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Resumo TBL – Interação Comunitária

→ O território no programa de saúde da família

• Programa Saúde da Família (PSF) → é um dos referenciais da organização da Atenção Básica no Brasil → o entendimento
sobre o conceito de território neste programa varia nos âmbitos federal, estadual e municipal → a delimitação de áreas e
microáreas de atuação é feita só com base apenas no quantitativo de população, sem considerar a dinâmica social e política.
- a implantação de programas de saúde que tenham uma hierarquização desde o nível federal ao municipal tem permitido a
elaboração de projetos que promovam o desenvolvimento local e o uso de conceitos e ferramentas inerentes à geografia no
sentido de planejar a territorialidade de políticas públicas, de equipamentos e ações.
- PSF foi proposto em 1994 como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, baseada no trabalho de equipes
multiprofissionais em UBS → estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de uma população,localizada em uma área
delimitada,através de ações de promoção de saúde,prevenção,recuperação, reabilitação de doenças e agravos.
- a territorialização é um dos pressupostos do trabalho do PSF → essa tarefa adquire 3 sentidos: de demarcação de limites das
áreas de atuação dos serviços; de reconhecimento do ambiente, população e dinâmica social existente nessas áreas; e de
estabelecimento de relações horizontais com outros serviços adjacentes e verticais com centros de referência → quando se
considera um determinado local delimitado pelo PSF há uma configuração territorial que tem determinadas características que
influem no processo saúde-doença da população.
• território e multiterritorialidade
- de acordo com Haesbaert podem-se verificar algumas vertentes das noções de território a partir de uma perspectiva parcial,
integradora, relacional e multiterritorial.
⁰ perspectiva parcial → percebe a territorialidade sendo exercida a partir de só um ponto de vista → Haesbaert aponta 4
vertentes usadas na Geografia:
* político (referente às relações espaço-poder em geral) ou jurídico-político (referente às relações espaço-poder
institucionalizadas) → refere-se a um espaço delimitado e controlado por relações de poder, geralmente o poder do Estado, que
busca organizar o território com determinada finalidade.
* cultural ou simbólico-cultural → o território é visto como produto da apropriação, da valorização simbólica de um grupo em
relação ao espaço vivido → esse grupo valoriza o espaço a partir de determinado significado individual e social.
* econômica → o território é concebido enquanto dimensão espacial nas relações econômicas → o território passa a existir
quando consiste em fonte de recursos e/ou incorporado no debate entre classes sociais e na relação capital-trabalho.
* naturalista → território que se baseia no entendimento das relações entre a sociedade e a natureza, seja ela entre o homem e
o ambiente físico ou da relação comparativa do comportamento do homem e dos animais pra exercerem a territorialidade.
⁰ perspectiva integradora →observa-se o território como revelador de parte ou de todas as dimensões sociais (política, cultural,
econômica, naturalista) → busca-se entender o território como surgido de forma integrada com outros territórios.
⁰ perspectiva relacional → é considerado que as relações social-históricas ocorrem no espaço em um determinado tempo,
sendo o território fruto de uma relação entre os processos sociais e o espaço material → essa perspectiva entende o território
como movimento,interconexão, dando origem a processos como TDR (territorialização, desterritorialização e reterritorialização)
→ a territorialização é fruto de uma estratégia pra tomar posse de um espaço geográfico, a desterritorialização é o abandono
espontâneo ou forçado da territorialização e a reterritorialização é a construção de uma nova territorialização, que não
necessariamente ocorre no mesmo local → mas esse processo está sempre se modificando → os fatores que influenciam esta
mudança são de ordem ideológica, política, econômica ou social → a desterritorialização pode ocorrer com o deslocamento,
mas também na imobilidade (ex:com pessoas que vivem de forma precária e não têm condições de migrar do local onde vivem);
e cada ser humano e sociedade exercem mais de um tipo de territorialidade, ou seja, podem produzir e/ou habitar ao mesmo
tempo em mais de um tipo de território.
⁰ perspectiva da multiterritorialidade → processo de reterritorialização constante,seja de uma área (território-zona) ou de
várias áreas (território-rede) que as sociedades vivenciam continua e simultaneamente.
• território e organização de serviços e ações de saúde → o território se trata de uma instância de poder → assim, as divisões
territoriais usadas no SUS, como o município, o distrito sanitário e a área de abrangência de serviços de saúde são áreas de
atuação, de caráter administrativo, gerencial, econômico ou político → esse poder também é instituído através das redes de
relacionamento humano que se constituem no espaço.
- a distribuição dos serviços de saúde segue a uma lógica de delimitação de áreas de abrangência, que devem ser coerentes com
os níveis de complexidade das ações de atenção → as diretrizes estratégicas do SUS (Lei 8080) têm relação com a definição do
território → o município representa o nível inferior onde é exercido o poder de decisão sobre a política de saúde no processo de
descentralização → a organização dos serviços segue os princípios da regionalização e hierarquização, delimitando a área de
atuação dos agentes de saúde, da equipe de saúde da família e a área de abrangência de postos de saúde.
- o território tem a extensão geométrica e o perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, tecnológico, político, social e
cultural que o caracteriza e se expressa num território em permanente construção → ele é o resultado de uma acumulação de
situações históricas, ambientais, sociais que promovem condições particulares pra produção de doenças→o reconhecimento do
território é importante pra caracterização da população e de seus problemas de saúde, e pra avaliação do impacto dos serviços
sobre os níveis de saúde dessa população; também permite o desenvolvimento de um vínculo entre os serviços de saúde.
• o entendimento de território na prática de trabalho do PSF → o entendimento de território por parte de técnicos e usuários
do sistema de saúde tende a influenciar a forma como esse território será incorporado à prática de suas ações → um dos termos
usados pra descrever a relação serviço-território-população é a adscrição, que diz respeito ao território sob responsabilidade da
Equipe de Saúde da Família (ESF) → a adscrição diz que a equipe tem a responsabilidade pela cobertura de uma área geográfica
que tenha entre 600 e 1.000 famílias com o limite máximo de 4.500 habitantes→deve-se considerar a “diversidade sóciopolítica,
econômica, densidade populacional e acessibilidade aos serviços” na adscrição da população e delimitação das áreas.
- além do limite do no de famílias e de habitantes, há considerações sobre a existência de outras territorialidades que podem
promover uma maior ou menor adesão ao modelo de atenção básica do PSF → então o conceito de território variou de uma
perspectiva parcial pra uma perspectiva integradora.
- passos pra implantação de programas locais → cadastramento da comunidade com realização de entrevistas; consolidação
das informações; identificação das microáreas de risco (fatores de risco e/ou barreiras geográficas ou culturais, indicadores de
saúde muito ruins); elaboração de um plano de ação; mapeamento da área de atuação da ESF; programação das atividades da
ESF; acompanhamento e avaliação da ESF → na prática local do PSF, dentre os critérios pra implantação só é mencionado o
limite de população → assim, percebe-se que os contrastes e realidades sócioespaciais não são considerados.
- a adscrição da população usuária do serviço é um dos passos primordiais pra implantação da Unidade de Saúde da Família
(USF) → implantada a USF, deve-se considerar as características locais pro aprimoramento do primeiro diagnóstico feito no
momento da implantação do programa no município → mas na prática poucos mencionam o conceito de território.
- há ESF que se empenham,junto com atores sociais locais,pra transformar a realidade local→isso efetiva a multiterritorialidade.
• cartografia do PSF → a cartografia é uma ferramenta usada pro diagnóstico e planejamento de atividades de campo → a
visualização espacial de informações auxilia no processo de vigilância e atenção à saúde através dos mapeamentos das áreas de
riscos e dos serviços de saúde → através de mapas, podem-se obter-se dados sócioambientais e sanitários que permitam uma
melhor focalização de problemas, facilitando o planejamento de ações.
- no setor saúde, as ações que lidam mais de perto com o cotidiano do indivíduo são aquelas ligadas aos cuidados primários de
saúde,com o desenvolvimento de programas que aproximam o profissional de saúde da comunidade→o PSF propõe um modelo
de atenção e de vigilância à saúde que tem os princípios:estabelecimento de vínculos e co-responsabilização entre profissionais
de saúde e população; definição do objeto-alvo da atenção à família, entendida a partir do ambiente e espaço geográfico em
que vive; a responsabilização por uma população adscrita e; uma intervenção em saúde que extrapole os muros das unidades
de saúde visando o enfrentamento dos principais problemas de saúde da população adscrita desenvolvendo ações integrais de
saúde sobre indivíduos, famílias, meio ambiente e ambiente de trabalho → no PSF a principal fonte de informação é a família.
- a microárea é formada por um conjunto de famílias que congrega 450 a 750 habitantes, constituindo a unidade operacional do
agente de saúde → a área no Programa de Saúde da Família é formada pelo conjunto de microáreas, onde atua uma equipe de
saúde da família, e residem de 2.400 a 4.500 pessoas.
- outra unidade considerada é a área de abrangência da Unidade de Saúde→ apesar de não ter delimitação precisa, as Unidades
conhecem o território onde vive a população que atendem→a última unidade é o segmento territorial, que é um conjunto de
áreas contíguas que pode corresponder à delimitação de um Distrito Sanitário,ou a uma Zona de informação do IBGE.
- o Manual do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) orienta as divisões territoriais dos programas do PSF, com uma
lógica da quantidade de população a ser atendida.
- a “territorialização” é vista como uma etapa da implantação do PACS e PSF → as equipes devem definir a população a ser
atendida e fazer o cadastramento e adscrição dela → requisitos importantes pra delimitação das áreas e microáreas do PSF:
⁰ a área deve conter um valor máximo de população de modo a permitir um atendimento às suas demandas de saúde (um ACS
deve ser responsável por no máximo 150 famílias ou 750 pessoas) → os problemas devem ser identificados em cada “território
de trabalho”, por meio de um mapeamento de sua “área de abrangência”, ressaltando as “micro-áreas de risco.
⁰ o agente deve ser um morador da sua microárea de atuação há pelo menos 2 anos;
⁰ a área deve delimitar comunidades, preferencialmente as mais organizadas, que participem do controle social das ações e
serviços de saúde em conferências e conselhos de saúde;
⁰ a área deve conter uma população mais ou menos homogênea do ponto de vista socioeconômico e epidemiológico;
⁰ a área deve conter uma UBS que será a sede da ESF e local de atendimento da população adscrita;
⁰ os limites da área devem considerar barreiras físicas e vias de acesso e transporte da população às unidades de saúde.
- a dinâmica populacional torna frágil a relação entre população e área → as famílias cadastradas
podem se mudar pra outras áreas ao longo do ano e isso dificulta o acompanhamento da população
→ por outro lado, nem sempre a área possui uma unidade de saúde, o que obriga os técnicos a
instalarem sua sede em salas emprestadas de outras instituições ou em unidades de saúde de
outras áreas → as relações entre os agentes e as comunidades não são harmoniosas, pois a própria
política de adscrição de clientela do PSF pressupõe a inclusão de parcelas da população e a exclusão
de outras → então surge uma tensão entre os princípios de adscrição e de universalidade.
- através do PSF pode-se perceber 3 tipos de relações de poder, representados como efetivadores
de 3 tipos de território: um território de escuta (na fase de coleta de informações pra se atingir a equidade); um território
administrativo (quando são definidas articulações com outros territórios pra garantir o acesso a equipamentos e instituições
que permitem uma disponibilidade de recursos mais complexos ou complementares); e um território de realizações (quando é
materializada a prestação de serviços no espaço vivido).
- ainda que o PSF centre sua atenção na saúde das famílias,está implícita a necessidade de atuação sobre o ambiente onde estas
vivem → o SIAB (Sistema de Informações de Atenção Básica), sistema de dados alimentado pelo PSF, armazena dados sobre as
famílias por equipe,sem identificação de endereço e nome das pessoas, não facilitando, a visualização, distribuição e localização
das informações de forma desagregada → além disso, impede que os dados gerados pelo programa sejam relacionados aos
demais sistemas de informação em saúde através de um vínculo realizado pra cada pessoa participante do programa.
- prevalece na concepção cartográfica do PSF a territorialização em sua vertente jurídico-política, sem considerar as outras
territorialidades existentes no momento da definição de áreas e microáreas → as dificuldades em incorporar a
multiterritorialidade na prática e nos sistemas de informação prejudicam a intersetorialidade das ações de saúde.

→ O território da Saúde: A organização do sistema de saúde e a territorialização

• a categoria espaço vem sendo usada com ênfase no campo da saúde, dando suporte ao conceito de risco.
- espaços → conjuntos de territórios e lugares onde fatos acontecem simultaneamente, e, suas repercussões são sentidas em
sua totalidade de maneiras diferentes → cada fato é percebido com maior ou menor intensidade de acordo com a organização
sócio-espacial, cultural, político e econômica de cada população que habita e produz nesses lugares → essa multiplicidade de
territórios e lugares modifica a percepção das pessoas sobre os riscos distribuídos espacialmente → as pessoas não são
portadores do risco em si, mas sim de fatores ligados em problemas que se traduzem nas condições gerais de vida, individual e
coletiva, e em função da vulnerabilidade de cada um frente às ameaças a que estão expostos cotidianamente.
- há uma tendência de se utilizar do termo espaço como sinônimo de território → o território é um espaço, mas singularizado:
tem limites que podem ser político-administrativo ou de ação de um determinado grupo de atores sociais; internamente é
relativamente homogêneo,com uma identidade que vai depender da história de sua construção;e é portador de poder – nele se
exercitam e se constroem os poderes de atuação do Estado, das agências e de seus cidadãos → o território é o resultado de
uma acumulação de situações históricas,ambientais,sociais que promovem condições particulares pra produção de doenças.
-espaço-território→local onde se verifica a interação população-serviços→caracteriza-se por uma população específica, vivendo
em tempo e espaço singulares, com problemas e necessidades de saúde determinados, os quais pra sua resolução devem ser
compreendido e visualizado espacialmente por profissionais e gestores das distintas unidades prestadoras de serviços de saúde.
• as divisões territoriais do SUS → o SUS usa várias nomenclaturas e divisões territoriais para operacionalizar suas ações, como:
município, distrito sanitário, microárea, a área de abrangência de unidades de saúde → as bases estruturantes do SUS foram
constituídas a partir de um diagnóstico feito pelo movimento de Reforma Sanitária Brasileira nos anos 70-80, onde se
destacavam as seguintes considerações relativas ao setor e aos serviços por ele ofertados à população:
⁰ desintegração das unidades de saúde, com sobre-oferta de serviços em alguns lugares e ausência em outros;
⁰ excessiva centralização implicando em impropriedades das decisões, pela distância dos locais onde ocorrem os problemas;
⁰baixa cobertura assistencial,com segmentos populacionais excluídos do atendimento (mais pobres e nas regiões mais carentes)
⁰ irresolutividade, desperdício e fragmentação das ações e serviços no enfrentamento aos problemas e necessidades apontadas
nas diferentes regiões e populações brasileiras.
- havia uma distribuição desigual de recursos e serviços de saúde no país → então o SUS estabeleceu princípios doutrinários pra
resolver o problema:universalidade,equidade e integralidade,e,como diretrizes organizacionais:regionalização e municipalização
⁰ regionalização → organização dos serviços segundo níveis de complexidade, localizados em áreas geográficas delimitadas com
populações definidas → pretendia-se oferecer às populações atendimento integral em todos os níveis de complexidade.
⁰ municipalização → traz a noção de território e a necessidade de se delimitar, para cada sistema local de saúde, uma base
territorial de abrangência populacional, na perspectiva de se implantar novas práticas em saúde capazes de responder com
resolutividade, eqüidade e integralidade de ações, às necessidades e aos problemas de saúde de cada área delimitada.
- a articulação entre regionalização e municipalização se dá por meio da descentralização das ações,considerando os serviços de
saúde existentes no município como os principais responsáveis pelo atendimento à sua população → o nível regional composto
por agregados de municípios ou estados atende a população desse polo de atenção→então,um município que tenha um serviço
de maior complexidade, atenção terciária, pode atender a população de vários municípios e estados → mas até hoje ainda não
foi considerada a heterogeneidade dos municípios pro desencadeamento do processo de municipalização → há grandes
disparidades jurídico-políticas, e operacionais entre os municípios.
• Distrito Sanitário como unidade operacional mínima do sistema de saúde → junto com a regionalização e a municipalização
surge a proposta de estruturação dos Distritos Sanitários como uma estratégia pra implementação do SUS, funcionando como
uma unidade operacional básica mínima do Sistema Nacional de Saúde → o processo de distritalização da saúde teve impulso
no Brasil no início dos anos 80, na perspectiva de romper com a lógica autoritária e vertical na organização dos serviços.
- estruturação de distritos sanitários → diretrizes: base territorial definida geograficamente, com uma rede de serviços de
saúde com perfil tecnológico adequado às características epidemiológicas da população distribuída em seu interior; de áreas de
abrangência de unidades de saúde e a adscrição de população aos serviços de saúde → o distrito pode coincidir com o território
do município, ser parte dele ou constituir-se como um consórcio de municípios → assim, constitua-se uma rede articulada e
hierarquizada de serviços com atenção progressiva à saúde da população → o Distrito Sanitário deve ser capaz de resolver todos
os problemas e atender a todas as necessidades em saúde da população de seu território, tendo 3 níveis de atenção à saúde:
⁰ 1o → voltado pro cuidado à saúde individual e coletiva, com ações de promoção e prevenção capazes de resolver a maior parte
dos problemas de saúde da população de seu território.
⁰ 2o → deve oferecer a assistência ambulatorial especializada, pra responder às necessidades de saúde encaminhadas do nível
anterior, dotado de maior resolutividade e capacidade tecnológica ampliada.
⁰ 3o→responsável pela atenção a situações emergenciais,internações e com aparato tecnológico mais complexo e especializado.
- o 1o nível é o único que tem demarcação territorial no interior do distrito → o 2o e o 3o nível de atenção não têm contorno
territorial visível, definindo-se geograficamente a partir da necessidade de atenção da população, mas localizados no território
do distrito que pode estar em um município ou em parte de um município ou vários municípios.
- a proposta do distrito sanitário é possibilitar a estruturação dos serviços de saúde em diferentes escalas territoriais, ou seja,
propiciar aos sistemas de saúde no âmbito do estado, do município, da região, do bairro, a oportunidade de se estruturarem pra
dar cobertura a uma determinada população em um território.
- outro aspecto importante da organização do distrito sanitário é sua flexibilidade → pode configurar uma região com um
município pólo, onde se estabelecem fluxos organizados de demanda de serviços de maior complexidade desde municípios
pequenos até a população de assentamentos rurais dispersos, do próprio município ou de outros vizinhos → um distrito pode
também agrupar vários bairros homogêneos internamente ao interior de uma cidade de grande porte.
• os vários territórios do SUS: coexistência ou integração?
- no processo de municipalização podem ser identificados os seguintes territórios:
⁰ território-distrito → delimitação político-administrativa;
⁰ território área → delimitação da área de abrangência de uma unidade ambulatorial;
⁰ território-microárea → delimitada com a lógica da homogeneidade sócio-econômica- sanitária;
⁰ território-moradia → como lugar de residência da família.
- esses níveis territoriais são úteis na organização dos serviços e das práticas de promoção de saúde.
- diferentes do território-distrito e do território-moradia, que tem uma delimitação evidente, o território-área e o território-
microárea compreendem extensões e população indefinidas e sua lógica alude à quantidade de população, e não de famílias
que habitam num determinado recorte, sob a responsabilidade da unidade de saúde.
-avaliando-se as regulamentações operacionais do SUS (Norma Básica da Atenção,NOB/96 e Norma Operacional da Assistência,
NOAS/2002), percebe-se nomenclaturas relacionadas às noções de espaço geográfico e território → na NOB-96, a ênfase é dada
ao processo de municipalização dos serviços, exigindo-se procedimentos que devem ser repassados do estado pra gestão do
município, implicando em repasses financeiros que dão sustentabilidade ao sistema → a NOAS/2002, preocupa-se com a
regionalização da assistência, com retomada do poder do estado, na perspectiva de reorganizar os sistema a partir de pólos de
atenção com maior capacidade de dar respostas aos problemas e necessidades em saúde daquela região.
- na organização da atenção básica, ficam evidentes os termos espaço territorial, área de abrangência de unidade, adscrição de
clientela, referência e contra-referência como a possibilidade de se demarcar um território → o objetivo é compreender a
dinâmica da população, as relações sociais e econômicas e o processo de produção da saúde ou da doença, como resultante da
interação dessas diversas dimensões → depois, deve-se criar condições necessárias pra vigiar, regular, controlar, organizar e
intervir sobre os problemas e necessidades que surgem no território e com a população.
- NOB-96 → propõe o reordenamento do modelo de atenção, estabelecendo vínculos entre os serviços e os usuários por meio
dos sistemas municipais de saúde → pressupõe-se que os estabelecimentos de saúde se organizem em rede, com subsistemas
municipais de saúde orientado segundo os princípios de regionalização e hierarquização → as redes de serviços regionalizadas
ampliam o acesso aos serviços de saúde com qualidade e menor custo,e devem ter como premissas pra integralidade das ações,
a harmonia da oferta, a integração dos serviços e a modernização da atenção pra atender ao princípio da descentralização.
- os serviços municipais devem estar organizados em diferentes níveis de complexidade tecnológica, onde alguns atendem a
outros municípios através do instrumento da Programação Pactuada Integrada (PPI) e da Comissão Intergestora Bipartite (CIB).
- no processo de organização da assistência, o enfoque é a regionalização e a unidade territorial é a Região → ela representa a
fragmentação do território estadual segundo agregados de municípios → a organização dos serviços e da rede assistencial
obedece a critérios de hierarquização administrativa sob a responsabilidade das Secretarias Estaduais de Saúde→a
regionalização da assistência se dá por níveis de complexidades da atenção, baixa, média e alta, dependendo da capacidade
instalada e operacional de cada município habilitado.
- deve se levar em conta o reconhecimento das regiões de saúde em suas singularidades→ a região de saúde deve propiciar a
organização da rede de serviços e ações de saúde pra atender e assegurar os princípios constitucionais de universalidade do
acesso, equidade e integralidade do cuidado, possibilitando a ação cooperativa entre gestores e o fortalecimento do controle
social → a rede de atenção à saúde deve ser pactuada tanto em relação aos recursos (materiais, financeiros e humanos) quanto
no que tange às responsabilidades e ações complementares entre os entes federados
- o conjunto de ações que não são compartilhadas refere-se à Atenção Básica e às ações de vigilância em saúde, as quais devem
ser assumidas e estar sob a responsabilidade exclusiva do município → então, a região de saúde deve estabelecer critérios que
assegurem resolutividade àquele território delimitado, para isso podem ter diferentes formatos, como: regiões intraestaduais,
formadas por mais de um município, dentro de um mesmo estado; regiões intramunicipais, organizadas dentro de um mesmo
município de grande extensão territorial e densidade populacional; regiões interestaduais, formadas a partir de municípios
limítrofes em diferentes estados, e; regiões fronteiriças, organizadas a partir de municípios limítrofes com países vizinhos.
-dependendo da complexidade ou da estratégia de definição das regiões,tem-se sub-regiões dentro das regiões,como:
⁰ região de saúde → base territorial de planejamento, correspondendo a um agregado de municípios;
⁰ microrregiões → sub-regiões de saúde com maior homogeneidade interna, populacional e epidemiológica que demanda ações
específicas;
⁰ módulo assistencial → módulo territorial com resolutividade correspondente ao 1º nível de atenção à saúde, podendo ser
composto por um ou mais municípios;
⁰ município-sede → município do módulo assistencial habilitado na Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde → oferece
todos os serviços à população do município e a outras a ele adscritas;
⁰ município-pólo → referência pra outros municípios em qualquer nível da atenção;
⁰ unidade territorial de qualificação na Assistência à Saúde → unidade mínima de planejamento regionalizada em cada
unidade federada acima do módulo assistencial → região ou microrregião de saúde.
⁰ os territórios do Agente Comunitário de Saúde (ACS) e do Programa Saúde da Família (PSF).
- Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS ) → tem como pressuposto a definição de “área geográfica” pra
implantação do Programa, cuja prioridade são aquelas onde as famílias estejam mais expostas aos riscos de adoecer e morrer, e
onde as condições de vida e a situação de saúde são precárias → o PSF foi criado junto com o PACS em 1991 → dentre as suas
diretrizes, algumas falam sobre a definição de territórios, como: a “adscrição de população”- vinculada a uma unidade básica;
“território de abrangência” -área que está sob a responsabilidade de uma ESF e,a “territorialização” - ferramenta metodológica
que possibilita o reconhecimento das condições de vida e da situação de saúde da população de uma área de abrangência.
- a estratégia Saúde da Família define e é responsável por um recorte territorial, que corresponde à área de atuação das ESF ou
dos ACS →a equipe mínima de uma unidade básica do PSF pra cobrir essa população é composta por 1 médico, uma enfermeira,
1 auxiliar de enfermagem e de 5 a 6 ACS → ainda que o programa focalize o atendimento na saúde das famílias, incluindo
atividades de promoção de saúde, está implícita a atuação sobre os ambientes de reprodução social delas.
• os territórios dos agentes de endemias → o guarda de endemias como agente de vigilância e controle atua em um recorte
territorial → eles fazem visitas em moradias,fazendas,povoados ou localidades rurais pra busca de vetores ou das condições
propícias a sua reprodução.
- uma das questões discutidas atualmente é a possibilidade de ampliar o conteúdo do trabalho desses profissionais de forma
que durante o trabalho de campo consigam avançar na compreensão dos problemas de saúde das famílias e das populações,
além da observação exclusiva dos fatores associados às endemias.
- o uso da categoria território serve pra operacionalização de diferentes situações no campo da saúde:
⁰ distribuir e localizar no espaço unidades de saúde, traduzidas em área de abrangência e acessibilidade a serviços de saúde;
⁰ compreender e analisar o processo saúde-doença, identificando os fatores determinantes e condicionantes em suas múltiplas
dimensões — social, econômica, política, ecológica, cultural;
⁰ delimitar e elaborar diagnóstico da situação de saúde e das condições de vida de uma população de referência;
⁰ identificar necessidades, situações-problemas e populações específicas pras intervenções em saúde;
⁰ localizar e espacializar riscos à saúde e ao ambiente;
⁰ definir a base populacional, o nível de agregação das variáveis (determinantes e condicionantes) e a escala de observação —
base cartográfica, nos estudos epidemiológicos (descritivos e analíticos) e nos epidemiológicos espaciais.
⁰ planejar e alocar recursos (físicos, financeiros, tecnológicos), inclusive pessoas, compatíveis com as necessidades e os
problemas de uma área e população específicas.
- todas essas situações dizem respeito às necessidades que o setor saúde tem de promover e proteger a saúde das populações,
buscando estratégias pra vigiar, controlar e prevenir riscos e agravos à saúde, decorrentes das condições da existência humana.
• territorialização e serviços de saúde: desafios operacionais → o processo de elaboração de diagnósticos territoriais de
condições de vida e situação de saúde deve estar relacionado ao trinômio estratégico: informação-decisão-ação → a fase de
informação faz parte do processo de obtenção de dados primários e de sua sistematização, com objetivo descritivo → as
categorias escolhidas pra análises, devem explicitar com maior certeza o problema identificado, pra conduzir e facilitar o
processo de tomada de decisão → na fase da ação são definidas estratégias “diferentes dimensões do processo de saúde-
doença”, ou seja, em termos das necessidades sociais; nos grupos de risco; na situação de exposição; nos danos e óbitos;
seqüelas; e nas doenças e agravos.

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