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Comunicação e Linguagem

Prof. Ms. Carlos Luiz Alves


e-mail: carlos.alves@fmu.br

Comunicação, etimologicamente, provém do verbo latino communicare, que significa pôr em


comum. A finalidade da comunicação é pôr em comum não apenas ideias, sentimentos, desejos,
mas também compartilhar formas de comportamento, modos de vida, determinados por regras
de caráter social. Desse ponto de vista, comunicação é também convivência, que traz implícita
a noção de comunidade, vida em comum, agrupamento solidário, baseado no consenso
espontâneo dos indivíduos. Consenso significa acordo tácito, que pressupõe compreensão e, em
última análise, o objetivo da comunicação é este: o entendimento entre os homens.

Tornou-se lugar-comum afirmar que o homem é um animal comunicativo por


excelência, pois, entre todas as criaturas vivas, é o que dispõe dos mais variados sistemas de
comunicação, adaptados às mais diversas finalidades. A linguagem, utilizada para as
comunicações interpessoais, presta-se ao homem também para estruturar seu mundo interior,
pensar, conhecer. Assim, a linguagem serve-lhe para pensar e comunicar quer seus
pensamentos, quer suas emoções. A comunicação implica fundamentalmente a utilização de
uma linguagem, de um sistema de símbolos, seja ele uma língua ou um dialeto falado ou escrito,
gestos, batidas, cores, uma inscrição em pedra, sinais luminosos ou sinais sonoros, como os do
Código Morse, ou, ainda, uma série de pulsos de número binário em um computador.

Desse modo, deduz-se que linguagem, em sentido lato, é a utilização de um sistema de


signos, de qualquer natureza, capaz de servir à comunicação. Destaca-se, de todos esses
sistemas de signos, o mais importante, o mais complexo, a linguagem (a fala) humana. Bem
Johnson, citado por Cherry (1974, p. 129), diz: “A linguagem é o único privilégio de que o homem
dispõe para exprimir a superioridade de sua inteligência sobre as demais criaturas. ”

Linguagem, o conhecimento e comunicação constituem fatos historicamente


interligados, à medida que qualquer conhecimento é considerado incompleto se não for
comunicável, e só poderá ser comunicável através da linguagem. Penteado (1982, p. 31) vai
além, ao estabelecer relação estreita entre conhecimentos, linguagem e comunicação:

A aquisição de conhecimentos sobre a linguagem é parte integrante


da comunicação humana, porque linguagem é comunicação e porque
os limites da Linguagem constituem os limites do conhecimento.

Linguagens não verbais

O vasto mundo da comunicação vem-se ampliando cada vez mais, com o desenvolvimento de
pesquisas sobre o assunto, a par das recentes invenções tecnológicas no âmbito dos veículos de
comunicação social e individual.

A linguagem, falada ou escrita, teve sempre a primazia no contexto comunicacional do


mundo moderno, porém de há muito vem sendo aceito o aforismo, de cunho jornalístico: uma
imagem vale mais que mil palavras. A comunicação pela imagem, ou comunicação icônica é uma
realidade, que existe paralelamente à comunicação e à sonora.

O gesto é considerado uma linguagem pré-verbal, pois se acredita que, na evolução da


comunicação humana, apareceram primeiro os gestos, e depois, as palavras. No que diz respeito
à gesticulação, observa-se a maneira de o indivíduo movimentar mãos, cabeça, músculos da
face, sorrisos, carrancas, aperto de mão, agitação dos punhos. Algumas obras, entre elas O corpo
fala: a linguagem silenciosa da comunicação não verbal (WEIL; TOMPAKOV, 1986) e o Dicionário
de gestos (GELABERT; GIFRE, 19--), apontam a significação de gestos e posturas que os falantes
adotam em reuniões sociais e outras situações de comunicação, traduzindo seu possível
significado.

Levantar o polegar, que pode indicar no Brasil: “está tudo bem”, na Europa significa
pedido de carona, no Japão indica o número cinco, na Alemanha, o número um, na Austrália e
Nigéria é considerado um gesto obsceno e na Turquia, convite para um encontro homossexual.
Segundo o autor, uma cabelereira paulista em visita ao Japão descobriu que levantar o polegar
para um rapaz solteiro significa perguntar se ele tem namorada e o rapaz vai deduzir que a moça
deseja sair com ele. Já o músico Alberto Marsicano aprendeu, na Índia, um oitavo significado
para esse gesto. Quando certa vez foi a Calcutá, levou várias camisas da seleção brasileira para
trocar por seda. Depois de acertar a troca, quase foi tudo por água abaixo, porque ele levantou
o polegar e o comerciante ficou muito bravo, fechou a cara, pensando que era sinal de
desistência do negócio.

No que diz respeito à postura, uma observação atenta pode captar traços da
personalidade, sentimentos e emoções que o indivíduo não comunica por meio da linguagem.
O modo de sentar para ler ou para conversar pode indicar timidez, introversão ou
exibicionismos; da mesma forma, a escolha de um lugar em um auditório, a maneira de se
conduzir em público, na fila do cinema ou do banco, o modo de chamar um garçom no
restaurante ou de parar um táxi na rua, dizem, de forma sutil, o que a pessoa não diz com
palavras.

Ao comunicar-se, por meio da linguagem verbal, uma pessoa comunica também traços
de sua personalidade, revelados pelos elementos não verbais decodificáveis, ao falar de modo
claro, correto, simpático, ou confuso, aos arrancos, muito alto ou muito baixo, ou ainda
embrulhando as palavras, na boca semifechada. Pode falar também de maneira doce, suave,
sussurrante ou monótona, ou antipática.

Linguagem verbal: a língua portuguesa

A linguagem é o meio pelo qual a expressão de sentimentos, ideias, desejos e pensamentos se


concretizam. Já se disse que toda a comunicação faz-se por intermédio de uma linguagem,
verbal ou não verbal. Tendo-se tratado das linguagens não verbais, cumpre, agora, abordar as
características da linguagem verbal.

Camara Jr. (1977a, p. 159) propõe a seguinte definição de linguagem:


Linguagem. Faculdade que tem o homem de exprimir seus estados
mentais por meio de um sistema de sons vocais chamado língua, que
os organiza numa representação compreensiva em face do mundo
exterior objetivo e do mundo subjetivo interior.

A linguagem, portanto, apresenta um aspecto exterior, a fala, intimamente ligado a


outro, interior, o pensamento. Veicula o intangível, por meio do tangível. Enquanto cadeia de
sons, a linguagem falada utiliza os órgãos do aparelho fonador, ou seja, vale-se de um suporte
psicofísico que, embora essencial, não autoriza uma definição em termos de uma base
psicofísica para os atos linguísticos. Sapir (1971, p.22) evidencia a complexidade do ato de fala:

A fala não é uma atividade simples executada por um ou mais órgãos


biologicamente a ela destinados. É uma trama extremamente
complexa e ondeante de ajustamentos – no cérebro, no sistema
nervoso, e nos órgãos e articulação e audição – em direção ao fim
colimado, que é a comunicação de ideais.

A língua, portanto, constitui um sistema de sons, de caráter abstrato, utilizado na


linguagem, ou nos atos de fala, que a concretiza. A fala, por sua vez, pauta-se por uma norma,
pelo uso consensual que fazem os falantes, dos elementos do sistema. Esse conceito tripartido
tem origem na teoria de Saussure, que distingue na língua o sistema e a fala, ou discurso
(langue/parole). Para Saussure (1977, p.22), língua é sistema de signos, conjunto de
potencialidades e virtualidades dos atos de fala. Fala, ou discurso, é um ato de vontade e
inteligência, no qual se distinguem as combinações pelas quais o falante realiza o código da
língua, com o objetivo de exprimir seu pensamento pessoal e o mecanismo psicofísico que lhe
permite exteriorizar essas combinações.

A língua portuguesa constitui um sistema linguístico que abrange o conjunto das


diversas norma, e que se concretiza por meio dos atos individuais de fala. É um dos sistemas
linguísticos existentes dentro do conceito geral da língua. Após breve relato das origens da
língua portuguesa e de sua extensão atual no mundo, isto é, da existência de várias normas
nacionais, serão especificadas as distinções entre a norma do português de Portugal e a norma
do português do Brasil.

Funções da linguagem aplicadas ao discurso

Para Silva (1988, p.43), a distinção entre linguagem literária e não literária remonta a uma teoria
pitagórica tardia. Segundo esta teoria, há uma modalidade de expressão destituída de
ornamentação e recursos estilísticos e outra que se caracteriza pelo uso de tropos e recursos
estilísticos. Assim, a linguagem literária, através dos tempos, tem-se distanciado de um dizer
comum, sem brilho e tem sido marcada pelo estranhamento, pelo desvio em relação à
linguagem usual.

Ora, no afã de encontrar fundamentos que indiquem ser a literatura é uma modalidade
específica da linguagem verbal, Roman Jakobson estabeleceu as funções da linguagem, e foi,
pois, no meio do Formalismo Russo que se constituiu uma teoria para explicitar a literalidade do
texto artístico.
O primeiro estudioso a propor uma teoria que diferenciava um sistema de linguagem
prática e um sistema de linguagem poética foi Lev Jakubinskij, em 1916. Logo em seguida, em
1921, Roman Jakobson afirmava ser a poesia uma linguagem que se valia da função estética. A
palavra aparecia aí como um valor autônomo. Já em 1933-1934, o mesmo autor identificava na
poesia a função poética da linguagem, que se caracterizava como palavra e sintaxe que têm peso
e valor próprio. Em 1935, numa série de conferências sobre o Formalismo Russo, Jakobson volta
a afirmar ser da natureza da poesia o uso dominante da função poética da linguagem. Nesse
caso, a linguagem se apresenta orientada para o signo enquanto tal. Na obra poética, outras
funções subsidiárias aparecem, mas elas estão submetidas à função dominante.

Segundo Jakobson, a comunicação verbal baseia-se na interação dos seguintes fatores:


emissor, destinatário, contexto, mensagem, contato, código. Ainda que isoladamente, esses
fatores dão origem a uma função. No entanto, uma delas predomina sobre as outras.

Que significa a palavra “função”?

Entende-se função como a “dependência entre duas entidades linguísticas, tal que, se se
introduz uma mudança em uma delas, provoca-se uma mudança correspondente na outra
unidade” (LOPES, 1987, P.56). “variando o fator que a mensagem focaliza, varia,
correspondentemente, o significado da mensagem”.

A linguagem estrutura-se em função do fator de comunicação (referente, emissor,


receptor, canal, mensagem, código) a que se inclina. Veja-se o caso da propaganda, cuja marca
principal é a persuasão do receptor; a organização da mensagem neste caso implicará traços
conativos da linguagem utilizada.

São fatores relevantes no ato de comunicação:

- Remetente: emissor, destinador.

- Destinatário: receptor, ouvinte, leitor.

- Canal: meio (jornal, emissora de rádio ou televisão, carta, fax, telefone, telegrama, diálogo)

- Código: língua portuguesa, língua inglesa.

- Contexto: referente conceitual, ambiente em que se dá a comunicação.

- Mensagem: texto referencial (a mensagem alude a um contexto extralinguístico, ou a um


referente conceitual).

A mensagem não é neutra; ela tem um objetivo, uma finalidade: transmitir conteúdos
intelectuais, exprimir emoções e desejos, hostilizar pessoas ou persuadi-las, incentivar ações,
esconder ou publicar fatos, evitar o silêncio.

O sentido de uma mensagem advém em parte dos fatores de comunicação a que ela se
dirige. Ou seja, o sentido depende em parte do elemento focalizado: o remetente? O
destinatário? A mensagem? O código? O canal? O referente? Por isso, uma mensagem pode ter
funções diferentes conforme o fator do processo de comunicação focalizado.

Função referencial ou de comunicação: sua principal preocupação é estabelecer relação


entre a mensagem e o objeto a que se refere. Por isso, denota, informa. É uma função que
procura essencialmente dar à linguagem qualidades de objetividade, verificabilidade, evitando
ambiguidades e confusões entre a mensagem e a realidade codificada. (GUIRAUD, 1978).
Linguagem precisa, exata, sem comentários e sem juízos de valor. Uso da 3ª pessoa verbal, sem
reticências, aspas, interrogações e ou exclamações! Exemplo: texto jornalístico.

Função expressiva ou emotiva: estabelece relação entre a mensagem e o emissor.


Exterioriza emoções, julgamentos sobre algum referente (objeto ou pessoa). Preocupa-se com
o “eu”, seus sentimentos, suas emoções. Linguagem conotativa, subjetiva com uso de figuras de
linguagem. Exemplo: artigo de opinião.

Função conativa: centrada no destinatário, tem como objetivo influenciá-lo. (conatus,


do latim, significa emprenho, esforço, tentativa), estabelece relação entre a mensagem e o
receptor. Uso do imperativo. Exemplo: texto publicitário.

Função poética ou estética: estabelece relação da mensagem consigo mesma. As


características do signo (som e visualização) são valorizadas; o sentido que daí advém não é
previsto numa mensagem convencional, utilizada nas relações diárias. Valoriza-se a forma da
mensagem. Exemplo: poema.

Vozes veladas, veludadas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas,

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas (SOUZA, 1995, P. 123)

Função fática: está centrada no contato físico ou psicológico. O objetivo da função é


estabelecer a comunicação, controlar sua eficácia, prender a atenção do receptor, ou cortar a
comunicação. Exemplos: alô, né, não é, sabe, bom dia! Você está me entendendo? Esta função
procura a unidade a um grupo social. A troca de palavras serve sobretudo para criar laços. A
palavra é utilizada não para transmitir algo, mas como meio para curtir uma companhia.
Exemplo: cumprimentos.

Função metalinguística: está centrada no código, isto é, seu objeto é a própria


linguagem e seu objetivo é definir o sentido dos signos que dificultam a compreensão do
receptor. Serve para dar explicações ou precisar o código utilizado pelo emissor. Tem como
objetivo a própria língua. Exemplo: livro de gramática.

Língua Oral e Língua Escrita

A linguagem verbal é constituída de um sistema de sinais convencionados. Ao comunicar-se,


uma pessoa vale-se de um sistema de signos, que ela deve conhecer previamente. Assim,
podem-se distinguir um sistema comum a todos os falantes e os atos de comunicação de cada
um. Portanto, em sistema coletivo, com atos individuais de comunicação (LUFT, 1998, P.2).

Duas são as modalidades principais da língua portuguesa: o português falado e o


português escrito. Ainda utilizando um mesmo nível de linguagem, ambas as modalidades não
apresentam as mesmas formas, a mesma gramaticalidade, os mesmos recursos expressivos,
ensina Vanoye, em Uso da linguagem (1985, p.39). O autor citado, na página seguinte, admite
que os níveis de linguagem são menos numerosos na língua escrita que na falada e tais níveis
estão diretamente relacionados ao condicionamento sociocultural.

Estabelece-se diferença fundamental entre língua falada e língua escrita. A primeira é


livre, desataviada de componentes situacionais; a segunda é presa às regras da gramática e ao
padrão considerado culto. Uma é criativa, espontânea; outra cuidada, elaborada.

Tanto a língua oral como a escrita apresentam níveis ou registros. Em situações formais,
a expressão se dá com utilização de uma língua mais gramatical, com pronúncia cuidada. Em
situações menos tensas, como a do meio familiar, a língua adquire características de
informalidade, e as preocupações com a clareza e a correção tornam-se menos rigorosas. Entre
as despreocupações gramaticais ressaltam-se: concordância verbal e nominal, regência verbal e
nominal, colocação dos termos na oração. Note-se, no entanto, que a falta de domínio da língua
escrita é estigmatizante e que no atual momento é crescente a importância da língua escrita
como meio de informação científica e tecnológica.

A comunicação concretiza-se quando o falante (emissor) ajusta sua linguagem ao


destinatário. A língua oferece uma multiplicidade de possibilidades de usos que são atualizados
(realizados) conforme as exigências do momento de comunicação. Assim, o jornalista e o
publicitário utilizam uma variante mais elaborada da língua portuguesa se o texto que escrevem
se destina a pessoas de grau elevado de instrução; se dirigem a um público de grau de
escolarização reduzido, fazem os usos de uma variante mais adequada a esse nível.

Língua oral Língua escrita


Contextualizada Descontextualizada
Implícita Explícita
Redundante Condensada
Não planejada Planejada
Predominância do “modus pragmático” Predominância do “modus sintático”
Fragmentada Não fragmentada
Incompleta Completa
Pouco elaborada Elaborada
Pouca densidade informacional Densidade informacional
Predominância de frases curtas, simples ou Predominância de frases, complexas, com
coordenadas subordinação abundante
Pequena frequência de passivas Emprego frequente de passivas
Poucas nominalizações Abundância de nominalizações
Menor densidade lexical Maior densidade lexical
Variações linguísticas

A língua portuguesa, como qualquer outra, configura-se como um conjunto de variantes, isto é,
não é um todo uniforme. Parafraseando Carvalho (1967, v.1, p.296), embora se fale português
em Manaus, Salvador, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, todos estamos de acordo que,
ainda que sejam pequenas as divergências observadas, não se fala em Recife da mesma forma
como se fala em Sorocaba ou Piracicaba, cidades do Estado de São Paulo. As divergências
aumentam se compararmos a Língua Portuguesa fala em Portugal com a falada em qualquer
cidade brasileira. É de salientar também que, embora dentro de uma mesma cidade não falam
de forma idêntica seus moradores. Assim é que existe a diversidade “realizando-se pois o que,
na expressão de Schuchardt, constitui a unidade na variedade e a variedade na unidade”’
(CARVALHO, 1967, v.1, p.297).

Se a variação linguística ocorre entre períodos de tempo, recebe o nome de diacrônica;


se ocorre em espaços geográficos diversos, recebe o nome de variação diatópica,
frequentemente conhecida pelo nome de dialeto. Para Mattoso Camara Jr., em Dicionário de
linguística e gramática (1977a, p,95), “os dialetos são falares regionais”. Tais dialetos podem ser
subdivididos em subdialetos. Ensina ainda que a classificação “é convencional, pois depende dos
traços linguísticos escolhidos para base de classificação”. Ao conceito linguístico acrescenta-se
geralmente um conceito extralinguístico de ordem social ou política. Já o professor Borba (1976,
p.63) ensina que um dialeto apresenta “desvio em todos os planos da língua: fônico, gramatical
e vocabular”. Para outro estudioso da língua, o professor Jota (1981, p. 104), o dialeto
caracteriza uma “variedade regional de uma língua”. Ensina ainda que um dialeto pode
constituir nova língua e que, “modernamente, se conceitua dialeto como um conjunto de
isoglossas”.

Há diferenças que são devidas às diferentes camadas sociais; nesse caso, a variante
recebe o nome de diastrática. Se a variação ocorre entre diferentes gerações, chama-se
diafásica. A variação que se verifica em um mesmo indivíduo que adapta sua linguagem ao
contexto ou à situação (mais ou menos formal) chama-se registro ou idioleto. Os registros
incluem a variante culta em um extremo e no outro coloquial. Para Camara Jr. (1977a, p. 141)
idioleto é o “nome dado pelos linguistas norte-americanos à língua, tal como é observada no
uso de um indivíduo”. Já para Borba (1976, p. 63), idioleto é um “sistema linguístico individual,
sistema que existe na memória de cada falante, sendo potencial, portanto”. Finalmente, para
Jota (1981, p. 171), idioleto é um “conjunto de hábitos de fala do indivíduo considerados em
determinada época. [...] Língua individual naquilo que tem de característico”

Níveis de linguagem

Dino Preti (1982, p. 32) classifica os níveis de linguagem do ponto de vista sociolinguístico,
considerando três divisões: nível culto, comum e popular. O nível culto caracteriza-se como uma
linguagem que se utiliza da língua-padrão, desfruta de prestígio, é utilizada em situações formais
e os falantes são altamente escolarizados. É a linguagem usada pela literatura e modalidades
variadas da língua escrita; apresenta sintaxe complexa, vocabulário amplo e técnico, é
gramatical. Já o nível popular ocupa o outro extremo do eixo. São suas características:
subpadrão linguístico, ausência de prestígio, uso em situações informais, falantes pouco ou não
escolarizados, simplificação sintática, vocabulário restrito, uso de gíria e linguagem obscena;
neste caso, a linguagem distancia-se da gramática. Intermediando estas duas categorias, culto e
popular, há o nível comum, uma variante de linguagem nem tão tensa nem tão distensa,
empregada por falantes medianamente escolarizados e pelos meios de comunicação de massa.
Evidentemente, tal caracterização não pode ser rígida, pois não há muitos limites estanques
entre um nível e outro.

Registro Formal Registro comum Registro informal


__ ____________________ __ ____________________ __ ____________________
Nível culto Nível familiar ou coloquial Nível popular

NÍVEL CULTO. A linguagem formal é elaborada de acordo com as normas gramaticais. É


burocrática, artificial e conservadora, precisa, impessoal, destituída de espontaneidade e, não
raro, de graça e beleza. Em termos de vocabulário, ela de adaptar-se ao ambiente, assim como
às normas sintático-morfológicas. A situação condiciona os falantes de tal forma que são
obrigados a praticar uma linguagem técnica ou formal fora de seus hábitos normais.

A linguagem formal de nível culto corresponde à variante padrão, que é utilizada por
intelectuais, diplomatas e cientista, principalmente na forma escrita. Em termos de língua oral,
esse nível raramente é utilizado, mas dele se aproximam os discursos de cerimônias ou de
situações formais, como os que ocorrem em tribunas, púlpito, júri. O vocabulário é diversificado,
rico, a sintaxe é complexa e as normas gramaticais são respeitadas.

Linguagem técnica e científica.

Esta é outra modalidade de linguagem que se aproxima do nível culto. Para Carvalho (1967, v.1,
p. 335), as linguagens especiais são principalmente linguagens técnica, e estas são constituídas
pelo inventário léxico peculiar às diversas comunidades menores compreendidas naquela
comunidade extensa, cujos componentes se encontram ligados por uma forma particular de
atividade-profissional sobretudo, mas também cientifica ou lúdica (da arte, dos desportos, dos
jogos), em termos genéricos, cultural. Estas são, pois, as linguagens do médico, do jurista, do
químico, do construtor, do marinheiro.

A linguagem técnica é um tipo de registro verbal que pertence ao nível culto. Consiste
no uso de uma linguagem que se apoia também na gramaticalidade para transmitir a ideia de
precisão de rigor e neutralidade. Utiliza vocabulário específico para designar instrumentos
utilizados em determinado ofício ou ciência, ou para designar conceitos científicos, transações
comerciais, financeiras ou econômicas.

Variantes de linguagem burocrática.

Embora esta variante procure seguir de perto a norma padrão, ela é despida de grandes
requintes literários, de conotações e figuras de linguagem esmeradas. Linguagem, porém, que
segue de perto o padrão gramatical. É notável neste tipo de linguagem a ausência de criatividade
(quer vocabular, quer sintática). A linguagem pragmática das relações comerciais é
representativa dessa variante. É uma linguagem repleta de formalidades, em que as formas
estabelecidas têm primazia sobre os fatos. Importa, particularmente, como se diz. Veja-se o caso
da redação comercial. É comum neste tipo de variante linguística o uso do vocabulário próprio:
em vez de assinatura, o usuário da língua dá preferência a firma; no lugar de você, o tratamento
é V.S.ᵃ. O jargão, o excesso de formalidade, as palavras estrangeiras, as abreviaturas contribuem
para burocratizar a linguagem e afastar o leitor comum de uma decodificação rápida. Neste
sentido, a linguagem forense é também uma forma burocrática do uso da linguagem.

Linguagem profissional (jargão).

Dentro do nível culto, podem-se considerar variadas subdivisões. Evidentemente, o jargão


técnico não contra com o esmero nem com as preocupações estéticas do nível literário, mas
ocorre quase sempre a um padrão de linguagem que se aproxima do nível culto. Consiste no uso
de um vocabulário próprio e de uma linguagem que se aproxima do padrão culto. Entre os textos
redigidos segundo a variante profissional encontra-se: (a) relatórios administrativos,
acadêmicos, comunicados; (b) carta precatória: carta em que se pede algo. A carta precatória é
enviada por um juiz a outro juiz, de um delegado a outro, de um promotor a outro; (c) processo:
auto, curso, atividade por meio da qual se exerce a função jurisdicional; (d) petições; (e) editais.

Acquaviva (1994, p. 11) ensina que, para os bacharéis e estudantes de Direito, a


terminologia jurídica deve ser vista “como um motivo de orgulho, porque ela é a mais antiga
linguagem profissional que se conhece”. E acrescenta texto de Miguel Reale:

Cada cientista tem a sua maneira própria de expressar-se, e isto também


acontece com a Jurisprudência, ou Ciência do Direito. Os juristas falam uma
linguagem própria e devem ter orgulho de sua linguagem multimilenar,
dignidade que bem poucas ciências podem invocar.

NÍVEL FAMILIAR

O nível de linguagem familiar foge às formalidades e aos requintes gramaticais. É usado nas
conversas despretensiosas, principalmente por pessoas que conhecem a gramática, mas
utilizam um registro menos formal. O vocabulário empregado é limitado e pouco variado, e a
sintaxe é simples, incluindo frequentemente frases, curtas e orações coordenadas. Outra
característica desse nível são as repetições. Esse registro de linguagem tanto pode servir à
linguagem oral como à escrita, mas, evidentemente, nesta última variante não haverá
reprodução daquela, pois a linguagem escrita não é tão espontânea quanto a oral. Haverá então
policiamento, certa preocupação com a gramática e os estilos.

O nível familiar, intermediário do culto e popular, é o de caracterização mais complexa.


Ele subdivide-se em duas variantes: familiar tenso e familiar distenso. O familiar tenso utiliza
uma linguagem comum, coloquial, com vocabulário usual, mas que obedece às normas
gramaticais. No familiar distenso, a linguagem também coloquial e são admitidas pequenas
transgressões às normas gramaticais (concordância verbal e nominal, colocação pronominal).

LINGUAGEM POPULAR.

Constitui uma variante informa de pouco prestígio se comparada com a linguagem coloquial e a
culta; é espontânea e descontraída. Seu objetivo é a comunicação clara e eficaz. Sua expressão
é subjetiva, concreta e afetiva. É funcional, sobretudo, porque se vale de outros meios de
expressão que não as palavras, como por exemplo, a entonação, na linguagem oral.

A linguagem popular falada é utilizada sobretudo por pessoas que pertencem ao mesmo
grupo social e têm baixo grau de escolaridade ou são analfabetas. Por essa razão, tal variante
linguística distancia-se da normatividade gramatical. Ela compreende: (a) vocabulário pobre ou
restrito; (b) construções que se afastam do padrão gramatical, ou simplificação sintática
(utilização de variantes não permitidas pela gramática, como: pega ele, namora com, pisa na
grama, ou mistura de pronomes pessoais, possessivos e de tratamento – tu e você, teu e seu –,
ausência de rigor quanto à concordância verbal: “eles foi”); (c) repetições frequentes; (d) uso de
gíria ou de linguagem obscenas; (e) redundâncias.

Texto Literário e Texto Não Literário

Por que alguns textos são considerados literários e outros não? Um texto literário precisa ter
versos, rimas e palavras diferentes das que usamos no dia-a-dia? Precisa falar de um mundo
imaginário, distante da realidade em que vivemos?

Não, não precisa. Para ser literário, o texto deve apresentar uma linguagem literária,
isto é, uma linguagem em que se encontram recursos expressivos que chamam a atenção para
o “modo” como ela própria está construída.

Leia os textos que seguem, observando a diferença de linguagem.

Texto 1 – Descuidar do lixo é sujeira

Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência[de uma das
filiais do McDonald’s] deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão,
isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos.
Dezenas deles vão revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.
(Veja, São Paulo, 1992)

Texto 2 – O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem. (Manuel Bandeira)

1 – Os dois textos apresentam semelhança quanto ao conteúdo. Qual é essa semelhança?

2 – A diferença entre os dois textos está na “linguagem”. Qual delas apresenta uma linguagem
pessoal, carregada de sentimentos do locutor? Qual delas apresenta uma linguagem figurada,
rica em sentidos?
3 – Que texto procura informar usando uma linguagem clara e objetiva?

4 – Que efeito de sentido causa a identificação do “bicho” quando o autor faz uso de negativas
no texto 2? Qual a condição do ser humano ao ser comparado com um bicho?

5 – Os dois textos retratam uma cena mais ou menos comum na realidade em que vivemos;
contudo, apresentam diferenças quanto ao enfoque e ao tratamento dado ao assunto. O que o
texto 1 parece enfocar? E o texto 2?

Como você observou, o texto 1 é informativo e seu objetivo é transmitir conteúdos.


Apresenta uma linguagem objetiva e impessoal, cuja função predominante é a “referencial ou
utilitária”. Trata-se de um texto “Não Literário”.

O texto 2, ao contrário, apresenta uma linguagem pessoal, carregada de emoções e de


valores do eu lírico, que se sente indignado diante do quadro degradante que vê. Além disso,
seus significados vão sendo lentamente construídos de modo a provocar no leitor, no último
verso, os mesmos sentimentos do eu lírico. As negativas, a gradação, a expressão “meu Deus” –
tudo contribui para que o poema alcance seu objetivo de sensibilizar, de emocionar o leitor e de
fazê-lo refletir. Essas preocupações com o “plano de expressão”, isto é, com a organização do
texto, evidenciam a “função poética ou estética”.

Enquanto o texto utilitário se volta inteiramente para a realidade, o texto literário se


volta para a expressão, que nele é tão ou mais importante do que a própria realidade retratada.
Como você viu, os textos lidos referem-se praticamente ao mesmo fato da realidade; contudo,
o sentido de ambos é bastante diferente. Isso ocorre porque “o texto literário apresenta a
realidade de forma singular, única e insubstituível”.

Em síntese:

TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO LITERÁRIO

Linguagem pessoal, contaminada pelas Linguagem impessoal, objetiva, informativa.


emoções e valores de seu emissor.

Linguagem plurissignificativa, conotativa. Linguagem que tende à denotação.

Recriação da realidade, intenção estética. Informação sobre a realidade.

Ênfase na expressão. Ênfase na informação e no conteúdo.

Denotação e Conotação
Leia este poema, de Adélia Prado, e responda às questões propostas:

Explicação de poesia sem ninguém pedir


Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
Mas atravessa a noite, a madrugada, o dia
Atravessou minha vida,
Virou só sentimento. (Poesia Reunida, Adélia Prado)

1 – A expressão “trem de ferro” é conceituada, no 1º verso, como “coisa mecânica”. No caso,


ela está sendo empregada com o seu sentido comum ou com sentido figurado?
2 – Compare estas frases:

a) O trem de ferro atravessou a rua, enquanto os carros esperavam.

b) [O trem de ferro] “atravessa a noite, a madrugada, o dia”.

c) [O trem de ferro] “atravessou a minha vida, /virou só sentimento”.

- Em qual delas o verbo “atravessar” foi empregado com o sentido comum, encontrado no
dicionário, que é “transpor, passar para o outro lado”?

- Em qual delas esse verbo ganha um sentido figurado, completamente diferente do sentido
comum de dicionário?

- Qual é esse sentido figurado?

Como você observou, as palavras nem sempre apresentam um único sentido, aquele
apresentado pelo dicionário. Empregadas em determinados contextos, elas ganham sentidos
novos, figurados, carregados de valores afetivos ou sociais.

Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum, o que aparece no dicionário, dizemos que
foi empregada “denotativamente”. Quando, porém, é utilizada com seu sentido diferente
daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada “conotativamente”.

Neste caso, a expressão “trem de ferro”, por exemplo, ao lado do sentido comum de “veículo
ferroviário”, no poema de Adélia Prado tem também o sentido conotativo de “lembrança,
sentimento”.

A linguagem literária, especialmente a linguagem poética, é caracterizada por sua


“plurissignificação”, cuja base é a conotação.

O valor conotativo de uma palavra, de um texto ou de um gesto depende sempre de uma


situação sócio histórica e cultural em que se situa. Em certas culturas, por exemplo, arrotar à
mesa após a refeição conota satisfação, indica que a comida estava ótima e que a pessoa se
alimentou muito bem; na nossa cultura, conota falta de educação.

Quando as pessoas conversam por telefone, há um conjunto de frases mais ou menos previstas
e que conotam polidez, educação. Por exemplo, perguntar “Quem está falando? ” é mais polido
do que “Quem é? ”; dizer “Espera, que vou chamar fulano” conota grosseria, ao contrário de
“Um momentinho, que eu vou chamar fulano”.

As diferenças essenciais entre denotação e conotação podem ser assim sintetizadas:

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO
Palavra com significação restrita. Palavra com significação ampla, criada pelo
contexto.

Palavra com sentido comum, aquele Palavra com sentidos que carregam valores
encontrado no dicionário. sociais, afetivos, ideológicos, etc.

Palavra utilizada no modo objetivo. Palavra utilizada de modo criativo, artístico.

Linguagem exata e precisa. Linguagem expressiva, rica em sentidos.

A seguir temos a letra de uma música gravada pelo grupo Engenheiros do Hawaii. Veja como o
significado do texto vai sendo construído a partir da conotação.

Um dia me disseram que as nuvens Não eram de algodão


Um dia me disseram que os ventos Às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro, um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro, um disparo para um coração...

A vida imita o vídeo, garotos inventam um novo inglês


Vivendo num país sedento, um momento de embriaguez...

Somos quem podemos ser...

Sonhos que podemos ter...

Um dia me disseram quem eram os donos da situação


Sem querer eles me deram as chaves que abrem essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro, ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum...

A vida imita o vídeo garotos inventam um novo inglês


Vivendo num país sedento, um momento de embriaguez...
Somos quem podemos ser...
Sonhos que podemos ter...

Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão


Sem querer eles me deram as chaves que abrem essa prisão
Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem...
Somos quem podemos ser...
Sonhos que podemos ter...

1 – Com a expressão “Um dia me disseram”, que se repete várias vezes, o texto contrapõe duas
situações vividas pelo eu lírico (a pessoa que fala no texto): uma antes e outra depois desse dia.
Como o eu lírico via o mundo “antes” desse dia? Que expressão do 1º verso, empregada
conotativamente, confirma sua resposta?

2 – Qual o sentido das palavras “chaves” e “prisão” no contexto?

3 – O eu lírico faz uma série de críticas. A quem critica?

4 – Dê uma interpretação coerente a estes versos: “Somos quem podemos ser/ Sonhos que
podemos ter”.

Coesão e Coerência

Para produzir um texto com eficiência, não basta apenas ter boas ideias ou bom vocabulário. É
preciso transformá-los em enunciados que, unidos a outros enunciados, vão lentamente
construindo uma tessitura de conexões lógicas e semânticas que configuram o texto. Quando
isso ocorre dizemos que o texto possui “textualidade”, isto é, apresenta adequada “articulação
de ideias” (coerência) e “articulação gramatical” entre palavras, orações, frases e partes maiores
do texto (coesão).

Observe o papel das palavras e expressões destacadas na carta abaixo:

São Paulo, 6 de setembro de 1991.

Exmo. Sr. Deputado Paulo Vasconcelos

Em breve, o Congresso Nacional estará revendo a Constituição promulgada em 86. Entre


os temas polêmicos que farão parte dessa revisão certamente estará a obrigatoriedade do voto.

A discussão sobre esse assunto perde sentido sem uma reflexão sobre seu significado.
Durante anos a sociedade brasileira buscou reinstaurar a democracia, regime em que o voto tem
papel decisivo, já que é canal privilegiado de expressão de vontade popular.

Observe que a conexão de palavras e ideias no interior das frases, no interior dos
parágrafos e de um parágrafo para outro é feita pelas palavras e expressões destacadas.
Por exemplo, a expressão “dessa revisão” retoma a ideia contida em “revendo a
Constituição”.

Em “A discussão sobre esse assunto”, a expressão destacada se refere à


“obrigatoriedade do voto”, expressa no parágrafo anterior. Em “seu significado”, o pronome
possessivo estabelece uma relação de posse entre “significado” e “assunto” (significação do
assunto).

A expressão “já que” estabelece uma relação de causa e efeito entre duas ideias: o voto
é um canal privilegiado de expressão de vontade popular (causa) e o voto tem um papel decisivo
na democracia (efeito).

Observe ainda que a expressão “Em breve” é um marcador temporal que condiciona as
formas verbais “estará revendo, farão e estará”, que obrigatoriamente têm de ser empregadas
no futuro do presente do indicativo.

Esses diferentes tipos de conexão – repetições, pronomes demonstrativos, possessivos,


conjunções, correspondência entre advérbios e tempos verbais – são responsáveis pela
articulação do texto tanto no nível gramatical, em seus aspectos sintáticos (como regência e
concordância), quanto no nível semântico. Além disso, as retomadas são importantes para que
o texto possa ter continuidade e progressão de ideias.

Exercícios:

Leia os parágrafos seguintes da carta e responda às questões:

Se a democracia plena está inevitavelmente vinculada à possibilidade de escolher, o próprio ato


de votar deveria ser uma escolha. É assim nos Estados Unidos, país considerado por muitos como
exemplar modelo democrático.

Portanto, é de se estranhar que, em uma democracia, o direito do voto transforme-se em


obrigação. Os votos nulos e brancos quase ganharam as eleições de 89 em alguns recantos do
país. Boa parte dos eleitores de votos brancos e nulos apenas cumpriram uma obrigação para
não sofrerem as penalidades da lei. Estes votos até podem servir para expressar a descrença de
inúmeros brasileiros. Mas enquanto não ficar claro que voto é direito, expressão de uma
vontade, não estaremos construindo um estado verdadeiramente democrático.

Apenas quando entendermos de fato que o voto é um direito, não obrigação, poderemos
também entender o que significa direito à vida, à liberdade, à saúde e educação, à igualdade de
oportunidades e outros direitos garantidos pela Constituição, mas não pela prática social.

Por isso gostaria de, enquanto cidadã, ver-me representada por V.Exª. Conto com a lucidez que
tem demonstrado para defender em plenário a não obrigatoriedade do voto. Como eu, tenho
certeza de que muitos outros brasileiros agradecem seu apoio e decidida vontade de contribuir
para a construção de uma verdadeira democracia brasileira.

Respeitosamente
Celeste Sampaio Saião

1 – Com relação ao 1º parágrafo desse excerto:

a) Qual é a palavra que introduz o leitor num plano hipotético de ações?

b) Que ideia é retomada pela palavra “assim”?

2 – Observe o emprego e o valor semântico das conjunções, “portanto” e “mas” no 2º parágrafo


do excerto. “Portanto” é uma conjunção conclusiva, com valor semântico próximo ao de “por
isso, logo”. “Mas” é uma conjunção adversativa e seu papel semântico é expressar a ideia de
oposição.

a) Quais são as ideias que a conjunção, “portanto” liga?

b) A conjunção “mas” opõe quais ideias?

3 – Depois de descrever e criticar a prática do voto obrigatório no Brasil, a autora imagina um


tempo hipotético em que os direitos do cidadão, entre eles o de votar ou não, sejam respeitados
no país. Qual é a expressão que introduz o leitor nesse plano hipotético?

4 – No último parágrafo do excerto, a argumentação é claramente interrompida para dar lugar


ao apelo direto que é feito ao interlocutor. Esse parágrafo é introduzido pela conjunção
conclusiva “por isso”.

a) Essa conjunção estabelece ligação entre quais partes do texto?

b) O emprego dessa conjunção nesse contexto dá mais força à solicitação feita pela autora
nesse parágrafo? Por quê?

5 – Apresentamos, a seguir, um parágrafo de um texto com falhas de articulação, escrito por um


vestibulando. Leia-o e, em seguida, reescreva-o, estabelecendo a articulação necessária entre
palavras, frases e ideias. Adapte o que for necessário.

A violência em nosso país está a cada dia que passa se acentuando mais, isto devido a diversos
fatores podemos citar o fator econômico a ganância do homem pelo dinheiro, o desemprego dos
pais, a falta de moradias, alimentação e educação impedem o de criar seus filhos dignamente
daí a grande violência da sociedade o menor abandonado, que sozinho sem ter uma mão firme
que o conduza pela vida, parte para o crime e roubo na tentativa de sobreviver.

Gêneros textuais como sistema de controle social

Os gêneros são atividades discursivas socialmente estabilizadas que se prestam aos mais
variados tipos de controle social e até mesmo ao exercício de poder. Pode-se, pois, dizer que os
gêneros textuais são nossa forma de inserção, ação e controle social no dia-a-dia. Toda e
qualquer atividade discursiva se dá em algum gênero que não é decidido ad hoc, como lembrava
Bakhtin ([1953] 1979) em seu célebre ensaio sobre os gêneros do discurso. Daí também a imensa
pluralidade de gêneros e seu caráter essencialmente sócio histórico. Os gêneros são também
necessários para a interlocução humana.

Um simples exemplo pode dar a dimensão disso: tomemos a atividade discursiva na vida
acadêmica: quem controla a cientificidade em nosso trabalho investigativo diário? Em boa
medida, os gêneros por nós produzidos dão, pelo menos em uma primeira instância,
legitimidade ao nosso discurso.

Nesse particular, certos gêneros tais como os “ensaios”, as “teses”, os “artigos


científicos”, os “resumos”, as “conferências” etc., assumem um grande prestígio, a ponto de
legitimarem e até imporem determinada forma de fazer ciência e decidir o que é científico. E
com isso chega-se inclusive à ideia de que não são ciência os discursos produzidos fora de um
certo cânon de gêneros da área acadêmica.

Assim, podemos dizer que o controle social pelos gêneros discursivos é incontornável,
mas não determinista. Por outro lado, a romântica ideia de que somos livres e de que temos em
nossas mãos todo o sistema decisório é uma quimera, já que estamos imersos numa sociedade
que nos molda sob vários aspectos e nos conduz a determinadas ações. Por outro lado, o gênero
textual não cria relações deterministas nem perpetua relações, apenas manifesta-as em certas
condições de suas realizações. Desde que nos constituímos como seres sociais, nos achamos
envolvidos numa máquina sociodiscursiva. E um dos instrumentos mais poderosos dessa
máquina são os gêneros textuais, sendo que de seu domínio e manipulação depende boa parte
da forma de nossa inserção social e de nosso poder social.

Enfim: quem pode expedir um “diploma”, uma “carteira de trabalho”, um “alvará de


soltura”, uma “certidão de casamento”, um “porte de armas”, escrever uma “reportagem
jornalística”, uma “tese de doutorado”, dar uma “conferência”, uma “aula expositiva”, realizar
um “inquérito judicial” e assim por diante?

Talvez seja possível defender que boa parte de nossas atividades discursivas servem
para atividades de controle social e cognitivo. Quando queremos exercer qualquer tipo de poder
ou influência, recorremos ao discurso. Ninguém fala só para exercitar as próprias cordas vocais
ou os tímpanos alheios. Na realidade, o meio em que o ser humano vive e no qual se acha imerso
é muito maior que seu ambiente físico e contorno imediato, já que está envolto também por
sua história e pela sociedade que (o) criou e pelos seus discursos. A vivência cultural humana
está sempre envolta em linguagem, e todos os nossos textos situam-se nessas vivências
estabilizadas sem gêneros. Nesse contexto, é central a ideia de que a língua é uma “atividade
sociointerativa” de caráter cognitivo, sistemática e instauradora de ordens diversas na
sociedade. O funcionamento de uma língua no dia-a-dia é, mais do que tudo, um processo de
integração social. Claro que não é a língua que discrimina ou que age, mas nós que com ela
agimos e produzimos sentidos (Marcuschi,2008).

No texto apresentado, Marcuschi deixa claro que a produção discursiva através dos
gêneros textuais é um sistema de controle social, pois é uma ação que vai além do simples
objetivo de comunicar e informar. Todos nós sabemos que a língua não é simplesmente um
sistema de comunicação, mas sim um complexo sistema simbólico para expressar ideias.

Os Gêneros Textuais

O contato com diferentes gêneros textuais é diário, sem que você perceba ou pare para refletir
sobre a influência que eles exercem no seu cotidiano. Veja no texto a seguir:

Diariamente, você acorda pela manhã pega o jornal para saber das primeiras notícias do dia. Ao
sair de casa, observa no portão vários folhetos de propaganda, dentre eles do supermercado e
aproveita para conferir os preços. No caminho para o trabalho, ao parar no primeiro semáforo,
entregam a você anúncios de carros novos e outro daquele apartamento dos seus sonhos.
Chegando ao trabalho, recebe um informativo da empresa e assim que liga o computador e entra
no seu e-mail, confere que sua caixa de mensagens está cheia, apaga alguns e-mails e responde
outros mais urgentes. No almoço, encontra os amigos e aquele que você nem tem tanta
afinidade, te entrega um convite de casamento. Saindo do restaurante, passa ao banco para
pagar vários boletos, inclusive o da faculdade e como a fila está grande, aproveita para ler uma
revista de fofocas das celebridades. Volta ao trabalho e finaliza o relatório que precisa entregar
ao chefe. Encerrando seu expediente, vai direto para a faculdade e antes de entrar na aula,
termina uma resenha crítica para entregar ao professor. Assiste às aulas e no intervalo vai até a
biblioteca para retirar alguns livros que precisa ler e estudar. Terminando a aula, vai para casa
e quando chega, vê um recadinho carinhoso de sua mãe “Tem uma comidinha deliciosa na
geladeira. É só esquentar! Te amo...”. Você come e finalmente vai dormir...(Deborah Costa)

Nesse texto, fica evidente o contato com diferentes gêneros textuais durante todo um
dia de uma pessoa comum que trabalha e estuda. Não é de hoje que nossa relação com os textos
é assim: são eles os responsáveis por organizar todas as situações que envolvem comunicação,
possuem finalidades e formato próprio e estão em um específico suporte textual, isto é, sem os
gêneros textuais não haveria comunicação verbal organizada.

Imagine como seria extremamente difícil a comunicação se nós não dominássemos os


gêneros textuais e tivéssemos de criá-los em toda as situações de comunicação. Considerando
que esses gêneros são usados em contextos sociais específicos, existem tantos gêneros quantas
forem as situações sociais em que são usados.

Segundo Bakhtin (1997), três elementos fundem-se indissoluvelmente em todo gênero:


o primeiro é o conteúdo temático, que são os conteúdos que se tornam dizíveis através dos
diversos gêneros; segundo, o estilo verbal, que são os recursos da língua (lexicais, fraseológicos
e gramaticais); e terceiro, a construção composicional, que são as formas típicas dos gêneros
textuais. Por existirem várias esferas de comunicação, esses elementos, segundo o autor, são
marcados pela especificidade de cada uma dessas esferas.

Tema

-Assunto/conteúdo do texto
Gêneros

Textuais

Tipos relativamente

estáveis de enunciados

(disponíveis em nossa cultura)

Estilo Construção
Composicional
- Linguagem utilizada;
- Forma padrão da
- Recursos da língua
estrutura;
(estruturas linguísticas)
- Características
- Conjunto lexical
estruturais do texto.

Todo enunciado, portanto, produzido pelos sujeitos-locutores é constituído tendo


como base uma forma padrão de estruturação, relativamente estável. De acordo com o
autor, dispomos de um rico repertório de gêneros, orais e escritos, ou, gêneros primários e
secundários, que dominamos livre e naturalmente.

Os gêneros primários correspondem a um conjunto diversificado da atividade


linguística humana e relacionam-se, em grande medida, com os discursos da
oralidade em seus mais variados níveis (do diálogo cotidiano ao discurso didático).
Referem-se ao cotidiano imediato, à situação imediata em que são produzidos e
onde a atividade humana se realiza e se concretiza, isto é, vão ser compreendidos
por sua relação com o contexto. Certos tipos de diálogo oral, cotidiano e familiares,
filosóficos etc. são típicos dos gêneros primários. Já os gêneros secundários – da
literatura, da ciência, da filosofia, jornalísticos – geralmente, são produzidos em
forma escrita e, por sua vez, se distanciam da situação imediata e cotidiana de
produção e se referem, segundo Bakhtin, a uma esfera de dimensão cultural mais
complexa e mais evoluída.

Esferas Comunicativas

A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados – orais/escritos -, concretos e únicos


que se originam em uma determinada esfera comunicativa. Cada enunciado produzido é um
reflexo das condições específicas e das finalidades de cada uma dessas esferas, não só por
seu conteúdo temático, mas também pelo estilo e por sua construção composicional, como
já foi apontado.

Temos diferentes esferas sociais comunicativas nas quais circulam os diversos


gêneros. Na esfera jornalística, por exemplo, encontramos diferentes gêneros como, notícia,
editorial, reportagens e classificados. Já na esfera literária, temos os romances, contos,
poemas, etc. Na esfera acadêmica, são comuns os gêneros resenha, resumo, artigos
científicos e monografias. Encontramos, também, na esfera virtual, diferentes gêneros como
chats, MSN, blogs, e-mail, Orkut, WhatsApp e outros.

Para elucidar melhor as ideias apresentadas, vamos comparar os gêneros textuais


abaixo, partindo da seguinte reflexão:

1 – Qual a finalidade de cada um?

2 – Em qual esfera comunicativa circulam?

3 – Como os textos se estruturam?

4 – Qual o estilo de linguagem?

Texto 1

O vendaval (Fernando Pessoa)


Ó vento do norte, tão fundo e tão frio,
Não achas, soprando por tanta solidão,
Deserto, penhasco, coval mais vazio
Que o meu coração!
[...]
Meu coração triste,
Meu coração ermo,
Tornado a substância dispersa e negada
Do vento sem forma, da noite sem termo,
Do abismo e do nada!

Texto 2

Floresta tropical é maior “máquina” de absorver CO²

As florestas tropicais, como a Amazônia, são as máquinas de fotossíntese mais eficientes do


planeta. Um novo estudo internacional mostra que elas absorvem um terço de todo o gás
carbônico que é retirado da atmosfera pelas plantas a cada ano.

Pela primeira vez, cientistas calcularam a absorção global de CO² pela vegetação terrestre: são
123 bilhões de toneladas do gás por ano. “É o dobro da quantidade de CO² que os oceanos
absorvem”, diz Christian Beer, do Instituto Max Planck para Bioquímica, na Alemanha. Ele é
coautor do estudo, publicado na revista “Science”.

Selvas tropicais respondem por 34% da captura. As savanas, por 26%, apesar de ocuparem o
dobro da área. [...]

O estudo usou dados de uma rede internacional, a Fluxnet, que reúne centenas de torres que
servem como postos de observação pelo mundo, analisando os fluxos de CO² na vegetação ao
redor.

No Brasil, há quase uma dezena de torres de fluxo, a maior parte delas instaladas na Amazônia
(Folha de São Paulo, 9 jul. 2010, p.14)

Texto 3

Maravilhas sombrias de Tim Burton

Com uma Alice adulta, o diretor lança seu olhar gótico sobre o clássico de Lewis Carol

Lembra daquela menina de olhos curiosos do clássico desenho Disney Alice no País das
maravilhas (1951)? Não espere reencontrá-la na versão que Tim Burton dirigiu para o mesmo
estúdio, com atores de carne e osso, animação e efeitos 3D. A “nova” Alice (Mia Wasikowska)
tem 19 anos. Durante uma festa pressionada a aceitar um noivado de conveniência, ela corre
atrás do Coelho Branco e vai parar no País das Maravilhas – agora chamado, apropriadamente,
de Mundo Subterrâneo. O clima do lugar combina mais com a paleta sombria de Sweeney Todd:
“O Barbeiro demoníaco da Rua Fleet” do que com o colorido psicodélico de “A Fantástica Fábrica
de Chocolate”, dois dos mais recentes sucessos de Burton. [...] (Revista Época, abril 2010, p.14)

Analisando e comparando os gêneros apresentados, podemos perceber que possuem


diferentes finalidades, pois, no primeiro, o propósito do autor é emocionar, expor seus
sentimentos através do “eu” (narrador), já, no segundo, o propósito é informar sobre um
importante estudo internacional que mostra que as florestas tropicais absorvem um terço de
todo o gás carbônico que é retirado da atmosfera pelas plantas a cada ano e, no terceiro, o autor
tem como objetivo apresentar e comentar o lançamento do filme “Alice no país das maravilhas”.

Embora os gêneros não estejam aqui em seus suportes originais, identificamos,


facilmente, onde circulam e de qual esfera comunicativa fazem parte. O primeiro é da esfera
literária e, normalmente, circula em livros, a notícia é a da esfera jornalística, podendo circular
tanto em revistas como em jornais. No caso do texto 2, foi publicado em um jornal de circulação
nacional. A resenha crítica, dependendo do seu propósito, poderá circular tanto na esfera
acadêmica como na jornalística, no exemplo 3, foi publicada em uma revista de circulação
nacional e, portanto, está na esfera jornalística.

Partindo das considerações apresentadas, é importante destacar que, atualmente,


podemos encontrar todos os gêneros na esfera virtual.
Com relação à estrutura composicional e ao estilo, possuem características distintas. A
poesia (Texto 1), por exemplo, está estruturada em versos/estrofes, possui rimas e tem uma
preocupação com a forma, pois o mais importante é a expressividade, utilizando uma linguagem
subjetiva e ritmada. A notícia (Texto 2), por outro lado, tem uma estrutura específica, pois
precisa de um título que chame a atenção do leitor, já que possui, no primeiro parágrafo, um
leade da notícia e em seu desenvolvimento, o corpo da notícia que desenvolve as informações
apontadas no leade. Sua linguagem deve ser clara, objetiva e direta, não sendo permitida a
interferência do autor com opiniões, críticas ou avaliações sobre o assunto. Já a estrutura de
uma resenha (Texto 3) associa informações, argumentos, juízo de valor e resumo que procuram
oferecer ao leitor, uma apresentação e a avaliação geral de uma obra. A linguagem da resenha
alterna entre a objetiva e a subjetiva e a presença de adjetivos valorativos é comum para
expressar a opinião do autor.

Como pudemos verificar, por encontrarmos formas diferentes de utilização da língua e


por existir uma grande diversidade de situações comunicativas em diferentes situações sociais
com propósitos específicos, deparamo-nos com uma variedade infinita de enunciados que se
estruturam através dos gêneros textuais.

Condições de Produção do Gênero

Ninguém produz um enunciado – oral ou escrito – sem um propósito, uma intenção. Por
exemplo, quando alguém escreve uma carta, é porque outra pessoa vai recebê-la. Quando um
jornalista escreve uma notícia, é porque muitos leitores vão lê-la ou quando alguém escreve um
conto ou um romance, é porque espera emocionar ou entreter leitores. Ou seja, escrevemos
para alcançar algum propósito.

Diante das infinitas situações comunicativas e da variedade de gêneros, dependendo da


situação, o locutor precisa fazer escolhas. A escolha de um gênero em particular, com suas
características temática, estilística e composicional, é determinada em função de alguns fatores,
que são as condições de produção de um gênero.

E é a partir de uma intenção comunicativa que se opta por um determinado gênero, sendo
necessário levar em conta suas condições de produção. Por exemplo, quando vamos escrever
um texto, devemos levar em conta as seguintes questões:

1 – Para que escreve? (Propósito do locutor);

2 – De que forma? (Qual o gênero, estilo e estrutura composicional mais apropriados?;

3 – O que escrever? (Conteúdo);

4 – Para quem? (É importante levar em consideração o interlocutor);

5 – Onde? (Circulação/ esfera comunicativa)

Verifique o texto a seguir e responda: a qual gênero pertence o texto? Um artigo de


opinião? Ou uma dissertação escolar?
Culto ao corpo

A sociedade moderna preconiza um estereótipo de corpo ideal que muitas pessoas tornam-se
escravas de uma beleza estética quase impossível de se alcançar, pois além da insatisfação com
o próprio corpo, pessoas comuns sofrem influência da mídia e dos milagres oferecidos pelas
cirurgias plásticas.

Decorrente de um padrão preestabelecido de beleza na nossa atual cultura e reforçado pela


mídia publicitária, muitas pessoas dizem estar insatisfeitas com seu rosto ou corpo e buscam
várias formas para alcançar um corpo perfeito como cremes, academia, exercício físico, regimes
e não hesitam em recorrer ao recurso da cirurgia plástica.

Sem dúvida, os avanços da medicina e da tecnologia nos tempos atuais podem, de fato, auxiliar
na busca para a perfeição, mas que devem ser utilizados como último recurso ou em casos em
que apenas a cirurgia plástica resolveria o problema. No entanto, o que tem acontecido é o
aumento de procura pelas cirurgias estéticas como um recurso rápido e milagroso para atingir o
corpo perfeito.

As pessoas estão cada vez mais escravas pela busca do corpo perfeito devido às influências da
mídia e das mágicas que as cirurgias prometem. O que as pessoas esquecem é que bisturi está
muito longe de se parecer com uma varinha de condão. É importante destacar que o corpo
perfeito deve estar associado com saúde perfeita e para isso, as pessoas devem buscar equilíbrio
entre exercícios físicos e (re) educação alimentar saudável. (Deborah Costa)

Como vimos, são as diferentes intenções comunicativas que determinam o gênero textual, mas,
em alguns casos, o que determinará o gênero será o suporte textual. O texto apresentado é
argumentativo, pois expõe e defende com argumentos uma opinião. Esse texto é típico do
gênero “dissertação escolar”, mas se este mesmo texto for publicado em um jornal assinado por
quem o escreveu, ele passa a ser um gênero “artigo de opinião”. Assim, podemos entender que,
apesar de ser o mesmo texto, não pertence ao mesmo gênero. Por isso, o importante é levarmos
em conta “todas” as condições de produção para determinar e identificar o gênero de um texto.

Tipologia textual

Enquanto os gêneros textuais correspondem a situações de uso com fins comunicativos, os tipos
dizem respeito à “materialidade linguística”. Enquanto os gêneros compõem uma lista aberta,
infinita, os tipos textuais são limitados.

Os tipos textuais desempenham diferentes funções na estrutura composicional dos


textos, apresentam uma organização própria e se manifestam por meio de aspectos linguísticos
específicos, que determinam o tipo da sequência textual. Alguns autores, como Adam (2008),
chama esses segmentos de sequência textual; outros, como Marcuschi (2010) e Travaglia (2007),
de tipo textual. São duas formas de nomear o mesmo fenômeno textual.

A expressão “tipo textual” , segundo Marcuschi (2010), designa uma espécie de


construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais,
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas etc.).
Adam (2008, p.204) afirma que uma sequência constitui uma estrutura. Esse teórico
ensina que a sequência é uma unidade textual complexa, composta de um número limitado de
elementos. Ela constitui uma entidade relativamente autônoma, dotada de uma organização
interna que lhe é própria e da qual fazem parte outros elementos organizados
hierarquicamente. Desse ponto de vista, a sequência encontra-se numa relação de dependência
– independência com o conjunto mais amplo do qual faz parte (o texto). A sequência pode
circunscrever-se a um segmento do texto do qual faz parte, e pode, igualmente, perpassar o
texto todo, de forma predominante.

As sequências ou tipos textuais limitam-se a: injunção, narração, argumentação,


explicação, descrição, diálogo. É importante lembrar que tipos ou sequências textuais não são
entidades comunicativas, mas sim entidades formais. Para a identificação do tipo textual,
predomina a identificação de determinados elementos típicos e de sequências linguísticas
típicas como norteadoras. (SPARANO, 2012, p. 49).

O tipo textual narrativo

De acordo com Adam (apud Sparano,2012) a sequência narrativa apresenta os seguintes


elementos: Situação Inicial, Nó, Reação ou Avalição, Desenlace (Resolução), Situação Final.

O conflito constitui o elemento chave de um texto narrativo; em torno dele desenrola-


se a ação no eixo temporal.

A pequena fábula a seguir ilustra como se organiza na composição da textualidade a


tipologia narrativa e os elementos que a compõem:

O cão e o pedaço de carne

Um cão atravessava um riacho com um pedaço de carne na boca. Quando viu seu reflexo na
água, pensou que fosse outro cão carregando um pedaço de carne ainda maior. Soltou então o
pedaço que carregava e se jogou na água para pegar o outro. Resultado: não ficou nem com um
nem com outro, pois o primeiro foi levado pela correnteza e o segundo não existia.
Cuidado com a cupidez.— Esopo. (Tradução de Antônio Carlos Vianna. Fábulas de Esopo, P. 171.
Porto Alegre: L&PM, 2001)

Quadro 1 – Composição da textualidade, tipologia narrativa e os elementos que compõem a


fábula “O cão e o pedaço de carne”

Situação Inicial Um cão atravessava um riacho com um


pedaço de carne na boca

Nó (conflito) Quando viu seu reflexo na água, pensou que


fosse outro cão carregando um pedaço de
carne ainda maior.
Re-ação Soltou então o pedaço que carregava e se
jogou na água para pegar o outro.

Resolução [...] não ficou nem com um nem com outro,


pois o primeiro foi levado pela correnteza e o
segundo não existia.

Moral Cuidado com a cupidez.

O tipo textual descritivo

Quando lemos um romance, um conto, uma novela, sempre encontramos elementos descritivos
neles; mas a descrição também está presente em obras e trabalhos científicos, em dicionários e
enciclopédias, em manuais técnicos, em publicidades, na grande variedade de textos
consumidos diariamente.

Descrevem-se tanto objetos reais quantos objetos ficcionais; tanto personagens quanto
linguagens e conceitos. A descrição aparece, portanto, nas mais diversas modalidades e com as
mais diversas funções.

Distinguimos facilmente as passagens descritivas das passagens narrativas de um texto,


mesmo sendo o critério de distinção intuitivo; ele se baseia na ideia de que, enquanto a narração
descreve atos, a descrição, coisas e pessoas. (SPARANO, 2012, p.54)

Multiprocessador Brastemp. Mais um lançamento da Linha Brastemp


Professional Quality. Multiprocessador você conhece. Agora, um
multiprocessador que é assim uma Brastemp, esta é a primeira vez. Come
pelo design: robusto e moderno ao mesmo tempo. Agora o desempenho:
são 600 watts de potência, lâminas Sabatier, uma das melhores do mundo,
que nunca perdem o fio, cortam, misturam, fatiam e liquidificam como
você nunca viu. E os controles? Não tem botão, o sistema é eletrônico. E
ainda possui uma completa linha de acessórios. Só podia mesmo ser assim
um Brastemp.

Conforme podemos observar no texto de propaganda do processador Brastemp, do


ponto de vista da materialidade linguística, o tipo descritivo caracteriza-se pela predominância
do emprego de verbos de estado (o verbo “ser” implícito no emprego dos dois pontos; o verbo
“ter” no presente do indicativo), de substantivos (potência, sistema, linha de acessórios) e de
adjetivos classificatórios e avaliativos (robusto,moderno,melhores).Assim, a sequência textual
descritiva perpassa todo o texto, contribuindo para a construção de efeitos de sentido que
enaltecem o produto descrito, por meio da enumeração de detalhes do produto pertinentes à
categoria dos eletrodomésticos, linha de acessórios, mas todos eles expostos de forma a
valorizar ao extremo o processador.
O tipo textual expositivo/explicativo

Conforme Bronckart (1999), a sequência explicativa tem por objetivo “fazer compreender” algo
que julgamos ser de difícil compreensão. Trata-se de um fenômeno incontestável que carece de
explicação, como é o caso de conceitos em artigos de divulgação científica ou em artigos
acadêmicos:

Por que muda de timbre a voz dos meninos e não a das meninas?

Os músculos aumentam em peso e tamanho e as cordas se tornam mais largas,


efetuando-se a transformação em um espaço de tempo muito curto; é preciso,
portanto, que nos acomodemos às novas condições, como quem tivesse
aprendido a tocar com toda a perfeição num violino pequeno e se visse depois
forçado a usar um instrumento de regular tamanho. Daí resulta que o menino
não possui, imediatamente, o completo domínio de sua voz, e por isso muitas
vezes fala em tons graves e outras em agudos (JACKSON, 1963, P.52-53)

O texto acima parte de um fenômeno incontestável, que é a mudança de timbre na


voz dos meninos, e procura explicar os motivos dessa mudança, a causa. Vale destacar a
importância do fenômeno incontestável, pois, caso houvesse espaço para a discussão, não
teríamos mais uma explicação, mas uma argumentação.

Assim, a sequência explicativa se caracteriza por enunciados analíticos, com verbos


predominantemente no presente do indicativo e períodos compostos contendo orações
adjetivas ou com segmentos textuais curtos, na forma de um enunciado com verbo no presente
que combine SE (introdutor de um enunciado que coloca um problema) com É QUE ou É
PORQUE, introdutores de uma explicação (ADAM, 2008, P.237). Adam ensina que existem várias
possibilidades de combinações para a construção das sequencias explicativas; elas comportam,
todas, um período hipotético seguido de uma explicação: SE p; É PORQUE q; SE p, É PARA QUE
q; SE p, É EM RAZÃO DE q; SE p, É QUE q.

SE p, É PORQUE q SE a voz dos meninos mudam de timbre É


PORQUE os músculos aumentam de tamanho
e as cordas se tornam mais largas.

SE p, É EM RAZÃO DE q SE muda de timbre a voz dos meninos É EM


RAZÃO DO aumento de tamanho dos
músculos e do alargamento das cordas
vocais.
SE p, É QUE q SE muda de timbre a voz dos meninos É QUE
os músculos aumentam de tamanho e as
cordas se tornam mais largas.

O tipo textual argumentativo

As sequências argumentativas se organizam de acordo com uma estrutura que lhes é particular,
na qual os conectores desempenham um importante papel, não apenas na articulação das
unidades linguísticas, mas também na orientação argumentativa dos enunciados.

Elas realizam dois movimentos: demonstrar e/ou justificar uma tese e refutar outras
teses ou argumentos adversos, partindo, nos dois casos, de dados ou fatos que, com base em
princípios que dão sustentação, conduzem a admitir determinada conclusão ou afirmação.

DADOS (PREMISSAS FATOS) CONCLUSÃO

APOIO SUSTENTAÇÃO

Aos pés de V Exa. vai o abaixo assinado pedir a coisa mais justa do mundo. Rogo me
preste atenção por alguns instantes; não quero tomar o precioso tempo de V Exa.. Não ignora
V. Exa. que, desde que nasci, nunca me furtei ao trabalho. Nem quero saber quem me chama,
se é pessoa idônea ou não; uma vez chamado, corro ao serviço. Também não indago do serviço;
pode ser político, literário, filosófico, industrial, comercial, rural, seja o que for, uma vez que é
serviço, lá estou. Trato com ministros e amanuenses, com bispos e sacristães sem a menor
desigualdade. Cheguei até (e digo isto para mostrar atestados de tal ou qual valor que tenho),
cheguei a fazer aposentar alguns colegas, que, antes de mim, distribuíam o trabalho entre si,
distinguindo-se um, outro sobressaindo, outro pondo em relevo alguma qualidade particular.
Não digo que houvesse injustiça na aposentadoria: estavam cansados, esta é a verdade. E para
a gente de minha classe a fadiga estrompa e até mata. Ficando eu com o serviço de todos,
naturalmente tinha muito a que acudir, e repito a V. Exa. que nunca faltei ao dever. Não tenho
presunção de bonito, mas sou útil, ajusto-me às circunstâncias e sei explicar as ideias. Não é
trabalho, mas o excesso de trabalho que me tem cansado um pouco, e receio muito que me
aconteça o que se deu com os outros. Isto de se fiar uma pessoa no carinho alheio, na
generalidade dos afetos, é erro grave. Quando menos espera, lá se vai tudo; chega alguma
pessoa nova e (deixe V. Exa. lá falar o João) ambas as mãos da experiência não valem um dedinho
só da juventude. Mas vamos ao pedido. O que eu impetro da bondade de V. Exa. (se está na sua
alçada) é uma licença por dois meses, ainda que seja sem ordenado; mas com ordenado seria
melhor, porque há despesas a que acudir, a fim de ir às águas de Caxambu. Seria melhor, mas
não faço questão disso; o que me importa é a licença, só por dois meses; no fim deles verá que
volto robusto e disposto para tudo e mais alguma coisa. Peço pouco, apenas um pouco de
descanso. Deus, feito o mundo, descansou no sétimo dia. Pode ser que não fosse por fadiga,
mas para ver não era melhor converter a sua obra ao caos; em todo o caso a Escritura fala de
descanso, e é o que me serve. Se o Supremo Criador não pode trabalhar, sem repousar um dia
depois de seis, quanto mais este criado de V. Exa.? Não faltará quem conclua (mas não será o
grande espírito de V. Exa.) que, se eu algum direito tenho a uma licença, maiores e infinitos têm
outros colegas, cujo trabalho é constante, ininterrupto e secular. Há aqui um sofisma que se
destrói facilmente. Nem eu sou da classe da maior parte de tais companheiros, verdadeira plebe,
para quem uma lei de Treze de Maio seria a morte da lavoura (do pensamento); nem os da
minha categoria têm a minha idade, e, de mais a mais, revezam-se a miúdo, ao passo que eu suo
e tressuo sem respirar. Contando receber mercê, subscrevo-me, com elevada consideração, de
V. Exa. admirador e obrigado verbo Salientar. ” O despacho foi este: Conquanto o suplicante não
junte documentos do que alega, é, todavia, de notoriedade pública o seu zelo e prontidão em
bem servir a todos. A licença, porém, só lhe pode ser concedida por um mês, embora com
ordenado, porque, trabalhando as Câmaras Legislativas, mais que nunca é necessária a presença
do suplicante, cujo caráter e atividade, legítima procedência e brilhante futuro folgo em
reconhecer e fazer públicos. Se tem trabalhado muito, é preciso dizer, por outro lado, que o
trabalho é a lei da vida e que sem ele o suplicante não teria hoje a posição culminante que
alcançou e na qual espero que se conservará honrosamente por longos anos, como todos
havemos mister. Lavre-se port aria, dispensados os emolumentos. Boas noites

Quadro 2 – Plano textual da crônica 16 de junho de 1888 de Machado de Assis.

DADOS APOIO CONCLUSÃO TESE

- Desde que nasci, nunca me Fulano merece uma licença


furtei ao trabalho; por dois meses com
ordenado.
- Uma vez chamado, corro
ao serviço;

- Não indago do serviço; Funcionário dedicado O que eu impetro da


merece tratamento especial bondade de V.Exa. (se está na
- Cheguei a fazer aposentar sua alçada) é uma licença por
alguns colegas; LOGO
dois meses.

- Nunca faltei ao dever;

- O excesso de trabalho que RESTRIÇÃO


me tem cansado um pouco
Ainda que seja sem
ordenado.

O quadro acima apresentado nos permite visualizar a organização sequencial


argumentativa do texto de Machado de Assis que reproduz um requerimento. O requerimento
visa a obter a adesão de seu destinatário, procurando convencê-lo, a partir da apresentação de
dados e fatos e de um determinado ponto de vista, a responder positivamente a um pedido de
licença remunerada por dois meses.
Além disso, no interior do requerimento, identificamos segmentos do texto que
correspondem à sequência argumentativa como nos exemplos:

DADOS/ FATOS APOIO CONCLUSÃO

Quando menos espera, No ambiente de trabalho, as Lá se vai tudo.


chega alguma pessoa nova. pessoas novas são mais
valorizadas do que as
antigas.

Há despesas a que acudir, a Quem tem despesas A licença deve ser


fim de ir às águas de necessita de remuneração remunerada.
Caxambu. para elas arcar.

O tipo textual injuntivo

A sequência textual de tipo injuntivo explicita que o locutor visa a fazer agir o interlocutor de
certo modo ou em uma determinada direção. Essa sequência, conforme veremos no texto que
se segue, caracteriza-se pelo uso de formas verbais no imperativo, no infinitivo que, conforme
lembra Marcuschi (2010), podem ser substituídas por uma forma mais longa composta do verbo
“dever”.

Os gêneros instrucionais, como manuais de instrução, bulas de remédios, manuais de


autoajuda, receitas culinárias apresentam, em sua composição, sequências injuntivas:

Batatas gratinadas ao creme

Ingredientes:

4 batatas de bom tamanho, cortadas em rodelas finas

100g de manteiga com sal de boa qualidade

1 caixinha de creme de leite (200ml)


50g de queijo parmesão ralado na hora
Sal e pimenta a gosto

Modo de Preparo:
UNTE uma forma refratária de vidro ou porcelana com manteiga.
Coloque as rodelas de batata. TEMPERE com sal e pimenta do reino a
gosto. COLOQUE um pouco mais de manteiga por cima de cada rodela
de batata. ESPALHE o creme de leite por cima de tudo, polvilhe com
o queijo ralado e leve ao forno médio por cerca de 30 minutos.
CONTROLE o cozimento da batata e o gratinado do queijo, para não
queimar. SIRVA quente!
O quadro a seguir nos mostra um possível agrupamento de gêneros com aproximação
de características de um mesmo nível de discurso.

DISCURSO FINALIDADE EXEMPLOS DE GÊNEROS


TEXTUAIS

Narrativo Relatar Romance; Conto; Crônica;


Fábula; Notícia; Biografia.

Argumentativo Convencer Dissertação escolar; Resenha


Crítica; Artigo de Opinião;
Editorial; Publicitário.

Expositivo Informar Enciclopédico; Artigo de


divulgação científica,

Injuntivo Informar Instrucional; Receita;


Didático

Conclusão

Vimos que comunicação e linguagem são duas dimensões da natureza humana e que
possibilitam a vida em sociedade. Vimos também que elas são compostas por diversas
estruturas que precisam ser objetos de estudos e reflexões por parte dos indivíduos que
almejam comunicar-se de forma eficiente e eficaz. Por fim, como já dizia o Velho Guerreiro
(Chacrinha) “Quem não se comunica se trumbica”.

Referências:

CEREJA, Willian Roberto – Português: linguagens: volume único / Willian Roberto cereja,
Thereza Cochar Magalhães – São Paulo: Atual, 2003.

COSTA, Déborah C. L; SALCES, Claudia Dourado; Leitura e produção de textos na universidade,


Campinas, SP: Ed. Alínea,2013.

MEDEIROS, João Bosco; ANDRADE, Maria M. de. Comunicação em Língua Portuguesa. 5 ed.
São Paulo: Atlas, 2009.

SPARANO, Magali (et. al.) Gêneros textuais: construindo sentidos e planejando a escrita, São
Paulo: Terracota editora, 2012.

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