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A TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

Paulo de Sousa Mendes Professor Associado da FDUL

Claus Roxin e a teoria da imputação objetiva

 Um agente só não deve ser responsabilizado por crime negligente nos casos em que seja indiscutível que o
respeito pela norma de cuidado concretamente violada – respeito esse que o agente, de facto, não teve – Não
teria evitado a verificação do resultado típico.

 Quando isso não for seguro, concluí-se então que o agente, mediante o seu comportamento negligente, aumentou
o risco para o bem jurídico protegido, tornando‐se assim responsável pela produção do resultado típico.

LINHAS MESTRAS DA TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

Um resultado causado pelo agente só deve ser imputado como sua obra e preenche o tipo objetivo unicamente quando o
comportamento do autor cria um risco não permitido para o objeto da ação (1), quando o risco se realiza no resultado
concreto (2) e este resultado se encontra dentro do alcance do tipo (3).

em forma simplificada:

 Quando o comportamento do autor cria um risco não permitido para o objeto da ação;
 Quando o risco se realiza no resultado concreto;
 Quando este resultado se encontra dentro do alcance do tipo (Reichweite dês Tatbestandes).

ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE IMPUTAÇÃO OBJETIVA

A CRIAÇÃO DE UM RISCO NÃO PERMITIDO:

• Caso 1: A deseja provocara morte de B. Assim, A aconselha B a fazer uma viagem à Flórida, pois leu que,
ultimamente, vários turistas têm sido assassinados. B segue o conselho e morre assassinado por C.
• Deve A ser punido por homicídio com dolo direto?

A CRIAÇÃO DE UM RISCO NÃO PERMITIDO:

Caso 2: A vai comprar um punhal a uma loja. B,o lojista, pensa consigo: “Talvez ele queira matar alguém...”. B vende-
lhe o punhal, que A usa, de facto, para matar C.
• Deve B ser punido por homicídio com dolo eventual?
SOLUÇÕES:
• Caso 1: Risco geral de vida;

• Caso 2: Princípio da confiança, salvo reconhecível inclinação para o facto (erkennbare Tatgeneigtheit).

A REALIZAÇÃO DO RISCO NÃO PERMITIDO:

• Caso 3: A dispara contra B com intenção de mata‐lo, mas somente o fere.


B é transportado de ambulância, mas ocorre um acidente e morre.
• Deve A ser punido por homicídio?

SOLUÇÃO:
• Caso 3: falta a realização do risco criado pelo tiro, de modo que o resultado morte não pode ser imputado àquele que
efetuou o disparo como obra sua.

O ALCANCE DO TIPO E O PRINCÍPIO DA AUTO-RESPONSABILIDADE:

Caso 4: A Vende heroína a B. Ambos sabem que uma overdose o de matar. B morre.
• Deve A ser punido por homicídio com dolo eventual?

SOLUÇÃO:
• Caso 4: a criação do risco é proibida e verificou‐se a realização do risco criado pela venda da heroína, mas não poderá
ser punida uma participação em uma auto-colocação em perigo por parte da vítima, quando esta tenha uma completa
visão do risco.

OUTRAS CONSEQUÊNCIAS DA TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA:

• A diminuição do risco;
• O risco permitido;
• O fim de proteção da norma de cuidado.

O FIM DE PROTEÇÃO DA NORMA DE CUIDADO EM SEU SIGNIFICADO PARA O CRITÉRIO DA


REALIZAÇÃO DO PERIGO:

• Caso 5: dois ciclistas passeiam um atrás do outro, no escuro, sem estarem com as bicicletas iluminadas. O Ciclista que
vai à frente colide com outro ciclista, vindo da direção oposta.
• O ciclista de trás deve ser punido por ofensas à integridade física negligentes?

SOLUÇÃO:
• Caso 5: A finalidade do dever de iluminação é evitar colisões próprias, não alheias.
O Segundo ciclista não pode ser punido por ofensas à integridade física negligentes, mas só pela contraordenação
praticada.
A ATRIBUIÇÃO AO ÂMBITO DE RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS:

• Caso 6: A bate com o seu automóvel contra uma árvore, por desatenção. Um passageiro fratura a anca esquerda. No
hospital morre por infeção do sangue, decorrente de negligência médica.
• Deve A ser condenado por homicídio negligente?

SOLUÇÃO:
• Caso 6: A fratura da anca não gera perigo de vida. Como A Não pode vigiar o comportamento dos médicos, não deve
responder por aquilo que façam ou deixem de fazer.

A IMPORTÂNCIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA:

• A deslocação do centro de gravidade para o tipo objetivo;


• A reestruturação do ilícito culposo;
• A importância para os delitos dolosos;
• O subjetivo na imputação objetiva.

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