Professional Documents
Culture Documents
Importações
Exportações
Últimos indicadores
Ano IV // Outubro/Dezembro 2014 // N.º 5
Miguel Frasquilho
em grande entrevista
“Vários investimentos em Moçambique
têm sido feitos na base de parcerias”
Embaixadores de
Moçambique e Portugal
Partilham pontos de vista sobre relações
politico-económicas entre os dois países
Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 1
Daniel David
Editorial
Presidente da CCMP
A economia As relações comerciais entre Moçambique e Portu- Neste quadro, a Câmara de Comércio Moçambique
moçambicana gal estão cada vez mais fortes. A balança comercial Portugal (CCMP) tem sido um agente destacado
continua em entre os dois países mostra que, numa altura em assumindo a missão de trabalhar para a melhoria
que a economia moçambicana continua em expan- do ambiente de negócios no geral, tendo como
expansão e
são, Portugal vem reafirmando a sua posição como um dos eixos da sua actuação tornar as trocas
Portugal tem
um parceiro privilegiado. comerciais entre os dois países mais competitivas e
know-how capaz benéficas.
de contribuir As trocas comerciais são apenas um sinal do
para uma maior reforço dos laços bilaterais, que vai muito além da Através desta publicação, a CCMP traz aos seus
competitividade. ligação história e da afinidade linguística. Moçambi- associados um canal para aproximar os empresários
A relação bilateral que precisa de investimento para capitalizar os seus de ambos os países e reduzir a assimetria de infor-
torna-os mais recursos e Portugal tem know-how necessário em mação entre as partes de modo a fazer prosperar
fortes. áreas muito específicas (construção, produção de os seus negócios.
papel, entre outros) para contribuir para um Mo-
çambique cada vez mais competitivo a nível global. Aproveitamos este espaço para saudar a AIP pelo
esforço e empenho em trazer-nos, anualmente,
Este é o caminho que empresários de ambos os o Fórum Portugal Exportador, ao qual a CCMP se
países devem ajudar a traçar, criando oportunidades associa com orgulho.
de investimento e crescimento nos dois sentidos,
para que esta seja uma relação clara de benefícios Desejamos-lhe uma boa leitura!
mútuos.
30
Advogados e economistas colocam o acento tónico na capacidade do Governo em concretizar
várias infra-estruturas essenciais para o sector da Energia
Ficha técnica
Propriedade
04 Moçambique não é um “El Dourado”
10 Importações acompanham
crescimento da economia
14 Opinião. Amina Abdala, Associada Moçambique
Sénior do Gabinete Legal Av. 25 de Setembro, 1123, Prédio Cardoso,
Moçambique 4º Andar, Flat C, Maputo
T. +258 21 304 580 | Tm. +258 843 009 291
16 Entrevista a André Olivença, Partner ccmp@ccmp.org.mz | ema.soares@ccmp.org.mz
Portugal
da KPMG Moçambique Delegação em Lisboa
Av. D. João II, Lote 1.13.03 F, Escritório 6,
20 Empresas de serviços apostam Parque das Nações, 1990-079 Lisboa
T. +351 218 937 000 | Fax. +351 218 937 009
em Moçambique
35
nuno.tavares@ccmp.org.mz
41 Informações úteis
42 Lista dos associados da CCMP textos António de Albuquerque
44 Agenda Paginação Filipa Andersen
Fotografia GRUPO DST; Grupo SOICO; DR
Publicidade
mcarmosantos@bright.com.pt
mariarosariopires@bright.com.pt
Impressão Empresa Diário do Porto
Periodicidade Trimestral
37
Tiragem 5000 exemplares
Depósito legal 379786/14
Distribuição Gratuita aos sócios da CCMP,
entidades oficiais e empresariais em Moçambique
Entrevista a José Augusto Duarte, e Portugal. É interdita a reprodução total ou parcial
Embaixador de Portugal em Moçambique por quaisquer meios de textos, fotos e ilustrações
sem a expressa autorização do editor.
A
s oportunidades de negócios em
um ‘El Dourado’
do” como muitos podem pensar. A
expressão é de Fernando Carvalho,
director Coordenador do Centro de Negócios
da AICEP em Maputo em declarações à revista
O potencial da economia moçambicana é enorme mas para Moz’in. Esta é uma das ideias que o respon-
quem quer investir tem que estar preparado para uma aposta sável da AICEP transmitiu no evento intitulado
de médio e longo prazo. Défices de infra-estruturas, escassos África: Moçambique, realizado no passado dia
recursos humanos e financiamento com taxas de juro que 19 de Novembro e que foi promovido pela
podem chegar aos 20% são alguns dos obstáculos. Câmara de Comércio Moçambique Portu-
gal, AICEP, NovoBanco e ainda Associação
Industrial Portuguesa (AIP). Para Fernando
Carvalho, o mercado moçambicano oferece
muitas oportunidades de negócios em vários
sectores de actividade que vão desde a cons-
trução e materiais de construção, indústria,
metalomecânica, agro-indústria e turismo. Mas
existem também questões que necessitam de
ser explicadas a todos os que têm a ideia de
investir em Moçambique. “Muitos empresários
olham para os indicadores de Moçambique
e constatam taxas de crescimento da riqueza
muito significativas, acima dos 7%, mas o que
acontece é que este mercado ainda é muito
pequeno apesar de uma população com
cerca de 24 milhões de habitantes”, sublinha
Fernando Carvalho.
Mas não foi o único a chamar atenção para
os devidos cuidados para quem pretende
investir na pérola do Índico. Alexandre Ascen-
Fórum
Zâmbia anuncia
ligação dos dois
oceanos
Importações acompanham
crescimento da economia
Para os economistas os grandes projectos obrigam a um
aumento das importações superior às exportações. Para Portugal,
Moçambique assume cada vez mais um papel relevante no
comércio externo.
A
economia moçambicana tem
surpreendido instituições e eco-
nomistas pelo crescimento nos
últimos anos. Ainda, recentemente
segundo um estudo elaborado pe-
los economistas do Banco de Portugal (BdP)
a economia moçambicana voltou, no ano
passado, a registar um crescimento elevado
de 7,4% “afirmando-se com uma das mais
dinâmicas da África subsariana” o que contri-
buiu para um “crescimento real de 7,4%, na
última década, claramente superior aos 4,8%
do conjunto dos países da Southern African
Development Community (SADC). Tudo indica
que estas taxas de crescimento vão manter-se
nos próximos anos. Segundo a Economist In-
telligence Unit (EIU), o padrão de evolução da
economia moçambicana continuará, até 2018,
a registar estimulantes níveis de crescimento,
graças ao rápido desenvolvimento do sector
extrativo e aos investimentos no gás natural.
Todavia, estes economistas também apon-
tam alguns riscos devido ao abrandamento
económico nos mercados emergentes, China
incluída, bem como a diminuição da procura
global de commodities que constituem um
entrave ao crescimento das principais exporta-
ções moçambicanas.
Se o crescimento da economia é um dado
adquirido, devido ao contributo positivo dos in-
vestimentos em grandes-projectos na área dos
recursos naturais, o que os estudos apontam
é para uma nova realidade que começa agora
a ganhar consistência. A actividade económica
em 2013 “terá sido dinamizada pelo consu-
mo e pelas exportações de bens, apesar do
consequente aumento das importações de
bens de capital e de consumo”, com benefí-
cios directos para as contas públicas, concreta-
mente para o Orçamento do Estado, segundo
o economistas do BdP. Apesar do rendimento
dos moçambicanos ainda não ultrapassar os
mil dólares per capita, é também verdade que
exportação
Os produtos mais exportados Os produtos mais exportados
POR PORTUGAL por Moçambique
2013 2013
Máquinas e aparelhos 120 246 Alimentares 39 465
Metais comuns 40 654 Agrícolas 10 224
Veículos e outro mat. transporte 28 429 Matérias têxteis 1 544
Alimentares 25 345 Metais comuns 1 030
Químicos 20 149 Máquinas e aparelhos 635
Pastas celulósicas e papel 15 807 Plásticos e borracha 39
Plásticos e borracha 14 296 Instrumentos de óptica e precisão 34
Agrícolas 9 796 Madeira e cortiça 9
Minerais e minérios 9 523 Veículos e outro mat. transporte 4
Instrumentos de óptica e precisão 5 240 Peles e couros 2
Vestuário 4 046 Minerais e minérios 2
Madeira e cortiça 3 621 Pastas celulósicas e papel 2
Matérias têxteis 3 354 Combustíveis minerais 1
Combustíveis minerais 2 211 Químicos 1
Calçado 2 033 Vestuário 0
Peles e couros 979 Calçado 0
Outros produtos 21 110 Outros produtos 9 729
Valores confidenciais 0 Valores confidenciais 0
Total 326 839 Total 62 721
Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística
Unidade: Milhares de euros Unidade: Milhares de euros
§ - Coeficiente de variação >= 1000% ou valor zero em 2012
(com uma quota de 0,69% das exportações das exportações (12,4% do total em 2013),
portuguesas), quando em anos recentes seguindo-se os veículos e outros materiais de Investimento directo
50 M€
(2009) se situava no 27º lugar. Como forne- transporte (8,7%), os produtos alimentares
cedor o seu posicionamento ainda é pouco re- (7,8%), os produtos químicos (6,2%) e as
levante, não indo além do 58º lugar no último pastas celulósicas e papel (4,8%), onde se
ano (0,11% das importações portuguesas). incluem os livros como principal produto. O Este foi o montante de
No contexto dos países africanos de língua conjunto formado pelos seis principais grupos investimento direto português
oficial portuguesa, Moçambique surge, em de produtos representa 76,7% das exporta- realizado em Moçambique
2013, como terceiro cliente, a seguir a Angola ções para Moçambique em 2013 (76,3% em nos primeiros três meses do
e a Cabo Verde, e como segundo fornecedor, 2012). corrente ano. Um investimento
depois de Angola. Por isso também não é de E quanto às exportações de Moçambique para que representa 57% do total
estranhar que a balança comercial luso-mo- Portugal? Os números dizem que os açúca- do investimento aprovado
e realizado no país. No ano
çambicana seja tradicionalmente favorável a res (62,9%), crustáceos (15,5%) e tabaco
passado o valor de investimento
Portugal, tendo registado um saldo de 264 não manufacturado (15,4%). Mais de 95%
direto atingiu os 93 milhões de
milhões de euros em 2013 (o segundo mais das importações portuguesas de produtos
euros com o sector financeiro
elevado dos últimos 5 anos. industriais transformados provenientes de a liderar o ranking com mais
Em 2013, as exportações portuguesas para Moçambique (que representam 46,8% das de 62,7% do total, seguindo-se
o mercado moçambicano atingiram cerca de importações totais). a construção e as indústrias
327 milhões de euros (+14% face a 2012), transformadoras com 29,6% e
verificando-se, também, um acentuado 4,6% respectivamente.
aumento das importações (+281,8%), que
totalizaram perto de 63 milhões de euros. O
grupo das máquinas e aparelhos tem sido
dominante nas exportações portuguesas para
Moçambique (36,8% do total em 2013)
e registou, no último ano, um crescimento
de 10,5% face a 2012. O grupo dos metais
comuns ocupa a segunda posição no ranking
AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
EM MOÇAMBIQUE
C
om o objectivo de envolver, cada A Lei define PPPs como “empreendimento
vez mais, parceiros e investido- em área do domínio público, excluindo o de
res privados na prossecução de recursos minerais e petrolíferos, ou em área
empreendimentos de Parceria de prestação de serviço público, no qual,
Público-Privadas (“PPP”), Projectos mediante contrato e sob financiamento, no
de Grande Dimensão (PGD) e Concessões todo ou em parte, do parceiro privado, este se
Empresariais (CE), de garantir uma maior obriga, perante o parceiro público, a realizar o
eficiência, eficácia e qualidade na exploração investimento necessário e explorar a respectiva
de recursos e de outros bens patrimoniais actividade, para a provisão eficiente de servi-
nacionais, bem como de assegurar uma pro- ços e bens que compete ao Estado garantir a
visão eficiente de bens e serviços à sociedade sua disponibilidade aos utentes.”
e à partilha com equidade, dos respectivos A implementação e prossecução do em-
benefícios, o Estado Moçambicano aprovou a preendimento de PPP pressupõem sempre
Amina Abdala, Associada Sénior Lei n.º 15/2011, de 10 de Agosto que estabe- a criação de “entidade implementadora” pelo
do Gabinete Legal Moçambique lece as normas orientadoras do processo de parceiro privado. Esta entidade deverá reunir
contratação, implementação e monitoria de os seguintes requisitos: (i) revestir a forma de
empreendimentos de PPP, de PGD e das CE, sociedade comercial, nos termos da legisla-
posteriormente regulamentada pelo Decreto ção aplicável; (ii) ter um objecto claramente
n.º 16/2012, de 4 de Julho. delimitado e monitorável; (iii) ter duração não
opinião
inferior ao período de vigência do contrato os decorrentes da sua participação social em
relativo ao empreendimento. cada empreendimento de PPP e a percepção
A partilha do risco entre as partes é um dos do valor das imposições tributárias, correspon-
elementos que caracteriza as PPPs, devendo dente à 35% do lucro total anual apurado para
essa partilha figurar, de forma clara, no contra- efeitos fiscais em cada exercício económico
to. Em geral, os riscos inerentes a capacidade respectivo; (vi) Elaboração de programas de
profissional, técnica, tecnológica, comercial ou reassentamento e de responsabilidade, de-
de prossecução das actividades são imputá- senvolvimento e sustentabilidade sociais, junto
veis ao parceiro privado. Os riscos políticos das comunidades locais, a serem acordados
e legislativos e de conflitos de interesse de com as populações afectadas; (vii) Partilha de
natureza institucional e de concessão da terra benefícios extraordinários, como por exemplo,
e de planeamento público são imputáveis ao de quantias resultantes da venda ou alienação,
parceiro público. ainda que ilegal, de acções do capital social,
Os benefícios financeiros e económicos espe- de títulos ou de licenças de exploração de
rados de uma PPP são: (i) Reserva de 5% à recursos nacionais ou resultantes do em-
20% da participação social da contratada ou preendimento, independentemente de a sua
da entidade implementadora ou no capital realização, ocorrência ou percepção ocorrer no
social do consórcio para alienar, na bolsa, a mercado nacional, regional ou internacional.
pessoas singulares nacionais; (ii) Participação Do ponto de vista prático ainda não se conhe-
de pessoas colectivas públicas ou privadas cem os pontos fortes e fracos da legislação
nacionais em empreendimentos de PPP, em em virtude de a sua aplicação ser muito re-
qualquer das fases do empreendimento e cente. Todavia, apontamos aspectos susci-
nos termos em que as partes negociarem e tadores de debate no seio dos investidores:
acordarem; (iii) Participação gratuita a favor (i) complexidade e morosidade do processo
do Estado correspondente a pelo menos de contratação de um empreendimento de
5% do capital social, em qualquer fase do PPP; (ii) reserva de 5 à 20% do capital social
empreendimento; (iv) Pagamento ao Estado da entidade implementadora para alienação
dos valores resultantes da taxa de adjudicação a pessoas singulares nacionais no âmbito da
ou de bónus ou prémio de assinatura, bem inclusão económica; (iii) reserva de 5% do
como da taxa de concessão, relativas a con- capital social para cedência gratuita a favor
trato de empreendimento de PPP, nos termos do Estado; (iv) abertura do capital social para
contratualmente acordados; (v) Pagamento pessoas colectivas públicas e nacionais.
ao Estado de um valor mínimo anual de
benefícios financeiros para o Estado, incluindo
“A falta de infra-estruturas
adequadas tem resultado
no adiamento de alguns
investimentos importantes”
Como avalia as perspectivas económicas ramente, consideramos que todos os sectores
de Moçambique? estão a mover-se de uma forma muito rápida.
Investir em Moçambique pode-se dizer que De qualquer forma, sem dúvida que o sector
está na moda. Consideramos que o apetite financeiro, o sector energético, a área da
pelas oportunidades que o país oferece, em construção (residencial e comercial) e o sector
diversos sectores da actividade económica, das infra-estruturas e logística estarão no topo
não podem ser descuradas pelos investidores em termos de investimentos efectuados. E
portugueses. Claramente, a alavanca de cres- naturalmente, não nos poderemos esquecer
cimento do país irá depender fortemente do do sector mineiro. Apesar da conjuntura actual,
sector dos recursos minerais, particularmente acreditamos que os projectos de carvão vão
nas componentes da indústria extractiva e continuar a ter o seu papel em termos de
no desenvolvimento de projectos na área de criação de riqueza para o País. No entanto, o
Oil&Gas. As enormes reservas de gás natural sector mineiro não se resume ao carvão. Exis-
Moçambique está na existentes, poderão colocar Moçambique no tem outros minérios (grafite, areias pesadas,
moda. Quem o diz topo da lista de países produtores de gás à entre outros) que estão já hoje a captar o
é um dos principais escala mundial. Se comparamos a situação do interesse de diversos investidores, nacionais e
país actualmente com a situação existente há estrangeiros. Outros sectores mais tradicionais,
responsáveis da KPMG
uns anos atrás, é fácil constatar as diferenças. como é o caso da agricultura e do turismo,
em Moçambique, que
E pela positiva. O sector financeiro, o sector do apresentarão também boas oportunidades de
considera existirem retalho e dos bens de consumo ou mesmo a investimento. Efectivamente, há ainda muito
oportunidades de negócio área imobiliária, são bons exemplos do cresci- trabalho para se fazer nestes sectores. Apesar
em todos os sectores mento económico verificado. Adicionalmente, de existir um ambiente de negócios bastante
económicos já que estão a localização privilegiada de Moçambique e o competitivo, acreditamos que se os investi-
todos a mover-se de acesso aos principais mercados de exportação mentos forem bem planeados e ponderados,
uma forma muito rápida. (China, India, Japão) irá permitir uma janela de se os projectos puderem contar com os par-
Contudo, não deixa de oportunidade única para os investidores que ceiros locais adequados à situação específica,
assinalar dificuldades tomarem a decisão de entrar no mercado. As poderão estar reunidas as condições para ter
para as empresas que previsões existentes e publicadas por diversas sucesso em Moçambique.
pretendam investir, entidades, colocam o país a crescer a uma
taxa de crescimento anual na casa dos 8%, se Quais têm sido os principais obstáculos
concretamente uma
quisermos ser conservadores. Perante a estabi- das empresas para o seu crescimento?
deficiente cobertura de
lidade económica, social e política, não temos Consideramos que, em parte, os obstáculos
infra-estrutruras e ainda dúvida que Moçambique é um mercado muito encontrados no mercado moçambicano resul-
um peso significativo da interessante para se investir. tam da preparação inadequada por parte dos
economia paralela. investidores à realidade e ao mercado local. A
Dada a vossa experiência junto das nossa experiência tem permitido identificar fa-
empresas quais são os sectores eco- lhas internas, nomeadamente na abordagem e
nómicos que estão a demonstrar mais na falta de preparação da gestão relativamente
dinamismo? ao contexto local. Olhando para os factores
É uma pergunta frequentemente colocada externos, temos verificado que o informalismo
pelos nossos clientes e, de uma forma geral, e o volume de importações que não passam
pelos investidores que chegam ao país. Since- pelos trâmites legais têm gerado um mercado
paralelo, acabando por criar uma concorrência que terá, em princípio, benefícios fiscais (entre
desleal. Tem existido um esforço no sentido outros) na exportação dos seus produtos para
do aumento da fiscalização e regulação dos os outros países membro. Temos consciência
mercados, no entanto, não deixa de haver que esta vantagem competitiva não está a
muito trabalho para se fazer. ser explorada da forma eficiente por parte
Por último, a falta de infra-estruturas ade- dos investidores em Moçambique. Parte do
quadas ou a inexistência das mesmas tem nosso trabalho, acaba por revelar a potenciais
resultado no adiamento de alguns investi- investidores que o seu projecto pode ser
mentos importantes para o desenvolvimento muito valioso não apenas em Moçambique,
do País. Perante um mercado global cada vez mas num contexto regional, onde também
mais competitivo, o défice de infra-estruturas marcamos presença.
traduz-se em custos de produção e de logísti-
ca extremamente elevados, obrigando a uma Que sectores poderão avançar mais rapi-
preocupação constante de racionalização de damente para esses mercados?
recursos como forma de manter a competitivi- De imediato, todas as actividades económicas
dade dos negócios. ligadas ao sector financeiro, logística, metalo-
mecânica e componentes eléctricos, são sem
Os mercados dos países vizinhos de dúvida áreas a apostar. Existe actualmente um
Moçambique também são oportunidades défice significativo a nível de abastecimento
para as empresas? de energia elétrica na região da África Austral.
Não temos dúvida que Moçambique, feliz- Se atendermos ao crescimento expectável na
mente, está estrategicamente bem localizado. região, a tendência é que a procura continue a
Os países do “hinterland” como a Zâmbia, o exceder largamente a capacidade de geração,
Malawi e o Zimbabué dependem em grande transmissão e distribuição eléctrica, pelo que
medida de Moçambique em termos de acesso estão já identificados vários projectos neste
ao comércio e aos mercados internacionais. domínio. A perspectiva de Moçambique ser
Desta forma, Moçambique acaba por ser uma o país de base do investimento de empresas
porta de entrada e saída de bens e serviços, portuguesas é uma realidade que já acontece
sendo por isso um factor importante para o com alguns grupos económicos portugueses,
desenvolvimento da actividade económica dos alavancando no eixo geográfico Moçambique,
países vizinhos. A par de outras organizações África do Sul, onde existe uma comunidade
multilaterais, Moçambique é também membro portuguesa bastante significativa, e Angola, país
integrante da Southern African Development com elevado investimento directo nacional.
Community (SADC), o que significa que uma
actividade produtiva instalada em Moçambi- No entender da KPMG quais deverão ser
os passos que os empresários devem dar
para avançar para um processo de inter-
nacionalização?
Um processo de internacionalização para Mo-
“A falta de infra-estruturas adequadas ou çambique, embora possa parecer uma tarefa
a inexistência das mesmas tem resultado fácil, efectivamente não o é. Temos assessora-
no adiamento de alguns investimentos do diversas empresas portuguesas na entrada
importantes para o desenvolvimento do neste mercado, e o primeiro passo que
aconselhamos aos nossos clientes é conhecer
País. Perante um mercado global cada vez bem o mercado, dimensão, concorrência,
mais competitivo, o défice de infra- nível de informalismo, enquadramento legal e
-estruturas traduz-se em custos de produção fiscal, entre outros. Posteriormente, é neces-
e de logística extremamente elevados, sário ter o entendimento adequado sobre os
possíveis parceiros locais. Um investimento de
obrigando a uma preocupação constante de sucesso em Moçambique está invariavelmente
racionalização de recursos como forma de associado a uma boa escolha de parceiros. Fi-
manter a competitividade dos negócios” nalmente, o desenvolvimento de um plano de
negócios, ajustado à realidade de Moçambi-
que, é um aspecto que não deve ser negligen-
ciado de forma a tentar minimizar a ocorrência
de surpresas desagradáveis. Constatamos que,
mesmo perante varáveis externas que não
entrevista
tinham sido previstas anteriormente, o investi- O controlo da operação tem de ser rigoroso. É
dor está melhor preparado e dará uma respos- extremamente importante, diria mesmo crítico,
ta mais eficaz quando efectivamente analisou que os responsáveis pelo negócio ou pelo
e preparou previamente o investimento. No projecto estejam sedeados em Moçambique.
final do dia, aconselhamos os nossos clien- Não só se garante proximidade com os agen-
tes a se rodearem de parceiros, entidades e tes políticos e principais decisores económicos,
assessores que conheçam e vivam a realidade como se assegura proximidade com a restante
do dia-a-dia em Moçambique. Este conheci- estrutura de recursos humanos. A protecção
mento da realidade local só é possível estando laboral é rigorosa e há que ter noção do regi-
em Moçambique, não temos dúvidas quanto a me de quotas entre nacionais e expatriados,
esta matéria. que varia consoante se tratar de uma grande,
média ou pequena empresa.
As questões de organização, recursos Se atendermos à experiência própria, temos
humanos e financiamento são áreas que vindo a apostar na formação permanente e
os empresários também têm que con- qualificação dos nossos recursos. Muitos qua-
solidar antes de avançarem para outros dros de topo, e até alguns cargos ministeriais,
mercados? são gestores e individualidades que desenvol-
O investimento de arranque de uma nova veram o seu percurso profissional na KPMG.
operação em Moçambique, requer capacidade No próximo ano, iremos celebrar 25 anos de
de gestão e alguma disponibilidade financeira presença em Moçambique e podemos afirmar
por parte do investidor. O acesso ao financia- que a formação permanente dos nossos
mento é relativamente fácil em Moçambique, recursos, o desenvolvimento de um plano
no entanto, não será de estranhar taxas de de carreira profissional, o rigor na gestão e o
juro anuais entre os 16% e os 20%, consoan- controlo da operação são factores críticos de
te a capacidade de apresentar algum tipo de sucesso em Moçambique.
colateral e ou garantias da casa-mãe.
Empresas de
serviços apostam
em Moçambique
São cada vez mais as empresas de serviços que
apostam no mercado moçambicano. As grandes
infra-estruturas têm sido o chamariz para uma
aposta de longo e médio prazo.
Guia para
Moz’IN Negócios em Moçambique
// Outubro/Dezembro 2014
Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 21
serviços
sector da prestação de çambicanas apresentam muito know-how.
serviços está a crescer ano E o que nos dizem os números desta
após ano em Moçambique. nova realidade empresarial. Em termos da
As empresas de engenharia, estrutura das exportações portuguesas de
de serviços financeiros, as serviços para Moçambique, os transportes
consultoras, escritórios de advogados, trans- constituem a componente mais representa-
portes e agências de viagens têm sido as tiva, seguidos das viagens e turismo. Os ser-
mais activas no mercado moçambicano. Um viços financeiros, que nos anos anteriores
crescimento que está associado ao lança- revelavam uma fraca expressão, alcançaram
mento e construção dos grandes projectos em 2007 a terceira posição, ultrapassando
de infra-estruturas. Mas esta não é a única a construção que ocupava tradicionalmente
razão por estas empresas estarem apos- esse lugar. Relativamente ao turismo, salien-
tar em Moçambique. Muitos empresários te-se que as receitas resultantes do aloja-
começam agora também a piscar os olhos mento na hotelaria portuguesa de turistas
ao que se passa em países vizinhos de Mo- moçambicanos se têm situado nos últimos
çambique como África do Sul, Suazilândia, anos entre um máximo de 8,5 milhões de
Zâmbia, Lesoto, República Democrática do euros, em 2004, e um mínimo de 7,1 mi-
Congo ou ainda o Malawi. Concretamente lhões, em 2005, sendo a valor de 2008 de
os países que compõem South African De- cerca de 8,1 milhões de euros. Estes mon-
velopment Community uma organização re- tantes, que correspondem a uma quota de
gional de integração económica dos países cerca de 0,1% do total, revelam a reduzida
da África Austral e que compreende mais de importância que o mercado moçambicano
250 milhões de consumidores. Mas o que representa para Portugal neste domínio.
verdadeiramente está a motivar estes em- A importância das grandes obras é tão sig-
presários são também os grandes projectos nificativa que este ano a economia moçam-
lançados pelos respectivos governos e para bicana assistiu a uma melhoria do défice da
os quais as empresas portuguesas e mo- conta de serviços, devido precisamente ao
MoçaMbique
MApuTO
A Globo Distribuidora, Lda. assegura que qualquer carga é transportada desde o seu ponto de origem até
ao destino final, de forma segura e no mais curto espaço de tempo. A empresa fornece diversos serviços:
• Agenciamento de cargas nacionais e internacionais não proibidas
• Coordenação da logística e contratação de despachos de cargas nacionais e em trânsito
• Coordenação do transporte por vias marítima, aérea e terrestre para qualquer tipo de cargas não proibidas
• Coordenação de importação/exportação regular de carga seca e animais vivos
• Distribuição em todo o território moçambicano
• Transporte de carga para e de países vizinhos por estrada e caminho-de-ferro
• Manuseamento de cargas de grandes projectos a nível nacional e em trânsito via Moçambique
grande Entrevista 24
“Vários investimentos em
Moçambique têm sido feitos
na base de parcerias”
O número de empresas a exportar para têm em termos de conhecimento do mercado
Moçambique, mais de 3 mil, tem crescido e da oferta portuguesa contribui para que as
a um ritmo acelerado, sobretudo nos dois empresas portuguesas encontrem na nossa
últimos anos. A que se deve este súbito casa um parceiro único para apostarem no
interesse das empresas portuguesas pelo mercado moçambicano.
mercado moçambicano? E além deste trabalho e das várias soluções de
Não qualificaria o interesse das empresas por- financiamento que o mercado apresenta aos
tuguesas no mercado moçambicano como um nossos empresários, as empresas portugue-
interesse súbito. O que temos vindo a assistir sas têm atualmente ao seu dispor um fundo
é ao crescente relacionamento entre as econo- dirigido especificamente ao investimento em
mias portuguesa e moçambicana, ambos paí- Moçambique: o Investimoz.
ses membros da Comunidade dos Países de Respondendo directamente à sua questão:
Língua Portuguesa (CPLP), e que tem reflexo sim, existe espaço e nós temos as ferramentas
no que é o negócio das empresas portuguesas para impulsionar ainda mais o crescimento
com este país. E é um relacionamento bilate- das nossas exportações e o estabelecimento
ral. Muito sustentado em parcerias e com o de parcerias entre empresas portuguesas e
objectivo de contribuir para o desenvolvimento moçambicanas.
económico e social de Moçambique.
É assim natural o atual momento de intensifi- Em relação às exportações, apesar dos
cação das relações económicas entre Portugal valores históricos conquistados no ano
e Moçambique – não súbito – tanto no que passado, na ordem dos 62milhões de
se refere ao comércio bilateral de bens e ser- euros e que se devem exclusivamente a
viços, como ao investimento. Para lhe dar um um produto, não considera pouco?
exemplo, no período 2009 a 2013, a taxa de Portugal está interessado e empenhado no
crescimento das exportações de produtos foi alargamento e aprofundamento do relaciona-
de 28,7%, passando de 121 milhões de euros mento económico e comercial com Moçambi-
para 327 milhões de euros. que. A presença do Senhor Presidente da Re-
pública de Moçambique e do Senhor Primeiro
Contudo, os números referentes às Ministro de Portugal no Fórum económico
exportações ainda são pequenos (pouco que organizámos no mês passado reforça a
mais de 300 milhões de euros). Existe importância que os temas económicos e o
espaço para aumentar? desenvolvimento das parcerias entre empre-
Sem dúvida. No recente Fórum Económico sas dos dois países, numa base win/win, têm
Moçambique-Portugal, que organizamos para o desenvolvimento de ambos os países.
juntamente com a Embaixada de Moçambique Portanto, eu acredito que temos muito espaço
em Portugal, e que contou com a presença para crescer em conjunto.
do Presidente Armando Gebuza, tive oportu-
nidade de afirmar que, apesar do crescimento Temos assistido a um certo desinvesti-
verificado nos últimos anos, o comércio de mento em Moçambique por parte dos
bens e serviços entre Portugal e Moçambique empresários lusos e o volume de inves-
pode ser muito potenciado. E a AICEP pode timento médio nos últimos anos não
ser um parceiro fundamental para esse cres- superou os 125 milhões de euros. Acha
cimento. O know-how técnico que as equipas que ainda existe algum receio por parte
Nome rubrica
grande entrevista
etc
“A descoberta de importantes
reservas de gás (que prometem
colocar o país entre os dez
principais produtores mundiais)
e de carvão vai certamente
impulsionar o desenvolvimento
do país o que, aliado a um fator
fundamental para o investimento,
que é a estabilidade política,
criará novas perspetivas para o
Investimento em Moçambique”
grande entrevista
que existe disponibilidade por parte dos Os empresários que investem em
empresários portugueses para solu- Moçambique são diferentes daqueles
ções deste tipo, quando em Portugal os que estão a investir em Angola ou as
próprios empresários resistem em abrir o empresas que estão em investir em
capital social a outros investidores? Angola são as mesmas que investem em
Vários investimentos portugueses em Mo- Moçambique?
çambique têm sido efetuados nesta base Angola e Moçambique são destinos de eleição
de parcerias, e posso afirmar que são bem pela situação económica e financeira que atra-
sucedidos. Projetos de média dimensão, vessam, pelas oportunidades que representam
criadores de emprego e capazes de criar fortes em sectores como a construção de infra-estru-
ligações com o tecido empresarial local e com turas, energia, ambiente, turismo, agricultura,
a sociedade civil. entre outros.
Os laços históricos e linguísticos são facilitado-
Quem são os empresários portugueses res deste relacionamento. Perante as oportuni-
que querem estar em Moçambique? São dades e estágios de desenvolvimento de cada
empresários que por alguma razão têm um dos países e a capacidade das empresas
uma ligação com moçambique ou trata- portuguesas, as decisões de investimento num
se de empresários de uma nova geração ou no outro país são tomadas sempre de acor-
que olham para aquele mercado como do com o plano estratégico das empresas.
olhariam para um outro?
Devolvo-lhe a pergunta, mas ao contrário: Estão aí os novos fundos comunitários
Quem são os empresários que não querem para o período 2014-2020. Os empre-
estar em Moçambique? Repare: é um país sários podem contar com apoios para
com ligações históricas e culturais a Portugal. a internacionalização? Existirão apoios
Onde o português é a língua oficial. Tem uma para a deslocalização de indústrias?
economia em forte desenvolvimento, é rico O próximo quadro de fundos comunitários
em recursos nacionais. As autoridades moçam- será fundamental para o crescimento da eco-
bicanas têm feito esforços no sentido de atrair nomia e a resolução de alguns dos principais
investimento estrangeiro. problemas com que as empresas se deparam.
Penso que um empresário que deseje desen- A prioridade na atribuição dos fundos passa
volver o seu negócio olha para Moçambique pela competitividade e a internacionalização
como uma escolha natural. da nossa economia.
As empresas portuguesas podem contar com
Os empresários que investem têm uma a plena utilização das verbas comunitárias
visão de curto prazo ou de médio prazo? que forem atribuídas à internacionalização
O facto de as empresas portuguesas que têm da economia. O que for da responsabilidade
investido no mercado terem uma forte preocu- da AICEP, posso garantir que tudo será feito
pação com a geração de emprego local e com para uma boa utilização destas verbas: apoio
a sua formação, criando laços com a socieda- às candidaturas e análise do projeto, apoio
de civil, mostra que o empresário português na execução do mesmo, cumprimento de
considera investir em Moçambique numa prazos. Tudo para que as empresas possam
perspetiva de médio e longo prazo. contar com a mais eficiente utilização destas
O investimento português em Moçambique, verbas.
em 2013, foi aquele que gerou mais pos-
tos de trabalho por unidade monetária de
Investimento Estrangeiro. Enquanto que o
Investimento Direto Português deu origem a
58 postos de trabalho, o restante IDE gerou
menos de metade, ficando-se pelos 22 postos
de trabalho.
A
de Portugal em Moçambique que questionado
Frente de Libertação de Moçambi- sobre a mesma questão não hesitou em res-
que (FRELIMO) ganhou as eleições ponder que “não é prever qualquer alteração
gerais em Moçambique, com na relação política-diplomática entre os dois
uma maioria absoluta no Parla- países” (ler entrevista nas páginas seguintes).
mento, e o seu candidato, Filipe Mal foram conhecidos os resultados eleitorais
Nyusi, venceu as presidenciais com 57,03%. oficiais, o chefe de Estado português, Aníbal
E são várias as vozes que consideram que o Cavaco Silva, endereçou uma mensagem de
novo Presidente enfrentam muitos desafios felicitações a Filipe Nyusi pela sua eleição ao
tanto na frente interna como na diplomacia cargo de Presidente da República de Moçam-
externa. Mas com certeza que o maior deles bique. Uma mensagem que, para além das fe-
será satisfazer as grandes expectativas que licitações, não deixa de sublinhar “os especiais
os moçambicanos têm relativamente ao seu laços de amizade e cooperação que unem os
nível de vida. As descobertas de gás coloca- nossos povos e países encontrarão renovadas
ram Moçambique no centro das atenções do oportunidades de reforço e aprofundamen-
mundo com países e empresas a olharem to, tanto no plano bilateral, como no quadro
para a pérola do Pacifico como uma oportuni- da CPLP”. E Cavaco Silva termina a missiva
dade única. que Moçambique pode contar com ele para
eleições
reforçar a “parceria entre Portugal e Moçambi-
que que corresponde ao melhor interesse dos
nossos povos e países”. Também Pedro Passos
Coelho, primeiro-ministro em sintonia com
Cavaco Silva afirmou que “os povos dos dois
países partilham e perseguem os mesmos
objectivos de paz e prosperidade”.
As felicitações vieram dos diversos cantos do
mundo e mais significativas de países que tem
As felicitações vieram dos
apostado no mercado moçambicano como foi diversos cantos do mundo e mais
o caso de Xi Jinping, presidente da China, da significativas de países que tem
França, François Hollande, da Turquia, Recep apostado no mercado moçambicano
Tayyip Erodogan, de Angola, José Eduardo
dos Santos, o que leva a crer que a política
como foi o caso de Xi Jinping,
externa de Moçambique não vai ter alterações presidente da China, da França,
significativas. Aliás, não deixa de ser curioso François Hollande, da Turquia,
que Xi Jinping, líder de uma das maiores Recep Tayyip Erodogan, de
economias mundiais e o maior investidor em
Moçambique tenha referido na sua mensagem
Angola, José Eduardo dos Santos,
de felicitações o “excelente relacionamento o que leva a crer que a política
que temperou ainda mais as relações entre os externa de moçambique não vai ter
dois países nos últimos anos, vincando que ``a alterações significativas
China e Moçambique são amigos para todo
sempre. Acrescentando ainda que ao “longo
dos anos, ambas as partes fizeram intercâm-
bios frutíferos em diversas áreas”.
Os desafios do
ministro da Energia
O novo ministro da Energia vai ter que ultrapassar
um conjunto de desafios na próxima legislatura mas
o mais relevante será transformar as descobertas
de recursos naturais em benefícios económicos e
sociais do País. As expectativas das populações e
dos empresários estão muito elevadas já que as
descobertas de gás foram vendidas como a alavanca
para a economia moçambicana. Advogados e
economistas colocam o acento tónico na capacidade
do Governo em concretizar várias infra-estruturas
essenciais para o sector.
© GRUPO DST
energia
s eleições já fazem parte da histó- 2,5 milhões de toneladas de gás, somando
ria e ainda nada se sabe sobre as mais cinco a sete mil milhões de dólares para
personalidades que irão compor o a construção do terminal em terra. Adicional-
novo executivo. Mas uma coisa é mente as estimativas de cotação para o gás
certa o novo ministro da Energia não são as melhores para os investidores e
vai ter que ultrapassar um conjunto de desa- outros países, como a Suazilândia, estão a
fios na próxima legislatura mas o mais relevan- competir para receberem este tipo de inves-
te será transformar as descobertas de recursos timentos para a exploração dos seus recursos
naturais em benefícios económicos e sociais naturais.
do País. As expectativas das populações e dos Perante este cenário perguntámos de imediato
empresários estão muito elevadas já que as se a nova Lei do Petróleo, aprovada em agosto
descobertas de gás foram vendidas como a último, facilitaria a construção da plataforma de
alavanca para a economia moçambicana. Mo- LNG tendo em atenção que foi criada a nova
çambique possui cerca de 200 triliões de pés figura de “contratos de concessão de infra-es-
cúbicos (tcf) de gás natural confirmados recen- truturas.”
temente pelas companhias que estão a operar
no país, como a Anadarko e Eni. Acresce que
aquelas reservas colocam o País cada vez mais
na lista de potenciais grandes produtores de
gás natural do mundo.
Arlindo Guilamba, advogado e sócio fundador
Arlindo Guilamba não
da AG Advogados, em recentes declarações deixa de sublinhar o
quando questionado sobre este tema, não trabalho já desenvolvido
hesita em colocar um acento tónico na capa- pelo atual executivo
cidade do País em concretizar várias infra-es-
truturas essenciais para o sector. “Os principais
afirmando mesmo que
desafios do novo Governo deverão centrar-se o “novo Governo terá
na criação das infra-estruturas necessárias para de certo modo a tarefa
o sector do gás, pois só assim o país poderá facilitada neste sector”.
beneficiar dos vastos recursos naturais existen-
tes”, diz o advogado. E quando questionado
Justificando precisamente
sobre os avultados recursos financeiros para com a “recente aprovação
a concretização das referidas infra-estrutu- da nova Lei dos Petróleos
ras, avança com o importante “papel que e o entendimento com
as parcerias público-privadas poderão vir a
assumir neste processo, principalmente numa
o principal partido da
fase inicial em que o Estado ainda não aufere, oposição que vieram trazer
através da cobrança de impostos, das quantias segurança, tanto no plano
necessárias para criar estas infra-estruturas que jurídico como político,
apresentam custos muito elevados.”
Hugo Preto, director sénior da Accenture
assim criando as bases
Moçambique, questionado sobre os desafios, necessárias para atrair
não deixa de enquadrá-los num contexto de novos investimento e
globalização das economias. Para o respon- galvanizar os já em curso”
sável da casa de consultadoria, o projecto de
Gás Natural Liquefeito (LNG) - que consiste
em transformar gás natural em estado líquido
por meio da redução da sua temperatura e
desta forma possibilitar o seu transporte – tem
de ter em conta “outras iniciativas similares
desenvolvidas noutras geografias e que vão
aumentar a capacidade de oferta no merca-
do global”. Segundo algumas estimativas das
companhias, o investimento total pode variar
entre quatro e cinco mil milhões de dólares
para o terminal flutuante a instalar em alto mar
e que terá uma capacidade de produção de
“É verdade que a nova lei facilita esta plata- o contributo a esse projecto. Estão nesse lote
forma, desde logo ao prever um novo tipo de e a título exemplificativo a aceitação das bases
contrato de concessão, que é o contrato de contratuais sobre as quais a exploração vai
construção e operação de infra-estruturas”, afir- efectivamente ser realizada e posteriormente
ma Arlindo Guilamba. Uma opinião partilhada a própria decisão final de investimento que
por Hugo Preto que diz: “sendo o projecto de os operadores terão de definir. Esses passos
LNG fundamental para o País e atendendo a terão de ser dados numa “janela temporal”
que a legislação anterior havia sido concebida relativamente curta, sob pena de terem dois
dentro de um cenário diferente do que o mo- efeitos: atraso de calendário e potencial perda
mento actual nos proporciona, a nova lei aca- de atratividade do gás natural moçambicano
ba por ser um passo fundamental a todo este no mercado global”.
processo”. Aliás, Arlindo Guilamba não deixa
de sublinhar o trabalho já desenvolvido pelo Governo quer empresas
atual executivo afirmando mesmo que o “novo moçambicanas envolvidas nos
Governo terá de certo modo a tarefa facilitada grandes projectos
neste sector”. Justificando precisamente com a Ao longo dos últimos anos, os empresários
“recente aprovação da nova Lei dos Petróleos moçambicanos reclamavam junto do Governo
e o entendimento com o principal partido da oportunidades para as suas empresas neste
oposição que vieram trazer segurança, tanto sector, como forma de reforçar a competi-
no plano jurídico como político, assim criando tividade das empresas e assim gerar mais
as bases necessárias para atrair novos investi- riqueza para o País. Sensível aos argumentos,
mento e galvanizar os já em curso”. o Governo deu o primeiro passo ao inscrever
Todavia Hugo Preto esfria algum entusiamo na nova lei do petróleo a possibilidade das
relativamente à nova lei, concretamente sobre empresas de capitais nacionais se envolverem
como vão reagir as grandes multinacionais. nos grandes projetos do sector. Uma decisão
“No decorrer dos próximos meses vamos que colhe unanimidade. Arlindo Guilamba
seguramente assistir a decisões adicionais para considera mesmo que esta decisão “traduz-se
energia
numa grande preocupação pela salvaguarda Sensível aos
do interesse nacional” e Hugo Preto afirma
que “é uma decisão absolutamente natural
argumentos, o
na história dos eventos desta indústria e que Governo deu o
outras nações também têm seguido”. primeiro passo ao
Para o advogado, esta decisão do Governo, a inscrever na nova
par da “proteção das empresas moçambicanas
que pretendam concorrer a direitos de con-
lei do petróleo
cessão, também as empresas que forneçam a possibilidade
bens ou serviços ao sector petrolífero foram das empresas de
alvo de um favorecimento, ao ser atribuído um capitais nacionais
direito de preferência aos produtos e serviços
locais”. Mas Arlindo Guilamba não fica por aqui
se envolverem nos
na defesa da iniciativa legislativa ao identificar grandes projetos
outras vantagens. Pois em causa está também, do sector. Uma
segundo ao advogado, a “canalização de uma decisão que colhe
parte dos recursos petrolíferos para a indústria
transformadora moçambicana”, bem como a
unanimidade. Hugo
descriminação positiva dos “cidadãos moçam- Preto afirma que
bicanos que residem na área de concessão, “é uma decisão
que gozam de preferência no momento da absolutamente
contratação de trabalhadores para operar
nestes projectos”.
natural na história
Apesar da concordância, o responsável da dos eventos desta
Accenture coloca também a questão do ponto indústria e que
de vista concorrencial. Ou seja, que critérios outras nações
estarão na base da selecção das empresas.
“Esta ideia de desenvolvimento deve ser
também têm
sempre equilibrada com a noção de eficiência, seguido”
isto é, tem de haver a consciência de que para
que o desenvolvimento nacional possa bene-
ficiar do investimento e atividades da indústria,
em primeiro lugar é fundamental garantir que
a competitividade e eficiência dessa Indústria
existem de facto. Se apenas for considerada
uma das partes desta equação, os objetivos
não serão seguramente atingidos”, concluiu o
economista.
entrevista
Entrevista a Fernanda Lichale
Embaixadora de Moçambique em Portugal
entrevista
Entrevista a José Augusto Duarte
Embaixador de Portugal em Moçambique
Moçambique Portugal
Sede em Maputo Delegação em Lisboa Delegação no Porto
Av. 25 de Setembro, 1123, Av. D. João II, Lote 1.13.03 F Rua da Serra, 654 - Folgosa (Maia)
Prédio Cardoso, 4º Andar, Flat C Escritório 6, Parque das Nações Apartado 1193-4446-909 Ermesinde, Portugal
Maputo, Moçambique 1990-079 Lisboa, Portugal T. +351 229 688 553 Telm. + 351 961 314 300
Tel. +258 21 304580 • Tm. +258 84 3009291 T. +351 218 937 000 • Fax. +351 218 937 009 mjcrosa@hotmail.com
ccmp@ccmp.org.mz • ema.soares@ccmp.org.mz nuno.tavares@ccmp.org.mz
www.ccmp.org.mz
www.facebook.com/camaradecomerciomocambiqueportugal
Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 39
entrevista
O Fundo INVESTIMOZ com 94 milhões tos de caráter empresarial. Boa parte daquele
de euros ainda está no terreno. Porquê e valor destina-se a apoio direto ao orçamento
para quando? de estado moçambicano bem como a algu-
O INVESTIMOZ é gerido pela SOFID e dispõe mas áreas de desenvolvimento institucional,
efetivamente de cerca de 94 milhões de euros como a educação ou a saúde. Ainda assim
exclusivamente dedicados a apoiar investi- haverá uma parte não negligenciável daquele
mentos em Moçambique. De acordo com os montante que poderá ser de interesse para
estatutos em vigor pretende-se dar prioridade potenciais investidores. Isso poderá acontecerá
ao apoio a investimentos na área da energia. logo que o Governo de Moçambique e as
Contudo, prioridade não significa exclusividade, competentes autoridades da U.E. encerrem as
sendo por isso possível recorrer ao fundo para negociações em curso sobre o assunto.
projetos noutras áreas.
Em recente entrevista o Secretário de Esta- O que é que Portugal e Moçambique
do dos Negócios Estrangeiros de Portugal, devem esperar dos empresários dos dois
Luís Campos Ferreira anunciou que a União países?
Europeia iria disponibilizar 734 milhões de Os empresários quando investem, para se
euros para investir em Moçambique. Está a ser manterem e gerarem mais emprego e mais
disponibilizada informação? Os empresários riqueza visam em primeiro lugar o lucro.
e outras entidades que pretendiam recorrer Para isso creio que devemos esperar ambi-
devem dirigir-se a que estruturas? ção, resiliência, determinação mas também
De facto a União Europeia anunciou oportu- respeito rigoroso pelas leis e normas em vigor
namente que o Fundo Europeu de Desenvol- no local onde se investe e uma aposta em
vimento (FED) poderá atribuir ao longo dos parcerias que tragam vantagens partilhadas
próximos anos mais de 700 milhões de euros a ambos os lados, em que todos sintam que
a Moçambique. Contudo é importante que os juntos ganham mais do que separados, e que
potenciais investidores tenham presente que juntos chegam mais longe e mais alto do que
nem todo este dinheiro será para investimen- sozinhos.
PArA ProjeCTo
Fernão Veloso VendA nACAlA VelHA – MUlTIUsos AProVAdo
• 4 Habitações Unifamiliares Triplex • Habitação
• Com dependência • Serviços
• 3 Lugares de estacionamento p/casa • Comércio
• Acabamentos de alta qualidade • Estacionamento
• A 200m da praia
• Próximo Aeroporto Internacional de Nacala
informações úteis
Em Portugal Em Moçambique
Câmara de Comércio Moçambique-Portugal Embaixada de Portugal em Maputo
Av. D. João II, Lote 1.13.03 F escritório 6, Parque das Nações - 1990-079 Lisboa Av. Julius Nyerere, 720 - C.P. 4696 - Maputo
Tel. + 351 218 937 000 - Fax. +351 218 937 009 - Tel.: +258 21 490 316 | Fax: +258 21 491 172
Email: nuno.tavares@ccmp.org.mz E-mail: embaixada@embpormaputo.org.mz | http://www.embpormaputo.org.mz/
Intertek – Caleb Brett Portugal Lda. IPEX – Instituto para a Promoção de Exportações
Complexo Petroquímico – Monte Feio - Apartado 50 - 7521-901 Sines Av. 25 de setembro, 1008 – 2º - Maputo
Tel.: (+351) 269 750 120 | Fax: (+351) 269 750 126 Tel.: +258 21 307 257/8 | Fax: +258)21 307 256
http://www.intertek-cb.com E-mail__ipex@tvcabo.co.mz | http://www.ipex.gov.mz
Governadores Provinciais
Cabo Delgado: Abdul Razak | T. 258-272-20331 | F. 258-272-20950 | Email: @cabodelgado.gov.mz
Niassa: David Ngoane Marizane | T. 258-271-21393 | Fax: 258-271-20250 | Email: david.marizane@niassa.gov.mz
Nampula: Cidália Manuel Chaúqur | T. 258-262-12425 | Fax: 258-262-12425 | Email:@nampula.gov.mz
Zambézia: Joaquim Veríssimo | T. 258-242-14545 | Fax: 258-242-13061 | Email: @zambezia.gov.mz
Tete: Paulo Auade | T. 258-252-23795 | Fax: 258-252-22439 | Email: @tete.gov.mz
Manica: Ana Comoana | T. 258-251-22000 | Fax: 258-251-23849 | Email: ana.comoana@manica.gov.mz
Sofala: Félix Paulo | T. 258-23-322000 | Fax: 258-23-323966 | Email: @sofala.gov.mz
Inhambane: Agostinho Abacar Trinta | T. 258-293-20464 | Fax: 258-293-20464 | Email: agostinho.trinta@inhambane.gov.mz
Gaza: Raimundo Maico Diomba | T. 258-282-22002 | Email: raimundo.diomba@gaza.gov.mz
Maputo: Maria Elias Jonas | T. 258-21-720440 | Fax: 258-21-720440 | Email: maria.jonas@maputo.gov.mz
Cidade de Maputo: Lucília José Manuel Hama | T. 258-21-311120 | Fax: 258-21-311130 | Email: lucilia.hama@cmaputo.gov.mz
Fonte: Portal do Governo de Moçambique, www.portaldogoverno.gov.mz
EXICTOS
AFRICAN BANK CORPORATION CIMENTOS DE MOÇAMBIQUE LAM - Linhas Aéreas
Av. Julius Nyerere, Rua rio
Avenida Julius Nyerere 999 Av. 24 de Julho, 7 - 9º/10º Andar de Moçambique
Inhambazulu, 88 Sommerschield 2,
Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique Av. Largo da Deta, Moçambique
Moçambique
www.bancabc.co.mz www.intercement.com www.lam.co.mz
www.exictos.com
cneves@bancabc.com dcom@cimpor.com cmacobo@lam.co.mz
info@exictos.com
T. + 258 21 48 21 00 T. + 258 21 48 25 00 T. + 258 21 46 87 10
T. + 258 21 24 10 00
F. + 258 21 48 74 74 F. + 258 21 48 78 68 F. + 258 21 46 51 34
F. + 258 21 49 28 31
COTUR Rangel
ABERDARE INTELEC MOÇ., LDA GALP ENERGIA
Av. Karl Marx, (esquina c/ Ahmed Av. 25 de Setembro 1147, 3,
Av. de Angola, 1818 Rua dos Desportista, 83, 2º
Sekou Touré), 1179 R/C, Maputo, Salas 4/5/6
Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique
Moçambique Maputo, Moçambique
www.aberdare.co.za www.galpenergia.com
www.cotur.co.mz www.rangel.com
comercial@aberdare.co.mz placida.nguenha@galpenergia.co.mz
cotur@cotur.co.mz moçambique@rangel.com
T. + 258 21 46 64 96 T. + 258 21 32 37 06
T. + 258 21 35 97 00 T. + 258 21 32 07 35
F. + 258 21 46 63 96 F. + 258 21 42 70 34
F. + 258 21 35 97 01 C. + 258 840 793 275
associados CCMP
EAGLESTONE Moçambique S.A.
MILLENNIUM BIM SOMOTOR, SARL FLEETCO, Lda.
Rua dos Desportistas
AV. 25 de Setembro, 1800, Maputo, Av. Namaacha, N4, 1.5KM NR. Av. das FPLM, 322,
Edifício JAT 5, 4th Floor,
Moçambique 8274, Moçambique Maputo, Moçambique
Maputo, Moçambique
www.millenniumbim.co.mz www.somotor.co.mz fl.sales@fleetco.co.mz
www.eaglestone.eu
sede@millenniumbim.co.mz lucia.santos@somotor.co.mz T. + 258 21 46 29 19
eaglestone@eaglestone.eu
T. + 258 21 30 53 42 T. + 258 21 40 36 18 F. + 258 21 46 29 68
T. + 258 21 34 28 00
F. + 258 21 81 00 14 F. + 258 21 40 36 11 C. + 258 843 913 132
F. + 258 21 34 28 39
Accenture
SUMOL + COMPAL Moçambique
novos
PHC, LDA M. Av. 24 de Julho, 7, 4º A e B
Av. da Namaacha, Km 27,
Av. Samora Machel, 323, 3º (Ed. Polana Shopping)
Boane, Maputo, Moçambique
sócio4s
Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique
www.sumolcompal.pt
www.phc.co.mz www.accenture.com
amelia.sobral@mz.sumolcompal.
info@phc.co.mz markenting.mocambique@
201
com
T. + 258 21 31 27 44 accenture.com
C. + 258 843 022 388
F. + 258 21 31 27 43 T. +258 21484994
C. + 258 843 022 399
F. +258 21484986
HIDROELETRICA DE CAHORA
MC CONSULTING
BASSA
SOPOCOS, Lda Av. Zedequias Manganhela Edf JAT
Av. de Setembro, 420, 6º,
Av. Da Namaacha, 288, IV 267, R/C, Maputo, Moçambique
Prédio Jat 1, Maputo, Moçambique
Moçambique www.mcconsulting.co.mz
www.hcb.co.mz
buque2004@yahoo.com.br mc@mcconsulting.co.mz
cas.maputo@hcb.co.mz
C. + 258 843 928 180 T. + 258 21 49 38 56
T. + 258 21 35 07 00
C. + 258 849 500 632”
F. + 258 21 35 07 10