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ESCOLA SECUNDÁRIA DE GONDOMAR

TESTE DE PORTUGUÊS DE 9º ANO – 1º Período – 2017 / 2018


Nome: …………………………………………………..……………… Nº...... TURMA: … Data: … /10/ 2017
Professora………………………… Encarregado de Educação: ……………………………
Classificação:

Grupo I - Oralidade (15 pontos)


Vídeo: “O Diabo explicado” (http://videos.sapo.mz/sATMBRFGKo52M7pSWb8L)- 1ª audição

1- Responde com verdadeiro (V) ou falso (F). (5 pontos: 0,5 cada item)
1.1- Este vídeo trata de uma conferência sobre o simbolismo do Diabo nas festas de inverno em Trás-os-Montes.
1.2- Para tratar este tema, a autora da conferência baseou-se nas obras de Gil Vicente.
1.3- Segundo a conferencista, os textos de Gil Vicente são muito pertinentes, mas perderam atualidade, porque
são do século XVI.
1.4- Ao denunciar e ao apontar os erros, o Diabo cumpre uma função equilibradora da sociedade.
1.5- O Diabo exemplifica a máxima latina de que Gil Vicente se serve para criticar os costumes do século XVI, e
que é Ridendo castigat mores.
1.6- Os diabos da cultura tradicional transmontana são essencialmente diabos violentos que raptam as
raparigas.
1.7- Os diabos da cultura tradicional transmontana são folgazões e tentadores, isto é, seduzem e raptam
raparigas.
1.8- Para além destas características, os diabos presentes na cultura tradicional transmontana dão voz às
maledicências que correm de boca em boca.
1.9- A atualidade da obra vicentina faz com que todos nós tenhamos a aprender com os ensinamentos do diabo.
1.10- Os ensinamentos do diabo pouco proveito nos trariam e, em especial, à nossa classe política.

2- Procede a uma segunda audição do vídeo. (10 pontos: 2 pontos cada item)

2.1- No início, o locutor usa a locução coordenativa copulativa “não só… como também” para
□ A. acrescentar / adicionar uma informação a outra.
□ B. contrastar uma informação.
□ C. iniciar uma explicação.

2.2- Na frase “… está absolutamente atual”, o advérbio utilizado possui valor de


□ A. quantidade e grau, equivalente a “muito”.
□ B. modo.
□ C. afirmação.

2.3- Ao utilizar a oração subordinada adverbial final destacada “para fazer este texto voltei a
revisitar toda a obra dele (Gil Vicente) ”, a conferencista indicou
□ A. o tempo que levou a estudar a obra.
□ B. a consequência da leitura da obra vicentina.
□ C. a finalidade ou objetivo da leitura da obra vicentina.

2.4- Na frase “estava a ler estes textos, que são tão atuais”, a conferencista pretende, com a
expressão destacada, introduzir
□ A. uma explicação.
□ B. uma condição.
□ C. uma consequência.

2.5- Na frase “na obra de Gil Vicente, o Diabo assume diversos papéis”, o locutor chama a atenção
para a
□ A. quantidade de papéis desempenhados pelo Diabo.
□ B. diversidade ou variedade de papéis desempenhados pelo Diabo.
□ C. qualidade dos papéis desempenhados pelo Diabo.

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Grupo II - Leitura (15 pontos)
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

CARONTE - Filho imortal de Érebo e da Noite, este ancião mal


vestido, de figura sombria e sinistra, tem por função passar as
almas dos mortos nos rios que os separam do mundo dos
Infernos. Duro e inflexível, o barqueiro infernal não permite a
5 nenhum vivente subir para a sua barca e realizar a menor
travessia. Avaro acima de tudo, ele exige aos passageiros um
óbolo. É por isso que sempre se coloca uma pequena moeda na
boca do morto, antes de o entregar à pira (1). Mas, para os que,
defuntos, permanecem sobre a terra sem sepultura, Caronte mostra-se impiedoso. Afastadas brutalmente,
10 as suas almas são obrigadas a errar, durante cem anos, até que se decida sobre o seu destino. Segundo
Homero e Hesíodo (2), as almas atravessam, elas mesmas, os rios lamacentos e pantanosos dos Infernos,
guiadas por Hermes. Mas é essencialmente a especulação (3) romana que, inspirando-se no espírito alado
(4), condutor dos mortos na religião etrusca, forjou a personagem Caronte, um pouco incerta na mitologia
grega. Eneias, por exemplo, conseguiu convencê-lo, ao apresentar-lhe um ramo de ouro, que lhe oferecera
15 previamente a Sibila de Cumas, ramo consagrado a Proserpina. Pôde, sem dificuldade, atravessar o
primeiro rio infernal. Quanto a Héracles, que descera aos Infernos ainda vivo, encheu Caronte de socos e
forçou-o a aceitá-lo na sua barca. O velho devia ser punido por esta infração à lei dos Infernos: foi, durante
um ano, banido da morada dos mortos.
Joël Schmidt, Dicionário de Mitologia Grega e Romana, Edições 70, 1994
1. pira: fogueira onde se queimavam os cadáveres. 2. Homero e Hesíodo: escritores gregos, autores, respetivamente, de A Odisseia
e Teogonia. 3. especulação: suposição, conjetura. 4. alado: com asas.

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) correspondem a ideias-chave do texto. Escreve a sequência


de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias aparecem no texto. Começa a sequência pela
letra (E). (5 pontos)
_ (A) Estratégia utilizada por Eneias para ultrapassar o primeiro rio infernal.
_ (B) Outra versão do que sucederia às almas, de acordo com dois famosos escritores.
_ (C) Castigo de Caronte ao permitir a entrada de um vivente nos Infernos.
_ (D) Indicação do que sucedia aos mortos que não eram sepultados.
1 (E) Caracterização de Caronte.
_ (F) Motivo por que o barqueiro consentiu a entrada de Héracles na sua barca.
_ (G) Requisito exigido aos que pretendiam efetuar a passagem.

2. Seleciona, em cada item, a opção correta relativamente ao sentido do texto. (8 pontos: 2 cada item)
2.1. Caronte só permite a passagem às almas se
(A) não tiverem cometido nenhum pecado.
(B) não tiverem sido enterradas.
(C) lhe derem uma compensação.
(D) estas tiverem sido cremadas numa pira.

2.2. A palavra “errar” (linha 10) pode ser substituída por


(A) vaguear.
(B) enganar-se.
(C) pecar.
(D) perder-se.
2.3. Para os escritores gregos referidos, a travessia das almas
(A) fazia-se em duas barcas: a do Inferno e a da Glória.
(B) era guiada por Hermes.
(C) era orientada por Caronte.
(D) só dependia delas mesmas.

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2.4. Os dois heróis referidos no texto (Eneias e Héracles) convenceram Caronte a deixá-los passar o
primeiro rio infernal,
(A) oferecendo-lhe presentes: um ramo de ouro e um par de socos.
(B) dando-lhe uma prenda ou através da força física.
(C) seguindo os conselhos da Sibila de Cumas.
(D) adorando Proserpina.

3. Seleciona a única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto. ( 2 pontos)


(A) “os” (linha 3) substitui “mortos”.
(B) “ele” (linha 6) substitui “o barqueiro infernal”.
(C) “o” (linha 8) substitui “óbolo”.
(D) “lhe” em “que lhe oferecera” (linha 14) substitui “Eneias”.

Grupo III – Educação Literária (20 pontos)


Parte A
Lê o excerto seguinte do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, consultando as notas apresentadas.
DIA- Ó precioso Dom Anrique! 45 DIA- Quem reze sempre por ti?!
Cá vindes vós? Que cousa é esta?! Hi hi hi hi hi hi hi!…
E tu viveste a teu prazer,
Vem o Fidalgo e, chegando ao batel infernal, diz: cuidando cá guarecer,9
porque rezam lá por ti?!
25 FID- Esta barca onde vai ora,1
que assi está apercebida?2 50 Embarca ou embarcai,
DIA- Vai pera a Ilha Perdida que haveis de ir à derradeira.10
e há de partir logo essora.3 Mandai meter a cadeira,
FID- Pera lá vai a senhora?4 que assi passou vosso pai.
30 DIA- Senhor, a vosso serviço. FID- Quê, quê, quê?… Assi lhe vai?! 11
FID- Parece-me isso cortiço.5 55 DIA- Vai ou vem! Embarcai prestes! 12
DIA- Porque a vedes lá de fora. Segundo lá escolhestes,
assi cá vos contentai.
FID- Porém, a que terra passais?
DIA- Pera o Inferno, senhor. Pois que já a morte passastes,
35 FID- Terra é bem sem-sabor. haveis de passar o rio.13
DIA- Quê?! E também cá zombais?! 60 FID- Não há aqui outro navio?
FID- E passageiros achais DIA- Não, senhor, que este fretastes,
pera tal habitação? e primeiro que espirastes,14
DIA- Vejo-vos eu em feição me destes logo sinal.
40 pera ir ao nosso cais…6 FID- Que sinal foi esse tal?
65 DIA- Do que vós vos contentastes.15
FID- Parece-te a ti assi!
DIA- Em que esperas ter guarida?7 FID- A estoutra barca me vou.
FID- Que leixo8 na outra vida Hou da barca!… Pera onde is?…
quem reze sempre por mi. Ah, barqueiros! Não me ouvis?
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno,
edição de Mário Fiúza, Porto Editora

Notas:
1.agora; 2. aparelhada, pronta para a partida; 3. sem demora; 4. tendo sido tomado por “senhora”, o Diabo retifica, no
verso seguinte; 5. coisa sem valor, embarcação pobre; 6. o Inferno; 7. defesa, proteção; 8.deixo; 9. salvar-te; 10. por fim;
11. É mesmo verdade?; 12. de imediato; 13. segundo a mitologia, os mortos tinham de atravessar o rio Letes, numa barca
conduzida por Caronte, e pagavam a viagem com uma moeda (óbolo); 14. no momento em que morreste; 15. os pecados
que lhe tinham dado prazer, de que gozara em vida.

Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem, com base no excerto acima
reproduzido e no teu conhecimento da obra.

1. Indica os símbolos caracterizadores do Fidalgo e explicita o seu significado. (4 pontos)


2. Aponta o critério indicado pelo Diabo para que as almas se salvem ou sejam condenadas. (4 pontos)

3. Explicita a intenção crítica desta cena. (5 pontos)

3
Parte B
4. Gil Vicente retratou a sociedade do século XVI, mas criticando severamente os costumes da época. Para
tal, servia-se de personagens-tipo e de vários processos de cómico.

Comprova a afirmação, identificando

. duas personagens-tipo intervenientes na obra referida;


. todos os processos de cómico utilizados com essas personagens;
. a intenção crítica do autor, nos exemplos dados.

A resposta deve ter entre 40 a 70 palavras. (7 pontos)

Nota: O desvio dos limites de extensão indicados implica a desvalorização parcial de um ponto.

Grupo IV- Gramática (20 pontos)


1. Observa a evolução das palavras seguintes e indica os processos fonológicos que ocorreram em
cada caso. (8 pontos)
a. ante > antes - _______________________________________________________________
b. et > e - _____________________________________________________________________
c. nostru > nostu > nosso - ______________________ + _______________________________

2. Observa a palavra destacada nas frases seguintes:


a. Neste auto, as personagens são julgadas pelo Diabo e pelo Anjo.
b. O Fidalgo não teve um comportamento são, por isso é condenado ao Inferno.
Nos dois casos, a origem da palavra “são” é diferente:
– a forma verbal “são” deriva do étimo latino sunt;
– o adjetivo “são” tem origem no étimo latino sanu.
2.1- Como se designam as palavras que apresentam a mesma forma, mas têm origem em étimos
diferentes? (2 pontos) ______________________________________________________

3. Sublinha e classifica as orações subordinadas presentes nas frases seguintes. (10 pontos)
a. O Fidalgo pede ao Diabo para ver a sua dama querida.

b. Como o Fidalgo tinha pecados, foi para o Inferno.

c. Algumas personagens rezaram muito para irem para o Paraíso.

d. Quem quiser ir para o Paraíso não pode pecar.

e. O Pajem que acompanhou o Fidalgo não foi para o Inferno.

GRUPO V – Escrita (30 pontos)


Gil Vicente, no Auto da Barca do Inferno, criou personagens-tipo com o objetivo de criticar alguns dos
costumes da época. Imagina uma figura atual que possa ser julgada, tal como as personagens vicentinas:
quais os seus “pecados”, com que argumentos se defenderia, quais as acusações que o Anjo lhe atribuiria e
como seria recebido pelo Diabo.

O teu texto deve incluir:


• uma parte introdutória, em que identifiques a personagem-tipo por ti escolhida e a caracterizes física e
psicologicamente;
• uma parte de desenvolvimento, em que explicites os argumentos de acusação e de defesa;
• uma parte final, na qual indiques o destino da personagem e expliques a tua intenção de crítica social (a
razão da tua escolha).

O texto deve ter entre 160 e 240 palavras.

Notas: Um desvio dos limites de extensão implica uma desvalorização parcial até 2 pontos; um texto com extensão inferior a 55
palavras é classificado com 0 (zero) pontos

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