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PERCEÇÃO, ATENÇÃO E MEMÓRIA

PSICOLOGIA COGNITIVA

O que é a Psicologia Cognitiva?


Estudo do comportamento de conhecer
Estudo científico da atividade mental
Estudo dos processos através dos quais “um input sensorial é transformado, reduzido,
elaborado, armazenado, recuperado e usado” (Neisser, 1967).
• Estudo dos mecanismos internos que produzem comportamentos (a partir do
comportamento humano devemos inferir os mecanismos internos)  mecanismos internos ↔
comportamentos

Mesmo sem compreender a estrutura interna podemos descobrir as relações sistemáticas (sempre que
ocorre A, ocorre B) entre situações e respostas, ou seja, mesmo sem saber a estrutura interna dos
comportamentos nada está perdido.

Pressupostos básicos:
 Processos através dos quais padrões e objetos são Reconhecidos/Atendidos/Memorizados e
imaginados/Linguisticamente elaborados

Pressupostos Elevados:
Processos que dependem do input dos processos básicos e que envolvem comportamentos
complexos de Resolução de problemas e tomadas de decisão

Pressupostos Comummente Assumidos:


• Capacidades cognitivas podem ser separadas, pelo que uma capacidade pode ser estudada
isoladamente:
 estas são muito bem organizadas pelo que nos dá possibilidade de as estudar
separadamente
 não impede que estabeleçam relações
• Capacidades cognitivas são consideradas de modo relativamente autónomo de capacidades
não-cognitivas:
 estudar as capacidades cognitivas sem influência das não-cognitivas (emoções) mas
tendo em conta que elas têm uma relação
 não ter em conta as variáveis
 Tende a focar-se no individuo e no seu ambiente natural, com menor ênfase no
papel da cultura e da sociedade
 Toma o individuo adulto como conhecedor típico, ignorando as diferenças individuais
 baseia-se em casos típicos, pois a maior parte das pessoas têm os mesmos
mecanismos
A Perspetiva do processamento da informação e a noção de representação

A ciência dos computadores e a Metáfora Computacional


Processamento de informação humano ↔ Computadores

Mente enquanto sistema geral de processamentosimbólico

Tal como os sistemas, o homem adquire, armazena, recupera, transforma e produz informação para realizar
uma atividade inteligente

Constructos Internos da Psicologia Cognitiva

Processamento da Informação:

 Processos Cognitivos -Operações e Computações Mentais: Conteúdo e formato das


representações
 Representações – estruturas cognitivas: Processos subjacentes e etapas de mentais através dos
quais a informação é processada

Pressupostos do Paradigma de Processamento de Informação


A mente é um sistema geral de processamento simbólico

Os símbolos sofrem processos que os transformam noutros símbolos


A pesquisa psicológica prevê especificar os processos simbólicos e as representações
subjacentes ao desempenho de qualquer tarefa psicológica
A mente é um processador de capacidade limitada
Os processos cognitivos demoram tempo (TR)
O sistema de símbolos depende de um substrato neurológico mas não é totalmente
constrangido por ele

A maioria destes pressupostos derivam da metáfora computacional  limitações de processamento


e seleção de informação  quando se realizam diversas atividades ao mesmo tempo uma delas sai
prejudicada

As representações e processos mentais não são diretamente observáveis.


A Teoria pretende reduzir os comportamentos complexos a um conjunto limitado de princípios
que expliquem porque certos fenómenos ocorrem em algumas circunstâncias mas não noutras.

O Modelo pretende especificar a relação entre o constructo teórico e o comportamento a explicar.

A Representação em Psicologia Cognitiva


Representação: A propriedade da mente acerca de algo; Ideia mental de algo
Pode ser simbólico (abstrato e sem semelhanças) ou analógico (imagens mentais semelhantes à
realidade)
Códigos iguais; pode ativar códigos abstratos mas não significa que se ative imagens na nossa
capacidade
As características da mente ou do cérebro são sobre algo no mundo
Os processos mentais representam algo no ambiente ou estados possíveis das coisas
O que é representado: mundo ↔ o que faz essa representação: mente

Condições de um sistema de representação


- Domínio alvo: o que vou representar
- Domínio modelador: código
- Correspondência sistemática entre a estrutura relevante no domínio modelador e a estrutura relavante
no domínio alvo

Uma ideia está sempre relacionada a uma representação, e o que essa relação é igual hoje a amanhã,
pois não depende do estado de espírito nem de nada

O domínio modelador representa o domínio alvo  o domínio modelador capta a informação


domínio alvo  o domínio modelador não representa todos os aspetos da estrutura do domínio
alvo

É a relação sistemática entre dois domínios que determina a natureza da representação

Questão de relação ambiente-mente-cérebro

O cérebro tem capacidade para representar o ambiente


Nem todos os aspetos da estrutura do ambiente são representados
A estrutura neuronal que realiza a representação não se assemelha em nada À
estrutura do ambiente a ser representada
Nem todos os aspetos da estrutura do cérebro são relevantes na representação
A estrutura do cérebro é capaz de estabelecer relações sistemáticas entre subconjuntos da
sua estrutura e subconjuntos da estrutura do ambiente
O objetivo da mente é representar o cérebro enquanto sistema de processamento de
informação
Os constructos cognitivos não existem literalmente no cérebro e não se assemelham
em nada à estrutura neuronal do cérebro

Qual a natureza da representação cognitiva?

Newell & Simon, 1976


A mente como um sistema simbólico, contém e manipula representações simbólicas e influência a
metáfora computacional.

Propriedades dos sistemas simbólicos:


As estruturas de símbolos são sobre objetos
Envolvem um conjunto básico de símbolos que podem
ser combinado para formar estruturas simbólicas maiores
Contêm processos que operam nas estruturas simbólicas para
produzirem novas estruturas simbólicas

As redes semânticas (Collins & Loftus, 1975)


Conceitos representados por nódulos
Relações entre conceitos representadas por associações
Um conceito é ativado por ativação de outros, tendo por
base as associações
Adição ou alteração de associações

McClelland & Rummelhart, 1986

A mente como um sistema de processamento distribuído em paralelo, conexionista.

Representação distribuída por unidades de processamento organizadas em camadas.


Os conceitos são padrões de ativação na rede.
Informação processada em paralelo.
Influencia das redes neuronais.
Não usam símbolos explícitos para representar conceitos nem regras.
Os conceitos são padrões de ativação numa rede de representações distribuídas.

Modelos conexionista
• Conceitos representados por padrão de ativação
distribuí do por várias unidades de saída Padrão de

ativação depende da resposta das unidades de entrada


e do peso das conexões
• Aprendizagem das associações entre input e output
por auto programação

Kosslyn, 1978
Representações analógicas

Preserva as propriedades espaciais e sensoriais do estímulo

Psicologia Cognitiva
Explica factos acerca do comportamento humano, incluindo aspectos da perceção,

atenção, memória, linguagem e pensamento


Desvenda mecanismos cognitivos
Cria hipóteses que guiam a investigação da estrutura física do cérebro

ATENÇÃO – LIMITAÇÕES DE PROCESSAMENTO E SELEÇÃO DE


INFORMAÇÃO

O que é a Atenção?
Processo através do qual nos focamos e concentramos em determinadas características do ambiente,
ou em certos pensamento e atividades (Goldstein, 2005).

Compreende um conjunto de fenómenos psicológicos distintos.


Caracterizada por uma capacidade limitada para processar
informação. A alocação da atenção pode ser intencionalmente
controlada.

Atenção seletiva - limitada

Informação que atinge os recetores sensoriais é maior que a Informação processada em termos de significado e
compreendida
Seleção da informação para ser processada
Não conseguimos processar igualmente todos os estímulos do ambiente

Atenção dividida

Capacidade de dividir a atenção por mais do que uma coisa simultaneamente. Perceber se este processamento é
realizado automaticamente.

Atenção seletiva
Cherry, 1953

Capacidade para discriminar mensagens

Apresentação de duas mensagens distintas, a ambos os ouvidos Filtrar uma das


mensagens e repeti-la

Resultados: Poucas transposições entre as mensagens

Conclusão: Capacidade para separar mensagens


Se prestarmos atenção a uma mensagem é difícil ou impossível
considerar a informação de outra mensagem apresentada
simultaneamente.

Paradigma da escuta dicótica Fenómeno Cocktail Party

Capacidade para prestar atenção a uma


Ao prestarmos atenção apenas a uma das mensagens
temos pouca informação acerca da outra mensagem mensagem e ignorar todas as restantes
não atendida, logo compreendemos que é difícil
atender simultaneamente a dois estímulos da mesma
modalidade

Shadowing

Apresentação de duas mensagens diferentes, uma a cada


ouvido Repetir em voz alta uma das mensagens e rejeitar a
outra (não atendida)

Resultados: Poucos erros na repetição da mensagem atendida & Ausência de


conhecimento do conteúdo da mensagem não atendida

Conclusão: processo de reconhecimento pode concentrar-se numa só


mensagem

Broadbent, 1945

Técnica Varrimento Dividido

São ditas duas letras de cada vez (par), cada uma num ouvido
Os participantes têm que recordar corretamente as letras
Pode ser feita uma recordação livre (por canal, ou seja, ouvido
direito e ouvido esquerdo – MRW e HSP) ou então por ordem de
apresentação (par a par – MH, RS, WP)
Resultados: mais participantes respondem por canal do que par a par  canal > par a par

Conclusão: não conseguimos atender aos dois canais, e é difícil mudar a atenção de um canal para o
outro. Atendemos apenas a um canal e esperamos apanhar alguns traços da
mensagem apresentada ao canal não atendido.

Modelo de Filtro de Broadbent, 1958

Sistema de canal único com capacidade limitada de transmissão de informação.


Necessidade de filtro que selecione a informação.

Modelo de Filtro de Canal Único Modelo de Seleção Precoce


Apenas um canal pode ser atendido de O cada
filtro vez
opera antes da informação ser
A informação do canal não atendidoanalisada
é filtradapara determinação do significado
(ao não
o seu significado não é processado, logo nívelé das características físicas).
compreendido
Apenas há consciência de características físicas
básicas da informação não atendida
o tom de voz)

Moray, 1959 (desafio ao modelo de filtro precoce)

Escuta Dicótica com shadowing

• Atender à informação que de um dos canais e rejeitar a


informação do outro canal
• No canal não atendido é pronunciado o nosso nome e nós temos
consciência disso

Resultados: o nome próprio passou o filtro atencional

Conclusão: informação apresentada no canal não atendido é suficientemente processada para


permitir alguma consciência do seu significado. Há algum processamento semântico em
paralelo antes da identificação consciente. O filtro não pode ter como base sempre as
características físicas

Gray & Wedderburn, 1960

Resultados: A atenção saltou para a mensagem supostamente Pedir para focar apenas um
não-atendida pois a informação completa-se ouvido (neste caso OE) Os
participantes respondem
Conclusão: a atenção teve em conta o significado da mensagem
Querida Tia Joana
supostamente não atendida, o que nos ajuda a concluir que não
está sempre focada no mesmo canal
Treisman, 1960

Instruções para selecionar apenas a informação de


um canal, neste caso OD
A atenção muda de canal, pois não permaneceu no canal
atendido

Resultados: A atenção muda de canal, pois não permaneceu no


canal atendido

Conclusão: informação do canal não atendido passa o filtro se


houver uma relação entre o significado da informação atendida e
não atendida. A atenção muda de canal para canal com base no
significado da informação.

Broadbent tinha razão se a atenção tivesse sempre no OD, porque afirmava que era difícil mudar a
atenção de um canal para o outro e que apenas esperávamos ter alguns traços do canal não-atendido.

• É difícil apenas nos focarmos na mensagem atendida


quando no canal não atendido a mesma voz fala do mesmo
assunto que a mensagem atendida.
• A capacidade de seleção (shadow) da mensagem atendida é
afetada pelo conteúdo da mensagem não atendida

Resultados: Alteração do canal atendido

Conclusão: as diferenças no conteúdo semântico das mensagens podem ser usadas


para auxiliar a seleção , mas são menos eficazes do que as diferenças físicas. O filtro atencional
não pode operar estritamente com base nas características físicas.

O controlo consciente do foco da atenção é alterado devido a estímulos, como as características físicas
e o conteúdo da mensagem.

Porém Treisman propõe uma nova teoria.

Teoria da Atenuação

A seleção ocorre em duas etapas


Filtro Atenuador Filtro Análise Dicionário)
Identifica mensagens atendidas e nãoMensagem
atendidas é analisada por unidades de dicionário, e
com base em características físicas, língua
envia para
e o sistema de memória a mensagem
significado, e diminui a força da mensagem
analisada
não atendida Permite detetar palavras mas dependendo da força da
Mensagem não atendida é atenuada mensagem
Ambas as mensagens são enviadas O limiar de ativação depende da familiaridade com a
≠Broadbent palavra, por exemplo Inês para mim tem um linear de
ativação baixo, mas Margarida já é maior

Deutsch & Deutsch, 1963

Teoria da Seleção Tardia

A seleção para a atenção consciente ocorre após o input sensorial ter sido analisado
inconscientemente para o significado.

Análise semântica inconsciente  todas as mensagens são analisadas

Atenção consciente  o sinal com mais importância entra na consciência desde que esteja acima
do nível de ativação do indivíduo

MacKay (1973), reforça a Teoria da Seleção Tardia.

• Selecionar entre um par de frases qual se aproxima mais,


em significado, da frase ouvida
• O significado da palavra enviesadora afeta as escolhas dos
participantes
• Processamento de duas mensagens

Resultados: Palavra altera o sentido da frase

Conclusão: a informação do canal não


atendido é processada ao nível do significado

Como é que os seres humanos conseguem resolver o problema do cocktail party?

 Com base em processos bottom-up e top-down 


 Coerência temporal (Shamma et al., 2011): as característica do som de uma dada fonte tendem a
estar todas presentes quando fonte activa e ausentes quando silencioso. 

 Familiaridade com a voz do alvo (McDermott, 2009) 

 Palavra em contexto de frase (McDermott, 2009) 

 Informação visual

Lavie

Abordagem da dependência da Tarefa

A informação que é processada durante uma tarefa de atenção seletiva depende da natureza
da tarefa
A sobrecarga (quantidade de recursos cognitivos utilizados) imposta pela tarefa é uma das
variáveis
Seleção precoce  tarefas de grande sobrecarga – mensagem atendida é processada, e
mensagem não atendida não é processada
Seleção tardia  tarefas de baixa sobrecarga – mensagem atendida e não atendida são
processadas

Atenção dividida e automatizada


• Dificuldade em realizar duas tarefas simultaneamente  Os recursos ou capacidade
atencional que limitam o sistema são de objetivo geral  tarefas que requerem atenção vão
depender do mesmo recurso ou competir pelo mesmo filtro
• Tarefas não podem competir ao mesmo tempo pelo mesmo recurso
Capacidade para dividir a atenção por mais do que uma coisa
simultaneamente Paradigma da Tarefa Dupla  compreender as limitações e
natureza do sistema de processamento

Fatores que determinam a capacidade para dividir a atenção:

Tipo de tarefa
Dificuldade da tarefa
Prática e automatização
Quantidade de informação que requer exigências de processamento

+ dificil
+ fácil

Tarefas semelhantes Tarefas diferentes


Tarefas difíceis Tarefas simples
Pelo menos uma delas é inconsciente
Ambas requerem atenção consciente
Tarefas com prática
Efeito da Prática
Spelke, Hirst & Neisser, 1976

Paradigma da Tarefa Dupla

Difícil ler uma história e fazer um ditado ao mesmo tempo


Quanto mais prática temos com as tarefas (automatização) mais fácil será a sua
realização em comum com uma outra
Schneider e Shiffrin, 1977

Paradigma da Procura Visual

Quanto mais caracteres, pior o desempenho  dificuldade da tarefa


Quanto mais distratores, pior o desempenho
Quanto mais praticamos, mais familiarizados estamos com a atividade, mais fácil se
torna a tarefa  prática
• Atenção pode ser dividida para lidar com várias informações, quando o mapeamento é
consistente e o processo automático e em paralelo
• É necessário prestar atenção, quando o mapeamento é variável e controlado

Efeito da Dificuldade da Tarefa


Tyler et al., 1979

• Duas tarefas só podem ser realizadas ao mesmo tempo se uma delas não for
demasiadamente difícil
• Se uma das tarefas for muito difícil, o desempenho diminui na tarefa mais fácil, ou menos
importante
• O aumento da dificuldade da tarefa pode não eliminar por completo a atenção dividida, mas
diminui o desempenho na outra tarefa

Posner & Boies, 1971

• Mais atenção disponível quando realizamos tarefas mais fáceis  Limite gral na atenção

McLeod & Posner, 1984

Sem interferência de tarefas, o desempenho aumenta  Efeito do Tipo de


Tarefa Quanto maior a semelhança das atividades pior o desempenho

Teorias da capacidade ou Recursos


Tarefas envolvem esforço cognitivo
Quantidade limitada e esforço para alocar a todas as atividades que solicitam a nossa atenção
Algumas tarefas requerem mais atenção que outras
Controlo consciente da alocação da atenção

Perspetivas dos Recursos Múltiplos


McLeod & Posner, 1984

O desempenho numa tarefa não é prejudicado por tarefa concorrente que faça uso de outra

modalidade sensorial
Não se trata de uma limitação geral de recursos
Não se trata de um canal ou recurso único de objetivo geral
Tarefas só interferem se competirem pelo mesmo recurso

Posner & Snyder, 1975

Teoria do Processo Dual da Atenção

Processos automáticos Processos Controlados


Processos pré-atentivos Processos atentivos
Não conscientes Consciente e intencional
Não intencionais Capacidade limitada
Não depende da capacidade atencional
Sistema de objetivo geral
Sem competição de tarefas A realização de uma operação diminui a
Sem interferência disponibilidade para realizar uma outra
operação
Intenções pessoais

Efeito Stroop (1935)

Nomear a cor > ler a


palavra Interferência de
estímulos

Atenção visual
Cena global Vs. Cenas de detalhe
Capacidade para considerar uma cena global
Capacidade para descrever o significado de uma imagem
Capacidade para retirar informação de uma cena
Necessidade de focalizar atenção para obtenção de detalhe

Cena global
Li et al., 2002

Capacidade para rapidamente considerar uma cena global


Consciência de quase todas as características do ambiente

Detalhes de cena e cegueira à mudança


Rensink et al., 1997

Não reparar nos aspetos e pormenores diferentes em duas imagens, aparentemente


iguais
Grande falha em detetar a mudança
Importância da atenção focalizada para deteção de detalhes

Modelos Teóricos e Evidências Empíricas

Atenção enquanto foco

Spotlight Model

Permite atender seletivamente a partes do campo visual


Atenção a uma localização especifica melhora o processamento de um estímulo
apresentado nessa localização
Atenção baseada na localização  atenção opera num qualquer estímulo que esteja numa

determinada localização

Posner, 1978

Procedimento pré-primação
Apresentação de uma pista visual para onde dirigir a atenção
TR detecção presença de estímulo: pista informativa > pista não informativa ou sem pista

Eriksen e Eriksen, 1974

TR a um estímulo aumenta conforme a aproximação espacial de competidores


Os competidores atrasam a resposta ao alvo particularmente quando estão próximos do
centro da atenção porque estão próximos do foco da atenção
Atenção enquanto lente de aumento

Zoom Lens Model

Atenção pode ser distribuída por uma área mais ou focalizada numa área
menor Atenção baseada na localização

Atenção baseado no objeto (Henderson & Hollyworth, 1999)


Atenção está associada a objetos
Atenção pode centrar-se num objeto em particular ao invés de uma localização em
particular
Quando a atenção é dirigida para um espaço do objeto, o efeito da atenção estende-se a todo o
objeto
Atenção pode afetar o objeto como um todo, mesmo que parcialmente tapado por outro objeto

Artigo Cherry

Colin Cherry, 1953, Some experiments on the recognition of speech, with one and two ears

 Aborda o tema da atenção seletiva no reconhecimento cognitivo da fala. Visando responder


ao fenómeno the cocktail party effect

 Concentra-se na questão: “Quando são apresentados dois estímulos auditivos diferentes, como
é que nos focamos num e ignoramos o outro?

 2 estudos principais:

 O primeiro focado na separação de dois estímulos auditivos que estão a ser


apresentados em simultâneo (duas mensagens diferentes),

 O segundo que explora os atributos retirados do estímulo ignorado.

 Métodos e Resultados

1. No primeiro estudo:

 Metodo: são apresentadas duas mensagens diferentes aos participantes,


simultaneamente. De seguida, é-lhes pedido para se focarem numa mensagem e
ignorando a outra, no final são convidados a relembrar o máximo da mensagem.

 Resultados: demonstram que os participantes conseguem reter grande parte da


informação, tendo esta apenas alguns erros e sobreposições. Quando têm a
oportunidade de escrever a mensagem à medida que a vão ouvindo, os resultados
melhoram significativamente.

2 . Segundo estudo:
 Metodo: apresenta aos participantes duas mensagens diferentes, uma delas
diretamente no ouvido esquerdo e a outra no ouvido direito, através de um set de
headphones.

 Resultados:Os resultados concluem que os participantes conseguem separar na


perfeição as mensagens, contrariando o que aconteceu no estudo anterior.

 De seguida, são investigadas as características retidas pelos participantes da


mensagem que foi ignorada. Foram várias as variáveis aplicadas:

 como o idioma,

 a voz feminina ou masculina,

 sons,

 ruídos ou discurso invertido.

 Os resultados : demonstraram que a informação que os participantes conseguem


reter é subtil, conseguindo identificar apenas o género da voz ou se o discurso está a
ser lido ao contrário.

 No entanto, quando lhes são apresentadas duas mensagens iguais com um


intervalo de tempo entre elas, que vai sendo reduzido gradualmente até serem
reproduzidos ao mesmo tempo, os participantes conseguem identificar a maior
parte da informação, conseguindo, por vezes, que as mensagens são iguais.

 Ideia reforçada:

o quando focamos a nossa atenção tendemos a seguir uma linha de


raciocínio.

o Foi, ainda, estudada a alternância da atenção, sendo apresentada uma só


mensagem, alternada entre o ouvido esquerdo e o direito. Os resultados
demonstraram que a informação é retida na sua maior parte, sendo necessário
um curto intervalo de tempo para que possamos alternar a nossa atenção de um
estímulo para outro

Conclusão:

 Foi permitida uma nova abordagem acerca do tema da atenção seletiva. Surgiu através deste
estudo, a ideia de que existiam processos cognitivos, porque só com a existência de processos
lógicos os participantes seriam capazes de fazer a previsão de certas palavras ou a
resistência a certas interferências, combatendo as ideias dos behaviouritas, visto que estes
processos não eram diretamente observáveis.

 Foi comprovado que é possível o foco existir sobre um estímulo, ignorando outros.

 No entanto, mostrou também que não é possível focar a atenção em vários estímulos
simultaneamente retirando apenas características subtis dos mesmos.
PERCEÇÃO

O que é a Perceção?
Forma como codificamos a informação dos sentidos

Processo de reconhecimento, organização e interpretação da informação (Sternberg, 2011).

Ilusões percetivas

A visão é diferente da perceção visual, bem como a perceção é diferente da realidade. A este fenómeno
damos o nome de ilusões percetivas pois percecionamos o que não está lá e o que pode não ser.
Assim o processo passivo é o que recebemos, e o processo ativo é a forma como organizamos a
informação.

Adaptação sensorial
Quando os recetores sensoriais modificam a sensibilidade ao estímulo
Os sentidos respondem à mudança
Estimulação constante conduz a menor sensibilidade

Constância Percetiva
O objeto permanece apesar da sensação de que o objeto muda

Perceção da profundidade
Capacidade para ver o mundo a 3 dimensões e detetar a distância
A visão tem apenas 2 dimensões, mas a perceção é a 3 dimensões
A informação tem de ser interpretada para percecionarmos a profundidade, porém
nem sempre a interpretação é correta o que leva a ilusões
• Algumas pistas monoculares de profundidade:
o Tamanho relativo: é mais pequeno porque está mais longe
o Interposição: itens ocultos estão mais distantes, pois um outro que se interpõem entre
ele parece mais próximo
o Gradiente de textura: itens com menos grão estão mais longe o
o Perspetiva linear: linhas paralelas convergem à distância o
o Perspetiva atmosférica: quando estão mais distantes, itens parecem mais desfocados
o Paralax de movimento: objetos parecem mover-se quando é o próprio observador que
se move, parecendo assim mais pequenos
• Pistas binoculares de profundidade o
• Convergência binocular: olhos convergem à medida que um objeto se aproxima o
Disparidade binocular: cada olho vê um ângulo ligeiramente diferente do objeto

Perceção de objetos
Existe um paradoxo na perceção de objetos pois é uma consciência visual espontânea e sem esforço
baseada num processo complexo.

É necessário reconhecer padrões familiares com precisão e rapidez, operando também com objetos não
familiares.

Através da perceção deve-se identificar objetos que estejam parcialmente escondidos e realizar este
procedimento de forma rápida e sem esforço.

Estrutura e Invariância Processos Automáticos


Segregação ou agrupamento percetivo Rapidez
Dimensão Bidimencional  Tridimencional Eficácia
Imagem retiniana vs. Perceção Espontaneidade
Informação retiniana parcial e incompleta Sem esforço deliberado e com poucos recursos

A perspetiva de Gestalt
O todo é mais do que a soma das suas partes.

Princípios da perceção visual

Lei da pregnância ou da boa forma

A experiência é organizada da forma mais simples, concisa, simétrica e complexa


possível O mundo é percecionado da forma mais simples de chegar a organização coesa
e constante dos objetos
Leis de agrupamento percetivo

Continuidade: continuidade suave


(AD, CB ) é preferida a mudanças abruptas de direção
(AC,
BD)
Proximidade: elementos tendem a ser agrupados com base na proximidade
Semelhança: elementos semelhantes tendem a ser agrupados conjuntamente
Destino comum: os elementos agrupados parecem mover -se em comum e comportam -se como
um todo
Fechamento: itens são agrupados e tendem a completar a figura
Simetria: preferência por perceber o objeto como imag
ens no espelho

Leis de segregação figura-fundo

É figura a região convexa, mais pequena, em

movimento, simétrica e mais próxima

Pressupostos Teóricos

Processo ascendente: guiado pelos dados que vai desde a informação inicial até ao reconhecimento
visual de objetos (identificação dos mesmos)  processos autónomos e fora do controlo consciente
Processo descendente: guiado concetualmente (pelo conhecimento ) que vai desde o reconhecimento
visual os objetos até à informação inicia  processos automáticos e influência da probabilidade dos
objetos num determinado contexto  top-down

Reconhecimento Vs. Identificação

Apesar de terem diferentes tamanhos, cores, formas, etc. são reconhecidos como membros da mesma
categoria
Reconhecimento (categorização menos específica e num nível mais básico) Vs. Identificação (
categorização mais específica e num nível sub-ordenado)
Ex: um cão vs. o cão do meu vizinho / uma cadeira vs. a cadeira do realizador
Reconhecimento Vs. Utilização e Nomeação

Processos complexos e distintos


Dissociações: pacientes que conseguem informação para a utilização e não para o nome
Modelo genérico de Humphreys: Modelo geral dos processos envolvidos no reconhecimento visual e na
nomeação de objetos.
Ex: objeto  padrão luz  retina / ver abelha  armazém estrutural: descrevê-la  memória
semântica: o que faz/suas funções  sistema fonológico: Abelha

Teorias da Perceção

Teorias da Perceção Direta


Aquisição direta de informação do ambiente
Perceção decorre do estímulo no ambiente
Processamento ascendente, ou seja, bottom-up

Teoria da Perceção Direta de Gibson

Toda a informação necessária para formar uma impressão está disponível no


ambiente
Não é necessário processamento descente
Perceção imediata e espontânea
Perceção e ação não podem ser separadas pois a perceção guia a ação e a ação gera uma nova
informação percetiva
Toda a informação visual que chega ao olho é constituída por um padrão de luz

estruturado, conhecido como padrão ótico (dá informação invariante acerca da


configuração dos objetos no espaço)

Teoria de template

Teoria de reconhecimento de padrões


Reconhecimento feito por comparação do estímulo com múltiplos Templates (padrões)
armazenados em memória até que seja encontrada uma correspondência
Pode ser óbvia essa correspondência mas pode também existir correspondências imperfeitas

pois não depende da flexibilidade no sistema de reconhecimento de padrões

Teoria de protótipo

• Reconhecimento feito por correspondência do estímulo com padrão mental abstrato,


conhecido como protótipo
• Templates flexíveis pois há uma abstração das características comuns de diversas instâncias de
um objeto criando assim uma representação do que é que ele pode ser
Nenhuma correspondência será perfeita
Franks & Bransford: são apresentados objetos baseados em protótipos mas os
protótipos não são apresentados
• Solso & McCarthy: são expostas diversas faces derivadas/semelhantes dos protótipos, e o
objetivo é os participantes reconhecerem as faces antigas, as novas e o protótipo

Teoria de características

Reconhecimento feito com base num pequeno número de características (features)


Características especificas são denominadas como detetores de caraterísticas (feature
detectors) Navon: nivel global vs. nível local  mais facilmente se identificam
características globais que locais
Modelo pandemonio (Selfridge): reconhecimento visual de palavras
Modelo de redede carateísticas (Rumelhart & McCelland): ativação interativa,
mecanismos ascendentes e descendentes tendo por base a interação de camadas de nível básico e
elevado

Teoria de descrição estrutural

Reconhecimento feito pelo reconhecimento de componentes e

relações entre eles


Explicam perceção 3D
Biederman: geões  resultado da perceção depende da
quantidade de informação ausente

Teorias da Perceção Indireta


Perceções ativamente construídas com base nas expetativas, hipóteses, fatores
motivacionais e emocionais
Processamento descendente, ou seja, top-down
Perspetivas construtivas
A perceção não é automática a partir do estímulo em bruto
Perceção como processo ativo e construído
Processo que depende de associações e experiência prévia
O contexto ajuda a identificar corretamente o objeto
Reconhecimento visual de objetos – O Modelo de David Marr

*Processo Ascendente*

Imagem na retina

Intensidade de luz em pontos da imagem  Níveis de cinzentos

Regiões potencialmente significantes  esboço primário bruto

Fronteiras e contornos dos objetos  esboço primário completo

Esboço da superfície dos objetos  esboço 2,5D

Descrição do objeto  reconhecimento do objeto

Etapas precoces relacionadas com o processamento da imagem

Matriz de níveis cinzentos


Medida de intensidades de luz em cada ponto da imagem retiniana
Células respondem de acordo com a intensidade de luz
A matriz corresponde ao estado da retina quando estimulada pela luz, onde as células
estão dispostas em linhas e em colunas, de acordo com os níveis de intensidade, ou seja, os níveis
de intensidade estão agrupados (ou podem ser ligados) tendo em conta os seus valores
Os níveis cinzentos são independentes da cor do objeto e funcionam como uma análise da luz
Esboço primário bruto

Procura de mudança de intensidadesde luz na matriz de níveis cinzentos


Identifica mudanças de grande intensidade, médias e aleatórias
Deteção de mudanças significativas
Remove mudanças aleatórias

Etapas intermédias relacionadas com o agrupamento dos componentes

Esboço primário completo


• Distinguir mudanças de intensidade intermédias com mudanças de intensidade de grande
magnitude
• Gestalt: atuam de forma a agrupar os pontos de mudança de intensidade para extrair-se o
contorno externo dos objetos e os seus componentes internos
Vários segmentos de contornos vão sendo agrupados uns com os outros, formando
regiões Contorno da oclusão e componentes importantes da estrutura dentro desse
contorno, formando assim um esboço da estrutura global dos objetos

Etapas finais

Representação 2,5D
A partir do esboço primário completo origina-se as primitivas, que são elementos básicos

(cones ou cilindros generalizados)


O esboço primário dos contornos do objeto é dividido em regiões de forte
concavidade Asseções côncavas e convexas são usadas para dividir o esboço em
regiões mais pequenas, conhecido como processo de segmentação
Cada uma das regiões é representada por um cilindro generalizado
As primitivas é a superfície criada por uma secção de forma constante mas de tamanho
variável ao longo do eixo
Representação 3D

• Relação entre primitivas, onde se identificam e relacionam os componentes e discriminam


os objetos entre si
• Funções dos eixos e alongamento dos componentes

Como podem as relações de componentes ser especificadas de modo a capturar a forma dos objetos em
3D? Como se passa de uma imagem dependente da posição do objeto e do ponto de vista do
observador para o reconhecimento centrado no objeto?

Modelo de Marr & Nishiara

Será que guardamos todas as perspetivas em memória? Apenas existe uma única representação.

Então como resolvemos? Temos de transformar a perceção que depende do ponto de vista do
observador em algo que está centrado no objeto, ou seja, descrições estruturais centradas no objeto.

Princípio do quadro ou eixos de referência: a descrição da estrutura interna do objeto relativamente


aos eixos será a mesma (invariante) independentemente da orientação do objeto.
Biederman, I “Recognition-by-Components: A Theory o Human Image Understanding”,
1987

 Esta teoria é a continuação dos estudos de David Marr

 O processo de reconhecimento de um objeto trata-se de um processo ascendente.

 A imagem input do objeto é segmentada em diferentes geons (componentes geométricos


simples)

 Existem apenas 36 geons, contudo são suficientes para o reconhecimento de todos os


objetos existentes, através das suas combinações entre si. (e.g. existem 44 fonemas, que
constituem na língua inglêsa)

 O reconhecimento do objeto é feito independentemente da sua orientação espacial,


devido à invariabilidade dos geons.

 Metodo:

 O primeiro passo: para o reconhecimento de um objeto é a extração das bordas e em


seguida, decidir como um determinado objeto visual deve ser segmentado, para
estabelecer as suas partes ou os seus componentes.

 O outro elemento importante é decidir que informação das bordas de um objeto


permanecem invariáveis sob diferentes ângulos de visão.

 A determinação dos geons está dependente destas propriedades invariáveis que


apresentam as propriedades desejáveis de serem invariáveis nas mudanças de orientação do
objeto no espaço e podem ser determinadas a partir de apenas alguns pontos em cada borda
e em zonas de maior concavidade:

 curvatura, o paralelismo, a coterminação (extremidades que terminam num


ponto comum), a simetria/assimetria e a colinearidade (pontos que partilham uma
linha em comum).

Resultados:

 Elas permitem que um componente ou geon seja extraído com grande tolerância
de variações de ponto de vista, oclusões, obstruções e ruído

 Em termos das características da superfície, tais como a cor e textura de um objeto, Biederman é da
opinião, que são aspetos secundários no reconhecimento de um objeto.

 Querendo com isto dizer, não que a perceção da superfície de um objeto seja mais tardia à da
estrutura do objeto, mas sim, que para o reconhecimento de um objeto é mais eficiente guiarmo-nos
pela estrutura do mesmo. É mais rápido aceder à representação mental de uma cadeira, se nos guiarmos
pela descrição volumétrica.

 Estas características secundárias tornam-se apenas relevantes para o reconhecimento de objetos não
contáveis, como por exemplo a areia. Para a identificação de areia, já não nos guiamos pelo
reconhecimento individual da estrutura de cada grão, mas sim pela textura e cor de um conjunto de grãos
de areia.
“Mental Rotation and Orientation-Dependence in Shape Recognition” (Tarr & Pinker,
1989)

 Problema; Pretende-se descobrir como é que um individuo é capaz de identificar um objeto


independentemente das diversas orientações a que possa ser observado.

 O que foi trazido de novo?

 Mental-rotation utilizada em vários processos

 Armazenamento de diversas orientações

 Correspondência mais rápida e prática

 Refutar literatura anterior

 Em teoria, a lateralidade (“handedness”) é a escolha inconsciente do lado para o qual se vai


realizar a rotação mental de um objeto até à sua posição “upright” (armazenada mentalmente).
Esta preferência depende da dotação individual e da prática de cada um, influenciando as
respostas cognitivas aos diferentes estímulos.

 4 teorias da literatura anterior:


o Viewpoint-independent model: ocorre uma correspondência direta entre o sistema de
coordenadas atribuído a uma única representação mental do objeto e a imagem
percecionada do mesmo.
o Single-view-plus transformation model: o objeto observado passa por uma rotação mental
até corresponder à sua única representação mental (na sua posição “upright”)
o Multiple-view model: ocorre um “match” entre o objeto que esta a ser observado e a
respetiva imagem armazena mentalmente.
o Hybrid model: relaciona o Single-view-plus-transformation model com o Multiple-view
model. Porém, este modelo considera que temos apenas algumas representações mentais
das possíveis orientações observáveis do objeto, ocorrendo assim uma rotação até a
orientação armazenada mais próxima.

 Realizaram 4 experiências para testar os modelos teóricos:


o Na 1ª experiência: pretende-se saber se a identificação da lateralidade em caracteres está
dependente de uma mental-rotation e se o efeito da prática (diminuir o tempo de resposta)
se aplica a todas as orientações ou apenas às que foram praticadas.
o Na 2ª experiência: (muito semelhante à 1ª) pretende-se testar se a mental-rotation é
necessária para o reconhecimento de novas formas.
o Na 3ª experiência :pretende-se aferir a utilidade da mental-rotation (utilizada para
identificar a handedness/lateralidade) na identificação do shape/forma.
o A 4ª experiência: teve como objetivo determinar se as representações armazenadas são
handedness specific ou handedness general.

Conclusão:

 O tempo de reconhecimento dos objetos nas suas diferentes orientações está diretamente
relacionado com a duração da rotação necessária da imagem percecionada até à imagem mental
na posição “upright”.
 Para além disto, o efeito da prática no reconhecimento de orientações específicas estabiliza
o tempo de reação e resposta.
 Finalmente, o tempo de resposta é constante e independente da orientação quando as
formas familiares (previamente praticadas) se apresentam invertidas. Os resultados
obtidos suportam a teoria do Hybrid Model, refutando total ou parcialmente todos os outros.

Memória

O que é a Memória?
Organização das ideias e de acontecimentos do passado (Gleitman et al.)

Informação armazenada na nossa memória

Final do Séc. XIX – estudo experimental da memória

Início do Séc. XX – estudo da memória quotidiana

Principais abordagens de estudo


A Estrutura da Memória (componentes do sistema de memória) está interligada com os Processos
de Memória (etapas ou princípios temporais da memória).

Processos de Memória, numa visão global

Aquisição de informação  fase de aprendizagem


Codificação  transformação em representações
Armazenamento  retenção das representações, ou seja, do traço
mnésico
 Recuperação  extração do traço mnésico

Estrutura da Memória, numa visão tradicional

Memória Sensorial
Memória a Curto-Prazo  retenção, re-codificação e manipulação temporárias do
conhecimento
Memória a Longo-Prazo  estrutura e conteúdo, representação e acesso ao conhecimento

Os diferentes Sistemas de Memória


A teoria dos Multi-Armazéns, de Atkinson & Shiffrin
Memórias depositadas em diferentes compartimentos ou armazéns: Memória Sensorial,
Memória a Curto-Prazo e Memória a Longo-Prazo

Tarefa secundária prejudica tarefa primária


Tarefa secundária não impossibilita tarefa primária, e por vezes o desempenho
mantém-se bom
MCP é composta por componente separados
Efeito de recência em recordação imediata, relacionada com a MCP
Efeito de primazia relacionada com a MLP
Tarefas distrativas afetam a MCP, e não a MLP

Reconceptualização dos Armazéns


A MCP passa a ser uma unidade de processamento ativa e de múltiplos tipos de informação

A MLP é um processo com múltiplos sistemas de interação pois existem diferentes tipos de
informação e diferentes processos de codificação e armazenamento

MCP  Memória do trabalho

MLP  Vários sistemas de interação  Diferentes tipos de informação (episódica, semântica e


procedimental) e Diferentes tipos de acesso (explicita e implícita)

Memória do Trabalho, de Baddeley

Ouvido e olho interior que regista informação, para depois decidir se passa ou não para a MLP
Existe um executivo central que decide qual a informação guardada e de que forma
Existem dois armazéns, um de natureza verbal e outro visual

Memória a Longo Prazo pode ser

Explicita declarativa  processo consciente e informação especifica o


 Episódica  eventos específicos (Tulving)
 Semântica  conhecimento geral (Tulving)
Implícita não declarativa procedimental  processo não consciente, sem
esforço e incremento da memória o Skills
 Condicionamento

clássico

 Priming
Memória enquanto processo

Abordagem dos Níveis de Processamento – LOP, de Craik e Lockhart

Memória tida acerca de certos estímulos é baseada em processos mentais


Memória Sensorial: menos atenção e características pré-atentivas
MCP: após atenção, e de capacidade limitada
MLP: após codificação da mensagem e de capacidade ilimitada, com mais
significado Análise das caraterísticas sensoriais, de seguida ligação das representações
com a memória e
por último reconhecimento dos padrões e extração do significado
Hierarquia dos níveis de processamento: Percetivo  Semântico
Níveis de Processamento podem ser superficial ou profundo
Nível Superficial: ver características, memória sensorial
Nível Profundo: padrões de reconhecimento e análise semântica, MLP
Resultado: traços de memória
Quando mais profunda a informação for tratada, mais será relembrada posteriormente
pois será mais permanente
Análise em termos de significado ≠ análise em termos de caraterísticas

Transferência do processamento Adequado – TAP, de Morris, Bransford & Franks

• A forma de processamento ótimo depende também dos requisitos da utilização do traço


mnésico
• Por exemplo se mostrarem uma lista de palavras a dois grupos e pedirem para que um deles (A)
fique responsável por ver número de vogais de cada palavra e a outro (B) por contar o número
de verbos, quando pedirem o número de verbos o grupo B terá um melhor desempenho que o
grupo A, e vice-versa
• Outro exemplo: Se pedirem ao grupo A para decorar as palavras e ao grupo B para ver se elas
são curtas ou compridas, ao se pedir que se lembrem das palavras o grupo A lembrar-se-á de
mais palavras que o grupo B

Modelos de Representação da Informação


Como está a informação organizada e representada na MLP?

Modelos de Rede Associativa


Conceitos associados em rede
Padrão de ativação de unidades de informação na nossa memória, que só fazem sentido
se forem ativadas juntas
• A informação é armazenada em redes associativas
• A informação é representada e organizada em nódulos, que funcionam como unidades de
informação baseadas em conceitos e ideias ligados entre si por redes associativas
Relações semânticas entre conceitos
Nódulo: unidade de informação
Ligação: conexões entre nódulos

Modelo Hierárquico, de Collins e Quillian

Rede hierárquica de associações


Nódulos só contém caraterísticas desse nódulo  economia cognitiva
Ligação entre conceitos indica natureza da relação  relações de pertença
Significado do conceito determinado pela relação com outros conceitos
Nódulo no topo da hierarquia é mais inclusivo que um nódulo no fim da hierarquia
Em cada nível são representadas caraterísticas de uma categoria, não existindo assim
redundância de informação
Conceitos representados por nódulos e ligados por redes associativas
A recuperação de informação requer a entrada num nível mais baixo da hierarquia e
começar a subir na rede
O tempo das associações (previsão) depende da distância que temos que
percorrer na rede .
Alguns desafios:

o Inversão do efeito hierárquico  galinha é um pássaro > galinha é um animal, porque


galinha não é um pássaro típico, e mesmo que a distância entre galinha e pássaro <
galinha e animal, irá levar-se mais tempo
o Efeito de relação nas respostas falsas  quando não há semelhança de
características nem relação de conceitos demora-se o mesmo tempo, mas se à
mesma distância de um conceito (morcego) estiverem dois outros (pássaro e planta), um
deles irá demorar mais tempo (pássaro) pois os nódulos têm mais em comum que a
outra relação (morcego e planta), mesmo que estejam à mesma distância
o Efeito da tipicidade  um conceito fica mais disponível quando falamos de um
nódulo, sendo assim o TR menor, ou seja, canário é um pássaro < avestruz é um
pássaro

Modelo de Comparação de Traços, de Smith, Shoben e Rips

Conceitos representados por conjunto de atributos ou caraterísticas semânticas


Traços caracteristicos (comparação global) Vs. traços definidores (comparação
analítica)
 1º etapa: comparação rápida e global. Quando a sobreposição é elevada a resposta é
V, quando a sobreposição é baixa a resposta é F. Se houver sobreposição intermédia
passa-se à segunda etapa
 2ª etapa: comparação analítica tendo por base traços característicos. Traços presentes a
resposta é V, traços ausentes a resposta é F.
 Efeito hierárquico: menor distância, mais semelhança de traços, mais sobreposição,
decisão mais rápida / menor semelhança, menor sobreposição, mais lento, traços
definidores, 2ª etapa
 Inversão do modelo hierárquico
 Efeito de relação nas respostas falsas
 Efeito de tipicidade
 Importância da semelhança de traços na representação do conhecimento

Modelo Dispersão de Ativação, de Collins & Loftus

 Modelo associativo
 Incorpora aspetos do Modelo de Comparação de Traços
 Representação não é estritamente hierárquica
 Ligações diferentes em tipo e grau de importância
 Memória organizada pela inter-conexão de conceitos
 Grau de relação semântica
 Processo de recuperação não está limitado ao uso de informação hierárquica
 Maior dispersão de ativação por ligações mais forte
 Dispersão baseia-se pelo número de ligações e sua força
 Veículo – carro – carro dos bombeiros  veículo terá mais ativação que carro dos
bombeiros

 Praia– felicidade – saúde – hospital – doentes  em relação a praia felicidade terá maior
ativação que doentes

Modelo Conexionistas, de McCelland e Rummelhart

Modelo associativo
Novos princípios operativos
Redes neuronais
Representação distribuída
Processamento distribuído em paralelo (PDP)
Representação de um estímulo: padrão de ativação nas unidades de saída
Padrão de ativação depende da resposta das unidades de entrada do estímulo e dos pesos
das conexões
Várias unidades de informação formam conceitos
Se a saída ≠ entrada, há que reajustar o peso das ligações, para mais tarde a saída ser =
entrada
AMOR e ROMA  = unidade de informação, ≠conceitos
Estamo-nos sempre a corrigir
Conhecimento com base na aprendizagem generalizada

Bowers & Schacter

Qual o problema a ser investigado?


 A relação entre memória implícita e “awereness/unawareness” de “normal subjects”
durante a realização de um teste.
 “Test awereness”: relatava a situação em que os participantes sabiam que durante a
tarefa implícita eram utilizados os itens da fase experimental.
 “Test unawareness” acontece contrário, os participantes não sabiam que durante o
teste alguns dos itens eram os mesmos encontrados no estudo anterior.
 De modo a solucionar este problema, foram realizadas 3 experiências:
 Onde se pretendeu testar os dois tipos de priming, sendo este entendido como
uma melhoria do desempenho devido à ocorrência de contacto anterior com
determinado estímulo.
 Foram testadas duas vertentes de priming - o priming único(1ªexp) e o
priming associativo (2 e 3º exp.)
 O priming único (single word priming) sugere que se mostre aos sujeitos da experiência, uma
única palavra numa lista de palavras, enquanto que o priming associativo (associative
priming) tem o interesse de mostrar pares de palavras numa lista.

 Experiência 1
 Os indivíduos que fizeram parte desta experiência, não tinham qualquer informação de que
a mesma estava relacionada com a memória e por isso mesmo, começou-se por fazer um
teste com faces, onde os sujeitos tinham de classificar as faces de duas formas consoante o
que lhes fosse dito:
 a) classificando de 1 a 7 consoante o quanto essa face se mostrava apelativa (1 sendo
menos apelativa e 7 sendo mais apelativa); b) selecionando entre os olhos ou a boca e
apontar qual sobressaía mais.

 Seguindamente houve 3 momentos:

 Num primeiro momento,( metade dos sujeitos foram informados que a sua memória
iria, mais tarde, ser testada consoante a lista de palavras enquanto que a outra metade
não) tiveram de observar palavras, uma em cada cartão, e, em seguida, foi-lhes pedido
que as julgassem de duas formas
 a) de forma semântica – avaliando de 1 a 7 o quão apelativa era a palavra
(sendo 1 menos apelativa e 7 mais apelativa) ;
 b) de forma estrutural – por exemplo, contando quantos “t” havia numa
palavra e agrupar palavras deste modo.

 Em seguida, os participantes tinham de realizar três tarefas em 10 minutos, tentando


induzir um teste de completar de palavras.
 Primeira com letras fragmentadas de nomes de cidades onde tinham de
completar os nomes das mesmas em três minutos.
 Segunda com as mesmas instruções da primeira tarefa, mas ao invés de nomes
de cidades, seriam nomes de celebridades.
 Terceira tarefa retomava a ideia da primeira tarefa, mas em vez de completar,
era suposto elencar o maior número de cidades que se lembrassem.

 Num terceiro momento,( metade dos participantes foram informados de que as “bases” de
palavras que receberam poderiam ser completadas com a lista de palavras dada inicialmente
enquanto que a outra metade do grupo só teria a instrução de que poderiam completar as
mesmas com a primeira palavra que lhes viesse à cabeça. )
 fez-se o teste de completação da palavra (stem completion test), onde, usando as
“bases” das palavras (e.g. raz para razão)
 Para terminar, os participantes responderam a um questionário e finalmente fizeram o
teste de recordação de palavras.

Resultados + Discussão
Primeiro momento, os sujeitos conscientes do teste tinham um desempenho igual em
ambos os tipos de classificação das palavras (semântica ou estruturalmente), enquanto que os
inconscientes classificavam melhor as palavras semanticamente.
 No terceiro momento, os participantes informados de que se podia completar as palavras com a
ajuda da lista tinham então uma maior probabilidade de o fazer ao invés de recorrerem à
primeira palavra que lhes viesse à mente.

Experiência 2
 Será que priming por associação pode ser observado em indivíduos que não têm
conhecimento de estar a ser testados?
 Os participantes estudaram uma lista de pares de palavras sem relação aparente entre si. De
seguida, realizaram uma tarefa de completar palavras que avaliou o priming em condições de
igual e diferente contexto. Por fim realizou-se um teste que avaliou a memória explicita em
associações recentemente adquiridas.

 Esta experiência contou com a participação de três populações estudantis, como tal a
experiência 2 divide-se nas experiências 2 a, 2b e 2c.

 A experiência 2a teve a participação de 24 estudantes, a experiência 2b 36, e a


experiência 2c 24. Os participantes foram recrutados pensando que se tratava de um
estudo de perceção de imagens e palavras.

 Foram apresentados aos participantes 18 pares de palavras bem contextualizadas


numa frase. Foram também introduzidos 8 pares de palavras, contextualizadas numa
frase de uma forma menos significativa e que não entrariam para a tarefa de memória.

 Posto isto foi pedido aos participantes que avaliassem a ligação das duas palavras
com a frase em que foram utilizadas, numa escala de 1 (mal contextualizadas) a 5
(bem contextualizadas). Os participantes da experiência 2 a tiveram todo o tempo
necessário para fazer a avaliação, enquanto que os participantes das experiências 2b e
2c tiveram apenas 6 segundos para avaliar as frases.

 No entanto, a maior diferença está no facto de, ao contrário dos participantes das
experiências 2 a e 2b, os participantes da experiência 2c terem sido informados de que
as palavras iriam ser posteriormente utilizadas para um teste de memória.

 Após completada a primeira tarefa, foram dadas 4 outras tarefas aos participantes, para os
manter ocupados durante um período de 25 a 30 minutos. Após este período iniciou se uma
outra tarefa. Foram apresentadas ao participante uma palavra e as 3 primeiras letras de uma
segunda palavra, que o participante teria de completar.

 Foi dito aos participantes que a palavra completa poderia ajudar a formar a segunda, mas que
em nada interessava que as duas estivessem relacionadas. Foi pedido que a tarefa fosse
realizada no menor período de tempo possível. Apos esta tarefa os participantes preencheram
um questionário e de seguida, pediu-se que realizassem a experiência de memória e,
demorando o tempo necessário, dissessem todas as palavras que se lembravam dos 18 pares
apresentados previamente.

 Resultados + Discussão

Ambos os grupos de sujeitos (consciente e inconsciente) tinham mais facilidade em completar


e recordar palavras que se encontrassem no mesmo contexto do que em contextos diferentes.

 No entanto, observou-se que o grupo de sujeitos categorizados como “test unaware” não
demonstram qualquer efeito de priming associativo, enquanto que os “test aware”, apesar
de se comprovar esta teoria nesta experiência, podemos ver que na experiência 1, os sujeitos
inconscientes tinham efeitos de priming, já na experiência 2 o efeito de priming associativo não
se reflete nos mesmos.

Experiência 3
 O seu design é igual à da experiência 1 em dois aspetos importantes: o tempo entre o estudo e o
teste final; e a manipulação das instruções.
 Visa perceber se os sujeitos na condição de informados na tarefa de completar palavras (em
que estes sabem que as palavras podem ser completadas com as palavras da lista dada
inicialmente no estudo) acabam por não recorrer à ajuda da lista mesmo sabendo que existe
essa possibilidade, utilizando o priming associativo.
 Todo o método é igual ao da experiência 1, mas em vez de a lista de palavras ser com palavras
únicas, será com pares de palavras como foi feito na experiência 2.

 Resultados + Discussão

 Tendo em maior atenção as condições de informado e não informado podemos determinar que
a performance de ambos enquanto conscientes e inconscientes do teste, é equiparável.

 É possível determinar, então, que não existe priming associativo em sujeitos inconscientes pois
Com o exposto acima, é possível afirmar que os autores alcançaram as respostas que para sua
problemática inicial.

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