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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS


CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

OS PRINCÍPIOS DE GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO


PRESENTES NA LEGISLAÇÃO FEDERAL E NAS POLÍTICAS
PÚBLICAS 1

Tatiane Cristina Bianchini


INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico atende às exigências acadêmicas para a conclusão
do Curso de Graduação em Pedagogia da Universidade Federal de São Carlos. Logo, adquire
caráter de terminalidade após os quatro anos de estudos teóricos e práticos acerca das
questões ligadas à educação. Refere-se, mais especificamente, ao eixo de estudos da Gestão
Educacional e aos questionamentos ligados às políticas públicas para a gestão democrática da
educação no cenário brasileiro.
O interesse para a elaboração deste trabalho é fruto das atividades da disciplina
de Estágio Supervisionado em Administração, Supervisão Escolar e Orientação Educacional
I, quando houve um primeiro contato com a temática da gestão democrática da educação
brasileira por meio do estudo dos Conselhos de Escola e a análise do funcionamento de um
Conselho, por meio de dados coletados em fontes documentais (atas das reuniões) e fontes
orais (depoimentos de conselheiros) .
Durante essa experiência de estágio, pude participar do Grupo de Estudos sobre
Políticas e Gestão da Educação (GEPGE) do Departamento de Educação desta Universidade.
Sob a orientação dos professores coordenadores deste grupo pude realizar leituras e
aprofundamentos relacionados à temática. Além disso, no segundo semestre de 2007, através
de um projeto de extensão, financiado pela Universidade Federal de São Carlos, em parceria
com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Município de São Carlos, houve a
oportunidade de participar da organização de um curso direcionado aos Conselheiros
Escolares da Rede Municipal de Ensino de São Carlos.

1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal
de São Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção do Título de Graduada em Pedagogia.Orientador: Prof.
Dr. Celso Conti
2

Com a proposta de “investigar o funcionamento dos conselhos escolares das


escolas municipais e também promover atividades de formação dos conselheiros” 2, o curso
de extensão universitária “Os conselhos escolares no sistema municipal de São Carlos” teve a
duração de um semestre. Com a experiência vivida durante esse período, optei por aprofundar
meus estudos naquilo que se relacionava às políticas públicas para a gestão democrática no
Brasil, desde o previsto pela legislação até sua efetivação por meio da organização de
Programas Federais a ela relacionados.
Com base nos estudos que já venho realizando, notadamente àquilo que se
refere à gestão democrática da educação brasileira, surge então à proposta deste trabalho de
conclusão de curso cujo objetivo central é analisar os rumos das ações do governo federal, por
meio da implantação de alguns programas, tendo por base a legislação relativa à gestão
democrática da educação. Para que seja possível o alcance do objetivo proposto, foram
traçados objetivos específicos mais relacionados às suas etapas de realização e, por
conseqüência, à estruturação em capítulos apresentada.
Os objetivos específicos deste trabalho, portanto, podem ser traçados da
seguinte forma: Primeiramente propõe-se a analisar a legislação federal de ensino no que se
refere à gestão democrática da educação. Em seguida, é realizada a análise de alguns
Programas do governo federal, também inscritos pelo próprio Ministério da Educação (MEC),
no conjunto de ações voltadas à democratização da gestão educacional. Finalmente, pretende-
se cotejar as características e as ações prioritárias desses programas com os dispositivos
legais, relativos à gestão democrática do ensino público, presente na Constituição Federal de
1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96 e no Plano Nacional
de Educação – Lei 10.172/01
Primeiramente foi realizado um levantamento dos documentos legais
disponíveis no endereço eletrônico do Ministério da Educação (www.mec.gov.br), produzidos
a partir de 1988 (ano da promulgação da atual Constituição Federal3). Após uma breve leitura
de alguns textos, além da Constituição Federal de 1988, foram eleitos a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), e o Plano Nacional de Educação (PNE –
Aprovado pela Lei nº 10.172/2001) como documentos a serem aqui analisados.

2
Trecho retirado do texto de apresentação do referido projeto disponível no endereço eletrônico da Pró-reitoria
de Extensão da Universidade Federal de São Carlos. http://www.ufscar.br/~proex/projetos.php#educacao acesso
em 23 de outubro de 2008.
3
Neste sentido julga-se importante a análise, inclusive, da carta constitucional referida já que é o documento
tomado aqui como ponto inicial e mesmo que não se encontre disponível no endereço eletrônico apontado.
3

No primeiro capítulo deste trabalho, intitulado: “Princípios da gestão


democrática na legislação educacional em nível federal” trago algumas considerações a
respeito do uso do termo gestão democrática da educação presente na legislação selecionada.
Esta análise torna-se o primeiro viés pelo qual serão considerados os programas federais
abordados no capítulo seguinte que, intitulado: “O princípio da gestão democrática como
elemento articulador de alguns programas educacionais em nível federal”, que apresenta um
levantamento dos Programas Federais desenvolvidos pela Secretaria de Educação Básica e
que trazem a proposta de “Articulação e Desenvolvimento dos Sistemas de Ensino” 4.
Em seguida, o terceiro capítulo busca, à luz de alguns referenciais teóricos,
entender os princípios de gestão democrática presentes nos programas analisados com o
intuito de observar o que as políticas públicas brasileiras têm embutido em suas ações sobre o
que é a gestão democrática da educação em nível federal, no sentido de esboçar o que se tem
pensado e proposto diante do princípio constitucional da Gestão Democrática da Educação
Brasileira.
Vale destacar que, além de possibilitar o entendimento mais aprofundado de
algumas questões que tenho levantado no decorrer do curso de licenciatura em pedagogia,
este trabalho vem contribuir para o grupo de pesquisadores envolvidos em uma investigação
maior: o projeto “Comunidades de aprendizagem: aposta na qualidade da aprendizagem, na
igualdade de diferenças e na democratização da gestão da escola”, desenvolvido pelo
Núcleo de Investigação e Ação Social e Educativa (NIASE – UFSCar) e coordenado pela
professora Roseli Rodrigues de Mello. O projeto “apresenta-se como possibilidade de
construção de escolas de qualidade para populações de periferia urbana no Brasil,
promovendo a democratização do seu espaço educativo.” (MELLO, 2003 p.2). O grupo de
pesquisadores nele envolvidos subdivide-se em cinco eixos temáticos: aprendizagem
dialógica, leitura e escrita, condições de vida e trabalho dos familiares, condições sócio-
ambientais do entorno da escola e gestão escolar, e de acordo com a apresentação já realizada,
venho desenvolvendo atividades junto ao eixo de gestão escolar, sob a orientação do professor
Celso Conti.
Ao discutirmos a gestão democrática das escolas envolvidas no Projeto
Comunidades de Aprendizagem pensa-se no trabalho de envolvimento dos familiares e da

4
Tratamento dado pela Secretaria de Educação Básica ao se referir aos projetos relacionados à gestão
democrática da Educação.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=582&Itemid=584
4

comunidade de entorno nas ações desenvolvidas pela escola, sempre objetivando


“potencializar a aprendizagem de todo o alunado” (MELLO, 2003 p.8).
Ressalta-se, a propósito, que a gestão democrática da educação é prevista na
legislação e contemplada nas ações governamentais, na forma de políticas públicas. Cotejar os
princípios enunciados nos documentos oficiais com os do projeto Comunidade de
Aprendizagem é algo que se coloca, assim, como relevante para a equipe de pesquisadores
responsável pelo projeto.
Ao final da apresentação dos dados obtidos, trago algumas considerações que
possam contribuir para o projeto Comunidade de Aprendizagem, ao tentar responder algumas
questões de acordo com o que me propus ao início deste trabalho: em quais princípios se
baseiam os programas federais de apoio à gestão democrática da educação, e em que medida
esses programas contribuem para a participação das famílias e da comunidade de entorno
escolar no processo de gestão da escola?

CAPÍTULO 1 – Princípios da gestão democrática na legislação educacional em


nível federal.
A Constituição Federativa do Brasil de 1988 traz em seu artigo 205 (capítulo
III, Seção I) a seguinte formulação: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho”. A legislação complementar garante “o ensino com duração mínima de nove anos,
obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos seis anos, cujo objetivo é a formação
básica do cidadão (...)” (lei nº 11.114/05 art. 32º).
Além disso, destaca-se na referida Carta Constitucional: “O acesso ao ensino
obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo” (artigo 208, § 1º). O mesmo preceito se
repete na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), em seu artigo 5º, e no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA 8242/91), em seu artigo 54, § 1º. Por público e
subjetivo entende-se o direito individual do cidadão, de modo que todos os brasileiros têm
direito à educação, e em nome desse direito podem exigir do poder público a oferta do ensino
gratuito e de qualidade.
No cenário internacional, a Declaração Mundial sobre Educação Para Todos -
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, documento que resultou da
Conferência Mundial realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, e o relatório Jacques
Delors – relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século
5

XXI, dão ênfase ao direito a educação e as bases da nova educação, considerando os desafios
postos pela sociedade moderna contemporânea. As comissões redatoras desses documentos
apontam para a importância da educação nos países em desenvolvimento enquanto fator
contribuinte para a melhoria da qualidade de vida, o que implica na necessidade de
investimentos em educação. Neste contexto, surgem as parcerias com grandes órgãos
financiadores (Banco Mundial, BIRD, FMI etc.) em apoio ao desenvolvimento educacional.
O relatório Delors, em seu prefácio, define os três grandes desafios propostos
para as políticas educativas atuais, a partir dos quais conclui:

A Comissão não podia deixar de chamar a atenção para o fato dessas políticas
poderem contribuir para um mundo melhor, para um desenvolvimento humano
sustentável, para a compreensão mútua entre os povos, para a renovação de uma
vivência concreta da democracia. (DELORS, 2006, p. 14).

É na busca desta vivência concreta da democracia que as políticas públicas


elaboradas após a década de 1990 passam a abordar a questão da gestão democrática da
educação. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, pela primeira vez na história das
constituições, assegura explicitamente o princípio da “gestão democrática do ensino
público...” (BRASIL, 1988), acompanhada pela LDB 9.394/96 e pelo Plano Nacional de
Educação.
Demonstrado, portanto, um movimento internacional em favor de expandir e
garantir a qualidade da educação para todos, e que a mesma se paute nos princípios da
democracia, tais diretrizes também são acentuadas no plano legal e nas ações governamentais.
No Brasil, parece-nos bastante pertinente aprofundar estudos relativos às bases nas quais se
assentam as propostas de participação da comunidade e de gestão democrática da escola. É
com vistas a contribuir para esses estudos, que se apresenta esta monografia de conclusão de
curso.
Neste primeiro capítulo, pretende-se fazer uma análise da Legislação Federal
(Constituição Federal de 1988, LDB 9394/96 e Plano Nacional de Educação) com o objetivo
de identificar a presença de elementos que possam apontar para a necessidade de
incorporação da gestão democrática nas políticas públicas nacionais a partir do final da
década de 1980.
Para que fosse possível a realização de tal análise, foram buscadas cópias
digitais da legislação, disponíveis no portal eletrônico do Senado Federal –
www.senado.gov.br – e do Ministério da Educação – www.mec.gov.br. Ambos os portais, em
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sua página inicial, apresentam um tópico relacionado à legislação. Trata-se de um link que
leva à legislação disponível na rede, já em formato digital.
É importante destacar que “a lei é antes de tudo uma síntese, um produto de
embates” (ADRIÃO e CAMARGO, 2002, p.70). Trata-se, portanto, de considerar a legislação
enquanto fruto do momento histórico e político em que se realiza sua elaboração. Em
conseqüência disso, no texto legal encontram-se implícitos elementos sociais, políticos,
históricos e econômicos e, assim sendo, é fundamental estabelecer um breve panorama geral
do contexto no qual foram produzidas essas leis.
O tema com a gestão democrática, a partir da década de 1980, está diretamente
ligado à questão do contexto de elaboração dos documentos legais. Nesse período, o Brasil
vivia a efervescência dos ideais de liberdade democrática.

(...) os primeiros grandes movimentos grevistas, o movimento das ‘Diretas Já’ pelo
retorno de eleições para governantes; a conquistas da liberdade de organização
partidária, entre tantas outras ações no campo trabalhista, político e social,
configuraram um ‘clima’ por maior participação e democratização das várias
esferas da sociedade brasileira, incluindo-se a organização do próprio Estado. (Ibid,
p.69).

Neste cenário, é elaborada a Constituição Federativa do Brasil no ano de 1988,


e em seu texto é abordada, de maneira inédita, a questão da gestão democrática, mesmo que
ainda na forma de princípio constitucional. Apresentar um princípio educacional significa
“designar, na norma jurídica escrita, os postulados básicos e fundamentais presentes em todo
Estado de direito, ou seja, são afirmações gerais no campo da legislação a partir das quais
devem decorrer as demais orientações legais” (Ibid, p.72).
Portanto, ao ser abordada enquanto princípio na Constituição Federal, a gestão
democrática tomada enquanto afirmação geral acaba não trazendo consigo uma concepção
determinada, que fica, então, a cargo da legislação específica de cada esfera, (como por
exemplo, educação, saúde, administração pública etc.) e cada nível (sistema federal, estadual
e municipal).
No campo educacional, o princípio da gestão democrática, seguindo o texto
constitucional, é incorporado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
elaborada em 1996, e no Plano Nacional de Educação (PNE), elaborado em 2001 –
documentos analisados neste trabalho.
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1.1 A gestão democrática na Constituição Federal de 1988


O texto legal de 1988 faz referência à gestão democrática da educação apenas
em seu Título VII, Capítulo III, Seção I. Assim, tal referência aparece da seguinte maneira:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de
carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico
único para todas as instituições mantidas pela União;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade. (BRASIL, 1988)

Nota-se a referência direta à gestão democrática no sexto princípio. No


entanto, é interessante observar a delimitação que é realizada ao se referir à gestão
democrática do ensino público brasileiro. O adjetivo “público” foi adicionado ao texto
constitucional restringindo as orientações para gestão democrática apenas ao “ensino
público”. Sendo assim, fica a cargo do ensino privado a opção ou não pela gestão democrática
da educação, já que não são expressas orientações a esse respeito na LDB.
Observa-se também que ao se estabelecer a “gestão democrática do ensino
público, na forma da lei”, não fica explícita a concepção de gestão democrática presente no
texto legal. Não há diretrizes relativas à organização e realização deste princípio
constitucional. Ou seja, “(...) o texto constitucional não se refere ao entendimento que os
legisladores imprimiram à idéia de democratização presente no princípio” (ADRIÃO e
CAMARGO, 2002, p.76)
Além disso, ao optar por não mais fazer referência à gestão democrática da
educação ao longo do documento constitucional, nota-se um movimento de adiamento da
operacionalização dos pressupostos da gestão democrática nas escolas. Podem-se observar,
com freqüência, alguns equívocos com relação ao próprio entendimento de gestão escolar. Na
Carta de 1988 esse princípio é tomado como algo muito próximo, ou mesmo se confunde,
com o de administração escolar.
É importante o exercício de diferenciação entre gestão e administração escolar,
pois não se pode entender a gestão democrática do ensino se a concepção adotada ainda é
aquela que se refere à administração escolar. O conceito de gestão diz respeito à “condução
dos destinos das organizações, que leva em consideração o todo em relação com as suas
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partes e destas entre si, de modo a promover maior efetividade do conjunto” (Morin, 1985;
Capra, 1993 apud LUCK, 2006, p.34).
Destaca-se ainda que “(...) a concepção de gestão supera a de administração, e
não a substitui” (LUCK, 2006, p.39), parte das limitações trazidas pela administração e lança
esforços para superá-las. Neste sentido, a gestão democrática da educação não deve ser
tomada como sinônimo de administração pelo sistema educacional. 5
Pode-se, então, tomar a incorporação da gestão democrática da educação
enquanto uma
(...) conquista parcial, na medida em que teve sua abrangência limitada [ao ensino
público] e sua operacionalização delegada à regulamentações futuras, o que
significou que sua aplicabilidade foi protelada [aos documentos específicos como,
neste caso, a LDB e o PNE]. (ADRIÃO e CAMARGO, 2002, p.74)

1.2 A gestão democrática na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


LEI 9394/96
Com a finalidade de buscar um melhor entendimento relativo à gestão
democrática da educação incorporada aos documentos legais, a partir da década de 1980,
segue-se, neste item, a análise da legislação específica relacionada à educação, com a intenção
de obter informações mais detalhadas deste princípio constitucional.
As referências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
9394/96) à gestão democrática aparecem nos seguintes artigos:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação
dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino


público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico
da escola;

5
Maiores esclarecimentos sobre a concepção de gestão e mais especificamente sobre gestão democrática aqui
abordada, podem ser encontrados nas considerações finais deste trabalho.
9

II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou


equivalentes.

Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da


gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de
que participarão os segmentos da comunidade institucional, local e regional.
(BRASIL, 1996)

Observando atentamente os trechos destacados deste documento legal, notam-


se algumas especificações relativas às normas da gestão democrática que, basicamente, se
referem à participação dos profissionais da educação no processo de elaboração do projeto
político pedagógico, e da comunidade escolar nos conselhos escolares. No entanto, observa-se
que a legislação deixa a cargo dos sistemas de ensino maiores responsabilidades de
especificações sobre o tema.
Assim, a gestão democrática da educação pública nacional passa a ser
entendida como algo relacionado à participação dos profissionais da educação e da
comunidade escolar no processo de tomada de decisão e resolução de conflitos. Para que esse
movimento ocorra, é de central importância o diálogo entre aqueles que se tornam
responsáveis por gerir as instituições escolares.
Ao tratar dessa temática, CURY (2007, p, 493) faz algumas considerações
sobre a etimologia da palavra “gestão”:

Gestão é um termo que provém do latim e significa: levar sobre si, carregar, chamar
a si, executar, exercer, gerar. (...) Trata-se de gestatio, ou seja, gestação isto é: ato
pelo qual se traz dentro de si algo novo e diferente: um novo ente. Ora, o termo
gestão tem sua raiz etimológica em ger que significa: fazer brotar, germinar, fazer
nascer. Da mesma raiz provêm os termos genitora, genitor, gérmen.

O autor ainda aponta a obrigação dos pais ou responsáveis em matricular seus


filhos, para que tenham acesso à educação. No entanto, destaca também que “a escola, por sua
vez, tem grande responsabilidade nessa relação, reiteradas vezes repetida seja sob a forma de
informação, seja sob a forma de participação.” (Ibid, p.491) E completa argumentando que
“(...) a gestão democrática é, antes de tudo, uma abertura ao diálogo e à busca de caminhos
mais conseqüentes com a democratização da escola brasileira em razão de seus fins maiores
postos no artigo 205 da Constituição Federal“ (ibid, p.493).
Deste modo, a democratização ao acesso, permanência e qualidade do ensino
público deve ser considerada atrelada ao processo participativo na educação. Na busca da
compreensão de que “democracia como princípio articula-se ao da igualdade ao proporcionar,
a todos os integrantes do processo participativo, a condição de sujeitos expresso no seu
reconhecimento como interlocutor válido.” (ADRIÃO e CAMARGO, 2002, p.77).
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1.3 A gestão democrática no Plano nacional de Educação – LEI 10.172/2001


Conforme o prescrito pela Constituição Federal de 1988 e, portanto, legislação
específica do âmbito educacional, o Plano Nacional de Educação também traz contribuições
para que se possa entender e contextualizar um pouco da gestão democrática no cenário
educacional brasileiro. Previsto no Artigo 214 da Carta de 1988, e nas disposições transitórias
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, texto de 1996, o Plano Nacional de
Educação passa a entrar em tramitação na Câmara dos Deputados em 10 de fevereiro de 1998.
Entretanto, faz-se necessário, antes da análise do texto legal em si, trazer
alguns apontamentos sobre o processo de elaboração deste Plano Nacional, precedido de
debates na sociedade civil organizada e de ação do Poder Legislativo, antecipando-se ao
Executivo. Neste sentido, Velente e Romano (2002, p.98 apud DOURADO, 2006, p.30)
destacam a importância da participação e mobilização populares durante o processo de
elaboração do texto original apresentado em 1998 enquanto um “(...) Plano Nacional de
Educação elaborado coletivamente por educadores, profissionais da educação, estudantes,
pais de alunos etc. (...), [texto que] consubstanciou-se no Projeto de Lei nº 4.155/98”.
Destacam-se a participação e mobilização popular com o intuito de sinalizar o
anseio da sociedade civil pela garantia do direito à educação pública, seja quanto ao acesso, à
permanência e à garantia de qualidade de ensino. DOURADO (2006) assinala, ainda, a
pressão social produzida pelo “Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública” no sentido da
busca em “propiciar condições políticas para a retomada do protagonismo da sociedade civil
organizada” (Ibid, p.40), favorecendo os processos democráticos e de participação na vida
social.
No entanto, apesar dos movimentos sociais organizados e do Projeto de Lei nº
4.155/98, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) propõe outro projeto de Plano Nacional
de Educação, produzindo embates e disputas acerca do texto final. O aspecto conservador do
Estado Brasileiro passa a entrar em vigor durante as discussões e é aprovado o PNE proposto
pelo governo, movimento “traduzido por reduzido debate e participação e por uma lógica
política marcada pelo reducionismo do Plano à visão e à política governamental” (Ibid, p.31).
O texto final, aprovado em 9 de janeiro de 2001 – Lei 10.172, por sua vez,
também apresenta considerações a respeito da gestão democrática da escola, e faz algumas
menções a este respeito:
Ao tratar do Magistério Da Educação Básica (Título IV), mais especificamente
com relação à Formação dos Professores e Valorização do Magistério (item número 10) o
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Plano Nacional de Educação estabelece algumas diretrizes (10.2) dentre as quais pode-se
destacar a primeira menção deste documento à palavra gestão democrática da educação.

Os cursos de formação deverão obedecer, em quaisquer de seus níveis e


modalidades,
a) sólida formação teórica nos conteúdos específicos a serem ensinados na
Educação Básica, bem como nos conteúdos especificamente pedagógicos;
b) ampla formação cultural;
c) atividade docente como foco formativo;
d) contato com a realidade escolar desde o início até o final do curso, integrando a
teoria à prática pedagógica;
e) pesquisa como princípio formativo;
f) domínio das novas tecnologias de comunicação e da informação e capacidade
para integrá-las à prática do magistério;
g) análise dos temas atuais da sociedade, da cultura e da economia;
h) inclusão das questões relativas à educação dos alunos com necessidades
especiais e das questões de gênero e de etnia nos programas de formação;
i) trabalho coletivo interdisciplinar;
j) vivência, durante o curso, de formas de gestão democrática do ensino;
k) desenvolvimento do compromisso social e político do magistério; e
l) conhecimento e aplicação das diretrizes curriculares nacionais dos níveis e
modalidades da educação básica.

Em seguida, ao estabelecer diretrizes (11.2) para seu Título V: Financiamento


da Gestão, o referido Plano novamente utiliza-se da expressão gestão democrática. Conforme
o ilustrado a seguir:

Finalmente, no exercício de sua autonomia, cada sistema de ensino há de implantar


gestão democrática. Em nível de gestão de sistema na forma de Conselhos de
Educação que reúnam competência técnica e representatividade dos diversos
setores educacionais; em nível das unidades escolares, por meio da formação de
conselhos escolares de que participe a comunidade educacional e formas de escolha
da direção escolar que associem garantia da competência ao compromisso com a
proposta pedagógica emanada dos conselhos escolares e a representatividade e
liderança dos gestores escolares.

E, finalmente, ao se referir, ainda ao Financiamento da Gestão, mais


especificamente a seus Objetivos e Metas (11.3) e, por fim à gestão em si (11.3.2), o Plano
Nacional salienta a definição da gestão democrática do ensino público brasileiro, conforme o
apresentado adiante:

22. Definir, em cada sistema de ensino, normas de gestão democrática do ensino


público com a participação da comunidade.

A gestão democrática do ensino é citada, primeiramente, ao tratar dos cursos


de formação de professores e à sua valorização. Preconiza, assim, que durante os cursos de
formação os futuros educadores possam vivenciar processos democráticos e conhecer as
formas da gestão democrática do ensino.
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Em seguida, ao estabelecer diretrizes para Financiamento e Gestão da


Educação – 11.2 – o Plano aponta que “cada sistema de ensino há de implantar a gestão
democrática”. Assim, fica a cargo dos sistemas de ensino manter os Conselhos de Educação e,
no âmbito de cada unidade escolar, os conselhos de escola. O Ministério da Educação passa
então a incentivar a existência e o funcionamento desses conselhos através de Programas
Nacionais de incentivo à gestão democrática da educação por meio da participação popular
nas escolas.
Finalmente, o Plano Nacional de Educação aponta para a autonomia de cada
sistema de ensino em definir a gestão democrática da educação desde que seja garantida a
participação da comunidade, por meio dos Conselhos Escolares, sempre com vistas a garantir
a qualidade da educação nacional. “Não basta, entretanto, ter presente a necessidade de
participação da população na escola. É preciso verificar em que condições essa participação
pode tornar-se realidade.” (PARO, 2003, p. 40). No entanto, essas condições não são
estabelecidas pela lei, dificultando a participação.
Desse modo, após uma breve leitura da legislação federal no que diz respeito às
políticas públicas para a gestão democrática da educação, identificando seus avanços e
limites, propõe-se o levantamento de alguns programas federais que fazem referência ao novo
modelo de gestão que, como já observado, passa a ser previsto desde a Carta Constitucional
de 1988 e nas legislações infraconstitucionais supracitadas. Buscou-se, então o acesso aos
programas federais nos endereços eletrônicos do Ministério da Educação – www.mec.gov.br
– e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A partir de uma visão global acerca do material disponível eletronicamente, e
com o intuito de permitir um maior enfoque em propostas que abordem de maneira central a
gestão democrática da educação e as parcerias para a gestão educacional, foram selecionados
alguns programas federais para a análise no presente trabalho. São eles: o Programa de Apoio
aos Sistemas de Ensino para o Acompanhamento e a Avaliação do Plano Nacional de
Educação e dos Planos Decenais Correspondentes, o Programa de Apoio aos Dirigentes
Municipais de Educação (Pradime), o Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros
Municipais de Educação, o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, o
PROFORTI - Programa de Fortalecimento Institucional das Secretarias Municipais de
Educação do Semi-Árido, o Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica e o
PDE – Escola (Plano de Desenvolvimento da Escola).
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CAPÍTULO 2 – O princípio da gestão democrática como elemento articulador de


alguns programas educacionais em nível federal.

O objetivo central deste capítulo é identificar os princípios de gestão


democrática, explícitos ou implícitos, que norteiam os programas federais anteriormente
selecionados. Para isso, será feita, primeiramente, uma breve apresentação de cada um dos
programas, para se demarcar, posteriormente, os princípios abordados nos programas federais
para a educação, apontados anteriormente como objeto deste estudo.
Para a seleção dos programas, foi realizado um acesso ao endereço eletrônico
do Ministério da Educação – www.mec.gov.br – com o intuito de observar um pouco da
organização deste órgão Federal, bem como suas ações em diferentes instâncias. Após uma
busca geral neste sítio foi possível ter acesso a um organograma que relaciona as ações do
Ministério, conforme apresentado a seguir:
FIGURA 1 – ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 6

6
FONTE: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=62&Itemid=191
14

Nota-se que relacionados ao Ministério da Educação estão: o Conselho


Nacional de Educação, o Gabinete do Ministro, a Consultoria Jurídica e a Secretaria
Executiva. Esta Secretaria Executiva, por sua vez, supervisiona vários órgãos administrativos,
dentre eles, e mais diretamente, a Subsecretaria de Assuntos Administrativos e a Subsecretaria
de Planejamento e Orçamento. Logo, observa-se que subordinada à Subsecretaria de Assuntos
Administrativos, e sob a supervisão da Secretaria Executiva do Ministério, encontram-se as
Secretarias de cada Área da Educação: Educação Profissional e Tecnológica, Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade, Educação Básica, Educação Especial, Educação a
Distância e Educação Superior.
A seleção dos projetos aqui analisados está relacionada com as ações da
Secretaria de Educação Básica (contemplada no organograma supracitado). De acordo com a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a Educação Básica é “formada pela educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio” (BRASIL, 1996, Artigo 21º, ponto I) e “tem por
finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
7
posteriores.” (Ibid, Artigo 22º).
Ligados à Secretaria de Educação Básica estão vários departamentos, que por
sua vez são responsáveis por ações diversas no âmbito educacional. Os programas federais
analisados neste trabalho inserem-se, mais especificamente, no contexto do Departamento de
Articulação e Desenvolvimento dos Sistemas de Ensino, que é tido como o departamento
mais diretamente ligado às questões da gestão democrática da educação. A organização da
Secretaria de Educação Básica, bem como a divisão departamental deste órgão administrativo
podem ser observadas mais sistematicamente na Figura 2, apresentada a seguir, e também
disponibilizada no endereço eletrônico do Ministério da Educação, no subdomínio da
Secretaria de Educação Básica (SEB).
Além do Departamento de Articulação e Desenvolvimento dos Sistemas de
Ensino, no conjunto de órgãos sob a supervisão da Secretaria de Educação Básica estão: o
Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, o Departamento de
Políticas de Ensino Médio, o Departamento de Projetos Educacionais e o Departamento de
Desenvolvimento de Políticas de Financiamento da Educação Básica. Os programas

7
Por se tratar de uma pesquisa de caráter documental, a análise aqui proposta tomará como referência as
políticas expressas nos textos disponibilizados pelo Ministério da Educação, e pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação. Assim, não serão levadas em conta as experiências práticas ou a concretização
dos programas apresentados, ou seja, a presente investigação se propõe a analisar o conceito de gestão
democrática presente nas propostas federais e não as ações concretas derivadas dessas propostas.
15

desenvolvidos por cada subárea podem ser acessados no endereço eletrônico do Ministério da
Educação. No entanto, como já salientado, este trabalho tem seu foco voltado para os
programas relacionados à gestão democrática que, por sua vez, referem-se à articulação e
desenvolvimento dos sistemas de ensino.
FIGURA 2 – ORGANIZAÇÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA8

O acesso ao material que apresenta a estrutura organizacional do Ministério da


Educação e da Secretaria de Educação Básica foi de fundamental importância para o
esclarecimento do foco de análise deste trabalho, porque foi possível fazer um recorte
adequado e coerente do ponto de vista da análise proposta e das condições inerentes ao nível
desta investigação.
O critério para a seleção dos programas aqui analisados está estritamente
conexo à apresentação que a Secretaria de Educação Básica faz das ações que desenvolve.
Primeiramente em contato com o sítio eletrônico do Ministério da Educação
(www.mec.gov.br) encontra-se à extrema esquerda em menu com palavras-chave que se
referem às áreas desse Ministério. Ao acessar a área relacionada à Educação Básica, tem-se
acesso ao portal eletrônico da Secretaria de Educação Básica (SEB). No portal da SEB,
novamente apresenta-se um menu à extrema esquerda com às áreas de trabalho desta
Secretaria e, ao final da listagem de áreas encontra-se a expressão “Programas da SEB”.
Acessando o link de programas da SEB são disponibilizados outros links que levam ao
desenvolvimento dos programas em si. Portanto, a seleção disposta neste trabalho, são
exatamente as ações que a Secretaria de Educação Básica entende como atividades
disponíveis em seu Eixo II, ligado à Gestão Democrática: Articulação e Desenvolvimento dos
Sistemas de Ensino

8
Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=269&Itemid=257
16

Nesse sentido, para uma organização adequada dos dados, a apresentação dos
programas selecionados levou em conta o propósito de destacar em cada projeto elementos
comuns necessários à compreensão do mesmo. Foram eleitos alguns itens norteadores que, de
acordo com as leituras realizadas, pudessem trazer elementos suficientes para esclarecer os
princípios abordados em cada um dos programas e, de alguma maneira, estivessem
relacionados à gestão democrática da educação pública nacional.

2.1 – Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para o Acompanhamento e a


Avaliação do Plano Nacional de Educação e dos Planos Decenais Correspondentes 9
Destinado aos Dirigentes, técnicos e gestores das secretarias estaduais e
municipais de educação e os diversos segmentos da sociedade civil organizada ligados à área
de educação, o programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para o Acompanhamento e a
Avaliação do Plano Nacional de Educação e dos Planos Decenais Correspondentes fornece
apoio técnico e pedagógico aos sistemas de ensino, e tem como objetivo

acompanhar a implementação e a avaliação do Plano Nacional de Educação e dos


planos decenais dos estados e municípios, com a participação da sociedade civil
organizada e capacitar técnicos, gestores e dirigentes das secretarias de educação
utilizando metodologias específicas nas ações de planejamento de políticas
educacionais articuladas entre União, estados e municípios. (SEB – MEC) 10

Instituído pela Secretaria de Educação Básica ao final de 2005, as principais


ações do Programa estão relacionadas à Organização de Seminários Regionais de Avaliação
do Plano Nacional de Educação (PNE). Sendo assim, iniciou suas atividades com a
organização do Colóquio Nacional sobre Mecanismos de Acompanhamento e Avaliação do
Plano Nacional de Educação e dos Planos Decenais Correspondentes, que ocorreu em 14 de
dezembro de 2005. Em seguida, ao longo do ano de 2006 foram organizados seminários
regionais de Avaliação e Acompanhamento do Plano Nacional de Educação e dos Planos
Decenais Correspondentes. Cada região do país contou com a realização de um seminário
regional e os relatórios desses eventos encontram-se disponíveis para consulta no endereço
eletrônico do Ministério da Educação, no subdomínio da Secretaria de Educação Básica.11
Foram também organizados, em ação conjunta com o Inep, Consed, Undime,
Uncme e outras entidades ligadas à Educação nos estados, três Seminários Estaduais de

9
Informações disponíveis em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=1003 e
em http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=1130&Itemid=
10
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=1130&Itemid=
acesso 13/10/2008
11
Relatórios disponíveis em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=921 acesso
em 13/10/2008
17

Avaliação do PNE e dos Planos Decenais Correspondentes, em 2007. Os locais de realização


dos eventos foram: Salvador (BA), Ilhéus (BA) e Teresina (PI). No entanto, vale destacar que
o programa ainda encontra-se em andamento, realizando ações durante o ano de 2008.
Este programa relaciona-se com o Plano de Desenvolvimento da Escola – PDE
Escola, que também será objeto de análise deste trabalho, na medida em que prevê ações a
serem implementadas no Plano de Metas e Compromisso Todos pela Educação, assim, passa-
se a observar a interligação dos programas federais a uma organização central, que no caso
passa a ser o Fundescola (Fundo de Fortalecimento da Escola), que será tratado de maneira
mais aprofundada no momento da discussão do PDE – Escola.
A organização deste programa conta com diversos parceiros para a execução
da proposta de avaliação do PNE e dos Planos Decenais Correspondentes por todo o Brasil.
Esses parceiros, além de auxiliar no objetivo central do programa, participam no
compartilhamento das responsabilidades diante das ações propostas. Logo, todos os entes
federados tomam parte na execução e na responsabilização das ações realizadas. Assim, o
Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para o Acompanhamento e a Avaliação do Plano
Nacional de Educação e dos Planos Decenais Correspondentes conta com as seguintes
parcerias: o Conselho Nacional de Educação (CNE); Fundo das Nações Unidas para Infância
(Unicef); Câmara dos Deputados e Senado Federal (Comissão de Educação e Cultura); União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime); União Nacional dos
Conselheiros Municipais de Educação (Uncme); Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep); Confederação Nacional de Trabalhadores de Educação
(CNTE); Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação –(Consed).

2.2 – Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação - Pradime 12


Este programa é direcionado aos dirigentes municipais de educação de todo o
País, desenvolvido pelo poder público, em parceria com a União dos Dirigentes Municipais
de Educação – UNDIME. O programa busca “fortalecer e apoiar os dirigentes da educação
municipal na gestão dos sistemas de ensino e das políticas educacionais, bem como contribuir
para o avanço em relação às metas do Plano Nacional de Educação.” (BRASIL, MEC). Ainda
segundo informações do Ministério da Educação, a formação dos dirigentes municipais ocorre
por meio de encontros presenciais e módulos à distância.

12
Informações disponíveis:
http://pradime.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=66&Itemid=78, em
http://pradime.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=38&Itemid=62#lin e em
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Pradime/cader_tex_1.pdf acesso em 13/10/2008
18

O Pradime retoma o antigo Prasem, realizado pelo MEC nos anos de 1997,
1999 e 2001, e traz novas denominações, conteúdos e estratégias de trabalho dentre as quais o
grande destaque é o papel do gestor dos sistemas de ensino, conforme os paradigmas e
propostas atuais pautados nos recursos tecnológicos atualmente disponíveis. As ações
desenvolvidas são direcionadas à troca de experiências, acesso a informações e ferramentas
que auxiliem a gestão municipal; além disso, o espaço de formação do Pradime é pensado, por
excelência, enquanto espaço de formação permanente dos dirigentes municipais, com a
finalidade de que se “possa fazer um aprofundamento do diálogo sobre o valor da educação
para o desenvolvimento eqüitativo da sociedade e para a construção da cidadania democrática
em nosso País.” (BRASIL, 2006c, p.11)
Vale destacar que esta ação do governo federal está diretamente ligada a outros
programas desenvolvidos pela Secretaria de Educação Básica, que apóiam a criação e a
Formação de Conselhos Municipais de Educação, Conselhos Escolares e a formação dos
diretores de escola.13
Os conteúdos abordados são organizados a partir de eixos transversais: (a) a
educação como agente propulsor do desenvolvimento local, regional e nacional; (b) a
qualidade social da educação como marco diferencial da ação pedagógica do Estado; e (c) a
gestão democrática como caminho condutor de novas práticas do Poder Público. A partir
desses três eixos, são organizadas nove unidades temáticas, abordadas em material produzido
pelo Ministério da Educação e que se encontra disponível online para consultas 14:

1. A Educação no Contexto da Política de Desenvolvimento com Igualdade Social


2. A Organização da Educação Nacional no Contexto do Fortalecimento da
Educação Básica: Papel do Município
3. Avaliação de Políticas Educacionais
4. Políticas Educacionais para um Brasil de Todos
5. Financiamento e Gestão Orçamentária da Educação
6. Gestão de Recursos Materiais
7. Gestão Democrática da Educação
8. Gestão Pedagógica da Educação Escolar
9. Valorização dos Trabalhadores em Educação: Docentes e Não-Docentes

Nota-se que essas unidades abordam de maneira geral as políticas públicas para
a educação no Brasil. diretamente ligadas às ações desenvolvidas e planejadas pelos dirigentes
municipais aos quais esse material é destinado. Trata-se de questões majoritariamente de
ordem prática, que trazem diretrizes para a ação do gestor municipal nos planos econômico,
13
Neste trabalho ainda serão abordados o Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais de
Educação, o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares e o Programa Nacional Escola de
Gestores da Educação Básica.
14
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=873&Itemid=921
acesso em 13/10/2008
19

social, político, e no que se refere à formação dos trabalhadores da educação. O material


utilizado é formado por Cadernos de Textos – que contemplam leituras sobre as nove
unidades temáticas: Cadernos de Oficinas – que disponibilizam o material necessário para a
realização das oficinas ou encontros presenciais; Cadernos de Transparências – contendo as
transparências utilizadas nos encontros presenciais; Marcos Legais da Educação Nacional –
seleção que organiza as principais normas em vigor na educação nacional; Guia de Programas
– orientações aos dirigentes municipais sobre os programas desenvolvidos pelo Ministério da
Educação.
Este programa conta ainda com outros parceiros elencados pelo Ministério da
Educação: o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco), a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e Banco
Mundial (Bird). Vale, portanto destacar o envolvimento das organizações internacionais com
o referido programa que, por sua vez, passa a atuar com base nos pressupostos e exigências
das políticas internacionais para a educação. Logo, observa-se que, através deste programa os
dirigentes municipais de ensino têm acesso ao que se tem pensado em nível mundial para a
educação.

2.3 – Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais de


15
Educação - Pró-Conselho
De acordo com TEIXEIRA (2004, p.692-693), “na atualidade, a constituição de
conselhos tem sido percebida como a abertura de espaços públicos, de participação da
sociedade civil, caracterizando a ampliação do processo de democratização da sociedade”.
Esses conselhos adquirem caráter de colegiados normativos, consultivos, mobilizadores e
fiscalizadores. Sua composição é regida pelo sistema de paridade, sendo que parte de seus
membros representam a sociedade civil e parte representa o governo, seja ele federal, estadual
ou municipal. Espera-se que “essa composição [possa criar] a possibilidade de uma ação mais
articulada e global das organizações e [definir] as bases para uma ação política sobre as
[diversas] esferas de decisão do poder.” (Ibid, p.702).
Nota-se, então, a funcionalidade da composição dos conselhos enquanto
colegiados que representam a gestão democrática da educação, principalmente nos espaços de
tomada de decisão. Com base no espaço central ocupado por esses órgãos, o governo federal

15
Informações disponíveis em:
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=251&Itemid=491 acesso em 13/10/2008
20

passa a direcionar ações vinculadas à organização e capacitação dos conselheiros da


educação, como é o caso do Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais
de Educação - Pró-Conselho e do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolares.
Criado em outubro de 2003, o Pró-Conselho é direcionado aos Conselheiros
Municipais de Educação de todo o país. Entretanto, mesmo os Municípios que não possuem
Conselho Municipal, participam da alimentação de um banco de dados criado pelo Programa
com a finalidade de conhecer o perfil dos conselheiros municipais do país. Esse banco
denomina-se Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação – SICME, e é
uma base de dados alimentada via internet pelos conselheiros e dirigentes municipais.
Segundo as informações disponibilizadas pelo Ministério da Educação, o
Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Educação tem o objetivo
geral de “ampliar a capacidade de atuação dos conselheiros municipais de educação,
incentivando e qualificando a participação da sociedade na tarefa de avaliar, definir e
fiscalizar as políticas educacionais e assim garantir a universalização dos direitos básicos que
promovam o exercício da cidadania.” 16
Os Conselhos Municipais de Educação têm função consultiva, normativa e
deliberativa, de fiscalização e/ou controle social, propositiva e mobilizadora, e no intuito de
trabalhar com as possibilidades dessas funções dos Conselhos, o Governo Federal lança a
proposta de capacitação por meio do Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros
Municipais de Educação. São organizados encontros com os Conselheiros Municipais para
que sejam realizadas oficinas de capacitação.
Além da organização desses encontros, a metodologia de trabalho conta
também com a troca de experiências e distribuição de material escrito formado por um
caderno de oficina, um caderno de referência e um guia de consulta que traz informações
gerais sobre o funcionamento e atribuições do conselho municipal de educação. Todos os
materiais estão disponíveis no portal eletrônico do programa de acordo com o ano da
publicação e são de livre acesso.
Além da capacitação dos conselheiros, o programa apresenta ainda objetivos
específicos, mais relacionados com a organização dos conselhos municipais de educação
enquanto espaço de efetivação da gestão democrática da educação. Esses objetivos são
elencados pelo Ministério da Educação da seguinte maneira:

16
Texto disponível em:
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=251&Itemid=491 acesso em 13/10/2008
21

- Consolidar uma estrutura educacional que garanta a aprendizagem escolar e a


participação coletiva na avaliação das ações pedagógicas e administrativas do poder
público municipal;
- Incentivar a instituição de ações colegiadas que propiciem a intervenção
organizada, bem como as atitudes preservadoras de autonomia municipal e de
representatividade social;
- Ampliar a capacidade de compreender e interpretar a legislação educacional;
- Ampliar a capacidade de atuação dos conselheiros;
- Estimular a colaboração entre conselhos municipais, estaduais e nacionais de
educação;
- Assegurar a participação da sociedade no alinhamento da gestão educacional;
- Incentivar o fortalecimento dos CME;
- Fomentar a criação de novos conselhos municipais de educação. 17

Para que seja possível a realização dos objetivos propostos, o programa


desenvolve ações ano a ano em todo o território nacional. Encontram-se disponíveis alguns
materiais trabalhados desde o ano de 2003 até o ano de 2007. Dentre eles destaca-se o
relatório de atividades de 2003/2004, que apresenta dados sobre a realização de encontros
estaduais de capacitação de conselheiros, troca de experiências, dados sobre a organização do
SICME – trazendo o número de conselheiros municipais por estado brasileiro – e a assinatura
e distribuição da Revista Documenta do Conselho Nacional de Educação para os Conselhos
Municipais de Educação.18
Como os programas anteriormente analisados, o Pró-Conselho estabelece
parcerias com diversas instituições nacionais e internacionais. Observa-se novamente o
movimento das diretrizes internacionais para as políticas públicas brasileiras na medida em
que as ações federais correspondem também àquilo que se tem pensado em nível mundial
para a educação. Destarte, os parceiros elencados pelo programa são: a União Nacional dos
Conselhos Municipais de Educação – Uncme; a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação – Undime; o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação; o Conselho
Nacional de Educação – CNE; o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento –
PNUD e o Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef.

2.4 – Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares 19


Como já destacado anteriormente, por meio da criação de conselhos ligados ao
campo educacional os movimentos populares e a sociedade civil organizada passam a usufruir

17
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=251&Itemid=491
acesso em 13/10/2008
18
Relatório disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Procons/relat03_04.pdf acesso em
15/10/2008
19
Informações disponíveis em:
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=1101 acesso em 15/10/2008
22

de um novo canal de participação em busca da garantia da educação pública de qualidade.


Neste cenário, o Conselho Escolar assume-se como órgão colegiado de natureza político-
educativa composto por representantes da comunidade local (pais e alunos) e da comunidade
escolar (professores e funcionários), na condição de instrumento articulador de diferentes
opiniões e interesses, buscando uma construção coletiva de melhores maneiras de tomadas de
decisões, desconcentrando o poder e envolvendo todos os interessados na melhoria da
qualidade do ensino público.
De acordo com a legislação vigente, o Conselho Escolar tem como “atribuição
deliberar sobre questões político-pedagógicas, administrativas, financeiras, no âmbito da
escola” (BRASIL, 2004a, p. 32). Ocupa importante papel na discussão e elaboração coletiva
do projeto político-pedagógico da escola, levando-se em conta as características da
comunidade, seus anseios e problemas a serem superados.
“Visando fomentar a implantação e o fortalecimento de Conselhos Escolares
nas escolas públicas de educação básica” (BRASIL, 2004b p.9), o governo federal criou, no
ano de 2004, o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Este
programa é desenvolvido em todo o território nacional e tem como público alvo os
conselheiros de escola.
Os objetivos desse programa são apresentados da seguinte maneira:

- ampliar a participação das comunidades escolar e local na gestão administrativa,


financeira e pedagógica das escolas públicas;
- apoiar a implantação e o fortalecimento de Conselhos Escolares;
- instituir, em regime de colaboração com os sistemas de ensino, políticas de
implantação e fortalecimento de Conselhos Escolares;
- promover em parceria com os sistemas de ensino a capacitação de conselheiros
escolares;
- estimular a integração entre os Conselhos Escolares;
- apoiar os Conselhos Escolares na construção coletiva de um projeto educacional
no âmbito da escola, em consonância com o processo de democratização da
sociedade;
- promover a cultura do monitoramento e avaliação no âmbito das escolas, para a
garantia da qualidade da educação. 20

É disponibilizado um material didático-pedagógico elaborado para subsidiar a


realização de capacitações de conselheiros escolares. Ao todo são dez cadernos destinados aos
conselheiros e um caderno destinado aos dirigentes e técnicos das secretarias municipais e
estaduais de educação com a finalidade de fornecer subsídios para que as secretarias de
educação possam compreender o papel dos conselhos na gestão das escolas públicas.

20
Informações disponíveis em:
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=1103 acesso em 15/10/08
23

Os cadernos destinados aos conselheiros de escola trazem maiores


esclarecimentos das ações, possibilidades e organização do Conselho de Escola em si. A
despeito do risco de padronizar as ações, as informações disponibilizadas partem de
questionamentos lançados pelo próprio material, adquirindo caráter didático e auto-
explicativo, contribuindo para a ampla divulgação sobre o que são, quais são as atribuições e
como devem funcionar os conselhos escolares.
O material elaborado e utilizado pelo programa foi distribuído para todas as
escolas da rede pública do país, e também é possível ter acesso a ele por via eletrônica, no
portal do Ministério da Educação. Além desse material de capacitação dos conselheiros, o
programa realiza Encontros Estaduais e Municipais de Formação para técnicos e dirigentes
das secretarias de educação e para conselheiros escolares, também promove troca de
experiências por meio de portal eletrônico 21.
Em consonância com os demais programas analisados, este também conta com
parcerias em nível nacional e internacional, imprimindo em suas ações as diretrizes globais
para a educação. São parceiros do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolares: o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime), a Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação (CNTE), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

2.5 – Programa de Fortalecimento Institucional das Secretarias Municipais de


Educação do Semi - Árido PROFORTI22
A região semi-árida do Brasil é identificada em 11 estados (Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e
Espírito Santo) e, segundo informações do Ministério da Educação, a escolha dessa região
para a atuação do programa está diretamente relacionada ao

princípio da eqüidade, de procurar dar mais a quem mais precisa. (...) Os


municípios selecionados situam-se na Região Nordeste e possuem baixo índice de
desenvolvimento humano (IDH) podendo ser classificados como vulneráveis do
ponto de vista social e econômico. (BRASIL, s/ano, p.12)

21
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=1106 acesso em
15/10/2008.
22
Informações disponíveis em:
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&task=view&id=1014&Itemid= acesso em 15/10/08
24

Desenvolvido através de uma parceria entre a União dos Dirigentes Municipais


de Educação – UNDIME e extensão universitária, através de convênio realizado entre oito
universidades públicas do Semi-Árido, o PROFORTI desenvolve ações relacionadas à
capacitação de gestores e técnicos das equipes de secretarias municipais de educação dessa
região. As atividades de formação deste programa estão divididas em dois momentos
distintos: um encontro presencial de formação, a ser realizado em cada um dos pólos
localizados em diferentes regiões do semi-árido; um acompanhamento “in loco”, em cada um
dos 17 municípios, sendo que a proposta de capacitação compreende 48 horas de assessoria
local. São quatro pólos, atuantes em dezessete municípios brasileiros que, ao final,
corresponderão à abrangência total de sessenta e oito municípios.
Da mesma forma que outros programas anteriormente apresentados, o
PROFORT possui um material de apoio para a realização das atividades. De acordo com esse
material utilizado pelo programa, o objetivo central de sua realização estaria ligado ao anseio
de “contribuir para a criação de uma cultura de planejamento e organização dos órgãos
gestores, capaz de subsidiar com precisão as decisões dos gestores, no caminho da construção
de uma educação pública de qualidade.” (BRASIL, s/ano, p.16). A estratégia central das
atividades desenvolvidas está diretamente relacionada com a organização do espaço escolar,
notadamente àquilo que se refere aos atributos da gestão.
São abordados três eixos diretamente relacionados à gestão escolar:
gestão/organização das secretarias; gestão orçamentária e financeira; gestão da informação.
Através das parcerias com as universidades da região, por meio de projetos de extensão
universitária, o programa busca auxiliar na reestruturação e fortalecimento das secretarias
municipais de educação auxiliando no desenvolvimento das capacidades desses órgãos
enquanto transformadores das limitações regionais.
Para viabilizar o desenvolvimento das atividades propostas, o PROFORTI
conta com parcerias junto à União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
[Undime], o Fundo das Nações Unidas para a Infância [Unicef], o Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento da Educação da Universidade Federal da Bahia [UFBA], a Rede Nacional
de Formação Continuada de Professores da Educação Básica [Rede] da SEB e o Fórum Pró-
Reitores de Extensão das Universidades Públicas.
Além disso, o Ministério da Educação elenca as universidades que de alguma
forma estabelecem parceria com o programa. São elas: Universidade Federal de Alagoas –
UFAL, Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Universidade Federal da Bahia – UFBA,
Universidade Federal do Ceará – UFC, Universidade Federal do Espírito Santo – UFES,
25

Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Universidade Federal de Minas Gerais –


UFMG, Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, Universidade Federal da Paraíba – UFPB,
Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Universidade de Pernambuco – UPE,
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Universidade Federal Rural de Pernambuco –
UFRPE, Universidade Federal do Piauí – UFPI, Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte – UERN e Universidade Federal de Sergipe – UFS. Destaca-se a centralidade dos
projetos de extensão para o desenvolvimento adequado das atividades planejadas.

2.6 – Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica 23


Com o objetivo geral de formação dos gestores escolares em exercício através
de “cursos de especialização e de atualização em Gestão Escolar, na perspectiva da gestão
24
democrática e da efetivação do direito à educação escolar com qualidade social.” , o
Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica está sendo desenvolvido pela
Secretaria de Educação Básica em parceria com um Grupo de Trabalho Interinstitucional, de
caráter consultivo, com representantes de diferentes entidades e instituições: UNDIME,
CONSED, ANDIFES, ANPED, ANPAE, FORUMDIR e CNTE, além das Instituições
Federais de Ensino Superior (IFES) que coordenam as atividades em nível local.
Após o diagnóstico produzido pelo Censo Escolar de 2004, houve a
constatação de que os dirigentes escolares apresentam formação diversificada e que esta
formação está desigualmente dividida entre concluintes de nível médio, superior, ou ainda,
pós-graduados. A grande maioria (69,79%) é formada em nível superior, mas uma pequena
parcela deste número possui formação em curso de pós-graduação lato sensu /especialização.
Por meio do recurso da Educação a Distância (EAD), este programa tem desenvolvido ações
de aprimoramento dessa formação de gestores. São utilizadas três estratégias para a realização
da formação

1) Curso de Extensão em Gestão Escolar (100h) implementado pelo INEP/MEC,


em 2005, com a parceria da PUC/SP e das Secretarias Estaduais de Educação.
2) Curso de Atualização em Gestão Escolar (180h), a ser implementado em 2008
pela SEB/MEC, em parceria com as Instituições Federais de Ensino Superior –
IFES, Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.

23
Informações disponíveis em:
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=854&Itemid=902 acesso em 15/10/2008
24
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=762&Itemid=801
acesso em 15/10/2008
26

3) Curso de Pós Graduação (lato sensu) em Gestão Escolar (400h), implementado a


partir de 2006/2007, pela SEB/MEC, em parceria com as Instituições Federais de
Ensino Superior – IFES, Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.25

De acordo com o supracitado, o programa, em parcerias com as Instituições


Federais de Ensino Superior, realiza os cursos por meio da utilização da Educação a
Distância. O número de participantes, nessa modalidade de ensino é ampliado pela
possibilidade de trabalho em horários e locais mais flexíveis para o acesso. São estabelecidos
pólos de atendimento, monitorados por tutores e pelos docentes envolvidos nas tarefas. Há
uma equipe formada por professores, assistentes e a coordenação do curso. Diante das
diversas possibilidades de formação, o Ministério da Educação prevê para o período 2007-
2010 a formação de 174.400 gestores escolares em cursos de pós-graduação (400h) e em
atualização (180h).

2.7 – PDE - Escola


Direcionado às escolas públicas brasileiras, o PDE – Escola traz o auxilio
necessário para que as escolas produzam seu Projeto de Desenvolvimento da Escola,
identificando-se como um “moderno instrumento de planejamento” (BRASIL, 2006b, p.10).
São realizados encontros de capacitação junto aos secretários estaduais e dirigentes
municipais de educação dos municípios tidos como de atendimento prioritário, segundo os
resultados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do ano de 2005.
O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), segundo OLIVEIRA et al
(2005), é tido como o principal “produto” do Fundo de Fortalecimento da Escola. Este plano
é elaborado por cada unidade escolar que se integra ao Fundescola, e neste documento é
realizado um diagnóstico da situação de cada unidade com o intuito de estabelecer metas,
estratégias e ações a serem desenvolvidas a longo e médio prazos com o apoio da parceria
efetivada. Com base na elaboração do PDE, a organização escolar passa a atuar segundo as
diretrizes estabelecidas pelo modelo racional e eficiente de organização proposto pela política
do programa.
Com a finalidade de que se possa entender um pouco mais da proposta do PDE
– Escola, bem como do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para o Acompanhamento
e a Avaliação do Plano Nacional de Educação e dos Planos Decenais Correspondentes,
conforme aquilo que foi anteriormente pontuado, é importante fazer uma breve apresentação

25
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=762&Itemid=801
acesso em 15/10/2008
27

do Fundescola, pois alguns conhecimentos acerca deste Fundo podem contribuir para o
entendimento das propostas apresentadas, na medida em que permite estabelecer um fio
condutor dos dois programas apresentados com relação ao fundo.
O Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola) é uma ação federal
desenvolvida numa parceria entre o Ministério da Educação, o Banco Mundial e as
Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Ele abrange as regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste do Brasil, tendo-as enquanto alvos prioritários de ação e destinação de recursos
por conta dos índices de pobreza apresentados. Para tanto é estabelecido o objetivo de
“promover um conjunto de ações para a melhoria da qualidade das escolas de ensino
fundamental, ampliando a permanência das crianças nas escolas públicas, assim como a
escolaridade nessas regiões do país” 26.
De acordo com o documento disponível no endereço eletrônico do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) 27 a missão do programa está relacionada
à promoção de um

(...) regime de parceria e responsabilidade social, a eficácia, a eficiência e eqüidade


no ensino fundamental público dessas regiões por meio da oferta de serviços,
produtos e assistência técnico-financeira inovadores e de qualidade, que focalizam
o ensino-aprendizagem e as práticas gerenciais das escolas e secretarias de
educação.

Logo, observa-se a atenção que este fundo destina à gestão democrática da


educação ao se referir à “parceria e responsabilidade social”. No entanto, OLIVEIRA et al,
(2005, p.143), ao discutir o programa Fundescola e sua materialização no Estado de Goiás,
aponta duas concepções antagônicas do programa com relação à gestão educacional em geral:
“uma de caráter burocrático, que internaliza modelos concebidos por agências financeiras
internacionais e outra que sinaliza a aspiração da comunidade educativa por uma escola mais
autônoma e de qualidade e que conhecemos como Projeto Político-Pedagógico”.
Ainda como ações do Fundo de Fortalecimento da Escola, relacionam-se
outros programas que seguem o objetivo comum, de consolidar as propostas para o
desenvolvimento da escola. São oferecidas doze ações que acabam se convertendo em sub-
projetos, já que têm relação direta com o Fundescola. São eles: o Planejamento Estratégico da
Secretaria (PES), o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola), o Projeto de Melhoria
da Escola (PME), Escola Ativa, o Programa de gestão e aprendizagem escolar (Gestar), o

26
Objetivo do Fundescola, apresentado no endereço eletrônico do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação http://www.fnde.gov.br
27
http://www.fnde.gov.br
28

Programa de apoio à leitura e à escrita (Praler), os Padrões Mínimos de Funcionamento das


Escolas (PMFE), o Microplanejamento Educacional, o Levantamento da Situação Escolar
(LSE), o Projeto de Adequação do Prédio Escolar (Pape), o Espaço Educativo - Construção de
Escolas e o Programa de Melhoria da Qualidade do Mobiliário e Equipamento Escolar
(PMQE).
Cada uma das ações elencadas anteriormente, de acordo com o que se pôde
observar nas descrições disponibilizadas pelo endereço eletrônico do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, propõe um enfoque de ação. Ao final, conforme também
constatam OLIVEIRA et al, o foco acaba sendo, desviado das questões pedagógicas daquele
espaço escolar.

O PDE expressa uma modalidade de reforma voltada para a estrutura do sistema


educativo tendo, como alvo principal, a racionalização de gastos e a eficiência
operacional, sendo a questão pedagógica tratada secundariamente, como
decorrência automática dos procedimentos que afetam o funcionamento escolar.
(OLIVEIRA et al, 2005 p.142).

Em contraposição ao modelo burocrático apresentado pelo PDE, OLIVEIRA


aponta para as possibilidades do Projeto Político Pedagógico, da vivência da gestão
democrática na escola e da autonomia escolar. No entanto, a proposta do Programa
relacionado ao PDE – Escola, desenvolvido pela Secretaria de Educação Básica, apresenta um
material publicado pelo Ministério da Educação e intitulado “Como elaborar o Plano de
Desenvolvimento da Escola: aumentando o desempenho da escola por meio do planejamento
eficaz.”. Nota-se a proposição da ação burocrática da elaboração do referido Plano baseada no
modelo administrativo que busca a organização eficaz em contrapartida ao modelo do projeto
político-pedagógico que prevê a participação e a gestão democrática em sua elaboração.

CAPÍTULO 3 – Gestão democrática da educação: algumas considerações


Com a finalidade de cotejar as características e as ações prioritárias dos
programas apresentados no Capítulo 2 deste trabalho com os dispositivos legais analisados no
Capítulo 1, propõe-se a organização de algumas informações num quadro de análise que
possa permitir visualizar de maneira mais sistemática as características em comum do que até
o presente momento pôde-se relatar. Assim, a Tabela 1, apresentada a seguir, cruza as
informações referentes aos tipos de ação prioritárias previstas pela legislação bem como pelos
programas analisados com as articulações propostas entre o governo brasileiro e seus entes
federados ou mesmo entre o governo e a sociedade civil organizada.
29

Para que fosse possível estabelecer os tipos de ações prioritárias, foi realizado
um esquema que identificasse os possíveis tipos de ações desenvolvidas pelo Estado
Nacional. Julgou-se pertinente fazer uma breve apresentação deste esquema de análise no
corpo deste texto com a finalidade de esclarecer as categorias analíticas propostas. O esquema
apresentado aborda o Estado enquanto elemento que define e viabiliza políticas públicas por
meio de suas ações e da participação da sociedade civil organizada, seja por meio de parceria,
ou mesmo de ações próprias.

FIGURA 3 – MAPA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO DE CATEORIAS DE


ANÁLISE DE DADOS

Primeiramente observou-se que, com relação à gestão democrática do espaço


público, podem ser previstas ações de Controle e Avaliação das ações governamentais – item
1 da figura apresentada –, e que essas ações, por sua vez, poderiam emanar tanto do próprio
Estado – item a) da figura – como da sociedade organizada – item b).
No entanto, também com base nas políticas públicas analisadas até este ponto
do trabalho realizado, observou-se que as ações do Estado também podem se pautar em
parcerias, sejam elas com os próprios mecanismos estatais – item a’) da figura 3 – como por
exemplo, estados e municípios ou conselhos governamentais, bem como também podem se
estabelecer parcerias entre o Estado Nacional e a sociedade civil organizada – item b’) da
figura.
30

Dessa forma, apresenta-se a Tabela 1, a seguir, com a sistematização dos dados


apresentados nos capítulos 1 e 2 deste trabalho e com base nas categorias de tabulação
previstas de acordo com o anteriormente apresentado. Espera-se que logo seguida da
organização dos dados necessários seja possível a elaboração de algumas reflexões com
relação ao que se observa das políticas públicas no âmbito federal naquilo que se refere às
propostas em torno da gestão democrática da educação.
31

TABELA 1 – SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS APRESENTADOS

a') Ação articulada b’) Ações articuladas


a) Ação de Controle b) Ação de Controle entre os entes entre entes federados
Característica e tipo de do Estado – da Sociedade Civil – federados – Parceria e entidades da
ação prioritária Acompanhamento e Acompanhamento e entre Estado e sociedade civil –
Avaliação Avaliação Estado – Parceria Estado e
descentralização Sociedade
Constituição
Não apresenta informações Não apresenta informações Não apresenta informações Não apresenta informações
Federal de específicas específicas específicas específicas
1988

“gestão democrática do “II – participação das


ensino público, na forma comunidades escolar e
desta Lei e da legislação local em conselhos
LDB Não apresenta informações Não apresenta informações dos sistemas de ensino” escolares ou equivalentes”
Dispositivos legais 9394/96 específicas específicas I - participação dos
analisados profissionais da educação
na elaboração do projeto
pedagógico da escola

“Definir, em cada sistema


“(...), no exercício de sua de ensino, normas de
PNE Não apresenta informações Não apresenta informações autonomia, cada sistema de gestão democrática do
10172/02 específicas específicas ensino há de implantar ensino público com a
gestão democrática participação da
comunidade”
Programa 1 “Acompanhar a “Acompanhar a
Programa de Apoio “Acompanhar a implementação e a implementação e a
aos Sistemas de implementação e a avaliação do Plano avaliação do Plano
“capacitar técnicos,
avaliação do Plano Nacional de Educação e Nacional de Educação e
Ensino para o Nacional de Educação e dos planos decenais dos
gestores e dirigentes das
dos planos decenais dos
Acompanhamento e a secretarias de educação”
dos planos decenais dos estados e municípios, com estados e municípios, com
Avaliação do Plano estados e municípios” a participação da sociedade a participação da sociedade
Nacional de civil organizada” civil organizada”
32

Educação e dos
Planos Decenais
Correspondentes
Programa 2 “fortalecer e apoiar os “desenvolvido pelo poder
Programa de Apoio “avanço em relação às “avanço em relação às dirigentes da educação público e em parceria com
aos Dirigentes metas do Plano Nacional metas do Plano Nacional municipal na gestão dos a União dos Dirigentes
Municipais de de Educação” de Educação” sistemas de ensino e das Municipais de Educação –
políticas educacionais” Undime”
Educação (Pradime),
“Consolidar uma estrutura
educacional que garanta a
aprendizagem escolar e a
participação coletiva na
avaliação das ações
“Estimular a colaboração pedagógicas e
entre conselhos municipais, administrativas do poder
Programa 3 estaduais e nacionais de público municipal”
Programa Nacional de “(...) incentivando e educação;”
qualificando a participação “Incentivar a instituição de
Capacitação dos Não apresenta informações
da sociedade na tarefa de “Incentivar o ações colegiadas que
Conselheiros específicas
avaliar, definir e fiscalizar fortalecimento dos CME” propiciem a intervenção
Municipais de as políticas educacionais” organizada, bem como as
Educação “Fomentar a criação de atitudes preservadoras de
novos conselhos autonomia municipal e de
municipais de educação” representatividade social”

“Assegurar a participação
da sociedade no
alinhamento da gestão
educacional”

“instituir, em regime de “ampliar a participação das


Programa 4 “promover a cultura do “promover a cultura do
colaboração com os comunidades escolar e
monitoramento e avaliação monitoramento e avaliação
Programa Nacional de sistemas de ensino, local na gestão
no âmbito das escolas, para no âmbito das escolas, para
Fortalecimento dos políticas de implantação e administrativa, financeira e
a garantia da qualidade da a garantia da qualidade da
Conselhos Escolares fortalecimento de pedagógica das escolas
educação” educação”
Conselhos Escolares” públicas”
33

“promover em parceria
com os sistemas de ensino
a capacitação de
conselheiros escolares”

“desenvolve ações
Programa 5 relacionadas à capacitação
PROFORTI - de gestores e técnicos das
Programa de Fortalec. equipes de secretarias
“Desenvolvido através de
municipais de educação
Institucional das Não apresenta informações Não apresenta informações uma parceria entre a União
dessa região.”
Secretarias específicas específicas dos Dirigentes Municipais
Municipais de de Educação – Undime”
“Desenvolvido através de
Educação do Semi- uma parceria entre a União
Árido dos Dirigentes Municipais
de Educação – Undime e
extensão universitária"

“Formação para os gestores


escolares em exercício”
“Grupo de Trabalho
Interinstitucional, de
“Grupo de Trabalho
caráter consultivo, com
Interinstitucional, de
representantes de diferentes
Programa 6 caráter consultivo, com
entidades e instituições:
representantes de diferentes
Programa Nacional Não apresenta informações Não apresenta informações UNDIME, CONSED,
entidades e instituições:
Escola de Gestores da específicas específicas ANDIFES, ANPED,
UNDIME, CONSED,
Educação Básica ANPAE, FORUMDIR e
ANDIFES, ANPED,
CNTE, além das
ANPAE, FORUMDIR e
Instituições Federais de
CNTE, além das
Ensino Superior (IFES)
Instituições Federais de
que coordenam as
Ensino Superior (IFES)
atividades em nível local.”
que coordenam as
atividades em nível local.”
34

“encontros de capacitação
junto aos secretários
estaduais e dirigentes
Programa 7 municipais de educação”
PDE – Escola (Plano Não apresenta informações Não apresenta informações Não apresenta informações
de Desenvolvimento específicas específicas “Parceria entre o Ministério específicas
da Escola) da Educação, o Banco
Mundial e as Secretarias
Estaduais e Municipais de
Educação.”
35

De acordo com o que já havia sido sinalizado anteriormente, observa-se o fato


de que a Constituição Federal de 1988 não deixa claro qual o entendimento que se encontra
atrelado ao princípio da gestão democrática do ensino público brasileiro. Através da
observação simplificada deste documento é possível inferir significado da gestão democrática
da educação, que é a abertura do espaço de tomadas de decisão da escola ou mesmo a abertura
para a discussão e desenvolvimento de tarefas na escola. Neste cenário a questão pedagógica
fica a cargo dos especialistas em educação ou da comunidade de entorno da escola, que
também passa a ter o direito constitucional à participação?
No entanto, é importante ressaltar o avanço do princípio constitucional da
gestão democrática ao levar em conta o fato de que, conforme pontua LUCK (2006, p.45), ao
tratar do estabelecimento e cumprimento de normas, leis, princípios e diretrizes comuns na
gestão democrática da educação, destaca que “quando entendidas em seu sentido e espírito
pleno, [estas] são vistas em seu potencial de inspiração para dar unidade e organicidade ao
conjunto de ações sociais (...)”.
Ao contrário do que se espera dos textos legais, a autora propõe o caráter
motivador desses documentos. Logo, as ações sociais devem ser norteadas pelas diretrizes
políticas e não seguirem simplesmente a letra da lei. Nota-se então que após o reconhecimento
da gestão democrática na legislação brasileira, havia a necessidade de que o Estado Nacional
bem como a sociedade civil organizada movessem esforços para a efetivação daquilo que foi
proposto no campo legal.
O embate trazido pela Carta Constitucional pôde, em certa medida, ser mais
adequadamente discutido a partir dos dados apresentados pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB 9394/96) e pelo Plano Nacional de Educação (Lei 10172/01) que,
por sua vez, passam a evidenciar a participação da sociedade civil, por meio de ações da
comunidade local, nos espaços democráticos ligados à gestão escolar, como por exemplo, os
Conselhos de Escola. E, além disso, evidenciam os processos de descentralização política na
medida em que o Estado Nacional passa a prever em seus documentos legais autonomia de
outros níveis de governo ao determinar suas ações para o campo educacional.
Já com relação à análise dos programas federais selecionados, nota-se que a
proposta de organização de ações públicas direcionadas à gestão democrática da educação
têm se pautado em parcerias entre os Estado Nacional, entes federados e a sociedade civil
organizada.
É importante salientar o papel do Estado, como organizador das propostas para
a gestão democrática direcionando ações no sentido de manter a articulação necessária para o
36

desenvolvimento adequado das propostas em vigor. Em contraposição ao que propõe o


neoliberalismo, a gestão democrática e a descentralização na educação brasileira não
representam a ausência do Estado no oferecimento de políticas sociais. “Estados ‘fracos’ não
podem produzir governos fortes” (NOGUEIRA, 2004, p.125), dando base ao movimento de
participação da sociedade em instâncias políticas de decisão, deve haver o aparato Estatal bem
organizado e articulado para o desenvolvimento das propostas sociais já que a autogestão se
sustenta num modelo de cooperação. O Estado deve, portanto, repensar e readaptar seu
modelo administrativo com a finalidade de dar o alicerce necessário à prática da gestão
democrática dos espaços públicos.
A participação deve estar intimamente articulada com as ações do Estado.
Sendo assim, Nogueira (2004, p.158) destaca que “quanto mais é pensada como um caminho
de emancipação, ela se viabiliza quanto mais se estabelece conexões dinâmicas e criativas
com a política (...)”, ou seja, com o Estado. No mesmo sentido, o autor constata também o
fato de que “a qualidade e as implicações práticas da participação dependem do modo como
ela se vincula à política e ao político, do quanto ela se mostra associada consistentemente a
um campo ético-político específico” (Ibid. p.141-142)
A partir do enfoque democrático, a participação da sociedade civil passa a
protagonizar espaços antes tidos como estatais, por excelência. Nota-se, por exemplo, o
movimento de ação de controle da sociedade civil em acompanhar e avaliar o Plano Nacional
de Educação e os Planos Decenais Correspondentes, ou como no programa Pró-Conselho em
que há o “incentivo e qualificação da participação da sociedade na tarefa de avaliar, definir e
fiscalizar as políticas educacionais”, dentre outros. O papel fiscalizador da sociedade civil
torna-se protagonista em diversas políticas, como o apresentado; e desse fato pode-se inferir
que participação passa também a significar não só a tomada de decisão, mas a garantia da
qualidade da educação e das políticas educacionais vigentes.
Entretanto, percebe-se que o grande enfoque das políticas públicas brasileiras,
com relação à gestão democrática da educação tem sido direcionado às parcerias para a
realização de ações estatais. De acordo com a sistematização realizada neste trabalho fica
visível esse movimento ao notar que quase todos os programas analisados se referem à ação
articulada, seja ele entre o Estado e entes federados ou entre Estado e sociedade civil. A
participação tem sido entendida como a política de descentralização do governo nacional.
Finalmente é possível concluir que ao estabelecer a realização de programas
federais para a gestão democrática do ensino público brasileiro, a União tem cumprido seu
papel formador de gestores e tornado claros os posicionamentos do Estado Nacional para com
37

aquilo que é proposto em seus documentos legais. É importante destacar que o princípio
norteador para as ações dentro das escolas deve ser a política nacional já que

a gestão participativa precisa estar revestida de força e iniciativa suficientes para


dirigir, coordenar e impulsionar o processo de formulação, implementação e
avaliação de políticas, tanto quanto para garantir a qualidade dos serviços públicos
Quer dizer, precisa ser capaz de pensar o Estado e valorizar o espaço público
democrático. (NOGUEIRA, 2004, p.149)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A “Gestão Democrática: Articulação e Desenvolvimento dos Sistemas de
Ensino” parece ser um movimento político da União dos Estados Brasileiros para que ocorra a
efetivação do proposto pela legislação vigente. No entanto, é importante fazer a ressalva de
que a ação prescritiva dos programas federais tem imprimido às escolas públicas brasileiras
ainda um modelo que não trabalha exatamente a gestão democrática da educação. O modelo
organizacional das instituições escolares nacionais ainda é o modelo administrativo baseado
no positivismo e no funcionalismo, conforme destaca OLIVEIRA (2006, p. 59) quando
aponta que
(...) a educação tem sido influenciada por teorias com bases positivistas que têm o
compromisso com a manutenção estrutural e cultural da sociedade e que não se
caracterizam pela criticidade, uma vez que essas teorias preocupam-se tão somente
em descrever os fenômenos organizacionais e administrativos.

Observa-se que a administração escolar ainda é regida pelos pressupostos da


administração empresarial e é emergente a necessidade de uma mudança de paradigma para
que se possa efetivar a gestão democrática da educação. A mudança primordial estaria
vinculada à superação do modelo administrativo vigente durante muito tempo no campo
educacional, pelos princípios da gestão, ou seja, “(...) a mudança é significativa, uma vez que
paradigmática, isto é, caracterizada por mudanças profundas e essenciais em seu modo de ser
e de fazer, mediante uma mudança de visão do conjunto todo.” (LUCK, 2006, p.48).
Entretanto, ao capacitar gestores, dirigentes de ensino e técnicos
administrativos, o que se observa é o fato de que as propostas federais para a educação têm
apenas formado operadores e burocratas. Esse processo torna-se muito concreto ao se
observar o material utilizado pelo Programa de Fortalecimento Institucional das Secretarias
Municipais de Educação do Semi-Árido e pelo Plano de Desenvolvimento da Escola, que ao
final do documento trazem exemplos de elaboração de documentos referentes à organização
educacional. São apresentados modelos de formulários, procedimentos de desenvolvimento de
38

documentação, tabelas de avaliação, formulários para elaboração de diagnósticos dentre


outros.
Como forma de repensar o modelo administrativo burocrático das instituições
escolares trabalha-se a gestão como novo paradigma da educação. Logo, “(...) a gestão não se
propõe a depreciar ou invalidar a importância da administração, mas sim, a superar as
limitações de enfoque fragmentado, simplificado e reduzido” (Ibid, p.53). A lógica da gestão
por sua vez, ainda segundo LUCK (2006, p.36),

é orientada pelos princípios democráticos e caracterizada pelo reconhecimento da


importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre
a orientação, organização e planejamento do seu trabalho e articulação das várias
dimensões e dos vários desdobramentos de seu processo de implementação.

É de fundamental importância ressaltar o esclarecimento de que a gestão


escolar supera o modelo da administração na medida em que trabalha com os limites deste
modelo, a gestão não erradica a administração escolar, ambos devem nortear as ações das
instituições escolares, mesmo porque se o modelo administrativo perdurou há tanto tempo é
porque tem contribuições importantes a dar para o sistema gerencial. Luck sintetiza de
maneira muito interessante essa relação entre administração e gestão escolar ao afirmar que
“(...) bons processos de gestão dependem e se baseiam em processos e cuidados de
administração bem resolvidos” (Ibid, p.109-110). O que, por sua vez, leva à hipótese de que
os programas federais brasileiros analisados estejam investindo num modelo administrativo
consistente o bastante para que possa dar base ao movimento da efetivação de gestão
democrática dos sistemas de ensino e das unidades escolares.
Nogueira, (2004, p.129 Grifos do autor), refletindo sobre a complexidade da
participação no campo da gestão pública constata que “tanto por pressões de grupos e de
indivíduos quanto por iniciativa dos governos: [a participação] tornou-se ao mesmo tempo,
uma demanda social e uma resposta governamental”. O protagonismo da proposta de gestão
participativa acaba refletindo tanto no âmbito da sociedade civil organizada como no Estado
provedor de políticas públicas e programas sociais. Apresenta-se, assim, a relação estreita
entre ambos os lócus previstos para a discussão e tomada de decisão relativa ao destino
comum.
Destarte, para que haja a efetiva organização favorável ao novo modelo de
gestão proposto é necessário um equilíbrio tênue entre a ação desenvolvida pelo Estado e a
ação desenvolvida pelos membros da sociedade civil organizada, em contraposição ao
ocorrido durante o processo de elaboração do Plano Nacional de Educação – abordado no
39

Capítulo 1 deste trabalho, item1.3 – ou seja, um equilíbrio de cooperação e responsabilização


mútua. Já que “(...) o processo educacional só se transforma e se torna mais competente na
medida em que seus participantes [e usuários deste serviço social] tenham consciência de que
são responsáveis pelo mesmo” (LUCK, 2006, p.80)
De acordo com o apresentado no capítulo introdutório deste trabalho, seu
objetivo central era analisar os rumos das ações do governo federal, por meio da implantação
de alguns programas, tendo por base a legislação relativa à gestão democrática da educação.
Quando proposta a análise dos documentos legais referentes às diretrizes gerais para a
educação foi possível observar que há a previsão legal da gestão democrática da educação,
mas as letras desses documentos não trazem especificações exatas a respeito do que
efetivamente se propõe. No entanto, pode-se afirmar também, com base Luck (2006) que a
regra em si não deve engessar o processo democrático. Sendo assim, essa não delimitação
pode ser interpretada, de certa forma, como avanço do processo de adoção da gestão
democrática para as instituições escolares.
Em seguida, através das análises realizadas, foi possível observar que os
programas federais apresentados, de certa maneira, passam a incorporar o protagonismo da
sociedade civil na organização das políticas públicas, viabilizando ações em acordo com a
proposta de gestão democrática previstas na legislação vigente. Logo, a constatação de que o
Governo Federal tem pensado suas ações na direção que aponta as novas propostas para a
gestão educacional é verdadeira.
No entanto, vale considerar que, as constatações e hipóteses levantadas neste
trabalho se referem às propostas federais para a gestão democrática das escolas públicas.
Contribuem para o melhor entendimento acerca dos princípios de gestão participativa adotado
pelo governo federal, mas ainda não esgota essa discussão na medida em que se faz
necessário, à luz do que já se pôde concluir, buscar elementos sobre a efetivação dessas
políticas, ou seja, é necessária a investigação da forma como essas políticas se efetivam nas
escolas brasileiras e quais são suas implicações para a gestão escolar.

REFERÊNCIAS:

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1988” In: Oliveira, R. P. de e ADRIÃO, T. (orgs.) Gestão Financiamento e Direito à
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40

<http://legis.senado.gov.br/con1988/CON1988_05.10.1988/CON1988.pdf> Acesso em: 13 de


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< http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/diretrizes.pdf >. Acesso em: 13 de maio de2008.

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com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. 6 de Fevereiro de 2006.
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de Conselheiros Municipais de Educação. Relatório Pró-Conselho. Ministério da Educação.
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41

CRAVEIRO, Clarissa B. Gestão Democrática no Cotidiano da Escola: Para Quê ou Para


Quem? XXIII Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação, V Congresso
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