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Introdução
O desenvolvimento de uma sociedade acontece a partir da somatória de diferentes
fatores, dentre eles a economia e a educação. A economia tem como princípio o
estudo das escolhas que estão relacionadas às necessidades da população e dos
indivíduos diante da carência de algo. As necessidades humanas são ilimitadas,
porém os recursos disponíveis são limitados e, dessa forma é possível caracterizar a
escassez, ou seja, uma necessidade não satisfeita. Apontar questões relacionadas à
educação perante a escassez é uma abordagem que deve ser feita, principalmente
ao identificar sua importância para a sociedade e o acesso à população.
Para a economia, a educação está inserida na infraestrutura social, no qual é
possível afirmar que este é um direito de todos e que a oferta e acesso aos níveis
básicos de ensino são direitos da população. A legislação brasileira prevê à União a
organização e o financiamento do sistema federal de ensino a fim de garantir a
igualdade de oportunidade e qualidade no ensino oferecido, onde municípios atuam
de forma prioritária na educação infantil e ensino fundamental e, os estados e o
Distrito Federal nos ensinos fundamental e médio. Porém, quando comparado aos
outros níveis de ensino, a legislação não prevê a mesma igualdade de acesso ao
ensino superior.
O acesso ao ensino superior é uma questão debatida sob diversos olhares e,
neste artigo será considerada sua importância a partir da Educação a Distância
(EaD), especificamente através da implantação dos polos de apoio presencial e
como ela estimula o acesso ao ensino superior, contribuindo para que este não seja
considerado um bem escasso.
Com o avanço das tecnologias e a popularização dos meios de comunicação,
principalmente da internet, a EaD se torna um importante meio que traz
oportunidades de acesso ao ensino superior. No contexto da economia, temos a
escassez, representando a incapacidade de satisfazer uma necessidade humana.
Nesse sentido, surge o questionamento: é possível considerar o polo de apoio
presencial como um meio para redução da escassez de acesso ao ensino superior?
A partir do questionamento apresentado, o presente artigo tem como objetivo
descrever como a educação a distância, através da implantação dos polos de apoio
presencial, pode contribuir com a redução da escassez de acesso ao ensino
superior.
O artigo está estruturado em quatro tópicos, iniciando com uma breve
introdução. Na sequência são apresentados os principais conceitos de economia,
com foco nos bens e serviços, além da escassez. O terceiro tópico apresenta dados
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estatísticos sobre o acesso ao ensino superior e como a EaD vem contribuindo com
esse processo de escolarização a nível superior. O quarto tópico traz uma breve
reflexão sobre como a EaD, através dos polos de apoio presencial pode atuar como
um meio de impulsionar o acesso ao ensino superior e, consequentemente para a
redução da escassez. O artigo finaliza com as considerações finais, seguidas das
referências bibliográficas.
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(BRASIL, 2010).
Com a regulamentação e reconhecimento legal da EaD, a implantação dos
polos de apoio presencial passou a ser vista como uma das ações necessárias para
a expansão da modalidade de ensino no país. Segundo a Resolução nº1, de 11 de
março de 2016, que estabelece diretrizes normas nacionais para a oferta de
programas e cursos de educação superior na modalidade a distância, o polo de
apoio presencial é definido, em seu Art 5º como
[...] a unidade acadêmica e operacional descentralizada, instalada no
território nacional ou no exterior para efetivar apoio político-pedagógico,
tecnológico e administrativo às atividades educativas dos cursos e
programas ofertados a distância, sendo responsabilidade da IES
credenciada para EaD, constituindo-se, desse modo, em prolongamento
orgânico e funcional da Instituição no âmbito local. (BRASIL, 2016).
Segundo os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância,
a presença dos polos nos municípios é uma importante ação que contribui com o
desenvolvimento, ampliação, democratização e interiorização da educação superior
pública no país (BRASIL, 2007). Uma das orientações para que a implantação do
polo seja efetiva é sua localização, que deve ser, preferencialmente, em municípios
com número de habitantes abaixo de 50 mil, além de não possuir instalações
acadêmicas de nível superior (BRASIL, 2010). Segundo Alonso (2010) é através da
implantação do polo, que as IES passam a ter a oportunidade de criar vínculos com
os municípios.
Com a implantação dos polos nos municípios do interior do país, a oferta dos
cursos e a possibilidade de acesso ao ensino superior contribui com a disseminação
e interiorização de oportunidades de estudo e qualificação profissional. Em pesquisa
realizada por Diana (2015), foi identificado que após a implantação dos polos de
apoio presencial em pequenos munícipios a oportunidade de acesso ao ensino
superior aumentou de forma significativa, visto que este passou a ser o a única
oferta de cursos gratuitos a nível superior. Como consequência dessa ação, a
população como um todo passou a se beneficiar das oportunidades apresentadas,
visto que a partir da qualificação profissional, em especial a formação de
professores, os resultados sociais foram positivos (DIANA, 2015). Nesse sentido,
tem-se que a partir do acesso a formação e qualificação profissional ofertada de
forma gratuita contribui para que os municípios apresentem melhorias nos índices de
desenvolvimento (BRASIL, 2010). Atualmente, o Brasil conta com 652 polos de
apoio presencial distribuídos em municípios nas cinco regiões do país, atendendo à
104 IES, conforme pesquisa realizada no site da UAB/CAPES.
Em um estudo comparativo, os países europeus apresentam uma experiência
diferente da que se vive no Brasil. Segundo Preti (2009), na Europa a educação é
apresentada pelo governo como de baixo custo, porém de alta qualidade e
considerado como um meio de qualificar as pessoas para inserir no mercado de
trabalho, sendo assim um processo constante de formação continuada. A
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Considerações finais
As transformações ocorridas na sociedade estão relacionadas a diferentes fatores,
sendo a economia e a educação um deles. O acesso à educação é um direito de
todos assegurado pela constituição e, quando direcionada ao ensino superior, são
identificados diferentes desafios.
Com o avanço da tecnologia, a resistência e pré-conceitos relacionados à
educação a distância parecem ser suprimidas com o passar do tempo. Com o apoio
do governo, através da regulamentação da modalidade de ensino e da criação da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), a EaD passou a ser vista como uma alternativa
viável para a expansão do acesso ao ensino superior, além de ser uma opção às
exigências sociais e pedagógicas, uma vez que conta com o suporte das tecnologias
da informação e comunicação.
Um dos benefícios proporcionados pela EaD é o seu baixo custo para atingir
estudantes de diferentes municípios, independentemente de sua localização
geográfica. O aumento do número de ingressantes no ensino superior, independente
da modalidade de ensino, aponta que a EaD vem contribuindo com as possibilidades
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Referências
ALONSO, K.M. A expansão do ensino superior no Brasil e a EaD: dinâmicas e
lugares. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 113, p. 1319-1335, out-dez. 2010.
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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –
INEP. Censo Escolar da Educação Básica 2013: resumo técnico. Brasília: O
Instituto, 2014. Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/re
sumo_tecnico_censo_educacao_basica_2013.pdf Acessado em 23.maio 2017.
. Resumo técnico: Censo da educação superior 2014. – Brasília: Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2016. Disponível
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http://download.inep.gov.br/download/superior/censo/2014/resumo_tecnico_censo
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BRASIL. Ministério da Educação - MEC. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de
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2006/2005/Decreto/D5622.htm Acessado em 23.maio 2017.
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