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Não é preciso muito insight ou perspicácia cultural para perceber que precisamos nos preocupar com a cultura em que nossos
filhos estão vivendo. As filosofias de vida como materialismo, autonomia, prevalência dos direitos pessoais e hedonismo acenam a
cada esquina. A mídia é capaz de propagar essas filosofias em nossos lares por meio de novelas e filmes envolventes, clips musicais,
e comerciais de 30 segundos que cativam a atenção. Tudo isso para dizer que os nossos filhos estão sendo poderosamente
influenciados por uma perspectiva de vida decididamente contrária à Bíblia. Precisamos ser ativos no processo de engajá-los nas
verdades que podem transformar vidas e desmascarar os enganos. Essas verdades precisam ser apresentadas de modo que os
jovens em geral as compreendam.
Uma das áreas em que nossa cultura mais claramente mudou a verdade de Deus em mentira é a da sexualidade. Essa mentira
está sendo vendida barata e incessantemente aos nossos filhos, desde as revistas para adolescentes, que retratam uma sexualidade
distorcida, até às imagens claramente sexuais dos vídeos musicais de MTV. Como é importante travarmos essa batalha! Para tanto,
precisamos nos preparar pensando de modo genuinamente bíblico sobre a mocidade e sobre o sexo. Eis o propósito desse artigo.
Meu alvo não é fazer uma crítica exaustiva da sexualidade na cultura ocidental, mas estabelecer uma base conceitual bíblica e
sugerir estratégias práticas para discipular os adolescentes nessa área. Iniciamos com uma avaliação da cultura e da Igreja, movendo-
nos em seguida para uma perspectiva bíblica da mocidade, um modelo bíblico da sexualidade e, finalmente, estratégias práticas para
lidar nessa área.
A presença de expressões sexuais abertas em nossa cultura não deve nos surpreender visto que ela está enraizada numa perspectiva
de vida que mudou a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador.
A perspectiva de vida da qual emergem as expressões sexuais atuais sustenta abertamente as seguintes verdades:
1. O homem é autoridade final sobre sua vida. Ele é autônomo. Ou seja, não há nada mais importante que o indivíduo. Eu dirijo
minha vida e estou livre de qualquer autoridade que eu não queira obedecer.
2. A experiência humana de maior valor é a satisfação pessoal e o prazer. Eu tenho direito ao prazer e ao conforto.
3. Devo estar constantemente atento a que minhas necessidades sejam supridas.
4. O aspecto mais importante do amor é o amor-próprio. Sem ele não serei capaz de funcionar.
5. Quanto maior o prazer, melhor -- o desejo constante de um estímulo cada vez maior e mais efetivo.
6. O importante é o aqui e agora, resultando numa constante busca de gratificação instantânea.
7. O aspecto físico é mais importante do que o espiritual, resultando numa atenção excessiva ao corpo.
Em uma cultura que olha para o homem como fim, considera Deus ausente e o prazer como a experiência de maior valor, não
deve nos surpreender que a sexualidade se torne uma força tão dominante. Ela provê um caminho eficiente para o prazer físico
instantâneo. Ela oferece adoração falsa (falsificando o Primeiro Grande Mandamento) e relacionamentos falsos (falsificando o
Segundo Grande Mandamento). Precisamos perceber que nossa cultura nunca proverá aos nossos filhos uma perspectiva
equilibrada da sexualidade enquanto ela não desistir de ter suas raízes em uma filosofia que deixa Deus de fora e faz da satisfação do
homem seu principal foco de atenção. As diferentes instituições da nossa cultura estão infectadas por uma perspectiva distorcida da
sexualidade C casamento, escola, governo, comércio, diversões. Sendo assim, precisamos ser radicalmente ativos em contrariar essa
perspectiva.
No Sermão do Monte, Cristo declarou que a sexualidade é uma questão do coração. Não é suficiente dizer: Eu não cometi
adultério físico; portanto, estou puro. Para Cristo, a intenção impura quebra o mandamento que proíbe o adultério. Há uma outra
maneira de dizer isso: o comportamento de uma pessoa na área sexual é um instrumento-chave para revelar o que está governando
o seu coração. Esta é a razão por que a negação da revelação de Deus e a rebeldia contra Sua autoridade e glória (veja Romanos 1)
resultam em todo tipo de pecado sexual. Paulo trabalha o assunto com clareza em Efésios 5. A pessoa sexualmente impura é
idólatra. Sexo sempre envolve pensamentos, motivações, desejos, exigências, expectativas, tesouros ou ídolos do coração. Quando
lidamos com nossos jovens nesta área, não é suficiente afastá-los de problemas se com isso queremos dizer guardá-los de cometer
pecado físico. Precisamos ajudá-los a identificar os pecados do coração que os pecados físicos na área sexual revelam.
É importante colocar a sexualidade no contexto de uma cosmo visão cristã abrangente. Essa perspectiva confere sentido e ordem
para um plano prático na área sexual dirigido aos mais jovens. Sem elas, as responsabilidades e os sacrifícios da pureza sexual
parecerão duros e desnecessários. Algumas pontos que eu incluiria são:
1. Nossa ênfase está em Deus como Criador e é importante entendermos Seu propósito original para todas as coisas (Salmo 24).
2. Somos criaturas de Deus e, portanto, responsáveis perante Ele por tudo quanto somos e fazemos. O alvo da vida é viver para o
prazer e a glória de Deus (Gênesis 1, Colossenses 3:17).
3. Cada pessoa deve ser vista com um todo. Isso significa que o pecado é ao mesmo tempo espiritual e físico, uma questão de
coração e de comportamento (Romanos 8:1-17).
4. A vida é adoração. Tudo quanto fazemos expressa adoração a Deus ou a alguém ou algo mais. As questões mais profundas da
vida humana não dizem respeito à dor ou ao prazer, mas à adoração. O que eu adoro estabelece a maneira como lido com todas as
situações e relacionamentos da vida (Romanos 1:18-32).
5. O plano de Deus, não importa o quão difícil seja para ser seguido, é sempre o melhor. Como disse o salmista, todos os
caminhos do Senhor são retos e verdadeiros, enquanto que o caminho que parece reto ao homem conduz à morte. Nem sempre vou
entender como o caminho de Deus é o melhor. Esta é a razão por que preciso de um coração humilde, submisso aos Seus
mandamentos e que crê em suas promessas (Salmo 19:7-11).
6. Visto que o alvo da vida é viver em conformidade com a vontade de Deus e para a Sua glória, cada situação e relacionamento
tem sempre um propósito maior do que o prazer pessoal momentâneo (Tito 2:9-10 usa o exemplo do trabalho e 1 Coríntios 6:18-20
usa o exemplo da vida sexual).
7. Jesus Cristo veio não apenas para nos proteger externamente do mal, mas para nos livrar da escravidão aos desejos da nossa
própria natureza pecaminosa para que possamos viver debaixo do controle do Espírito (Efésios 2:1-5; 2 Pedro 1:4).