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Notas
1
Sobre o fenômeno da mercantilização e subalternização acelerada no
conhecimento e na educação nos últimos anos, veja-se Neves e Pronko
(2008).
252 ◆ V IRGÍNIA F ONTES
2
Considero fundamental o conjunto das pesquisas de Sonia Regina de
Mendonça para a compreensão das classes dominantes agrárias e, sobretudo,
da configuração moderna do Estado brasileiro. Dentre elas, destacam-se O
ruralismo brasileiro de 1888 a 1931 (1997), Agronomia e poder no Brasil
(1998), A política de cooperativização agrícola do Estado brasileiro de 1910
a 1945 (2002) e A classe dominante agrária: natureza e comportamento –
1964-1990 (2006).Ver também Regina Bruno. Senhores da terra, senhores
da guerra (1997).
3
Veja-se a cuidadosa comparação entre os procedimentos formadores e
educacionais da burguesia argentina e brasileira realizada por Marcela
Pronko, onde se destaca a complexa atuação dos industriais brasileiros para
a implantação do Senai, diretamente gerido pelo empresariado industrial,
com fundos privados, mesmo se arrecadados através das instituições públicas,
e a “exportação” do modelo para outros países da América Latina (PRONKO,
2003).
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No Dicionário Eletrônico Aurélio, constam as seguintes acepções: Adj. 2 g.:
1.Cível (1). 2. Relativo às relações dos cidadãos entre si, reguladas por
normas do Direito Civil. 3. Relativo ao cidadão considerado em suas
circunstâncias particulares dentro da sociedade: comportamento civil;
direitos e obrigações civis. 4. Que não tem caráter militar nem eclesiástico:
direito civil; casa civil. 5. Social, civilizado. 6. Cortês, polido: “Andei com
eles [os tropeiros] freqüentemente e achei-os sempre comunicativos e civis.”
(Afonso Arinos, Histórias e Paisagens, p. 109.) 7.Jur. Diz-se por oposição
a criminal: processo civil; tribunal civil. Como substantivo. m. 8. Indivíduo
não militar; paisano. 9. Casamento civil. (grifos meus)
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Em livro publicado em 1990, Daniel Pécaut pretendia explicar a relação
entre intelectuais e política no Brasil, porém se lastreou nas entidades
fartamente citadas pelos demais autores, e desconsiderou a questão de
fundo, da constituição da sociedade civil e das lutas de classes no país. Em
contrapartida, há uma série de pesquisas originais e diversificadas que vem
sendo regularmente apresentada no Grupo de Trabalho História e Poder,
filiado à Associação Nacional de História (ANPUH), coordenado por Sonia
Regina de Mendonça.
6
A Igreja Católica, por seu turno, vinha desde há muito organizando uma
série de entidades, como o círculo D. Vital, as “Juventudes” – operária
(JOC), estudantil (JEC), universitária (JUC) – a Confederação Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), além de inúmeras outras associações direta ou
indiretamente a ela coligadas, sem falar dos empreendimentos capitalistas,
como escolas e universidades.
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O trabalho de René Dreifuss, de raras solidez documental e argúcia analítica,
enfrenta desde sempre resistências em algumas áreas acadêmicas. Embora
nenhuma pesquisa ulterior tenha chegado perto da monumentalidade de seu
trabalho documental e analítico, vigora entre muitos historiadores e cien-
O B RASIL E O CAPITAL - IMPERIALISMO ◆ 253
Preparando o terreno
Empreendedorismo e expropriações:
cidadão pobre e voluntário oferece trabalho
Notas
1
Vale lembrar que nesse período ocorreu a ascensão de uma renovada e
agressiva parcela de setores sociais médios (os “novos banqueiros” do período
FHC, cf. Guiot, 2006) ou sindicais (os sindicalistas gestores do grande
capital, cf. Garcia, 2008 e Oliveira, 2003) para cumprir os papéis subalternos
da expansão dos setores financeiros de diversos tipos (bancários ou de outras
formas de intermediação).
2
Por esse viés, atualizavam os versos de Fado Tropical, música de Chico
Buarque e de Ruy Guerra: “mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas
em torturar, esganar, trucidar/Meu coração fecha os olhos e sinceramente
chora.”
3
A manutenção da agenda contra-hegemônica não é o alvo desta análise.
Vale notar que o mais importante movimento social contra-hegemônico no
período foi o MST, ao correlacionar permanentemente a desigualdade à
estrutura da propriedade no Brasil, e em especial a propriedade da terra e
do capital. Não estava sozinho, pois diversos setores sindicais permaneciam
combativos, abrigados numa CUT em processo de hegemonização pelas
correntes e setores mais adaptados aos novos ventos, assim como diferentes
movimentos sociais populares permaneceriam refratários à agenda
apassivadora e forjadora de uma esquerda para o capital. Esse processo seria
visível no século XXI, quando o primeiro governo Lula tornou ainda mais
evidente e profundo o transformismo, iniciando-se uma penosa recom-
posição das forças contra-hegemônicas.
O B RASIL E O CAPITAL - IMPERIALISMO ◆ 301
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Em recentíssimo livro do Coletivo de Estudos de Política Educacional, pode-
se encontrar um abrangente estudo do teor teórico e da difusão dos
intelectuais formadores de uma esquerda para o capital e sua estreita
cooperação com uma direita para o social (NEVES, 2010).
5
Uma das mais divulgadas foi realizada por Sonia Rocha, economista que foi
consultora do Banco Mundial para o estabelecimento de linhas de pobreza
para o Brasil com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares de 1987-1988,
(quando trabalhava no Ipea) e para a realização de estudos de incidência e
caracterização de pobreza utilizando estes parâmetros. De 2002 a 2005 foi
Coordenadora de Projetos do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação
Getúlio Vargas, responsável pela avaliação de projetos sociais financiados
pelo governo estadunidense em 15 países da América Latina. Atualmente,
integra o IETS- Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, Fasfil que se
apresenta como “think-tank independente, de interesse público, plural,
multidisciplinar, dedicado ao diagnóstico, avaliação e desenho de estratégias
voltadas para o desenvolvimento, numa perspectiva inovadora. Entre nossos
associados estão professores, pesquisadores, empresários, jornalistas,
formuladores e gestores de política, lideranças sociais de diferentes
tendências e instituições.” Disponível em http://www.iets.org.br/
rubrique.php3?id_rubrique=1. Acesso em 23/05/08.
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O catálogo recebeu o apoio das seguintes instituições internacionais: The
Ford Foundation; Organização Intereclesiástica para a Cooperação ao
Desenvolvimento - ICCO; W. K. Kellog Foundation; Evangelische
Zentralstelle Für Entwicklungshilfe E.V.-EZE e OXFAM.