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Resumo
As estruturas lógicas elementares são essenciais para a criança construir o conceito de número
e compreender os conteúdos matemáticos, vários estudos sobre a realidade brasileira vêm
demonstrando atrasos na construção dessas estruturas lógicas. Se a criança não possuir essas
estruturas construídas antes de ingressar no ensino fundamental, possivelmente não
compreenderá o que lhe é ensinado e desta maneira só restará à mesma memorizar, decorar os
conteúdos, muitas vezes este fato pode gerar um sentimento de incapacidade podendo, ter
reflexos negativos na vida escolar do aluno. Piaget (apud KAMII, 1995, p. 26) afirma que “o
número é construído pelo ser humano individualmente, por meio da criação e coordenação
das relações”. O objetivo deste estudo é apresentar a importância das estruturas lógicas na
construção do conceito de número pela criança e as possíveis implicações para a
aprendizagem no sistema de ensino de nove anos, por meio da pesquisa bibliográfica,
buscando respaldo na teoria piagetiana. Torna-se relevante verificar a importância das
estruturas lógicas elementares na construção do conceito de número, afinal a criança está
entrando mais cedo no ensino fundamental devido à nova lei do ensino de nove anos, sendo
muitas vezes afastada e/ou diminuída a frequência de atividades lúdicas e isoladas em
carteiras, tendo que enfrentar os desafios escolares individualmente. Este fato pode influenciar
no processo de aprendizagem, assim como pode contribuir para futuros fracassos escolares.
Assim torna-se importante refletir como a criança esta aprendendo o conceito de número, para
que a mesma não apenas decore os conteúdos, mas seja autora de sua aprendizagem.
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Artigo apresentado ao Curso de Especialização em Psicopedagogia - Clínica e Institucional, da Faculdades de
Administração, Ciências, Educação e Letras (FACEL), como requisito parcial para obtenção do título de
especialista, sob orientação da Profa. Gabriela Sabbag.
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Especialista em Psicopedagogia (aspectos teóricos) pela FACEL. Docente da Prefeitura Municipal de Curitiba.
E-mail: camilaalmeiday@hotmail.com
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Especialista em modalidades de intervenção no processo de aprendizagem pela Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUCPR). Docente da Prefeitura Municipal de Curitiba. E-mail: iza.lobato@hotmail.com
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Introdução
Este fato pode influenciar no processo de aprendizagem, assim como pode contribuir
para futuros fracassos escolares. Portanto, torna-se importante refletir como a criança esta
aprendendo o conceito de número.
Considerando esta nova realidade da educação brasileira, este trabalho visa apresentar
a importância das estruturas lógicas na construção do conceito de número pela criança e as
possíveis implicações para a aprendizagem no sistema de ensino de nove anos. A metodologia
utilizada é a pesquisa bibliográfica, que buscou respaldo na teoria piagetiana.
Piaget (apud KAMII, 1995, p. 26) afirma que “o número é construído pelo ser humano
individualmente, por meio da criação e coordenação das relações”. Para compreender o
conceito de número a criança percorre um longo caminho não é apenas a memorização dos
números, segundo Kamii (1995, p. 51) “a habilidade de dizer palavras numéricas é uma coisa
e o uso da aptidão é bem outra coisa”.
Sobre esse assunto Pulaski (1983) diz que o adulto pode ficar horas ensinando a
criança a contar, mas o que estará ensinado é apenas a verbalização mecânica ou o que Piaget
chamou de conhecimento social (KAMII, 1995).
Para compreender a construção do número, Kamii baseado na teoria piagetiana nos
relata a existência de três tipos de conhecimento:
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O estágio operatório concreto “é aquele em que os processos mentais da criança tornam-se lógicos e ela
demonstra possuir noções de conservação de quantidades contínuas e descontínuas bem como as noções de
classificação e seriação operatórias” (ASSIS, 2000, p. 90).
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Desenvolvimento cognitivo
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Piaget ressalta quatro estágios do desenvolvimento cognitivo: Sensório-motor; Pré-operatório; Operatório
concreto; Operatório formal (PIAGET, 1997).
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O estágio pré-operatório varia dos 2 aos 6-7 anos, essa faixa etária pode variar de
acordo com a maturação biológica, experiências, transmissores sociais e educativos e
equilibração (SEBER, 2006).
Batista sintetiza que a forma de pensar da criança do referido estágio é marcado por
algumas características:
Portanto, essas são as características, as quais explicam o fato da criança ainda não
pensar logicamente possuindo um pensamento pré-lógico. Como há a necessidade de passar
por esse estágio, visto que a construção das estruturas lógicas acontece de forma progressiva.
Considera-se importante que o processo educacional estimule a construção dessas estruturas
pela criança, visto que o mesmo vai exigir da criança o uso do pensamento lógico matemático
para compreender os conteúdos.
Outra característica importante da criança desse estágio é a inserção em jogos
simbólicos, sendo o mais expressivo dos jogos desenvolvidos do estágio pré-operatório
(PIAGET, 1975). Sua função “consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do
real em função dos desejos [...] não é um esforço de submissão do sujeito ao real, mas, ao
contrário, uma assimilação deformada da realidade ao eu” (PIAGET, 1997, p.28).
construção do conceito de número. Esta exigência pode aprisionar a criança, pelo fato de não
proporcionar condições prévias para o desenvolvimento final da construção do conceito de
número. A lei mudou, mas a criança é a mesma que frequentava a pré-escola aos 6 anos.
Destarte o 1º ano do ensino fundamental deve proporcionar atividades lúdicas para que a
criança construa as estruturas necessárias para compreender o conceito de número.
Scriptori (2005) afirma que os professores ainda tem uma visão empirista do
conhecimento lógico matemático e que realizam uma prática baseada nas seguintes
características: a) primazia da imagem, com submissão do aspecto operativo ao figurativo; b)
transmissão verbal do conhecimento lógico matemático; c) ênfase na resposta correta, e ainda
que:
Como foi abordado no decorrer desse estudo, a construção das estruturas lógicas
elementares é necessária para a construção do conceito de número, desta forma é
imprescindível que a criança tenha experiências onde ela possa manipular objetos, colocá-los
em relações uns com os outros, ou seja, construir o conhecimento na interação com o meio e
pela interação social sendo influenciado pela afetividade (KAMII, 1995). Considerando que
nessa fase a criança ainda não possui um pensamento capaz de raciocinar por meio de
deduções e hipóteses, o professor deve criar testar métodos que favoreçam essa construção,
tendo como foco o ambiente lúdico.
A criança passa a maior parte de seu tempo dedicando-se ao que melhor sabe fazer
brincar, ao entrar na escola é aprisionada em uma carteira e o seu direito de ser criança é
negado, para sair dessa situação desagradável, dá asas a sua imaginação, logo um caderno vira
um campo de futebol, a borracha a bola, enfim se rende ao do jogo o indivíduo se desenvolve
plenamente. Ao mencionar o jogo como educação, Freire (2002) afirma que o mesmo ajuda a
não deixar esquecer o que foi aprendido, faz a manutenção fantástico mundo do jogo.
É necessário que a criança vire uma miniatura de adulto para aprender? Vários autores
acreditam que não, entre eles Batista (2003) ressaltando a importância inestimável do brincar
além de preparar para a vida, ser uma descoberta de si mesmo, por meio do que foi aprendido,
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aperfeiçoa e ainda prepara para novos desafios. Desta forma, o ambiente do jogo prepara a
criança para a vida, sendo inadmissível tirá-lo da escola, principalmente nas series iniciais.
Os jogos simbólicos são característicos das crianças que estão ingressando no ensino
fundamental, sendo este um ambiente propício para a construção do raciocínio (PIAGET,
1975).
Freire (1989) enfatiza que os jogos simbólicos podem estabelecer uma gama de
relações acerca do pensamento da criança, tais como saltar um rio largo ou atravessar uma
ponte estreita: “São atividades que materializam, na prática, a fantasia imaginada, e que
retornarão depois da prática em forma de ação interiorizada, produzindo e modificando
conceitos, incorporando-se às estruturas do pensamento” (1989, p. 46).
Freire e Venâncio ainda ressalta:
Considerações finais
alcançar o estágio das operações concretas e assim possuir estruturas para construir o conceito
de número.
Nesta configuração a criança deixa de se tornar um mero coadjuvante do processo
ensino aprendizagem, para tornar-se o ator principal de seu desenvolvimento, e desta maneira
poder diminuir fracassos escolares e até a aversão que apresentam à disciplina da matemática.
REFERÊNCIAS
FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo:
Scipione, 1989.
FREIRE, J. B.; VENÂNCIO, S. (orgs). O jogo dentro e fora da escola. São Paulo: Autores
Associados, 2005.
__________. Seis estudos de psicologia. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.