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Curso de Formação Profissional Para Ingresso nos Cargos de Médico Perito Legista 1ª Classe, Perito Legista 1ª Classe,
Perito Criminal 1ª Classe e Auxiliar de Perícia 1ª Classe da Perícia Forense do Estado do Ceará - PEFOCE
ODONTOLOGIA FORENSE
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Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE
Curso de Formação Profissional Para Ingresso nos Cargos de Médico Perito Legista 1ª Classe, Perito Legista 1ª Classe,
Perito Criminal 1ª Classe e Auxiliar de Perícia 1ª Classe da Perícia Forense do Estado do Ceará - PEFOCE
ODONTOLOGIA FORENSE
CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA INGRESSO NOS CARGOS DE MÉDICO PERITO LEGISTA 1ª CLASSE,
PERITO LEGISTA 1ª CLASSE, PERITO CRIMINAL 1ª CLASSE E AUXILIAR DE PERÍCIA 1ª CLASSE DA PERÍCIA FORENSE
DO ESTADO DO CEARÁ - PEFOCE
DISCIPLINA
ODONTOLOGIA FORENSE
CONTEUDISTA
Adriana de Moraes Correia
FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – Sd PM
• 2015 •
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Perito Criminal 1ª Classe e Auxiliar de Perícia 1ª Classe da Perícia Forense do Estado do Ceará - PEFOCE
ODONTOLOGIA FORENSE
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4
1. PERÍCIAS DE LESÃO CORPORAL:................................................................................................................................5
2. PERÍCIA DE ESTIMATIVA DE IDADE:...........................................................................................................................8
3. PERÍCIAS ANTROPOLÓGICAS: .................................................................................................................................10
a. Determinação da espécie: ..................................................................................................................................10
b. Determinação do sexo:.......................................................................................................................................10
c) Estimativa do grupo étnico/ Fenótipo cor da pele: ............................................................................................12
d) Estimativa da idade: ...........................................................................................................................................13
e. Estimativa de altura: ..........................................................................................................................................15
4. IDENTIFICAÇÃO HUMANA: .....................................................................................................................................16
5. PERÍCIAS DE MARCAS DE MORDIDA: ......................................................................................................................19
REFERÊNCIAS: .............................................................................................................................................................24
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ODONTOLOGIA FORENSE
ODONTOLOGIA FORENSE
INTRODUÇÃO
A Odontologia Legal surge na história do ser humano no momento em que os aspectos sociais, jurídicos
e científicos se encontram no tempo para satisfazer as demandas da sociedade. (EMILIANO, 2011). Essa
especialidade tornou-se evidente após alguns acidentes, que apontaram para a necessidade de técnicas de
identificação das vítimas.
O primeiro caso relatado pela literatura, que lançou as bases científicas para a Odontologia Legal,
ocorreu em 04 de maio de 1897 em Paris, no Bazar da Caridade, local onde a burguesia estava reunida em torno
de leilões beneméritos. Houve 126 mortos, dos quais 30 restaram sem identificação, dentre eles a Duquesa de
D’Aleman e a Condessa Villeneuve. Por sugestão do cônsul do Paraguai Dr. Albert Hans, os cirurgiões-dentistas
daquelas personalidades foram chamados para identificar, através dos restos carbonizados, seus supostos
pacientes, o que tornou possível a identificação das citadas pessoas dentre outras que também pereceram na
tragédia. (EMILIANO, 2011)
Outro fato histórico ocorreu em 1909, quando a Embaixada da Alemanha, no Chile, foi consumida por
um voraz incêndio de aspecto criminoso. Quando os bombeiros procediam ao rescaldo das ruínas, foram
encontrados restos de um corpo que, após as primeiras tentativas de identificação, parecia pertencer a Willy
Guillermo Becker, cônsul alemão, que estava desaparecido. Foi solicitado o auxílio do Cirurgião-Dentista Germán
Bastarriga, o qual, após minucioso exame provou cientificamente que os restos mortais não eram do funcionário
do Consulado, antes do porteiro da Representação Diplomática, Ezequiel Tapia. A partir desse momento, começou
a busca do desaparecido, que acabou sendo capturado ao tentar atravessar a fronteira Chile-Argentina, usando
disfarce de Padre. Becker confessou ter cometido fraudes contábeis e ter simulado a própria morte. Os resultados
obtidos impressionaram tão positivamente as autoridades que concederam ao Dr. Germán Bastarriga, como
recompensa, a aprovação do projeto de criação de uma Escola de Odontologia, no Chile. (EMILIANO, 2011)
A partir desses e outros relevantes acontecimentos, a Odontologia Legal foi tornando-se evidente até sua
posterior inclusão, em 1932, como curriculum mínimo no curso de Odontologia.
Em 1966, a Lei 5.081, que regula o exercício da Odontologia, define as atribuições do Cirurgião-Dentista,
inclusive na área pericial.
Mantendo sua importância em ascensão, no dia 26 de abril de 1993, o Conselho Federal de Odontologia,
na Seção IV, da Resolução nº 185, define os objetivos e áreas de atuação da especialidade:
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Art.54. Odontologia Legal é a especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos,
físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo
fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis.
Parágrafo único. A atuação da Odontologia Legal restringe-se a análise, perícia, e avaliação de eventos
relacionados com a área de competência do Cirurgião-Dentista podendo, se as circunstâncias o exigirem,
estender-se a outras áreas, se disso defender a busca da verdade, no estrito interesse da justiça e da
administração.
Art. 55. As áreas de competência para atuação do especialista em Odontologia Legal incluem:
a) identificação humana;
b) perícia em foro civil, criminal e trabalhista;
c) perícia em área administrativa;
d) perícia, avaliação e planejamento em infortunística;
e) tanatologia forense;
f) elaboração de:
autos, laudos e pareceres;
relatórios e atestados;
g) traumatologia odontolegal;
h) balística forense:
i) perícia logística no vivo, no morto, íntegro ou em suas partes em fragmentos;
j) perícia em vestígios correlatos, inclusive de manchas ou líquidos oriundos da cavidade bucal
ou nela presentes;
l) exames por imagem para fins periciais;
m) deontologia odontológica;
n) orientação odontolegal para o exercício profissional; e,
o) exames por imagens para fins odontolegais.
A lesão corporal, segundo Moreira e Freitas (1999), é toda alteração anatômica, funcional ou psíquica
ocasionada, por meio de violência, à normalidade do corpo, devendo serem analisadas a qualidade e quantidade
do dano causado, além da sede, causas e consequências das lesões.
As lesões corporais trazem consequências clínicas, sociais e jurídicas. Os dispositivos legais que
resguardam a integridade pessoal de cada indivíduo estão no Código Penal Brasileiro. A integridade biopsíquica é
objeto da tutela penal do Estado, que pune qualquer alteração física ou psíquica decorrente de violência sobre o
ser humano. (CARDOSO, 1993; FRANÇA, 2004)
Segundo o artigo 129 do Código Penal vigente há lesão corporal quando ocorre ofensa à integridade
corporal ou a saúde de outrem, podendo ser considerada de natureza grave, se dela resultar incapacidade para as
ocupações habituais por mais de trinta dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou
função, aceleração de parto. Segundo a doutrina, ocorre lesão gravíssima se houver, como consequência,
incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização do membro, sentido ou
função, deformidade permanente ou aborto.
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A idade é uma das coisas mais relevantes da vida, tanto sob ponto de vista objetivo como subjetivo, pois
a cada época da vida têm-se objetivos distintos, acontecimentos próprios de cada período com importâncias
diferentes, bem como com responsabilidades específicas. (COSTA, 2011)
Em função da idade, as legislações de todo o mundo estabelecem direitos civis, penais e políticos para os
cidadãos.
No contexto médico legal podem surgir demandas para se realizarem as perícias de estimativa da idade
em: a) indivíduos vivos, b) em cadáveres, c) em corpos em processos de decomposição, d) em carbonizados, e) em
ossadas. Isto porque são inúmeras as situações em que é necessária a estimativa da idade de indivíduos: adoções,
menores abandonados, criminalidade juvenil, imputabilidade peal, crimes de natureza sexual, identificações de
cadáveres não identificados, exames antropológicos. A autoridade policial e o magistrado dependem de
documentos hábeis e perícias técnicas para propiciar os encaminhamentos legais que os casos prescindem bem
como auxiliar nas sentenças dos processos. (COSTA, 2011)
A estimativa da idade pode ser conceituada como o processo que consiste em avaliar o estágio de
evolução ou involução de um organismo. O perito deve encontrar parâmetros biológicos que propiciem a
obtenção do menor intervalo de tempo que englobe a idade real ou cronológica do periciado. No decorrer do
tempo, tem-se buscado desenvolver e aprimorar tais métodos, utilizando-se parâmetros indicativos da evolução e
involução orgânica. (CORREIA e BEZERRA, 2011)
O processo de estimativa da idade, através dos elementos dentários, pode ser realizado pelo exame
clínico e exame radiográfico. O primeiro, também chamado de método direto, analisa o número de dentes
presentes na cavidade oral, a sequência eruptiva e o estado de conservação dos elementos dentários (cáries,
abrasões, exodontias, desgastes oclusais, restaurações). O método indireto, realizado através do estudo de
tomadas radiográficas, possibilita ao odontolegista observar a cronologia de mineralização dentária (SILVA, 1997;
GONÇALVE E ANTUNES, 1999).
Radiografia panorâmica utilizada para perícia de estimativa de idade pelo método indireto, onde observa-se os
estágios de mineralização dos dentes.
O método indireto, ou radiográfico, para se estimar a idade tem sido descrito como mais favorável, pois,
além de analisar todos os quesitos dos métodos diretos também possibilita uma análise do estágio de
mineralização dental e o acompanhamento desde o primeiro sinal de calcificação dental até o fechamento apical
do terceiro molar. A análise indireta apresenta menores possibilidades de erros, uma vez que a cronologia de
mineralização dos dentes é mais confiável por sofrerem pouca interferência de fatores como sexo, arco, biótipo,
influências hereditárias, alterações na dentição decídua, tipo de oclusão, alimentação, raça, clima, utilização de
flúor. (CORREIA e BEZERRA, 2011)
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Assim como os demais métodos, o exame dos dentes é mais fiel quanto menor for a idade cronológica
do paciente que está sendo examinado, tanto por possuir mais estruturas a serem analisadas quanto por haver
mais alterações características do processo inicial de formação. À medida que o indivíduo vai evoluindo vão
diminuindo as opções de análises e a possibilidade de estimativa (GONÇALVES E ANTUNES, 1999).
Em adultos, não é possível proceder à análise da estimativa de idade através do estudo da erupção e
mineralização dentária, pois a pessoa já se encontra em processo de regressão orgânica. É preciso que se utilizem
métodos embasados na sequência de envelhecimento. Deixa-se de estudar o desenvolvimento e passa-se a
analisar os caracteres do envelhecimento resultante da idade e do uso contínuo (desgaste oclusal, escurecimento,
diminuição volumétrica da câmara pulpar, estenose dos canais radiculares, entre outros). Nesta etapa da vida os
eventos são menos característicos, as variações individuais são menos evidentes, o que faz com que as faixas de
referência para as estimativas sejam maiores.
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3. PERÍCIAS ANTROPOLÓGICAS:
O exame antropológico tem como objetivo a determinação da espécie e sexo, bem como as estimativas
de fenótipo/cor da pele, idade e estatura de uma ossada. Estuda ainda a causa da morte, o instrumento e a
estimativa do tempo de morte. (Brito,LM et al, 2011)
a. Determinação da espécie:
A primeira análise a ser realizada no exame antropológico é quanto à espécie, se humana ou não.
A identificação da espécie humana pode se dá através dos ossos e dente, do sangue, dos pêlos, da pele,
das fezes e do DNA. (França, 2004; Brito,LM et al, 2011)
-Ossos:
Quanto a análise dos ossos, podemos dar destaque à morfologia da clavícula uma vez que sua forma de
“s” itálico não se repete em nenhuma forma animal e está presente desde estágios embrionários. (Brito,LM et al,
2011)
-Dentes:
Os dentes humanos têm suas coroas e raízes em um mesmo plano, enquanto que, nos animais,
geralmente, as raízes apresentam angulações. (Vanrell, 2002)
b. Determinação do sexo:
- Crânio:
O crânio, após a bacia, é a melhor estrutura para realização de diagnóstico diferencial do sexo (Vanrell,
2002). Assim, segundo Brito,LM et (2011) deve ser o segundo componente ósseo utilizado para análise da sua
determinação.
Para estudo do crânio tem-se a craniometria e a cranioscopia. A primeira trata-se de medidas
antropométricas nas diversas partes do crânio e a segunda, de inspeção visual.
Os pontos craniométricos são locais no crânio ósseo que servem como referências para estudo e
medição na craniometria. Eles são divididos, de acordo com sua posição anatômica, em ímpares ou medianos e
pares ou laterais. (Vanrell, 2002)
Vejamos os pontos mais utilizados para exames antropológicos.
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Pontos Craniométricos
Para exame de determinação do sexo pelo estudo do crânio, em muitos casos, utiliza-se apenas a
inspeção do crânio, ou seja, a cranioscopia. (Vanrell, 2002)
Segundo Vanrell (2002) diversos aspectos qualitativos do crânio podem auxiliar na determinação do
sexo, através da sua inspensão, como aspectos anatômicos da fronte, da glabela, dos arcos superciliares, da
articulação fronto-nasal, dos rebordos supraorbitários, das apófises mastóides, da mandíbula. No quadro a seguir,
observamos essas características.
Mulher Homem
Fronte mais vertical. Fronte mais inclinada para trás.
Glabela não saliente Glabela e arcos superciliares salientes.
Articulação fronto-nasal curva. Articulação fronto-nasal angulosa.
Rebordas supra-orbitárias cortantes. Rebordas supra-orbitárias rombas.
Crânio mais leve. Crânio mais pesado.
(peso médio 63g). (peso médio 80g).
Côndilos occipitais curtos e largos. Apófises mastóides e estilóides menores.
Mandíbula menos robusta, cristas de inserções Mandíbula mais robusta, com cristas de inserções
musculares menos pronunciadas musculares mais acentuadas.
Muito mais achata Muito arqueada
Côndilos occipitais longos e estreitos. Apófises mastóides e estilóides maiores.
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- Dentes:
Com referência à morfologia dos dentes, verifica-se que os incisivos superiores são as peças dentárias
que exibem maior dimorfismo sexual, entretanto esses dados são de valor limitante. (Vanrell, 2002)
Sabe-se que os incisivos centrais superiores são mais volumosos nos indivíduos de sexo masculino que
nos de sexo feminino, todavia as diferenças são milimétricas. (Vanrell, 2002)
- Crânio:
Brito,LM et al (2011) relata que o crânio é a estrutura óssea de escolha inicial para realizar estudo para
estimativa do grupo étnico.
A miscigenação no Brasil é fato inquestionável. Entretanto, o exame antropológico pode encontrar traços
morfológicos que perdurem a essa mistura racial. (Vanrell, 2002).
Ainda segundo o autor, o perito pode calcular índices medidos entre pontos craniométricos ou
anatômicos para realização desse estudo, a saber: índice cefálico horizontal, índice sagital, índice transversal,
índice facial superior, índice nasal, ângulo facial.
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- Dentes:
Os dentes podem ser utilizados no auxílio da estimativa do grupo étnico, entretanto não de maneira
isolada.
Os primeiros molares inferiores permanentes podem apresentar suas cúspides de três modos:
mamelonada, intermediária, estrelada. Em uma pesquisa nacional, realizada por Galvão, em 2003, o autor
concluiu que o aspecto mamelonado está relacionado com os leucodermas, o estrelado com os melanodermas e o
intermediário com o faioderma. (Brito,LM et al, 2011)
d) Estimativa da idade:
- Suturas cranianas:
As suturas cranianas são articulações ósseas classificadas como sinostoses, uma vez que abrigam um
material fibroso entre as superfícies ósseas. (Brito,LM et al, 2011)
As craniossinostoses, em épocas diferentes da vida e guardando uma certa constância, passam a ter suas
interdigitações atravessadas por pontes de tecidos ósseos, ocorrendo o apagamento das suturas. Deste modo, as
suturas cranianas podem ser utilizadas para estimar possível faixa etária do indivíduo.
Ao nascimento, a quantidade e frouxidão do tecido interposto são significativamente maior o que
permite grande movimentação entre os rígidos ossos da calota craniana e facilita a passagem da cabeça pelo canal
vaginal. Após o nascimento, há uma gradativa deposição mineral e início da formação das suturas ósseas que
muitas vezes são visualizadas como projeções a semelhança de dedos entrecruzados. (Brito,LM et al, 2011)
Segundo Vanrell (2002), quando todas as suturas cranianas ainda estão visíveis, o indivíduo é provável
que o indivíduo tenha menos que 30 anos. E quando todas as suturas cranianas estão apagadas, é provável que o
indivíduo tenha mais que 80 anos.
O apagamento das suturas cranianas se faz inicialmente na superfície interna do crânio, e depois, na face
externa. A seguir, figura ilustrando a idade, em anos, em que se processa a sinostose e conseqüente apagamento
das suturas. (Vanrell, 2002)
Estimativa de idade através do estudo das suturas cranianas. (Fonte: Vanrell, 2002)
Crânio com suturas cranianas evidentes Crânio com suturas cranianas apagadas
Os dados coletados na análise das suturas cranianas não devem ser analisados separadamente, devendo
os peritos utilizar outros elementos para estimar a idade (Vanrell, 2002).
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- Mandíbula:
O ângulo da mandíbula é formado pelos seus ramos ascendente e horizontal. Esse ângulo varia de 160 a
170º no recém-nascido, de 95 a 100º no adulto e 130 a 140º no idoso. (Vanrell, 2002).
Quanto ao forame mentual, Vanrell (2002) afirma que há sua aproximação do rebordo alveolar na
medida em que ocorrem perdas das unidades dentárias com conseqüente reabsorção óssea.
Nos recém-nascidos, o forame mentual encontra-se mais próximo da borda inferior da mandíbula em
comparação com a borda superior. Nos adultos, fica equidistante às duas bordas. Nos idosos, pelo processo de
reabsorção alveolar, o forame fica mais próximo da borda superior que da borda inferior. (Brito, LM et al, 2011).
Mandíbula de idoso, vista pela face lateral direita, mostrando que a reabsorção alveolar reduziu a altura
do corpo da mandíbula, trazendo o forame mentual para próximo a borda superior. O ângulo da mandíbula está
obtuso e o mento com proeminência acentuada. As linhas pontilhadas indicam o contorno da mesma mandíbula
na idade adulta: 1. Côndilo. - 2. Processo coronóide. - 3. Forame mentual. - 4. Borda Alveolar. - 5. Ângulo
mandibular (gônio).; (apud Testut e Latarjet, "Anatomia Humana", vol. 1, pp. 272, Barcelona : Salvat, 1947,
modificado).
Essas análises são prejudicadas quando o indivíduo sofre perdas dentárias precoces, com consequentes
reabsorções ósseas, aproximação do forame mentual da reborda alveolar e aumento do ângulo mandibular de
maneira precoces. Quando há perda precoce dos dentes permanentes, um adulto pode apresentar características
mandibulares de um indivíduo senil, com ângulo mandibular obtuso, mento proeminente e forame mentual mais
próximo da borda superior da mandíbula.
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- Dentes:
O processo de estimativa da idade através do estudo dos elementos dentários foi estudado em tópico
anterior.
e. Estimativa de altura:
O método mais conhecido é o Índice de Carrea que se utiliza de medidas de incisivos e canino inferiores.
A seguir, podemos observar as medidas e a fórmula utilizada.
A desvantagem desse método é que em muitas ocasiões os dentes incisivos e caninos inferiores saem
facilmente do alvéolo por suas raízes serem únicas, cônicas e expulsivas. Assim, facilmente temos perdas post
mortem dessas unidades no local de morte, inviabilizando o cálculo do índice. (Brito,LM et al, 2011)
Ossada com perdas de dentes pos mortem impossibilitando utilização do Índice de Carrea.
A estimativa da altura deve estar no intervalo de valores entre a altura máxima e altura mínima, onde
geralmente a altura masculina estará mais próxima da altura máxima e a feminina da mínima. (Vanrell, 2002)
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4. IDENTIFICAÇÃO HUMANA:
Requisitos biológicos:
- Unicidade ou individualidade: somente uma pessoa pode ter aquele conjunto de caracteres.
- Imutabilidade: os caracteres não mudam e nem se alteram com o passar do tempo.
- Praticabilidade: o método não pode ser complexo na obtenção ou nos registros dos caracteres;
Em diversas situações, como nas ossadas, carbonizados, corpos em estado de putrefação, a perícia
odontolegal é fundamental para a identificação do indivíduo. Nessas situações, muitas vezes não consegue-se a
coleta das impressões digitais para procedimento de identificação através de seu estudo, e a identificação através
da Odontologia é mais prática e com menor custo em comparação com a identificação através de exame de DNA.
Cada indivíduo possui particularidades em quantidade e qualidade em seus arcos dentais e estruturas
adjacentes, que tornam possível a busca da identidade através de seu estudo.
A identificação ocorre pela comparação de dados registrados em momento anterior a morte do
indivíduo (em fichas odontológicas, modelos de estudo, radiografias e fotografias) com os dados obtidos durante o
exame pericial.
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Todos os achados no exame pericial serão analisados, registrados e comparados com os eventos
registrados em vida para fins de verificação de eventos coincidentes e consequente positivação ou não da
identidade. A identidade é instituída quando há coincidências suficientes, e não são encontrados aspectos
discrepantes ou conflitantes.
O estudo das marcas de mordidas pode ser essencial para elucidar delitos onde impressões foram
deixadas pelos elementos dentários em pele de pessoas vivas, cadáveres ou objetos inanimados. Tal estudo pode
auxiliar na exclusão de suspeitos ou apontar elementos de culpabilidade, já que os dentes possuem características
individualizadas, não havendo a possibilidade de duas pessoas terem a mesma arcada dentária.
As marcas de mordida são marcas deixadas pelos dentes, humanos ou de animais, na pele de pessoas
vivas, de cadáveres ou sobre objetos inanimados relativamente moles (BORBOREMA, 2009).
Segundo Marques (2007) e Sweet (2005), dentada ou mordedura é a lesão produzida pelos dentes
humanos ou de animais no corpo, em alimentos, nas vestes humanas e outros tipos de objetos, resultante da
aplicação vigorosa dos dentes a um substrato que é capaz de ser deformado. Através desta deformação, as
características dos dentes são transferidas para a mesma.
O estudo das marcas de mordida nas ciências forenses é realizado analisando forma, localização,
tamanho e algumas características específicas dos arcos e unidades dentárias como: forma dos arcos (oval, elíptico
ou circular), distância intercanina (entre os dentes caninos), presença de diastemas, ausências de elementos
dentários, anomalias de forma, número ou posição dos dentes, presença de tratamento odontológico (prótese,
restauração, aparelho ortodôntico).
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As marcas deixadas pelos dentes e outros elementos duros da boca possuem características
individualizadoras incontroversas e podem, portanto, serem utilizadas na identificação da pessoa que provocou a
lesão, posto que a dentadura é única para cada indivíduo. (CAMPELLO; GENÚ, 2009).
As marcas de mordidas são comuns em crimes sexuais, homicídios e violência doméstica, onde
frequentemente o agressor morde a vítima; mas há relatos de casos em que a vítima morde o agressor numa
tentativa de defesa (CAMPELLO; GENÚ, 2009). Também não é incomum marcas de mordidas serem encontradas
em diferentes tipos de alimentos como chocolates, gomas de mascar, frutas, verduras e similares em cenas de
crimes e em locais utilizados como cativeiros.
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ODONTOLOGIA FORENSE
De acordo com o Art. 158 do Código Processual Penal Brasileiro, “quando a infração deixar vestígios será
indispensável o exame de corpo de delito direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”, sendo,
então, necessário o estudo pericial das marcas de mordidas relacionadas com crimes.
A análise das marcas de mordidas pode, além da identificação do agente, elucidar a violência da
agressão, sequência na produção das mordidas, reação vital das lesões (para determinar se foram produzida intra-
vitam ou post-mortem), bem como a data aproximada das mesmas, ou seja, o tempo entre a sua produção e a
realização do exame (CAMPELLO; GENÚ, 2009).
Na maioria dos Institutos Médico-Legais, a análise das marcas de mordida oferece problemas práticos
para sua efetivação, o que limita bastante o seu estudo. Entre eles encontram-se: a) a dificuldade de
reconhecimento das mordidas que, por vezes, passam inadvertidas durante a perinecroscopia; b) o lapso
transcorrido entre a produção da lesão e o exame pericial; c) a variação dos padrões das mordidas, já que se trata
de uma ação entre dois instrumentos móveis: a mandíbula e a pele.
O exame sistemático das mordeduras consiste em três etapas: 1- descrição das marcas das mordidas
(sejam elas em pele, objeto ou alimento), 2- coleção de evidências da vítima e 3- coleção de evidências do
suspeito.
A descrição das marcas de mordidas obtém-se através dos dados da localização da mordida, forma, cor,
tamanho e tipo de lesão.
O registro de evidências da vítima inclui exame extra e intra-oral, fotografias, coleta de saliva (DNA),
moldagem dos arcos dentais.
O registro do suspeito envolve exame extra e intra-bucal com a descrição minuciosa de todas suas
particularidades, juntamente com o registro fotografias, moldagens dos arcos dentais, coleta de saliva (DNA).
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O estudo de impressões dentárias na pele humana é um dos grandes desafios da Odontologia Legal.
Quando os dentes penetram na pele, além de fotografias, deverá ser feita a moldagem da lesão.
A análise para a comparação de marcas de mordida pode ser realizada através de duas técnicas: análise
métrica e associação padrão (Sweet,1997).
Na análise métrica cada detalhe ou traço do dente do suspeito que é capturado na lesão deve ser
medido com auxílio de um paquímetro e registrado. O comprimento, largura e profundidade das marcas de cada
dente específico; a dimensão e forma do local da injúria e outras dimensões como a distância intercanina, espaço
entre as marcas dos dentes, indicações de mau posicionamento ou ausência de dentes devem ser registrados e
calculados.
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Dentre as técnicas existentes para avaliar as características das impressões dentárias, a mais utilizada é a
análise métrica, em função da simplicidade de execução da mesma, o que possibilita sua utilização em
laboratórios forenses, que não dispõem de equipamentos sofisticados e de custo elevado. (Marques, 2005)
O perito odontolegal deve ter conhecimento das vantagens e desvantagens das várias técnicas utilizadas
na comparação de marcas de mordidas. O uso de um único método ou em combinação com outros utilizados pelo
perito dependerá da localização, do tipo de suporte em que ocorreu a mordida (pele, objeto ou alimento) ou da
qualidade da impressão, pois não há um melhor método que possa ser utilizado em todas as situações ou suporte.
Com base no exposto, é possível compreender que as marcas de mordidas, quando utilizadas
processualmente através dos laudos periciais, possuem grande valor probatório, pois as impressões dentais
apresentam características peculiares a cada indivíduo. Esse campo da Odontologia Legal tem se tornado cada vez
mais evidente e relevante nas investigações forenses, posto que os estudos Odontolegais podem atribuir a
culpabilidade da agressão a um determinado suspeito, bem como a sua exclusão.
De acordo com os tópicos estudados, podemos concluir que a Odontologia Legal pode oferecer grande
contribuição à Justiça, propiciando esclarecimentos técnicos e subsídios à autoridade solicitante do exame,
através da materialização do ato pericial em laudo técnico-científico, dentro das suas mais diversas áreas de
atuação.
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