De modo a definir a “social-democracia clássica” e o “neoliberalismo”, Anthony Giddens utilizava um conjunto de


ideias-chave que, no seu entender, eram identificativas do cerne destas duas correntes ideológicas. A “nova direita”,
ou “neoliberalismo”, advogava o fundamentalismo do mercado, numa sociedade civil autónoma, governada por um
Executivo mínimo. Neste tipo de sociedade, as desigualdades eram tacitamente aceites, os valores estavam
impregnados de nacionalismo tradicional, e o autoritarismo moral era defendido, juntamente com um forte
individualismo económico. O Estado-Providência era aceite, enquanto rede de protecção, e o mercado de trabalho
desejava-se livre, como qualquer outro mercado. É preciso ter em conta que esta doutrina havia sido construída
numa altura em que o Mundo se encontrava bipolarizado e que, portanto, se apresentava como uma teoria realista
da ordem internacional.

De outro modo, a “velha esquerda”, ou “social-democracia clássica”, pressupunha a primazia do Estado sobre a
sociedade civil, através de um envolvimento alargado na vida social e económica, de uma Nação. O papel do
mercado era limitado, a administração do Estado seguia uma matriz Keynesiana, defendia o pleno emprego, e
advogava um Estado-Providência total, que protegesse o cidadão “do berço até à cova”. À semelhança da “nova
direita”, esta filosofia também surgiu numa conjuntura de bipolarização Mundial, apresentando um demarcado
Internacionalismo.

Tony Blair, Romano Prodi, Bill Clinton, Fernando Henrique Cardoso, dentre outros, na época em que o livro foi
publicado, já colocam em prática parte daquilo que seria defendido na obra. A terceira via proposta por Giddens é
na verdade um meio termo entre o liberalismo econômico e o estado de bem estar social, com uma forte inclinação
para o primeiro lado.
O autor defende uma coexistência entre o mercado, o estado e a sociedade civil, que seria necessária, segundo ele,
para a manutenção de uma democracia plena condizente com a nova conjuntura imposta pela globalização.

Ele não nega os conceitos de esquerda e direita, e inclusive chega a citar a obra de Noberto Bobbio, "Direita e
Esquerda - Razões e Significados de uma Distinção Política" como uma leitura seminal sobre o tema. No entanto, o
que ele propõe é uma alternativa, que não seria novidade, o próprio Bobbio já tinha classificado tal tendência como
a "terceiro inclusivo".

O modelo proposto preserva a força do estado, o que se mostra como o principal ponto de discordância entre
Giddens e os liberais, o que seria necessário para balizar a atuação do mercado e da sociedade civil e atuar na
minimalização das desigualdades, quando estas restringissem oportunidades de ascensão.

No entanto, não há neste pensamento qualquer tipo de subversão ao status quo, há a defesa da responsabilização
do topo da pirâmide econômica pelas injustiças sociais, mas mecanismos de redistribuição de renda, como a
tributação progressiva, são defendidos com certa timidez.

A globalização é vista como um processo já consolidado, o mercado chega a ser quase idolatrado como o ente
detentor da capacidade de resolver os problemas sociais (a maioria decorrentes de sua própria atuação). A suposta
igualdade de oportunidades, seria, numa leitura mais crítica da obra, apenas uma preocupação com a formação da
mão de obra necessária à cadeia de produção e de meros consumidores.

A fragilidade da obra talvez esteja justamente no ponto em que o próprio autor considera a sua grande força: a
capacidade de dar soluções adequadas para problemas do mundo atual. "A Terceira Via e Seus Críticos" foi publicado
antes do atentado de 11 de setembro, antes da crise de 2008, antes do Brexit e de tantas outras transformações que
tornam distante o contexto no qual ele foi publicado.

Por ironia do destino, apenas do governo FHC ser citado na obra como exemplo de uma das materializações práticas
da terceira via, conforme proposta, são os governos Lula e Dilma que melhor representam a prática daquilo que fora
proposto, inclusive com os pontos fracos, que levariam à queda do Lulismo e à crise política pela qual o Brasil passa
hoje.

O pacto proposto por Giddens, ao menos por aqui, funcionou apenas até que a redução das desigualdades tornasse
os pobres menos dependentes, o que desagradaria as elites tradicionais e levaria à quebra do pacto e a readoção de
um modelo muito mais neo-liberal do que o imposto ao país pelo FMI na década de 90.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GIDDENS, Anthony. A Terceira Via e seus críticos. Rio de Janeiro: Record, 2001

ROSSI, Clóvis. Terceira Via aprova as reformas de Lula. Disponível em: WWW.folha.uol.com.br/folha acessado em
01 de novembro de 2018.

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