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O Maçom e a Verdade – uma reflexão

Nós Maçons temos como objetivos “... a investigação da verdade, o exame da moral e
a prática das virtudes.” e que a Maçonaria “não põe nenhum obstáculo ao esforço dos
seres humanos na busca da verdade, nem reconhece outro limite nessa busca senão o
da razão com base na ciência.” (O que é Maçonaria – OBJETIVOS – sites do GOB,
COMAB e CMSB)

Ora, se o maçom é instado a ser um eterno buscador da verdade, deve ele, então, ter
como primeiro questionamento o que seja a verdade, pois não se busca aquilo que não
se conhece ou que, ao menos, conheça a definição da mesma, senão corre-se o risco de
passar a margem dela e não a reconhecer.

Mas o que é, então, a verdade?

Primeiramente devemos ter em conta que esta é uma pergunta que é feita desde os
tempos dos antigos filósofos na Grécia.

Para Aristóteles verdade é “dizer do que é que ele é e do que não é que ele não é”.

Para Platão a verdade é algo ininteligível, incapaz de ser alcançado, mas que deve
sempre ser buscado. Platão afirmava que a Inteligência (conhecimento) e a Verdade (o
que é) são as fronteiras do mundo inteligível que permeiam O Criador (GADU).

Na Bíblia, no Novo Testamento, lemos que durante o julgamento de Jesus este diz
taxativamente que “...vim ao mundo para dar testemunho da verdade...” (João 18, 37)
ao que Pilatos pergunta “quod est veritas?” (que é a verdade?)... o autor do Livro
Sagrado não enuncia nenhuma resposta.

Vemos, então, que o conceito da verdade está estreitamente interligado ao conceito do


conhecimento.

Para Immanuel Kant “o conhecimento só é possível porque o homem possui


faculdades que o tornam possíveis” (Critica a Razão Pura – 1781).

Recorrendo-se as definições atuais da Teoria do Conhecimento podemos dizer que


existem três formas de interpenetrarmos na verdade:

1 – pelo conhecimento moral;

2 – pelo conhecimento cognitivo;

3 – pelo conhecimento ontológico.

O conceito da verdade moral denota em honestidade e justiça, ou seja, dignidade e


fidelidade. Em Maçonaria é “levantar templos as virtudes (disposição constante para a
prática do bem)”.

Já o conceito da verdade cognitiva ou lógica se refere ao ato de manifestarmos aquilo


que foi experimentado e que é, portanto, imutável. Por isto em nossas Lojas deve-se
estimular aos obreiros a se expressarem na apresentação de Trabalhos ou na fala quando
da “Palavra a Bem da Ordem”. É o exercício do expressar-se respeitosamente mesmo na
discordância.

Define-se por verdade ontológica (do grego ontos e logoi “conhecimento do ser”) aquilo
que é inerente a natureza do ser, da realidade e da existência.

Entretanto vimos em nosso primeiro parágrafo que na Maçonaria, devemos chegar a


verdade pelo uso da razão com base na ciência, não sendo este método, então, nem
pautado pelo conhecimento moral e nem pelo conhecimento ontológico, mas, sim, pelo
conhecimento cognitivo ou científico. É nele que devemos nos ater.

Numa entrevista concedida ao escritor James Murphy e ao matemático John William


Sullivan, em 1930, afirmou Einstein: “Todas as especulações mais refinadas no campo
da ciência provêm de um profundo sentimento religioso; sem esse sentimento, elas
seriam infrutíferas” e em outro texto afirma o vaticinado cientista: “A ciência sem a
religião é manca; a religião sem a ciência é cega”.

Mencionamos as frases acima para corroborar com a visão atual dos cientistas quânticos
que afirmam que para se fazer ciência é necessário ter fé.... parece uma afirmação
antagônica mas não o é de fato.

Claro que esta fé não é necessariamente religiosa, mas se diz ser uma certeza científica.
Ou seja, o cientista acredita piamente naquilo que ele pesquisa, mas que não pode
provar (ainda). Isto é fé não ciência. Era isto que Einstein queria dizer.

Uma nova teoria só se torna cientifica quando é inteiramente demonstrada e


comprovada pelo uso de equipamentos. Senão ela estará no campo da filosofia e da fé
por isso a Teoria do Big Bang ainda está no campo teórico pois é praticamente
impossível sua comprovação material).

Na Teoria da Construção do Pensamento os conceitos surgem nos planos das idéias (o


empírico), seguido da análise (abstrato) chegando-se, por fim, a sua conclusão (o
concreto).

O Maçom, como buscador da verdade, deve sempre questionar a tudo e a todos. Assim
como faziam os Alquimistas, o Maçom deve submeter todo conhecimento e
experimentação ao seu Athanor, seu laboratório interior. Sua razão deve ser pautada pela
ciência sem a influência das paixões.

Em Maçonaria exige-se apenas a fé em uma única Verdade: a existência de um único


princípio criador, regulador, absoluto, supremo e infinito ao qual se dá, o nome de
GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO (GADU a Verdade absoluta).

É nos braços desta Verdade que o Maçom deve se colocar de forma pueril e inocente.
Como uma criança o Maçom deseja compreender os desígnios e atos desta Verdade.
Entretanto a cada um individualmente esta Verdade se revela (ou melhor desvela) de
forma particular (verdade relativa).
A Física Quântica chegou para demonstrar que o observador influencia o objeto
observado, diferentemente do que se afirmava na física cartesiana. Esta ciência coloca o
homem no centro do Cosmos (Homocentrismo).

A própria ciência se tornou vítima do seu sucesso: afinal, se o seu objetivo é descrever
a realidade e essa realidade é subjetiva, devem existir tantas ciências quanto há
observadores.

É neste emaranhado de teorias que o Maçom é chamado a buscar e encontrar a sua


verdade.

Marcos Vinicius Oliveira – M.’.I.’.


Gr.’. Or.’. de Sergipe – COMAB
Aracaju – SE, 01 de julho de 2012

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