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Guia para Negócios em Moçambique

Importações
Exportações
Últimos indicadores
Ano IV // Outubro/Dezembro 2014 // N.º 5

Miguel Frasquilho
em grande entrevista
“Vários investimentos em Moçambique
têm sido feitos na base de parcerias”

Embaixadores de
Moçambique e Portugal
Partilham pontos de vista sobre relações
politico-económicas entre os dois países
Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 1

Daniel David

Editorial
Presidente da CCMP

Uma parceria para investir e crescer

A economia As relações comerciais entre Moçambique e Portu- Neste quadro, a Câmara de Comércio Moçambique
moçambicana gal estão cada vez mais fortes. A balança comercial Portugal (CCMP) tem sido um agente destacado
continua em entre os dois países mostra que, numa altura em assumindo a missão de trabalhar para a melhoria
que a economia moçambicana continua em expan- do ambiente de negócios no geral, tendo como
expansão e
são, Portugal vem reafirmando a sua posição como um dos eixos da sua actuação tornar as trocas
Portugal tem
um parceiro privilegiado. comerciais entre os dois países mais competitivas e
know-how capaz benéficas.
de contribuir As trocas comerciais são apenas um sinal do
para uma maior reforço dos laços bilaterais, que vai muito além da Através desta publicação, a CCMP traz aos seus
competitividade. ligação história e da afinidade linguística. Moçambi- associados um canal para aproximar os empresários
A relação bilateral que precisa de investimento para capitalizar os seus de ambos os países e reduzir a assimetria de infor-
torna-os mais recursos e Portugal tem know-how necessário em mação entre as partes de modo a fazer prosperar
fortes. áreas muito específicas (construção, produção de os seus negócios.
papel, entre outros) para contribuir para um Mo-
çambique cada vez mais competitivo a nível global. Aproveitamos este espaço para saudar a AIP pelo
esforço e empenho em trazer-nos, anualmente,
Este é o caminho que empresários de ambos os o Fórum Portugal Exportador, ao qual a CCMP se
países devem ajudar a traçar, criando oportunidades associa com orgulho.
de investimento e crescimento nos dois sentidos,
para que esta seja uma relação clara de benefícios Desejamos-lhe uma boa leitura! 
mútuos.

Guia para Negócios em Moçambique


índice 2

30
Advogados e economistas colocam o acento tónico na capacidade do Governo em concretizar
várias infra-estruturas essenciais para o sector da Energia

Ficha técnica
Propriedade
04 Moçambique não é um “El Dourado”
10 Importações acompanham
crescimento da economia
14 Opinião. Amina Abdala, Associada Moçambique
Sénior do Gabinete Legal Av. 25 de Setembro, 1123, Prédio Cardoso,
Moçambique 4º Andar, Flat C, Maputo
T. +258 21 304 580 | Tm. +258 843 009 291
16 Entrevista a André Olivença, Partner ccmp@ccmp.org.mz | ema.soares@ccmp.org.mz
Portugal
da KPMG Moçambique Delegação em Lisboa
Av. D. João II, Lote 1.13.03 F, Escritório 6,
20 Empresas de serviços apostam Parque das Nações, 1990-079 Lisboa
T. +351 218 937 000 | Fax. +351 218 937 009
em Moçambique

35
nuno.tavares@ccmp.org.mz

24 Grande Entrevista a Miguel Delegação no Porto


Rua da Serra, 654, Folgosa (Maia)
Frasquilho, Presidente da AICEP Aprt. 1193, 4446-909 Ermesinde
Entrevista a Fernanda Lichale, T. +351 229 688 553/961314300
28 Política económica entre Embaixadora de Moçambique em Portugal mjcrosa@hotmail.com

Moçambique e Portugal é para


intensificar
Direcção Daniel David
30 Os desafios do Ministro da Energia edição Bright Adventure S.A.

41 Informações úteis
42 Lista dos associados da CCMP textos António de Albuquerque
44 Agenda Paginação Filipa Andersen
Fotografia GRUPO DST; Grupo SOICO; DR
Publicidade
mcarmosantos@bright.com.pt
mariarosariopires@bright.com.pt
Impressão Empresa Diário do Porto
Periodicidade Trimestral

37
Tiragem 5000 exemplares
Depósito legal 379786/14
Distribuição Gratuita aos sócios da CCMP,
entidades oficiais e empresariais em Moçambique
Entrevista a José Augusto Duarte, e Portugal. É interdita a reprodução total ou parcial
Embaixador de Portugal em Moçambique por quaisquer meios de textos, fotos e ilustrações
sem a expressa autorização do editor.

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


nome rubrica etc
Fórum 4

A
s oportunidades de negócios em

Moçambique não é Moçambique são inúmeras mas


Moçambique não é um “El Doura-

um ‘El Dourado’
do” como muitos podem pensar. A
expressão é de Fernando Carvalho,
director Coordenador do Centro de Negócios
da AICEP em Maputo em declarações à revista
O potencial da economia moçambicana é enorme mas para Moz’in. Esta é uma das ideias que o respon-
quem quer investir tem que estar preparado para uma aposta sável da AICEP transmitiu no evento intitulado
de médio e longo prazo. Défices de infra-estruturas, escassos África: Moçambique, realizado no passado dia
recursos humanos e financiamento com taxas de juro que 19 de Novembro e que foi promovido pela
podem chegar aos 20% são alguns dos obstáculos. Câmara de Comércio Moçambique Portu-
gal, AICEP, NovoBanco e ainda Associação
Industrial Portuguesa (AIP). Para Fernando
Carvalho, o mercado moçambicano oferece
muitas oportunidades de negócios em vários
sectores de actividade que vão desde a cons-
trução e materiais de construção, indústria,
metalomecânica, agro-indústria e turismo. Mas
existem também questões que necessitam de
ser explicadas a todos os que têm a ideia de
investir em Moçambique. “Muitos empresários
olham para os indicadores de Moçambique
e constatam taxas de crescimento da riqueza
muito significativas, acima dos 7%, mas o que
acontece é que este mercado ainda é muito
pequeno apesar de uma população com
cerca de 24 milhões de habitantes”, sublinha
Fernando Carvalho.
Mas não foi o único a chamar atenção para
os devidos cuidados para quem pretende
investir na pérola do Índico. Alexandre Ascen-

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 5

Nome rubrica etc


Fórum
ção, empresário do sector do imobiliário e
da construção e com uma longa experiência O que diz
na área da logística naquele país reconhece a lei das terras
alguns “handicaps” na economia. Na interven-
Apesar de algumas emendas à Constituição de 2004, a terra continua a
ção no Fórum Africa: Moçambique, intitulada
ser propriedade do Estado, tendo sido efectuadas alterações relativamente
“As vantagens competitivas dentro da SADC e aos terrenos urbanos de modo a fazer face à enorme pressão sobre os
a logística integrada no País” e na qualidade solos. Para a sua utilização é necessária a obtenção de um DUAT (Direito
de vogal da direcção da Câmara de Comércio de Uso e Aproveitamento da Terra), sendo normalmente outorgado por
Moçambique Portugal (CCMP), o dirigente um período de 50 anos, que pode ser renovado uma vez. Existem três
níveis de concessão: até 1.000 hectares, é concedida pelo Governador de
associativo alerta para insuficiências de mão-
cada Província; de 1.000 a 10.000 hectares, pelo Ministro da Agricultura;
de-obra qualificada, as limitações de recruta- acima desse valor, pelo Conselho de Ministros. Em todos os níveis, a
mento de quadros estrangeiros, financiamento concessão é precedida de uma consulta à Comunidade onde o terreno se
e ainda para a lei das terras (ver caixa). localiza e ainda do aval técnico dos Serviços de Geografia e Cadastro.
Aliás, o empresário e dirigente associativo não
deixou de lançar algumas ideias para o novo
Presidente da República e novo Executivo
quanto a medidas de defesa da economia 250 milhões de euros. Fernando Carvalho re-
moçambicana. “A melhoria do ambiente de correu mesmo a um exemplo para demonstra
negócios e construção de infra-estuturas que as dificuldades de logística do país. “Um barco
permitam a ligação aos mercados da Comu- que saia de Leixões demora perto de 45 a 60
nidade para o Desenvolvimento da África dias a chegar ao destino, depois o custo de
Austral (SADC), entre outros”, referiu Alexandre transporte interno de Macala a Pemba, perto
Ascenção. Uma ideia também partilhada por de 400 Km, custa o mesmo que o transporte
Fernando Carvalho que classifica a escassez marítimo de Leixões para Moçambique”.
de recursos humanos e uma rede ferroviária Por isso as questões das infra-estruturas e
e rodoviárias mais fortes com aqueles países da logística foram temas sempre em debate.
permitem olhar para um mercado de mais de Aliás, existe a ambição do Governo de Angola,

Guia para Negócios em Moçambique


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 7

Fórum
Zâmbia anuncia
ligação dos dois
oceanos

Segundo a imprensa angolana a


Zâmbia vai iniciar a construção
de uma linha ferroviária que vai
ligar Chingola, no coração da
antiga província de Copperbelt,
à fronteira de Angola, onde se
junta ao caminho-de-ferro de
Benguela. “A linha ferroviária
vai ser construída numa parceria
entre os sul-africanos da Grindrod
de Moçambique e da Zâmbia recuperar a e os zambianos da Northwest Rail
ligação entre os dois países através do cami- Company e tem duas fases: uma
nho-de-ferro lembrando um pouco a viagem que se estende desde Chingola
até às minas de Kansanshi,
de Serpa Pinto em 1877, por forma a con- Lumwana e Kalumbila (uma via
substanciar a pretensão de Portugal a exercer de 290 quilómetros) e outra que
soberania sobre os territórios entre Angola vai ligar à linha de Benguela na
e Moçambique, nos quais hoje se situam a fronteira da Zâmbia com Angola,
Zâmbia, o Zimbábue e o Malawi, numa vasta perto de Jimbe”, escreve o Jornal
de Angola. “Quando o projecto
faixa de território que ligava o Oceano Atlântico estiver concluído, a zona austral
ao Índico (ver caixa). do continente vai passar a ter
Seja como for os empresários estão confron- uma linha ferroviária a ligar o
tados com um mercado tão grande como o Oceano Atlântico (Angola) ao
mercado brasileiro mas claro ainda sem ainda Índico (Moçambique)”, sublinha-se
no texto. O objectivo é abrir um
o mesmo poder de compra. Tiago Mendonça, corredor directo até ao Lobito, para
administrador da MZ Betar e também vogal permitir que a Zâmbia, um país sem
da CCMP também deixou aos presentes a saída para o mar, importe produtos
mesma perspectiva de olhar paras várias opor- como o petróleo, directamente de
tunidades que se podem concretizar a partir Angola.
de Moçambique, concretamente junto dos
países da SADC. “Temos caminho para fazer
em Moçambique e noutros países”, enfatizou
o empresário numa apresentação sobre o pro- O enorme potencial agrícola
jecto de Katembe, intitulado precisamente “O de Moçambique
melhor projecto transversal de África”. Aliás, o Susana Barros, economista do NovoBanco na
empresário considera como o melhor porque sua intervenção assinalou as potencialidades
foi desenvolvido ainda antes da construção da do mercado moçambicano afirmando mesmo
ponte e em declarações à revista Moz’in dá o que “Moçambique tornou-se um dos países
exemplo da margem sul do Tejo. “Já imaginou mais promissores de África”. A economista, a
a diferença que seria termos tido um plano de par da demonstração das vantagens para a
ordenamento na margem sul da ponte sobre economia das “importantes descobertas de
o Tejo antes da sua construção? Foi o que gás natural na bacia do Rovuma ao largo do
Moçambique não fez”, enfatizou o empresário. norte de Moçambique e na Província de Tete
Mensagens sobre um mercado de 250 as elevadas reservas de carvão inexploradas”
milhões de pessoas que não são também salientou a importância do sector agrícola
alheias ao facto de a partir do próximo ano caí- também no contexto da África Subsahariana
rem as tarifas aduaneiras entre os países que e da SADC. Quanto ao este último sector
compõem a SADC, como salientou Alexandre afirmou que existe um “largo potencial ainda
Ascenção quando questionado sobre as vanta- por realizar e que se traduz numa elevada
gens do mercado moçambicano. Desta forma, percentagem de área agrícola não explorada -
o empresário elegeu como mensagem-chave 89% de uma área agrícola total de 49 milhões
que devemos “olhar para Moçambique como de hectares, e de grandes bacias hidrográficas
um país capaz de exportar aproveitando os que permanecem largamente não exploradas
diversos acordos comerciais e sua localização (Zambeze, Save, Limpopo)”. A economista vai
geoestratégica, tão perto dos países que mais mais longe ao assumir que este sector é mais
crescem e consomem”. importante que o sector do gás e do carvão

Guia para Negócios em Moçambique


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Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 9

Nome rubrica etc


Fórum
para concretizar o tão desejado desenvolvi- país, em termos de oportunidades de negócio.
mento sustentado do país. “O setor agrícola Mas não deixou de fazer um alerta às novas
encontra-se particularmente bem posiciona- autoridades políticas. Será “fulcral para Mo-
do para mais facilmente permitir converter çambique saber posicionar-se num panorama
o crescimento, nomeadamente na área da mundial onde a oferta de shale gás dos EUA
exploração dos recursos energéticos (carvão, está em forte crescimento, bem como a oferta
gás natural e hídrica) no desejado desenvolvi- de GNL em termos mundiais. Não é discutí-
mento inclusivo, permitindo que mais vastos vel a dimensão e qualidade das reservas de
setores da população possam ser beneficia- gás natural descobertas em Moçambique,
dos”, diz Susana Barros. contudo, será decisiva a capacidade demons-
Fernando Carvalho também chama atenção trada para, atempadamente, conseguir reunir
para o facto de Moçambique estar na mira de as condições necessárias (sobretudo logísticas
empresários de todo o mundo e de “países mas também de enquadramento legal) para
com dinheiro”, como a China, Índia, França, atrair os investidores indispensáveis à efetiva
Brasil e África do Sul. Depois foram dados concretização dos projectos”. Aliás, a econo-
vários alertas sobre o custo do dinheiro em mista apresentou contas do impacto positivo
Moçambique que chega a superar a casa dos que as novas descobertas poderão ter sobre
20%. “O dinheiro existe nos bancos, mas a riqueza do país que neste momento ronda
custa entre 15 a 20% ao ano, e tem que fazer os 15 mil milhões de euros. “O impacto ao
bem as contas se o seu negócio, suporta estes nível do Produto Interno Bruto (PIB) poderá
encargos”, revela Alexandre Ascenção. Um atingir um valor próximo de 39 mil milhões de
tema relevante e que levou a organização do dólares, até 2035 (com o PIB per capita a pas-
evento convidar Duarte Vaz, analista da So- sar de USD 650 para USD 4500). Os efeitos
ciedade para o Financiamento do Desenvolvi- positivos serão também esperados ao nível do
mento (SIFID) a expor a panóplia de produtos emprego, das fontes de receitas para o estado
financeiros para os empresário que pretendem existindo uma consciencialização da extrema
investir em mercados como o moçambicano. importância de promover um desenvolvimen-
Partilhando da opinião das principais mensa- to sustentável do país”. 
gens dos vários oradores, Adolfo Correia, dono
da maior empresa moçambicana do sector
da distribuição alimentar e vice-presidente da
CCMP em declarações à Moz’in reconhece
que “Moçambique cresceu muito nesta ultima
década possibilitando o surgimento e conse-
quente crescimento dos vários operadores que
decidiram investir e agarrar oportunidades”.
Mas quando questionado sobre o futuro é
peremptório em afirmar que “acredito que irá
evoluir para um mercado de investidores, ou
seja, grandes grupos internacionais que virão
para Moçambique onde se associam, com-
pram ou montam de raiz os negócios com um
gigantesco poder económico, onde a competi-
tividade dos produtos associada a um elevado
serviço tornarão o regime de competitividade
dos pequenos investidores independentes
inviáveis”. E remata: “esta é uma realidade
incontornável…”

Energia no centro das atenções


“Moçambique poderá vir a tornar-se um
dos maiores produtores de GNL do mundo.
Estima-se que as primeiras produções ocorram
em 2019/2020, e o potencial para a econo-
mia Moçambicana é enorme”. Foi desta forma
que a economista do Novo Banco, Susana
Barros demonstrou a importância daquele

Guia para Negócios em Moçambique


Exportação 10

Importações acompanham
crescimento da economia
Para os economistas os grandes projectos obrigam a um
aumento das importações superior às exportações. Para Portugal,
Moçambique assume cada vez mais um papel relevante no
comércio externo.

A
economia moçambicana tem
surpreendido instituições e eco-
nomistas pelo crescimento nos
últimos anos. Ainda, recentemente
segundo um estudo elaborado pe-
los economistas do Banco de Portugal (BdP)
a economia moçambicana voltou, no ano
passado, a registar um crescimento elevado
de 7,4% “afirmando-se com uma das mais
dinâmicas da África subsariana” o que contri-
buiu para um “crescimento real de 7,4%, na
última década, claramente superior aos 4,8%
do conjunto dos países da Southern African
Development Community (SADC). Tudo indica
que estas taxas de crescimento vão manter-se
nos próximos anos. Segundo a Economist In-
telligence Unit (EIU), o padrão de evolução da
economia moçambicana continuará, até 2018,
a registar estimulantes níveis de crescimento,
graças ao rápido desenvolvimento do sector
extrativo e aos investimentos no gás natural.
Todavia, estes economistas também apon-
tam alguns riscos devido ao abrandamento
económico nos mercados emergentes, China
incluída, bem como a diminuição da procura
global de commodities que constituem um
entrave ao crescimento das principais exporta-
ções moçambicanas.
Se o crescimento da economia é um dado
adquirido, devido ao contributo positivo dos in-
vestimentos em grandes-projectos na área dos
recursos naturais, o que os estudos apontam
é para uma nova realidade que começa agora
a ganhar consistência. A actividade económica
em 2013 “terá sido dinamizada pelo consu-
mo e pelas exportações de bens, apesar do
consequente aumento das importações de
bens de capital e de consumo”, com benefí-
cios directos para as contas públicas, concreta-
mente para o Orçamento do Estado, segundo
o economistas do BdP. Apesar do rendimento
dos moçambicanos ainda não ultrapassar os
mil dólares per capita, é também verdade que

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


exportação 12

está em crescendo. Por isso, também não será


alheio o facto dos economistas EIU estimarem
que as compras moçambicanas ao exterior
apontem para uma expansão na ordem dos
12,2% respectivamente, mas verdade seja dita
mais impulsionada pela procura resultante dos
grandes projetos de investimento nos sectores
mineiro, dos hidrocarbonetos e das infra-es-
truturas. Aliás, é expectável que ao longo dos
próximos anos, o ritmo de crescimento das
importações continue a ser superior ao das
exportações. Para todos os economistas as

Número de empresas que


exportam para Moçambique
2008 2009 2010 2011 2012
1 316 1 378 1 580 2 040 2 677
Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística

importações estão em ciclo ascendente e não


deverão alterar este padrão até 2018, ano em
que poderão atingir 13 mil milhões de dólares,
impulsionadas pelas necessidades de equipa-
mento das empresas. A forte expansão destes
sectores fará também aumentar a necessidade
de serviços técnicos especializados provenien-
tes do exterior (ver texto da página 21), o que
conduzirá a um agravamento do défice da
balança de serviços.
E quanto às exportações moçambicanas? De Evolução das trocas comerciais entre os dois países
acordo com o EIU, a exportação moçambica- 2009 2010 2011 2012 2013
na de alumínio, atualmente a maior fonte de Exportações de Portugal 120 883 150 717 216 885 286 623 326 839
receita da sua atividade exportadora, deverá Exportações de Moçambique 42 800 29 184 41 983 16 428 62 721
Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística
crescer, entre 2014 e 2018, de 1.100 para
1.200 milhões de dólares, suportada pela su-
bida da sua cotação no mercado internacional.
O carvão, a segunda fonte de receita, deverá
suplantar o alumínio a partir do próximo ano,
logo que entre em funcionamento uma nova As exportações das empresas
ligação ferroviária ao porto de Nacala. Em
termos de volume, a exportação de carvão po-
moçambicanas para Portugal
derá atingir 22 milhões de toneladas em 2018 bateram um recorde histórico ao
(6,5 milhões de toneladas em 2014), gerando crescerem 282% no ano passado e
uma receita superior a 3 mil milhões de dóla- atingiram um volume de 63 milhões
res. O gás, atualmente apenas exportado para
a África do Sul, deverá tornar-se, no médio pra-
de euros. As exportações para
zo, numa das principais fontes de rendimento. Moçambique aumentaram 13% em
Perante este cenário, o EIU antecipa que as relação ao ano anterior, atingindo
exportações moçambicanas deverão crescer 327 milhões de euros. Portugal
mais de 60% entre este ano e 2018.
subiu uma posição no ranking
Relações comerciais entre os dois dos fornecedores de Moçambique
países em crescendo passando de 7º para 6º lugar
Moçambique tem vindo a assumir uma maior
relevância enquanto cliente de Portugal tendo
ocupado, em 2013, a 19ª posição no ranking

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 13

exportação
Os produtos mais exportados Os produtos mais exportados
POR PORTUGAL por Moçambique
2013 2013
Máquinas e aparelhos 120 246 Alimentares 39 465
Metais comuns 40 654 Agrícolas 10 224
Veículos e outro mat. transporte 28 429 Matérias têxteis 1 544
Alimentares 25 345 Metais comuns 1 030
Químicos 20 149 Máquinas e aparelhos 635
Pastas celulósicas e papel 15 807 Plásticos e borracha 39
Plásticos e borracha 14 296 Instrumentos de óptica e precisão 34
Agrícolas 9 796 Madeira e cortiça 9
Minerais e minérios 9 523 Veículos e outro mat. transporte 4
Instrumentos de óptica e precisão 5 240 Peles e couros 2
Vestuário 4 046 Minerais e minérios 2
Madeira e cortiça 3 621 Pastas celulósicas e papel 2
Matérias têxteis 3 354 Combustíveis minerais 1
Combustíveis minerais 2 211 Químicos 1
Calçado 2 033 Vestuário 0
Peles e couros 979 Calçado 0
Outros produtos 21 110 Outros produtos 9 729
Valores confidenciais 0 Valores confidenciais 0
Total 326 839 Total 62 721
Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística
Unidade: Milhares de euros Unidade: Milhares de euros
§ - Coeficiente de variação >= 1000% ou valor zero em 2012

(com uma quota de 0,69% das exportações das exportações (12,4% do total em 2013),
portuguesas), quando em anos recentes seguindo-se os veículos e outros materiais de Investimento directo

50 M€
(2009) se situava no 27º lugar. Como forne- transporte (8,7%), os produtos alimentares
cedor o seu posicionamento ainda é pouco re- (7,8%), os produtos químicos (6,2%) e as
levante, não indo além do 58º lugar no último pastas celulósicas e papel (4,8%), onde se
ano (0,11% das importações portuguesas). incluem os livros como principal produto. O Este foi o montante de
No contexto dos países africanos de língua conjunto formado pelos seis principais grupos investimento direto português
oficial portuguesa, Moçambique surge, em de produtos representa 76,7% das exporta- realizado em Moçambique
2013, como terceiro cliente, a seguir a Angola ções para Moçambique em 2013 (76,3% em nos primeiros três meses do
e a Cabo Verde, e como segundo fornecedor, 2012). corrente ano. Um investimento
depois de Angola. Por isso também não é de E quanto às exportações de Moçambique para que representa 57% do total
estranhar que a balança comercial luso-mo- Portugal? Os números dizem que os açúca- do investimento aprovado
e realizado no país. No ano
çambicana seja tradicionalmente favorável a res (62,9%), crustáceos (15,5%) e tabaco
passado o valor de investimento
Portugal, tendo registado um saldo de 264 não manufacturado (15,4%). Mais de 95%
direto atingiu os 93 milhões de
milhões de euros em 2013 (o segundo mais das importações portuguesas de produtos
euros com o sector financeiro
elevado dos últimos 5 anos. industriais transformados provenientes de a liderar o ranking com mais
Em 2013, as exportações portuguesas para Moçambique (que representam 46,8% das de 62,7% do total, seguindo-se
o mercado moçambicano atingiram cerca de importações totais). a construção e as indústrias
327 milhões de euros (+14% face a 2012), transformadoras com 29,6% e
verificando-se, também, um acentuado 4,6% respectivamente.
aumento das importações (+281,8%), que
totalizaram perto de 63 milhões de euros. O
grupo das máquinas e aparelhos tem sido
dominante nas exportações portuguesas para
Moçambique (36,8% do total em 2013)
e registou, no último ano, um crescimento
de 10,5% face a 2012. O grupo dos metais
comuns ocupa a segunda posição no ranking

Guia para Negócios em Moçambique


opinião 14

AS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS
EM MOÇAMBIQUE

C
om o objectivo de envolver, cada A Lei define PPPs como “empreendimento
vez mais, parceiros e investido- em área do domínio público, excluindo o de
res privados na prossecução de recursos minerais e petrolíferos, ou em área
empreendimentos de Parceria de prestação de serviço público, no qual,
Público-Privadas (“PPP”), Projectos mediante contrato e sob financiamento, no
de Grande Dimensão (PGD) e Concessões todo ou em parte, do parceiro privado, este se
Empresariais (CE), de garantir uma maior obriga, perante o parceiro público, a realizar o
eficiência, eficácia e qualidade na exploração investimento necessário e explorar a respectiva
de recursos e de outros bens patrimoniais actividade, para a provisão eficiente de servi-
nacionais, bem como de assegurar uma pro- ços e bens que compete ao Estado garantir a
visão eficiente de bens e serviços à sociedade sua disponibilidade aos utentes.”
e à partilha com equidade, dos respectivos A implementação e prossecução do em-
benefícios, o Estado Moçambicano aprovou a preendimento de PPP pressupõem sempre
Amina Abdala, Associada Sénior Lei n.º 15/2011, de 10 de Agosto que estabe- a criação de “entidade implementadora” pelo
do Gabinete Legal Moçambique lece as normas orientadoras do processo de parceiro privado. Esta entidade deverá reunir
contratação, implementação e monitoria de os seguintes requisitos: (i) revestir a forma de
empreendimentos de PPP, de PGD e das CE, sociedade comercial, nos termos da legisla-
posteriormente regulamentada pelo Decreto ção aplicável; (ii) ter um objecto claramente
n.º 16/2012, de 4 de Julho. delimitado e monitorável; (iii) ter duração não

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 15

opinião
inferior ao período de vigência do contrato os decorrentes da sua participação social em
relativo ao empreendimento. cada empreendimento de PPP e a percepção
A partilha do risco entre as partes é um dos do valor das imposições tributárias, correspon-
elementos que caracteriza as PPPs, devendo dente à 35% do lucro total anual apurado para
essa partilha figurar, de forma clara, no contra- efeitos fiscais em cada exercício económico
to. Em geral, os riscos inerentes a capacidade respectivo; (vi) Elaboração de programas de
profissional, técnica, tecnológica, comercial ou reassentamento e de responsabilidade, de-
de prossecução das actividades são imputá- senvolvimento e sustentabilidade sociais, junto
veis ao parceiro privado. Os riscos políticos das comunidades locais, a serem acordados
e legislativos e de conflitos de interesse de com as populações afectadas; (vii) Partilha de
natureza institucional e de concessão da terra benefícios extraordinários, como por exemplo,
e de planeamento público são imputáveis ao de quantias resultantes da venda ou alienação,
parceiro público. ainda que ilegal, de acções do capital social,
Os benefícios financeiros e económicos espe- de títulos ou de licenças de exploração de
rados de uma PPP são: (i) Reserva de 5% à recursos nacionais ou resultantes do em-
20% da participação social da contratada ou preendimento, independentemente de a sua
da entidade implementadora ou no capital realização, ocorrência ou percepção ocorrer no
social do consórcio para alienar, na bolsa, a mercado nacional, regional ou internacional.
pessoas singulares nacionais; (ii) Participação Do ponto de vista prático ainda não se conhe-
de pessoas colectivas públicas ou privadas cem os pontos fortes e fracos da legislação
nacionais em empreendimentos de PPP, em em virtude de a sua aplicação ser muito re-
qualquer das fases do empreendimento e cente. Todavia, apontamos aspectos susci-
nos termos em que as partes negociarem e tadores de debate no seio dos investidores:
acordarem; (iii) Participação gratuita a favor (i) complexidade e morosidade do processo
do Estado correspondente a pelo menos de contratação de um empreendimento de
5% do capital social, em qualquer fase do PPP; (ii) reserva de 5 à 20% do capital social
empreendimento; (iv) Pagamento ao Estado da entidade implementadora para alienação
dos valores resultantes da taxa de adjudicação a pessoas singulares nacionais no âmbito da
ou de bónus ou prémio de assinatura, bem inclusão económica; (iii) reserva de 5% do
como da taxa de concessão, relativas a con- capital social para cedência gratuita a favor
trato de empreendimento de PPP, nos termos do Estado; (iv) abertura do capital social para
contratualmente acordados; (v) Pagamento pessoas colectivas públicas e nacionais. 
ao Estado de um valor mínimo anual de
benefícios financeiros para o Estado, incluindo

Guia para Negócios em Moçambique


entrevista 16

Entrevista a André Olivença


Partner da KPMG Moçambique

“A falta de infra-estruturas
adequadas tem resultado
no adiamento de alguns
investimentos importantes”
Como avalia as perspectivas económicas ramente, consideramos que todos os sectores
de Moçambique? estão a mover-se de uma forma muito rápida.
Investir em Moçambique pode-se dizer que De qualquer forma, sem dúvida que o sector
está na moda. Consideramos que o apetite financeiro, o sector energético, a área da
pelas oportunidades que o país oferece, em construção (residencial e comercial) e o sector
diversos sectores da actividade económica, das infra-estruturas e logística estarão no topo
não podem ser descuradas pelos investidores em termos de investimentos efectuados. E
portugueses. Claramente, a alavanca de cres- naturalmente, não nos poderemos esquecer
cimento do país irá depender fortemente do do sector mineiro. Apesar da conjuntura actual,
sector dos recursos minerais, particularmente acreditamos que os projectos de carvão vão
nas componentes da indústria extractiva e continuar a ter o seu papel em termos de
no desenvolvimento de projectos na área de criação de riqueza para o País. No entanto, o
Oil&Gas. As enormes reservas de gás natural sector mineiro não se resume ao carvão. Exis-
Moçambique está na existentes, poderão colocar Moçambique no tem outros minérios (grafite, areias pesadas,
moda. Quem o diz topo da lista de países produtores de gás à entre outros) que estão já hoje a captar o
é um dos principais escala mundial. Se comparamos a situação do interesse de diversos investidores, nacionais e
país actualmente com a situação existente há estrangeiros. Outros sectores mais tradicionais,
responsáveis da KPMG
uns anos atrás, é fácil constatar as diferenças. como é o caso da agricultura e do turismo,
em Moçambique, que
E pela positiva. O sector financeiro, o sector do apresentarão também boas oportunidades de
considera existirem retalho e dos bens de consumo ou mesmo a investimento. Efectivamente, há ainda muito
oportunidades de negócio área imobiliária, são bons exemplos do cresci- trabalho para se fazer nestes sectores. Apesar
em todos os sectores mento económico verificado. Adicionalmente, de existir um ambiente de negócios bastante
económicos já que estão a localização privilegiada de Moçambique e o competitivo, acreditamos que se os investi-
todos a mover-se de acesso aos principais mercados de exportação mentos forem bem planeados e ponderados,
uma forma muito rápida. (China, India, Japão) irá permitir uma janela de se os projectos puderem contar com os par-
Contudo, não deixa de oportunidade única para os investidores que ceiros locais adequados à situação específica,
assinalar dificuldades tomarem a decisão de entrar no mercado. As poderão estar reunidas as condições para ter
para as empresas que previsões existentes e publicadas por diversas sucesso em Moçambique.
pretendam investir, entidades, colocam o país a crescer a uma
taxa de crescimento anual na casa dos 8%, se Quais têm sido os principais obstáculos
concretamente uma
quisermos ser conservadores. Perante a estabi- das empresas para o seu crescimento?
deficiente cobertura de
lidade económica, social e política, não temos Consideramos que, em parte, os obstáculos
infra-estrutruras e ainda dúvida que Moçambique é um mercado muito encontrados no mercado moçambicano resul-
um peso significativo da interessante para se investir. tam da preparação inadequada por parte dos
economia paralela. investidores à realidade e ao mercado local. A
Dada a vossa experiência junto das nossa experiência tem permitido identificar fa-
empresas quais são os sectores eco- lhas internas, nomeadamente na abordagem e
nómicos que estão a demonstrar mais na falta de preparação da gestão relativamente
dinamismo? ao contexto local. Olhando para os factores
É uma pergunta frequentemente colocada externos, temos verificado que o informalismo
pelos nossos clientes e, de uma forma geral, e o volume de importações que não passam
pelos investidores que chegam ao país. Since- pelos trâmites legais têm gerado um mercado

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


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entrevista 18

paralelo, acabando por criar uma concorrência que terá, em princípio, benefícios fiscais (entre
desleal. Tem existido um esforço no sentido outros) na exportação dos seus produtos para
do aumento da fiscalização e regulação dos os outros países membro. Temos consciência
mercados, no entanto, não deixa de haver que esta vantagem competitiva não está a
muito trabalho para se fazer. ser explorada da forma eficiente por parte
Por último, a falta de infra-estruturas ade- dos investidores em Moçambique. Parte do
quadas ou a inexistência das mesmas tem nosso trabalho, acaba por revelar a potenciais
resultado no adiamento de alguns investi- investidores que o seu projecto pode ser
mentos importantes para o desenvolvimento muito valioso não apenas em Moçambique,
do País. Perante um mercado global cada vez mas num contexto regional, onde também
mais competitivo, o défice de infra-estruturas marcamos presença.
traduz-se em custos de produção e de logísti-
ca extremamente elevados, obrigando a uma Que sectores poderão avançar mais rapi-
preocupação constante de racionalização de damente para esses mercados?
recursos como forma de manter a competitivi- De imediato, todas as actividades económicas
dade dos negócios. ligadas ao sector financeiro, logística, metalo-
mecânica e componentes eléctricos, são sem
Os mercados dos países vizinhos de dúvida áreas a apostar. Existe actualmente um
Moçambique também são oportunidades défice significativo a nível de abastecimento
para as empresas? de energia elétrica na região da África Austral.
Não temos dúvida que Moçambique, feliz- Se atendermos ao crescimento expectável na
mente, está estrategicamente bem localizado. região, a tendência é que a procura continue a
Os países do “hinterland” como a Zâmbia, o exceder largamente a capacidade de geração,
Malawi e o Zimbabué dependem em grande transmissão e distribuição eléctrica, pelo que
medida de Moçambique em termos de acesso estão já identificados vários projectos neste
ao comércio e aos mercados internacionais. domínio. A perspectiva de Moçambique ser
Desta forma, Moçambique acaba por ser uma o país de base do investimento de empresas
porta de entrada e saída de bens e serviços, portuguesas é uma realidade que já acontece
sendo por isso um factor importante para o com alguns grupos económicos portugueses,
desenvolvimento da actividade económica dos alavancando no eixo geográfico Moçambique,
países vizinhos. A par de outras organizações África do Sul, onde existe uma comunidade
multilaterais, Moçambique é também membro portuguesa bastante significativa, e Angola, país
integrante da Southern African Development com elevado investimento directo nacional.
Community (SADC), o que significa que uma
actividade produtiva instalada em Moçambi- No entender da KPMG quais deverão ser
os passos que os empresários devem dar
para avançar para um processo de inter-
nacionalização?
Um processo de internacionalização para Mo-
“A falta de infra-estruturas adequadas ou çambique, embora possa parecer uma tarefa
a inexistência das mesmas tem resultado fácil, efectivamente não o é. Temos assessora-
no adiamento de alguns investimentos do diversas empresas portuguesas na entrada
importantes para o desenvolvimento do neste mercado, e o primeiro passo que
aconselhamos aos nossos clientes é conhecer
País. Perante um mercado global cada vez bem o mercado, dimensão, concorrência,
mais competitivo, o défice de infra- nível de informalismo, enquadramento legal e
-estruturas traduz-se em custos de produção fiscal, entre outros. Posteriormente, é neces-
e de logística extremamente elevados, sário ter o entendimento adequado sobre os
possíveis parceiros locais. Um investimento de
obrigando a uma preocupação constante de sucesso em Moçambique está invariavelmente
racionalização de recursos como forma de associado a uma boa escolha de parceiros. Fi-
manter a competitividade dos negócios” nalmente, o desenvolvimento de um plano de
negócios, ajustado à realidade de Moçambi-
que, é um aspecto que não deve ser negligen-
ciado de forma a tentar minimizar a ocorrência
de surpresas desagradáveis. Constatamos que,
mesmo perante varáveis externas que não

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 19

entrevista
tinham sido previstas anteriormente, o investi- O controlo da operação tem de ser rigoroso. É
dor está melhor preparado e dará uma respos- extremamente importante, diria mesmo crítico,
ta mais eficaz quando efectivamente analisou que os responsáveis pelo negócio ou pelo
e preparou previamente o investimento. No projecto estejam sedeados em Moçambique.
final do dia, aconselhamos os nossos clien- Não só se garante proximidade com os agen-
tes a se rodearem de parceiros, entidades e tes políticos e principais decisores económicos,
assessores que conheçam e vivam a realidade como se assegura proximidade com a restante
do dia-a-dia em Moçambique. Este conheci- estrutura de recursos humanos. A protecção
mento da realidade local só é possível estando laboral é rigorosa e há que ter noção do regi-
em Moçambique, não temos dúvidas quanto a me de quotas entre nacionais e expatriados,
esta matéria. que varia consoante se tratar de uma grande,
média ou pequena empresa.
As questões de organização, recursos Se atendermos à experiência própria, temos
humanos e financiamento são áreas que vindo a apostar na formação permanente e
os empresários também têm que con- qualificação dos nossos recursos. Muitos qua-
solidar antes de avançarem para outros dros de topo, e até alguns cargos ministeriais,
mercados? são gestores e individualidades que desenvol-
O investimento de arranque de uma nova veram o seu percurso profissional na KPMG.
operação em Moçambique, requer capacidade No próximo ano, iremos celebrar 25 anos de
de gestão e alguma disponibilidade financeira presença em Moçambique e podemos afirmar
por parte do investidor. O acesso ao financia- que a formação permanente dos nossos
mento é relativamente fácil em Moçambique, recursos, o desenvolvimento de um plano
no entanto, não será de estranhar taxas de de carreira profissional, o rigor na gestão e o
juro anuais entre os 16% e os 20%, consoan- controlo da operação são factores críticos de
te a capacidade de apresentar algum tipo de sucesso em Moçambique. 
colateral e ou garantias da casa-mãe.

Guia para Negócios em Moçambique


nome rubrica etc
Serviços 20

Empresas de
serviços apostam
em Moçambique
São cada vez mais as empresas de serviços que
apostam no mercado moçambicano. As grandes
infra-estruturas têm sido o chamariz para uma
aposta de longo e médio prazo.

Guia para
Moz’IN Negócios em Moçambique
// Outubro/Dezembro 2014
Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 21

serviços
sector da prestação de çambicanas apresentam muito know-how.
serviços está a crescer ano E o que nos dizem os números desta
após ano em Moçambique. nova realidade empresarial. Em termos da
As empresas de engenharia, estrutura das exportações portuguesas de
de serviços financeiros, as serviços para Moçambique, os transportes
consultoras, escritórios de advogados, trans- constituem a componente mais representa-
portes e agências de viagens têm sido as tiva, seguidos das viagens e turismo. Os ser-
mais activas no mercado moçambicano. Um viços financeiros, que nos anos anteriores
crescimento que está associado ao lança- revelavam uma fraca expressão, alcançaram
mento e construção dos grandes projectos em 2007 a terceira posição, ultrapassando
de infra-estruturas. Mas esta não é a única a construção que ocupava tradicionalmente
razão por estas empresas estarem apos- esse lugar. Relativamente ao turismo, salien-
tar em Moçambique. Muitos empresários te-se que as receitas resultantes do aloja-
começam agora também a piscar os olhos mento na hotelaria portuguesa de turistas
ao que se passa em países vizinhos de Mo- moçambicanos se têm situado nos últimos
çambique como África do Sul, Suazilândia, anos entre um máximo de 8,5 milhões de
Zâmbia, Lesoto, República Democrática do euros, em 2004, e um mínimo de 7,1 mi-
Congo ou ainda o Malawi. Concretamente lhões, em 2005, sendo a valor de 2008 de
os países que compõem South African De- cerca de 8,1 milhões de euros. Estes mon-
velopment Community uma organização re- tantes, que correspondem a uma quota de
gional de integração económica dos países cerca de 0,1% do total, revelam a reduzida
da África Austral e que compreende mais de importância que o mercado moçambicano
250 milhões de consumidores. Mas o que representa para Portugal neste domínio.
verdadeiramente está a motivar estes em- A importância das grandes obras é tão sig-
presários são também os grandes projectos nificativa que este ano a economia moçam-
lançados pelos respectivos governos e para bicana assistiu a uma melhoria do défice da
os quais as empresas portuguesas e mo- conta de serviços, devido precisamente ao

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Serviços 22

decréscimo da actividade do sector de cons- comercializar acessórios e equipamentos


trução dos grandes projectos e do sector para redes de distribuição eléctrica exterior
de transportes, que levou a uma redução e redes de distribuição de gás. Contudo, ao
da importação de bens intermédios e de longo dos últimos anos, a Resul desen-
bens de capital, segundo recentes números volveu também outras áreas de negócio
divulgados pelo Banco de Moçambique. como redes de telecomunicações, redes de
Refira-se que o comércio de serviços entre iluminação pública, redes de distribuição
Portugal e Moçambique totalizou em 2013 de água, produtos de energias renováveis e
aproximadamente 106.9 milhões de euros de aquecimento central. O grupo focalizou
de exportações e 56.4 milhões de euros de muito a sua estratégia nos mercados exter-
importações, pelo que a balança comercial nos focalizada a sua estratégia, nomeada-
bilateral nos serviços foi favorável a Portugal mente em moçambique como recolhesse
em cerca de 50.5 milhões de euros com a empresa. Uma das maiores e das mais
uma tendência de reforço desta posição emblemáticas empresas portuguesas, a
líquida. Efacec é outra empresa que apostou em
No sector do turismo, a Promontório é, por Moçambique. A empresa fornecedora
exemplo, uma das empresas mais activas ao de sistemas e soluções para as áreas da
fornecer serviços aos grandes promotores energia, engenharia, ambiente e transportes
turísticos que escolhem a empresa para está em 65 países. 
parceiro em projectos de referência. Trata-
se de um atelier que desenvolveu uma
expertise em múltiplas áreas e que cresce
nos mercados internacionais através de
parcerias estratégicas. Actualmente, a em-
presa em África está apostada em mercados
como angolano, argelino e moçambicano.
A Resul nasceu há 29 anos para produzir e

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


loGística,
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email: jchiboleca@globodistribuidora.co.mz, jchiboleca@gmail.com e gdl.geral@tdm.co.mz
Outros contactos:
Armando Chiboleca, Gerente Geral • Tels.: +258 828 893 233/+258 863 071 544 • email: achiboleca@globodistribuidora.co.mz
Olivia Chiconela, Secretária Executiva • Tels.: +258 829 088 245/+258 844 216 582 • email: olivia@globodistribuidora.co.mz
Julia Manhique, Operadora Comercial • Tels.: +258 823 621 740/+258 863 971 564 • email: jmanhique@globodistribuidora.co.mz
Acurcio Bahule, Operações • Tels.: +258 829 088 257 • email: abahule@globodistribuidora.co.mz

A Globo Distribuidora, Lda. assegura que qualquer carga é transportada desde o seu ponto de origem até
ao destino final, de forma segura e no mais curto espaço de tempo. A empresa fornece diversos serviços:
• Agenciamento de cargas nacionais e internacionais não proibidas
• Coordenação da logística e contratação de despachos de cargas nacionais e em trânsito
• Coordenação do transporte por vias marítima, aérea e terrestre para qualquer tipo de cargas não proibidas
• Coordenação de importação/exportação regular de carga seca e animais vivos
• Distribuição em todo o território moçambicano
• Transporte de carga para e de países vizinhos por estrada e caminho-de-ferro
• Manuseamento de cargas de grandes projectos a nível nacional e em trânsito via Moçambique
grande Entrevista 24

Entrevista a Miguel Frasquilho, Presidente da AICEP

“Vários investimentos em
Moçambique têm sido feitos
na base de parcerias”
O número de empresas a exportar para têm em termos de conhecimento do mercado
Moçambique, mais de 3 mil, tem crescido e da oferta portuguesa contribui para que as
a um ritmo acelerado, sobretudo nos dois empresas portuguesas encontrem na nossa
últimos anos. A que se deve este súbito casa um parceiro único para apostarem no
interesse das empresas portuguesas pelo mercado moçambicano.
mercado moçambicano? E além deste trabalho e das várias soluções de
Não qualificaria o interesse das empresas por- financiamento que o mercado apresenta aos
tuguesas no mercado moçambicano como um nossos empresários, as empresas portugue-
interesse súbito. O que temos vindo a assistir sas têm atualmente ao seu dispor um fundo
é ao crescente relacionamento entre as econo- dirigido especificamente ao investimento em
mias portuguesa e moçambicana, ambos paí- Moçambique: o Investimoz.
ses membros da Comunidade dos Países de Respondendo directamente à sua questão:
Língua Portuguesa (CPLP), e que tem reflexo sim, existe espaço e nós temos as ferramentas
no que é o negócio das empresas portuguesas para impulsionar ainda mais o crescimento
com este país. E é um relacionamento bilate- das nossas exportações e o estabelecimento
ral. Muito sustentado em parcerias e com o de parcerias entre empresas portuguesas e
objectivo de contribuir para o desenvolvimento moçambicanas.
económico e social de Moçambique.
É assim natural o atual momento de intensifi- Em relação às exportações, apesar dos
cação das relações económicas entre Portugal valores históricos conquistados no ano
e Moçambique – não súbito – tanto no que passado, na ordem dos 62milhões de
se refere ao comércio bilateral de bens e ser- euros e que se devem exclusivamente a
viços, como ao investimento. Para lhe dar um um produto, não considera pouco?
exemplo, no período 2009 a 2013, a taxa de Portugal está interessado e empenhado no
crescimento das exportações de produtos foi alargamento e aprofundamento do relaciona-
de 28,7%, passando de 121 milhões de euros mento económico e comercial com Moçambi-
para 327 milhões de euros. que. A presença do Senhor Presidente da Re-
pública de Moçambique e do Senhor Primeiro
Contudo, os números referentes às Ministro de Portugal no Fórum económico
exportações ainda são pequenos (pouco que organizámos no mês passado reforça a
mais de 300 milhões de euros). Existe importância que os temas económicos e o
espaço para aumentar? desenvolvimento das parcerias entre empre-
Sem dúvida. No recente Fórum Económico sas dos dois países, numa base win/win, têm
Moçambique-Portugal, que organizamos para o desenvolvimento de ambos os países.
juntamente com a Embaixada de Moçambique Portanto, eu acredito que temos muito espaço
em Portugal, e que contou com a presença para crescer em conjunto.
do Presidente Armando Gebuza, tive oportu-
nidade de afirmar que, apesar do crescimento Temos assistido a um certo desinvesti-
verificado nos últimos anos, o comércio de mento em Moçambique por parte dos
bens e serviços entre Portugal e Moçambique empresários lusos e o volume de inves-
pode ser muito potenciado. E a AICEP pode timento médio nos últimos anos não
ser um parceiro fundamental para esse cres- superou os 125 milhões de euros. Acha
cimento. O know-how técnico que as equipas que ainda existe algum receio por parte

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 25

Nome rubrica
grande entrevista
etc
“A descoberta de importantes
reservas de gás (que prometem
colocar o país entre os dez
principais produtores mundiais)
e de carvão vai certamente
impulsionar o desenvolvimento
do país o que, aliado a um fator
fundamental para o investimento,
que é a estabilidade política,
criará novas perspetivas para o
Investimento em Moçambique”

Guia para Negócios em Moçambique


grande Entrevista 26

dos empresários em investir em Moçam- portuguesas que se deslocam a Moçambique,


bique tendo até em atenção o número a empresas e associações moçambicanas que
em crescendo de empresas que exporta? se desloquem a Portugal e a participação na
Portugal é um dos principais investidores em FACIM e noutras feiras e eventos desta nature-
“As empresas Moçambique e as empresas portuguesas têm za são exemplos da nossa atividade diária.
uma já longa tradição no mercado, com pre- A AICEP tem acordos de cooperação assinados
portuguesas que sença nos mais diversos setores da economia. com entidades congéneres em Moçambique
têm investido no A importância da presença portuguesa pode (tais como o IPEX e o CPI) que têm por objeti-
mercado têm uma ser avaliada pelo facto de 28 das 100 maiores vo a cooperação institucional e a promoção do
forte preocupação empresas moçambicanas terem participações relacionamento económico bilateral.
de capital português.
com a geração Em 2013, Portugal ocupou a 3ª posição no Ainda em relação ao investimento, o pri-
de emprego Investimento Direto Estrangeiro em Moçam- meiro-ministro de Portugal, Pedro Passos
local e com a bique e foi o país com maior número de Coelho instigou os empresários moçam-
sua formação, projetos aprovados (118 em 2012 e 168 em bicanos em investir em Portugal? Existem
2013). oportunidades? Quais?
criando laços com O desinvestimento que se verificou nos últi- O mercado português, inserido no mercado
a sociedade civil, mos anos ficou a dever-se à venda de ativos europeu, é um mercado bastante competitivo,
o que mostra que do Estado Português e não com a atividade do exigindo das empresas que ali se querem
o empresário setor privado, que continua a crescer, o que estabelecer a capacidade de utilizar fatores de
mostra a confiança que os empresários portu- diferenciação de mercado ou tecnologias que
português gueses têm no desenvolvimento da economia lhe permitam uma redução de custos que as
considera investir de Moçambique. tornem competitivas ao nível de preços.
em Moçambique Atualmente Portugal oferece aos empresários
numa perspetiva Tendo em atenção o risco do país, bem que queiram investir na nossa economia fac-
como toda a bateria de indicadores que tores bastante e cada vez mais competitivos.
de médio e longo suportam a decisão dos empresários de Repare, temos hoje em vigor uma reforma da
prazo” investirem em determinado país, pergun- tributação direta sobre as empresas, isto é,
to como avalia precisamente o risco em do regime de IRC (Imposto Sobre o Rendi-
investir em Moçambique? mento das Pessoas Colectivas), que deve ficar
Nós não nos limitamos a avaliar riscos. A completa até 2018, e com a qual se prevê
AICEP aconselha as empresas portuguesas a que o país ofereça um dos mais competitivos
avaliar as oportunidades e os riscos antes de regimes de IRC da União Europeia, não só ao
investirem em qualquer país. Não enfatizamos nível da taxa (que se prevê possa atingir 17%
este ou aquele factor. em 2018, face aos atuais 31.5%), mas ao
Em relação a Moçambique, o que é visível nível de várias outras vertentes do imposto. Ao
é que a economia moçambicana é cada vez mesmo tempo, Portugal convergiu para a mé-
mais sólida e com grandes oportunidades de dia da OCDE no que concerne à flexibilidade
crescimento e de parcerias para as empresas do mercado de trabalho. Foi também iniciada
portuguesas. A descoberta de importantes uma reforma do sistema judicial que fará com
reservas de gás (que prometem colocar o país que a nossa justiça seja mais célere e mais
entre os dez principais produtores mundiais) confiável no futuro pelos investidores; e têm
e de carvão vai certamente impulsionar o sido dados passos importantes na desburo-
desenvolvimento do país o que, aliado a um cratização das Administrações Públicas Além
fator fundamental para o investimento, que é disso, Portugal é um país que oferece um
a estabilidade política, criará novas perspetivas sistema científico e universitário de qualidade,
para o Investimento em Moçambique. redes de infra-estruturas de telecomunicações
e logística de topo, e uma ampla gama de
… é isso que diz aos empresários que fornecedores e empresas de referência, entre
querem investir em Moçambique? outros factores como apoios financeirose
A AICEP, enquanto agência pública para a incentivos fiscais.
captação de investimento estrangeiro e pro-
moção do comércio externo e do investimento Tem sido recorrente por parte dos em-
português no estrangeiro, está profundamente presários moçambicanos e também das
empenhada no alargamento e aprofundamen- autoridades moçambicanas menciona-
to do relacionamento económico com Mo- rem a importâncias das parcerias entre
çambique. O apoio a empresas e associações empresários dos dois países? Acredita

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 27

grande entrevista
que existe disponibilidade por parte dos Os empresários que investem em
empresários portugueses para solu- Moçambique são diferentes daqueles
ções deste tipo, quando em Portugal os que estão a investir em Angola ou as
próprios empresários resistem em abrir o empresas que estão em investir em
capital social a outros investidores? Angola são as mesmas que investem em
Vários investimentos portugueses em Mo- Moçambique?
çambique têm sido efetuados nesta base Angola e Moçambique são destinos de eleição
de parcerias, e posso afirmar que são bem pela situação económica e financeira que atra-
sucedidos. Projetos de média dimensão, vessam, pelas oportunidades que representam
criadores de emprego e capazes de criar fortes em sectores como a construção de infra-estru-
ligações com o tecido empresarial local e com turas, energia, ambiente, turismo, agricultura,
a sociedade civil. entre outros.
Os laços históricos e linguísticos são facilitado-
Quem são os empresários portugueses res deste relacionamento. Perante as oportuni-
que querem estar em Moçambique? São dades e estágios de desenvolvimento de cada
empresários que por alguma razão têm um dos países e a capacidade das empresas
uma ligação com moçambique ou trata- portuguesas, as decisões de investimento num
se de empresários de uma nova geração ou no outro país são tomadas sempre de acor-
que olham para aquele mercado como do com o plano estratégico das empresas.
olhariam para um outro?
Devolvo-lhe a pergunta, mas ao contrário: Estão aí os novos fundos comunitários
Quem são os empresários que não querem para o período 2014-2020. Os empre-
estar em Moçambique? Repare: é um país sários podem contar com apoios para
com ligações históricas e culturais a Portugal. a internacionalização? Existirão apoios
Onde o português é a língua oficial. Tem uma para a deslocalização de indústrias?
economia em forte desenvolvimento, é rico O próximo quadro de fundos comunitários
em recursos nacionais. As autoridades moçam- será fundamental para o crescimento da eco-
bicanas têm feito esforços no sentido de atrair nomia e a resolução de alguns dos principais
investimento estrangeiro. problemas com que as empresas se deparam.
Penso que um empresário que deseje desen- A prioridade na atribuição dos fundos passa
volver o seu negócio olha para Moçambique pela competitividade e a internacionalização
como uma escolha natural. da nossa economia.
As empresas portuguesas podem contar com
Os empresários que investem têm uma a plena utilização das verbas comunitárias
visão de curto prazo ou de médio prazo? que forem atribuídas à internacionalização
O facto de as empresas portuguesas que têm da economia. O que for da responsabilidade
investido no mercado terem uma forte preocu- da AICEP, posso garantir que tudo será feito
pação com a geração de emprego local e com para uma boa utilização destas verbas: apoio
a sua formação, criando laços com a socieda- às candidaturas e análise do projeto, apoio
de civil, mostra que o empresário português na execução do mesmo, cumprimento de
considera investir em Moçambique numa prazos. Tudo para que as empresas possam
perspetiva de médio e longo prazo. contar com a mais eficiente utilização destas
O investimento português em Moçambique, verbas.
em 2013, foi aquele que gerou mais pos-
tos de trabalho por unidade monetária de
Investimento Estrangeiro. Enquanto que o
Investimento Direto Português deu origem a
58 postos de trabalho, o restante IDE gerou
menos de metade, ficando-se pelos 22 postos
de trabalho.

Guia para Negócios em Moçambique


eleições 28

Política económica entre


Moçambique e Portugal é
para intensificar
Os mais de 23 milhões de habitantes também
Na vertente interna, os desafios do novo Presidente da
querem que os novos investimentos nos
República e do Governo serão muitos, sobretudo potenciar o
recursos naturais possibilitem políticas mais
desenvolvimento económico através das grades descobertas activas na área da saúde, educação ou na
de recursos naturais. Quanto à diplomacia externa será para habitação, sobretudo a população mais jovem
intensificar, nomeadamente com Portugal. que naturalmente exige padrões de vida supe-
riores. Por seu turno a comunidade empre-
sarial vai pressionar o novo Governo para ter
uma palavra nos designados mega-projectos,
interesses por vezes que não são fáceis de
compatibilizar com as vontades das grandes
multinacionais.
Ao nível externo, concretamente as relações
diplomáticas e económicas entre Moçambique
e Portugal vão conhecer alterações com o
novo Presidente e novo Executivo? E relativa-
mente a outros países grandes investidores
em Moçambique? Tudo indica que não e
quanto a Portugal a mensagem política é para
intensificar essas mesmas relações.
Fernanda Lichale, Embaixadora de Moçambi-
que em Portugal questionada sobre a política
diplomática entre os dois países é peremptória
em afirma que qualquer alteração será sempre
no “sentido de um evolução positiva e num
estreitamento cada vez maior das relações en-
tre ambos” (ler entrevista nas páginas seguin-
tes). A revista Moz’in também não deixou de
entrevistar José Augusto Duarte, Embaixador

A
de Portugal em Moçambique que questionado
Frente de Libertação de Moçambi- sobre a mesma questão não hesitou em res-
que (FRELIMO) ganhou as eleições ponder que “não é prever qualquer alteração
gerais em Moçambique, com na relação política-diplomática entre os dois
uma maioria absoluta no Parla- países” (ler entrevista nas páginas seguintes).
mento, e o seu candidato, Filipe Mal foram conhecidos os resultados eleitorais
Nyusi, venceu as presidenciais com 57,03%. oficiais, o chefe de Estado português, Aníbal
E são várias as vozes que consideram que o Cavaco Silva, endereçou uma mensagem de
novo Presidente enfrentam muitos desafios felicitações a Filipe Nyusi pela sua eleição ao
tanto na frente interna como na diplomacia cargo de Presidente da República de Moçam-
externa. Mas com certeza que o maior deles bique. Uma mensagem que, para além das fe-
será satisfazer as grandes expectativas que licitações, não deixa de sublinhar “os especiais
os moçambicanos têm relativamente ao seu laços de amizade e cooperação que unem os
nível de vida. As descobertas de gás coloca- nossos povos e países encontrarão renovadas
ram Moçambique no centro das atenções do oportunidades de reforço e aprofundamen-
mundo com países e empresas a olharem to, tanto no plano bilateral, como no quadro
para a pérola do Pacifico como uma oportuni- da CPLP”. E Cavaco Silva termina a missiva
dade única. que Moçambique pode contar com ele para

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 29

eleições
reforçar a “parceria entre Portugal e Moçambi-
que que corresponde ao melhor interesse dos
nossos povos e países”. Também Pedro Passos
Coelho, primeiro-ministro em sintonia com
Cavaco Silva afirmou que “os povos dos dois
países partilham e perseguem os mesmos
objectivos de paz e prosperidade”.
As felicitações vieram dos diversos cantos do
mundo e mais significativas de países que tem
As felicitações vieram dos
apostado no mercado moçambicano como foi diversos cantos do mundo e mais
o caso de Xi Jinping, presidente da China, da significativas de países que tem
França, François Hollande, da Turquia, Recep apostado no mercado moçambicano
Tayyip Erodogan, de Angola, José Eduardo
dos Santos, o que leva a crer que a política
como foi o caso de Xi Jinping,
externa de Moçambique não vai ter alterações presidente da China, da França,
significativas. Aliás, não deixa de ser curioso François Hollande, da Turquia,
que Xi Jinping, líder de uma das maiores Recep Tayyip Erodogan, de
economias mundiais e o maior investidor em
Moçambique tenha referido na sua mensagem
Angola, José Eduardo dos Santos,
de felicitações o “excelente relacionamento o que leva a crer que a política
que temperou ainda mais as relações entre os externa de moçambique não vai ter
dois países nos últimos anos, vincando que ``a alterações significativas
China e Moçambique são amigos para todo
sempre. Acrescentando ainda que ao “longo
dos anos, ambas as partes fizeram intercâm-
bios frutíferos em diversas áreas”. 

Guia para Negócios em Moçambique


energia 30

Os desafios do
ministro da Energia
O novo ministro da Energia vai ter que ultrapassar
um conjunto de desafios na próxima legislatura mas
o mais relevante será transformar as descobertas
de recursos naturais em benefícios económicos e
sociais do País. As expectativas das populações e
dos empresários estão muito elevadas já que as
descobertas de gás foram vendidas como a alavanca
para a economia moçambicana. Advogados e
economistas colocam o acento tónico na capacidade
do Governo em concretizar várias infra-estruturas
essenciais para o sector.

© GRUPO DST

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 31

energia
s eleições já fazem parte da histó- 2,5 milhões de toneladas de gás, somando
ria e ainda nada se sabe sobre as mais cinco a sete mil milhões de dólares para
personalidades que irão compor o a construção do terminal em terra. Adicional-
novo executivo. Mas uma coisa é mente as estimativas de cotação para o gás
certa o novo ministro da Energia não são as melhores para os investidores e
vai ter que ultrapassar um conjunto de desa- outros países, como a Suazilândia, estão a
fios na próxima legislatura mas o mais relevan- competir para receberem este tipo de inves-
te será transformar as descobertas de recursos timentos para a exploração dos seus recursos
naturais em benefícios económicos e sociais naturais.
do País. As expectativas das populações e dos Perante este cenário perguntámos de imediato
empresários estão muito elevadas já que as se a nova Lei do Petróleo, aprovada em agosto
descobertas de gás foram vendidas como a último, facilitaria a construção da plataforma de
alavanca para a economia moçambicana. Mo- LNG tendo em atenção que foi criada a nova
çambique possui cerca de 200 triliões de pés figura de “contratos de concessão de infra-es-
cúbicos (tcf) de gás natural confirmados recen- truturas.”
temente pelas companhias que estão a operar
no país, como a Anadarko e Eni. Acresce que
aquelas reservas colocam o País cada vez mais
na lista de potenciais grandes produtores de
gás natural do mundo.
Arlindo Guilamba, advogado e sócio fundador
Arlindo Guilamba não
da AG Advogados, em recentes declarações deixa de sublinhar o
quando questionado sobre este tema, não trabalho já desenvolvido
hesita em colocar um acento tónico na capa- pelo atual executivo
cidade do País em concretizar várias infra-es-
truturas essenciais para o sector. “Os principais
afirmando mesmo que
desafios do novo Governo deverão centrar-se o “novo Governo terá
na criação das infra-estruturas necessárias para de certo modo a tarefa
o sector do gás, pois só assim o país poderá facilitada neste sector”.
beneficiar dos vastos recursos naturais existen-
tes”, diz o advogado. E quando questionado
Justificando precisamente
sobre os avultados recursos financeiros para com a “recente aprovação
a concretização das referidas infra-estrutu- da nova Lei dos Petróleos
ras, avança com o importante “papel que e o entendimento com
as parcerias público-privadas poderão vir a
assumir neste processo, principalmente numa
o principal partido da
fase inicial em que o Estado ainda não aufere, oposição que vieram trazer
através da cobrança de impostos, das quantias segurança, tanto no plano
necessárias para criar estas infra-estruturas que jurídico como político,
apresentam custos muito elevados.”
Hugo Preto, director sénior da Accenture
assim criando as bases
Moçambique, questionado sobre os desafios, necessárias para atrair
não deixa de enquadrá-los num contexto de novos investimento e
globalização das economias. Para o respon- galvanizar os já em curso”
sável da casa de consultadoria, o projecto de
Gás Natural Liquefeito (LNG) - que consiste
em transformar gás natural em estado líquido
por meio da redução da sua temperatura e
desta forma possibilitar o seu transporte – tem
de ter em conta “outras iniciativas similares
desenvolvidas noutras geografias e que vão
aumentar a capacidade de oferta no merca-
do global”. Segundo algumas estimativas das
companhias, o investimento total pode variar
entre quatro e cinco mil milhões de dólares
para o terminal flutuante a instalar em alto mar
e que terá uma capacidade de produção de

Guia para Negócios em Moçambique


energia 32

“É verdade que a nova lei facilita esta plata- o contributo a esse projecto. Estão nesse lote
forma, desde logo ao prever um novo tipo de e a título exemplificativo a aceitação das bases
contrato de concessão, que é o contrato de contratuais sobre as quais a exploração vai
construção e operação de infra-estruturas”, afir- efectivamente ser realizada e posteriormente
ma Arlindo Guilamba. Uma opinião partilhada a própria decisão final de investimento que
por Hugo Preto que diz: “sendo o projecto de os operadores terão de definir. Esses passos
LNG fundamental para o País e atendendo a terão de ser dados numa “janela temporal”
que a legislação anterior havia sido concebida relativamente curta, sob pena de terem dois
dentro de um cenário diferente do que o mo- efeitos: atraso de calendário e potencial perda
mento actual nos proporciona, a nova lei aca- de atratividade do gás natural moçambicano
ba por ser um passo fundamental a todo este no mercado global”.
processo”. Aliás, Arlindo Guilamba não deixa
de sublinhar o trabalho já desenvolvido pelo Governo quer empresas
atual executivo afirmando mesmo que o “novo moçambicanas envolvidas nos
Governo terá de certo modo a tarefa facilitada grandes projectos
neste sector”. Justificando precisamente com a Ao longo dos últimos anos, os empresários
“recente aprovação da nova Lei dos Petróleos moçambicanos reclamavam junto do Governo
e o entendimento com o principal partido da oportunidades para as suas empresas neste
oposição que vieram trazer segurança, tanto sector, como forma de reforçar a competi-
no plano jurídico como político, assim criando tividade das empresas e assim gerar mais
as bases necessárias para atrair novos investi- riqueza para o País. Sensível aos argumentos,
mento e galvanizar os já em curso”. o Governo deu o primeiro passo ao inscrever
Todavia Hugo Preto esfria algum entusiamo na nova lei do petróleo a possibilidade das
relativamente à nova lei, concretamente sobre empresas de capitais nacionais se envolverem
como vão reagir as grandes multinacionais. nos grandes projetos do sector. Uma decisão
“No decorrer dos próximos meses vamos que colhe unanimidade. Arlindo Guilamba
seguramente assistir a decisões adicionais para considera mesmo que esta decisão “traduz-se

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 33

energia
numa grande preocupação pela salvaguarda Sensível aos
do interesse nacional” e Hugo Preto afirma
que “é uma decisão absolutamente natural
argumentos, o
na história dos eventos desta indústria e que Governo deu o
outras nações também têm seguido”. primeiro passo ao
Para o advogado, esta decisão do Governo, a inscrever na nova
par da “proteção das empresas moçambicanas
que pretendam concorrer a direitos de con-
lei do petróleo
cessão, também as empresas que forneçam a possibilidade
bens ou serviços ao sector petrolífero foram das empresas de
alvo de um favorecimento, ao ser atribuído um capitais nacionais
direito de preferência aos produtos e serviços
locais”. Mas Arlindo Guilamba não fica por aqui
se envolverem nos
na defesa da iniciativa legislativa ao identificar grandes projetos
outras vantagens. Pois em causa está também, do sector. Uma
segundo ao advogado, a “canalização de uma decisão que colhe
parte dos recursos petrolíferos para a indústria
transformadora moçambicana”, bem como a
unanimidade. Hugo
descriminação positiva dos “cidadãos moçam- Preto afirma que
bicanos que residem na área de concessão, “é uma decisão
que gozam de preferência no momento da absolutamente
contratação de trabalhadores para operar
nestes projectos”.
natural na história
Apesar da concordância, o responsável da dos eventos desta
Accenture coloca também a questão do ponto indústria e que
de vista concorrencial. Ou seja, que critérios outras nações
estarão na base da selecção das empresas.
“Esta ideia de desenvolvimento deve ser
também têm
sempre equilibrada com a noção de eficiência, seguido”
isto é, tem de haver a consciência de que para
que o desenvolvimento nacional possa bene-
ficiar do investimento e atividades da indústria,
em primeiro lugar é fundamental garantir que
a competitividade e eficiência dessa Indústria
existem de facto. Se apenas for considerada
uma das partes desta equação, os objetivos
não serão seguramente atingidos”, concluiu o
economista. 

Guia para Negócios em Moçambique


Entrevista
Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 35

entrevista
Entrevista a Fernanda Lichale
Embaixadora de Moçambique em Portugal

“Esperamos que identifiquem


e explorem as oportunidades
de investimento”
Moçambique vai ter um novo Presidente enormes porções de terra fértil para agricul-
da República e um novo Governo. Acredi- tura e várias outras actividades. Servem ainda
ta numa alteração em relação à Política como factores de atracção do investimento a
Diplomática entre os dois países? sua localização geográfica e as consideráveis
As relações de amizade e cooperação entre reservas de recursos naturais.
as Repúblicas de Moçambique e Portuguesa Por conseguinte, considero que a cooperação
registam um nível muito bom, um estágio su- entre estes dois países na área económica
blinhado pela realização das cimeiras bilaterais é boa e irá manter-se durante muito tempo.
entre os dois Estados, uma das quais, por sinal Só para citar alguns exemplos que possam
a segunda, ocorrida em Maputo, em Março elucidar esta aferição, referir que o Centro de
do ano em curso. Nesse contexto, qualquer Promoção de Investimentos (CPI) de Moçam-
alteração no campo diplomático entre os dois bique, distingue Portugal como o país que
Estados, acredito que seria no sentido de mais investiu durante os últimos 5 anos no
evolução positiva, um estreitamento cada vez âmbito do Investimento Directo Estrangeiro.
A embaixadora de maior das relações entre ambos, que datam Portugal situa-se também nas primeiras três
Moçambique em de longínquos anos e que têm vindo a registar, posições no ranking do investimento externo
Portugal, Fernanda com agrado, o seu aprofundamento. dos últimos 3 anos.
Lichale, incentiva Na qualidade de candidato, o Eng. Filipe Nyus- Como poderá notar, os dados evidenciam um
os empresários dos si efectuou uma visita a Portugal e teve uma ambiente de boas relações económicas que
recepção calorosa a todos os níveis, o que acredito, poderão registar ainda melhorias,
dois países a investir
revela o grande interesse para a continuidade sobretudo no que se refere ao equilíbrio da
através de parcerias, e
destas excelentes relações político-económicas balança comercial. Até aqui há muito mais em-
espera também que as que ambos os países atravessam. Por outro presas portuguesas a investir em Moçambique
“empresas moçambicanas lado, o envio pelas autoridades portuguesas, do que o contrário.
ganhem mais incentivos, designadamente, pelo Presidente Cavaco Silva
coragem e agressividade, e pelo Primeiro-Ministro, Passos Coelho, de Para o ano arranca um novo Programa
no sentido positivo do mensagens de felicitações pela vitória eleitoral, Indicativo de Cooperação (PIC) para o
termo, na identificação no mesmo dia de anúncio dos resultados, é período 2015/18. Ele está desenhado
de mais oportunidades sem dúvida um sinal político-diplomático forte, para aquilo que são as novas realidades
de investimento em que reforça as nossas já referidas excelentes dos dois países?
Portugal”. relações de cooperação. É bem-vindo o novo PIC. Consideramos que
o diálogo e a concertação prévia em curso,
E quanto às relações económicas entre que envolve os dois Estados, irá com certeza,
os dois países? concorrer para o alcance dos propósitos do
As relações de cooperação entre Moçambi- referido programa.
que e Portugal desenvolvem-se em todas as
vertentes. A área comercial é das que mais É possível reforçar a política de apoio aos
evolução positiva registou, e com benefícios estudantes moçambicanos para frequen-
mútuos para os dois países. Moçambique, nes- tarem universidades portuguesas?
te momento apresenta-se com um ambiente Devo referir, com satisfação, que Portugal faz
bastante favorável ao investimento tanto parte dos países que contribuem na formação
nacional como externo, sobretudo devido à es- superior dos moçambicanos que procuram
tabilidade política, existência de mão-de-obra, formar-se no exterior. Figuram entre vários fac-
embora ainda em processo de qualificação, tores a qualidade do ensino, a língua comum

Guia para Negócios em Moçambique


entrevista 36

e os laços histórico-culturais. E, ao abrigo de que investem em Moçambique. Destina-se


relações de cooperação entre Moçambique e ao financiamento de projectos de investimen-
Portugal, temos estado a assistir um incremen- to ou de parcerias estratégicas nas áreas da
to de número de moçambicanos neste país, energia, em especial energias renováveis, do
sobretudo nos últimos dois anos. De uma ambiente e das infra-estruturas. Pensamos
média de 30 novos estudantes que anual- que a informação adicional poderá ser colhida
mente ingressavam neste país para cursos de junto das autoridades portuguesas.
Licenciatura, em 2014 entraram mais de 55
estudantes. Por outro lado, há aqueles que Em recente entrevista o Secretário de
vêm a Portugal como bolseiros do Governo Estado dos Negócios Estrangeiros de
Português, através do Instituto Camões, e Portugal, Luís Campos Ferreira anunciou
frequentam cursos nos variados níveis. Acresce que a União Europeia iria disponibilizar
o número de moçambicanos bolseiros de 734 milhões de Euros para investir em
instituições estatais e privadas moçambicanas Moçambique. Está ser disponibilizada
e ou portuguesas, e aqueles que directamen- informação? Os empresários e outras
te ingressam para os cursos de Mestrado e entidades que pretendem recorrer devem
Doutoramento nas universidades portuguesas, dirigir-se a que estruturas?
a título privado. Saudamos o anúncio da disponibilidade da
Em Portugal, a Embaixada de Moçambi- União Europeia assim como de outras institui-
que tem estado empenhada na assistência ções que pretendam continuar a dar apoio aos
permanente aos estudantes. Terminados os projectos de desenvolvimento em Moçam-
cursos, a Embaixada, em coordenação com o bique, sempre que estejam em consonância
Instituto de Bolsas de Estudo de Moçambique, com os projectos e prioridades definidas no
garante a passagem de regresso e o trans- âmbito do desenvolvimento económico e
porte de livros e outro material didáctico para social em curso em Moçambique. Acredito
Moçambique. Portanto, estamos profunda- que as instituições envolvidas nesse âmbito
mente empenhados no apoio aos estudantes irão, como sempre, disponibilizar em devido
moçambicanos em Portugal. momento, a informação pertinente para o
acesso ao valor de investimento atrás referen-
O fundo INVESTIMOZ com 94 milhões de ciado. Consideramos ainda que a harmoniza-
Euros ainda está no terreno. Porquê e ção e coordenação conjunta das prioridades
para quando? poderá garantir o sucesso de implementação
Segundo a Sociedade para o Financiamento dos recursos alocados.
do Desenvolvimento (SOFID), InvestimoZ,
é Fundo Português criado para o apoio às O que é que Portugal e Moçambique
empresas portuguesas ou luso-moçambicanas devem esperar dos empresários dos dois
países?
Esta questão tem alguma relação com o que
há pouco referi. Mas é como disse, esperamos
que identifiquem e explorem as oportunidades
de investimento mutuamente vantajosos em
“Saudamos o anúncio da disponibilidade ambos os países. A nossa vontade é que se
da União Europeia assim como de outras estabeleçam parcerias e que as empresas mo-
instituições que pretendam continuar a çambicanas ganhem mais incentivos, coragem
dar apoio aos projectos de desenvolvimento e agressividade, no sentido positivo do termo,
na identificação de mais oportunidades de
em Moçambique, sempre que estejam em investimento em Portugal.
consonância com os projectos e prioridades É preciso considerar, para todos os efeitos,
definidas no âmbito do desenvolvimento que as empresas têm um papel fundamental
económico e social em curso em na dinamização da economia dos países. Não
se pode falar de desenvolvimento sem incluir
Moçambique” empresas, sejam de que dimensão forem,
pequena, média ou grande. E elas jogam um
papel fundamental também no aprofunda-
mento de relações de cooperação entre os
países, o que temos fé, venha a acontecer
cada vez mais. 

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 37

entrevista
Entrevista a José Augusto Duarte
Embaixador de Portugal em Moçambique

“Aposta em parcerias que


tragam vantagens partilhadas”
Para o responsável máximo pela diplomacia em Moçambique para aquilo que são as novas realidades
não haverá alterações nas relações económicas e diplomáticas dos dois países?
entre os dois países. Quando questionado De facto o atual Programa Indicativo de
Cooperação (PIC) tinha o termo previsto para
sobre as relações comerciais é
2014. No entanto, por conveniência mútua,
peremptório em afirmar que vão
acordámos prorrogar o termo por mais um
intensificar-se. ano e encetar negociações para o novo PIC
já com o Governo que gerirá Moçambique
nos próximos quatro anos e ao qual compete
definir em primeiro lugar as áreas prioritárias
para investimentos de cooperação.
Moçambique vai ter um novo Presidente
da República e um novo Governo. Acredi- É possível reforçar a política de apoio aos
ta numa alteração em relação à política estudantes moçambicanos frequentarem
diplomática entre os dois países? universidades portuguesas?
Por regra a política externa de qualquer nação Essa é uma área à qual estamos a dar uma
não costuma sofrer alterações significativas crescente importância, na formação dos
quando se muda de governo. Por exemplo jovens moçambicanos, prioritariamente em
em Portugal vamos neste momento no XIX áreas académicas orientadas para a produção
governo constitucional e as nossas prioridades económica, para as ciências e tecnologias.
mantiveram-se, no essencial, as mesmas com Contudo, não é expectável, nem razoável,
todos os governos. No caso concreto de Mo- esperar que se aumente o investimento em
çambique nem sequer vai haver uma mudan- bolsas de estudo com recurso exclusivamente
ça de afiliação ideológica do novo Presidente ao orçamento do Estado português. Estamos a
e do novo Governo, não é por isso de prever reorientar parte dos fundos que anteriormente
qualquer alteração na relação política-diplomá- concedíamos para outros projetos e atribuí-los
tica entre os dois países. agora mais para bolsas de estudo, mas a
principal inovação que implementámos este
E quanto às relações económicas entre ano na Embaixada de Portugal em Moçambi-
os dois países? que foi o de lançar um concurso para jovens
As relações económicas entre Portugal e moçambicanos estudarem em Portugal com
Moçambique têm vindo a crescer desde pelo bolsas de estudo pagas por empresas privadas
menos 2008. Portugal é o 6º maior fornece- moçambicanas com capitais portugueses. A
dor e o 6º maior cliente de Moçambique neste esta bolsa juntou-se sempre um contrato de
momento. Por seu lado Moçambique é o 19º promessa de emprego a cada jovem bolseiro
cliente de Portugal neste momento. Ora o de- para que quando terminar o curso em Portugal
sejo de Portugal é continuar a fazer progredir possa regressar a Moçambique com garantia
esta relação: aumentando as trocas comer- de entrar para os quadros técnicos superiores
ciais entre os dois países e incrementando da empresa patrocinadora da sua bolsa. Foi
igualmente a troca de investimentos, quer de uma experiência muito gratificante e neste
Portugal em Moçambique quer de Moçambi- momento temos já em várias das melhores
que em Portugal. Sei que este é igualmente o universidades portuguesas jovens moçam-
desejo do Presidente eleito de Moçambique. bicanos a estudarem Economia, Engenharia
Civil, Engenharia Química, Física, Informática,
Para o ano arranca um novo Programa entre outros, com base neste novo programa
Indicativo de Cooperação (PIC) para o no qual todos, rigorosamente todos, saímos a
período 2015/18. Ele está desenhando ganhar.

Guia para Negócios em Moçambique


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Maputo, Moçambique 1990-079 Lisboa, Portugal T. +351 229 688 553 Telm. + 351 961 314 300
Tel. +258 21 304580 • Tm. +258 84 3009291 T. +351 218 937 000 • Fax. +351 218 937 009 mjcrosa@hotmail.com
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Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 39

entrevista
O Fundo INVESTIMOZ com 94 milhões tos de caráter empresarial. Boa parte daquele
de euros ainda está no terreno. Porquê e valor destina-se a apoio direto ao orçamento
para quando? de estado moçambicano bem como a algu-
O INVESTIMOZ é gerido pela SOFID e dispõe mas áreas de desenvolvimento institucional,
efetivamente de cerca de 94 milhões de euros como a educação ou a saúde. Ainda assim
exclusivamente dedicados a apoiar investi- haverá uma parte não negligenciável daquele
mentos em Moçambique. De acordo com os montante que poderá ser de interesse para
estatutos em vigor pretende-se dar prioridade potenciais investidores. Isso poderá acontecerá
ao apoio a investimentos na área da energia. logo que o Governo de Moçambique e as
Contudo, prioridade não significa exclusividade, competentes autoridades da U.E. encerrem as
sendo por isso possível recorrer ao fundo para negociações em curso sobre o assunto.
projetos noutras áreas.
Em recente entrevista o Secretário de Esta- O que é que Portugal e Moçambique
do dos Negócios Estrangeiros de Portugal, devem esperar dos empresários dos dois
Luís Campos Ferreira anunciou que a União países?
Europeia iria disponibilizar 734 milhões de Os empresários quando investem, para se
euros para investir em Moçambique. Está a ser manterem e gerarem mais emprego e mais
disponibilizada informação? Os empresários riqueza visam em primeiro lugar o lucro.
e outras entidades que pretendiam recorrer Para isso creio que devemos esperar ambi-
devem dirigir-se a que estruturas? ção, resiliência, determinação mas também
De facto a União Europeia anunciou oportu- respeito rigoroso pelas leis e normas em vigor
namente que o Fundo Europeu de Desenvol- no local onde se investe e uma aposta em
vimento (FED) poderá atribuir ao longo dos parcerias que tragam vantagens partilhadas
próximos anos mais de 700 milhões de euros a ambos os lados, em que todos sintam que
a Moçambique. Contudo é importante que os juntos ganham mais do que separados, e que
potenciais investidores tenham presente que juntos chegam mais longe e mais alto do que
nem todo este dinheiro será para investimen- sozinhos. 

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Tel. + 351 218 937 000 - Fax. +351 218 937 009 - Tel.: +258 21 490 316 | Fax: +258 21 491 172
Email: nuno.tavares@ccmp.org.mz E-mail: embaixada@embpormaputo.org.mz | http://www.embpormaputo.org.mz/

Embaixada de Moçambique em Portugal aicep Portugal Global – Escritório de Maputo


Av. de Berna, 7 - 1050-036 Lisboa Av. Julius Nyerere, 720 - 12º - Maputo
Tel.: +351 21 7971994 | Fax: +351 21 7932720 Tel.: +258 21 490 523/402 | Fax: +258 21 490 203
E-mail: geral@embamoc.pt | http://www.embamoc.pt/crbst_10.html E-mail: aicep.maputo@portugalglobal.pt

aicep Portugal Global Bolsa de Valores de Moçambique


PORTO - Rua Júlio Dinis, 748 9º Dto. - 4050-012 Porto Av. 25 de setembro, 1230 - 5º andar, bloco 5
Tel.: +351 226 055 300 | Fax: +351 226 055 399 Tel.: +258 21 308 826 I Fax: +258 21 310 559 - www.bolsadevalores.co.mz
LISBOA - Av. 5 de Outubro, 101- 1050-051 Lisboa
Tel.: +351 217 909 500 Banco de Moçambique (Banco Central)
E-mail: aicep@portugalglobal.pt - http://www.portugalglobal.pt Av. 25 de setembro, 1695 - Caixa Postal nº 423 - Maputo
Tel.: +258 21 354 600_| Fax: +258 21 323 247
CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa E-mail: gpi@bancomoc.mz I http://www.bancomoc.mz
Palácio Conde de Penafiel, rua de S. Mamede (ao caldas)
nº 21 - 1100- 533 Lisboa Câmara de Comércio de Moçambique - Portugal
Tel.: +351 213 928 560 - Fax: +351 213 928 588 Av. 25 de setembro - Nº 1123, Prédio Cardoso, 4º Andar - C - Maputo
http://www.cplp.org Tel.: +258 21 304 580 - E-mail: ccmp@ccmp.org.mz | http://www.ccmp.org.mz/

Autoridade Tributária e Aduaneira, Confederação das Associações Económicas de Moçambique – CTA


Rua da Alfândega, n.º 5, r/c - 1- 49-006 Lisboa Rua Fernando Ganhão, 120 - (ex. Rua do Castanheda) - Maputo
Tel.: +351 21 881 37 00 - Linha Azul: +351 21 881 38 18 Tel.: +258 21 491 914/64/30 89 I Fax: +258 21 493 094 - http://www.cta.org.mz/
E-mail: at@at.gov.pt - https://www.e-financas.gov.pt/de/jsp-dgaiec/main.jsp
CPI – Centro de Promoção de Investimentos
COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, SA Rua da Imprensa, 332 – r/c - Maputo
Direção Internacional Tel.: +258 21 313 310 | Fax: +258 21 313 325 - http://www.mozbusiness.gov.mz
Av. da República, 58 - 1069-057 Lisboa
Tel.: +351 217 913 821 - Fax: +351 217 913 839 Delegação da União Europeia na República de Moçambique
E-mail: International@cosec.pt - http://www.cosec.pt Avenida Julius Nyerere, 2820 - Caixa Postal 1306 - Maputo
Tel.: +258 21 481 000 I Fax: +258 21 491 866
Turismo de Portugal E-mail: delegation-mozambique@eeas.europa.eu |
Rua Ivone Silva, Lote 6 - 1050-124 Lisboa http://www.eeas.europa.eu/delegations/mozambique/about_us/welcome/index_pt.htm
Tel.: +351 211 140 200 - Fax: +351 211 140 830
E-mail: info@turismodeportugal.pt - http://www.turismodeportugal.pt Gazeda – Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado
Av. 24 de Julho, 3549, 8º, Prédio do INSS Maputo CP 1661
Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento Tel. +258 21 400 635 + Fax +258 21 400 632 - www.gazeda.gov.mz
Instituíção Financeira de Crédito, S.A. – SOFID
Av. Casal Ribeiro, 14 – 4º - 1000-092 Lisboa IPEME – Instituto de Promoção de Pequenas e Médias Empresas
Tel.: +351 21 313 77 60 - Fax: +351 21 313 77 79 Av. 25 de Setembro, 1º Esq., CP 1509 Maputo
http://www.sofid.pt/ Tel: +258 21430272 - www.ipeme.gov.mz - info@ipeme.gov.mz

Intertek – Caleb Brett Portugal Lda. IPEX – Instituto para a Promoção de Exportações
Complexo Petroquímico – Monte Feio - Apartado 50 - 7521-901 Sines Av. 25 de setembro, 1008 – 2º - Maputo
Tel.: (+351) 269 750 120 | Fax: (+351) 269 750 126 Tel.: +258 21 307 257/8 | Fax: +258)21 307 256
http://www.intertek-cb.com E-mail__ipex@tvcabo.co.mz | http://www.ipex.gov.mz

Labtest Portugal Intertek International Limited


Rua Antero de Quental, 221, S, 102 - Perafita - 4455-586 Matosinhos Rua da Namaacha, 492 - Maputo
Tel.: (+351) 229 998 080 | Fax: (+351) 229 998 081 Tel.: (+258) 21 407 870 | Fax: +258 21 407 884/5
http://www.intertek.com/ http://www.intertek.com/contact/ema/mozambique/

Governadores Provinciais
Cabo Delgado: Abdul Razak | T. 258-272-20331 | F. 258-272-20950 | Email: @cabodelgado.gov.mz
Niassa: David Ngoane Marizane | T. 258-271-21393 | Fax: 258-271-20250 | Email: david.marizane@niassa.gov.mz
Nampula: Cidália Manuel Chaúqur | T. 258-262-12425 | Fax: 258-262-12425 | Email:@nampula.gov.mz
Zambézia: Joaquim Veríssimo | T. 258-242-14545 | Fax: 258-242-13061 | Email: @zambezia.gov.mz
Tete: Paulo Auade | T. 258-252-23795 | Fax: 258-252-22439 | Email: @tete.gov.mz
Manica: Ana Comoana | T. 258-251-22000 | Fax: 258-251-23849 | Email: ana.comoana@manica.gov.mz
Sofala: Félix Paulo | T. 258-23-322000 | Fax: 258-23-323966 | Email: @sofala.gov.mz
Inhambane: Agostinho Abacar Trinta | T. 258-293-20464 | Fax: 258-293-20464 | Email: agostinho.trinta@inhambane.gov.mz
Gaza: Raimundo Maico Diomba | T. 258-282-22002 | Email: raimundo.diomba@gaza.gov.mz
Maputo: Maria Elias Jonas | T. 258-21-720440 | Fax: 258-21-720440 | Email: maria.jonas@maputo.gov.mz
Cidade de Maputo: Lucília José Manuel Hama | T. 258-21-311120 | Fax: 258-21-311130 | Email: lucilia.hama@cmaputo.gov.mz
Fonte: Portal do Governo de Moçambique, www.portaldogoverno.gov.mz

Guia para Negócios em Moçambique


Associados CCMP 42

AMORIM HOLDING Listas Telefónicas


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Rua da Corticeira, 34, BAKER TILLY Moçambique de Moçambique
Rua Belmiro Muianga, 179
Edificio Amorim II, Av. 25 de Setembro, 1147 - 2º, Av. 25 de Setembro, 420, 5º esq
Maputo, Moçambique
4536-902 Mozelos VFR, Portugal Maputo, Moçambique Prédio Jat, Maputo, Moçambique
www.ey.com
www.amorim.com www.bakertillymocambique.co.mz www.paginasamarelas.co.mz
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T. + 258 21 35 30 00
T. + 258 21 24 31 00 T. + 258 844 141 138 T. + 258 21 30 90 90
F. + 258 21 32 19 84
F. + 258 21 48 68 08 F. + 258 21 30 93 33

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Avenida Julius Nyerere 999 Av. 24 de Julho, 7 - 9º/10º Andar de Moçambique
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Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique Av. Largo da Deta, Moçambique
Moçambique
www.bancabc.co.mz www.intercement.com www.lam.co.mz
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cneves@bancabc.com dcom@cimpor.com cmacobo@lam.co.mz
info@exictos.com
T. + 258 21 48 21 00 T. + 258 21 48 25 00 T. + 258 21 46 87 10
T. + 258 21 24 10 00
F. + 258 21 48 74 74 F. + 258 21 48 78 68 F. + 258 21 46 51 34
F. + 258 21 49 28 31

COTUR Rangel
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Av. Karl Marx, (esquina c/ Ahmed Av. 25 de Setembro 1147, 3,
Av. de Angola, 1818 Rua dos Desportista, 83, 2º
Sekou Touré), 1179 R/C, Maputo, Salas 4/5/6
Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique
Moçambique Maputo, Moçambique
www.aberdare.co.za www.galpenergia.com
www.cotur.co.mz www.rangel.com
comercial@aberdare.co.mz placida.nguenha@galpenergia.co.mz
cotur@cotur.co.mz moçambique@rangel.com
T. + 258 21 46 64 96 T. + 258 21 32 37 06
T. + 258 21 35 97 00 T. + 258 21 32 07 35
F. + 258 21 46 63 96 F. + 258 21 42 70 34
F. + 258 21 35 97 01 C. + 258 840 793 275

AGRIFOCUS GRUPO VISABEIRA


Couto, Graça & Associados
Av. 25 de Setembro Time Square Av. Kenneth Kaunda, 403 MEGA CASH & CARRY
Av. 24 de Julho, 7 - 7th floor
B2 1º, Apt. 3678, Caixa Postal nr. 1750 Av. da Oua 1095
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Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique
www.cga.co.mz
www.agrifocus.co.mz www.visabeira.co.mz mega.c.c@tropical.co.mz
cga@cga.co.mz
agrifocus@agrifocus.co.mz visabeira@visabeira.co.mz T. + 258 21 40 02 02
T. + 258 21 48 64 38
T. + 258 21 30 36 68 T. + 258 21 48 05 80 F. + 258 21 40 03 38
F. + 258 21 48 64 41
F. + 258 21 30 36 65 F. + 258 21 49 50 26

ASAMOC GLOBO DISTRIBUIDORA MOCARGO


DINAME
Machava,Talhão 802, Av. do Trabalho, 94 - R/C, Rua Consiglieri Pedroso, 430,
Av. Zedequias Manganhela,
Parcela 201, 1281, Moçambique Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique
1278 Maputo
www.asamoc.co.mz www.globodistribuidora.co.mz www.mocargo.com
lucrecia.machava@diname.co.mz
info@asamoc.co.mz jchiboleca@globodistribuidora.co.mz general.maputo@mocargo.com
T. + 258 21 30 02 39
T. + 258 21 75 00 31 T. + 258 21 40 21 36 T. + 258 21 32 14 40
F. + 258 21 32 11 18
F. + 258 21 75 24 77 F. + 258 21 40 21 37 F. + 258 21 30 52 63

BCI - Banco Comercial MOÇAMBIQUE COMPANHIA


HIGEST MOÇAMBIQUE, LDA
e de Investimentos DHD - Consulting & Holdings DE SEGUROS
Estrada Velha da Moamba, Km. 15
Av. 25 de Setembro, Prédio John Rua Timor Leste,108, Baixa Av. Kenneth Kaunda, 518 R/C
Machava, Maputo, Moçambique
Orr’s,1465, Maputo, Moçambique Caixa Postal 1604, Maputo, Moçambique
www.higest.co.mz
www.bci.co.mz Maputo, Moçambique www.lusitania.pt
apoio@higest.co.mz
bci@bci.co.mz balbinainroga@dhd.co.mz cgoncalves@mcs.co.mz
T. + 258 21 75 00 34
T. + 258 21 35 37 00 T. + 258 21 35 41 00 T. + 258 21 48 50 20/2
F. + 258 21 75 03 91
F. + 258 21 30 98 31 F. + 258 21 48 90 30

BANCO ÚNICO ENGCO, Limitada INTERAUTO MOZA BANCO


Av. Julius Nyerere, 590, Rua da Mukumbura, 255, Av. da Namaacha, 950/1110, Rua. Dos Desportista, 921 prédio
Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique Jat. V, Maputo, Moçambique
www.bancounico.co.mz www.engco.co.mz www.interauto.co.mz www.mozabanco.co.mz
geral@bancounico.co.mz info@engco.co.mz geral@interauto.co.mz ana.santos@mozabanco.co.mz
T. + 258 21 48 84 00 T. + 258 21 48 58 03 T. + 258 21 22 00 12 T. + 258 21 48 08 07
F. + 258 21 48 84 84 F. + 258 21 48 58 04 F. + 258 21 40 02 29 F. +258 21 34 20 00

BDO MOÇAMBIQUE MATRIZ Comércio Internacional


INTELEC HOLDINGS
Av. 25 de Setembro, 1230, 3º - B5 ELECTRO SUL, LDA Av. D. João II, lote 1.13.03 F
Av. Samora Machel, 120, 1º andar,
Prédio 33 Andares, Maputo, Av. 24 de Julho, 941, Maputo Escritório 7, Parque das Nações,
Maputo, Moçambique
Moçambique dcomercial@electrosul.co.mz Lisboa, Portugal
www.intelecholdings.com
www.bdo.co.mz dcomercial@electrosul.co.mz www.matrizci.com
info@intelecholdings.com
bdo@bdo.co.mz T. + 258 21 30 43 90 matriz@matrizci.com
T. + 258 21 31 18 83
T. + 258 21 30 07 20 F. + 258 21 32 47 08 T. + 351 218 937 000
F. + 258 21 30 15 55
F. + 258 21 32 50 91 F. + 351 218 937 009

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014


Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014 43

associados CCMP
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MILLENNIUM BIM SOMOTOR, SARL FLEETCO, Lda.
Rua dos Desportistas
AV. 25 de Setembro, 1800, Maputo, Av. Namaacha, N4, 1.5KM NR. Av. das FPLM, 322,
Edifício JAT 5, 4th Floor,
Moçambique 8274, Moçambique Maputo, Moçambique
Maputo, Moçambique
www.millenniumbim.co.mz www.somotor.co.mz fl.sales@fleetco.co.mz
www.eaglestone.eu
sede@millenniumbim.co.mz lucia.santos@somotor.co.mz T. + 258 21 46 29 19
eaglestone@eaglestone.eu
T. + 258 21 30 53 42 T. + 258 21 40 36 18 F. + 258 21 46 29 68
T. + 258 21 34 28 00
F. + 258 21 81 00 14 F. + 258 21 40 36 11 C. + 258 843 913 132
F. + 258 21 34 28 39

JOTELAR & PROTEL, Lda.


SERVITRADE, LDA JAMP Investimentos
MMD CONSTRUÇÃO Av. Karl Max, 328,
Av. Amílcar Cabral, 333, Imobiliarios, Lda.
Av. FPLM, Rua Mbuzini, 84, Maputo, Maputo, Moçambique
Machava, Moçambique Av. Industrias, Parcela 3209,
Moçambique www.jotelar.com
www.servitradegroup.com Machava, Moçambique
denise.deidy@mmd.co.mz jotelar.protel@gmail.com
geral@servitrade.co.mz bruno@jamp.co.mz
T. + 258 21 46 05 28 T. + 258 21 30 57 56
T. + 258 21 75 21 21/2 T. + 258 21 75 15 95
F. + 258 21 46 01 51” F. + 258 21 30 57 58
F. + 258 21 75 21 31 F. + 258 21 75 15 95
C. + 258 846 231 121

STM - Sociedade MZ BETAR, Engenheiros PREBUILD MOÇAMBIQUE, Lda.


MORDOMIAS, LDA de Terminais de Moç. e Consultores, Lda. Bairro Sommerchield, Rua de
Rua do Barroco, 214, Rua da Gare 312 (Av. FPLM), Av. 25 de Setembro 1509, 4º - 5 Dar Es Salaam, 80, 1100
Porto, Portugal Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique Maputo, Moçambique
www.mordomias.pt www.stm.co.mz wwww.betar.pt www.prebuild.com
filipe.tavares@modomias.pt stm.mahotas@stm.co.mz geral@beta.co.mz geral@prebuild.co.mz
T. + 351 225 423 615 T. + 258 21 46 07 80 T. + 258 21 302 080 T. + 258 21 48 54 27
F. + 258 21 46 07 62 C. + 258 84 81 51 552 F. + 258 21 48 54 81

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Av. da Namaacha, Km 27,
Av. Samora Machel, 323, 3º (Ed. Polana Shopping)
Boane, Maputo, Moçambique

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C. + 258 843 022 388
F. + 258 21 31 27 43 T. +258 21484994
C. + 258 843 022 399
F. +258 21484986

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Av. Angola, 2732, Av. Fernando Magalhães, 932
55, 2901-861 Setúbal, Portugal V-1, 6º, fracção NN5,
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www.portucelsoporcel.com Maputo, Moçambique
www.tropigalia.co.mz www.efacec.com
nilsa.irachande@portucelsoporcel. www.mocambiquelegalcircle.com
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T. + 258 21 46 92 15 T. 21 322 03518
T. + 258 214 83645/6 T. + 258 21 344000
F. + 258 21 46 92 19 F. 21 322 039
C. + 258 847 138 528 F. + 258 21 344099

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T. + 258 21 354 100 info@grupovidere.co.mz C. + 258 21 469215
F. + 258 21 315 117 T. + 258 84 340 398 F. + 258 843 744 985

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T. + 258 21 43 10 59 T. + 351 21 311 34 00/500 T. +258 848 261 900
F. + 258 21 32 1 6 53 F. + 351 21 113 406 F. + 258 848 260 740

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Av. de Setembro, 420, 6º,
Av. Da Namaacha, 288, IV 267, R/C, Maputo, Moçambique
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Moçambique www.mcconsulting.co.mz
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buque2004@yahoo.com.br mc@mcconsulting.co.mz
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T. + 258 21 35 07 00
C. + 258 849 500 632”
F. + 258 21 35 07 10

Guia para Negócios em Moçambique


Agenda
nome rubrica etc 44

Maputo Lisboa Nova Iorque


25 de Novembro 2014 19 Novembro 2014 27-29 de Abril 2015
Gala das Câmaras de Fórum PT Exportador IV Reunião Anual das
Comércio Contro de Congressos de Câmaras de Comércio
Organização: CCMP, CCIMOSA, Lisboa Portuguesas
CCMUSA, CCMOBRA. Organização: CCIP
19 e 20 de Novembro
25 a 30 Novembro 2014 24.º Congresso das
CIO Summit & Expo Comunicações
Moçambique 2014 CCB
www.assoft.org/pt/eventos
21 de Novembro 2014
Março de 2015 Seminário - A
Fóruns de Negócios Competitividade na Justiça
Moçambique-Brasil Organização: ACIF
Organização: CTA (Maputo
e Tete) 26 de Novembro 2014
1ª Edição dos Encontros
19 a 20 de Março de 2015 Empresariais
Conferência e Exposição Organização: CPLP, a
sobre Responsabilidade Confederação Empresarial
Social Empresarial em da CPLP, o FELP - Fórum
Moçambique (CSRMOZ) dos Empresários de Língua
Organização: EXAME Portuguesa, a Confederação
Moçambique Empresarial dos PALOP
e a AEL - Associação
Maio 2015 Empresarial de Luanda
Aniversario da CCMP
– Câmara de Comércio
Moçambique Portugal
Organização: CCMP

Moz’IN // Outubro/Dezembro 2014

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