You are on page 1of 32

NOÇÕES DE DIREITO

ADMINISTRATIVO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A organização da Administração Pública Federal está regu-
Professor Bruno Tulim e Silva lamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a
Administração Direta:
Advogado – Graduado em Direito pelo Centro Universitário
Eurípedes de Marília/SP, UNIVEM; com Curso de Atualização em
DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE
Direito pelo Complexo Jurídico Damásio de Jesus; Pós-Graduan-
1967.
do em Direito Administrativo pela Universidade Anhanguera.
Art. 4° A Administração Federal compreende:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços in-
DIRETA E INDIRETA. CENTRALIZAÇÃO. tegrados na estrutura administrativa da Presidência da República
DESCENTRALIZAÇÃO. CONCENTRAÇÃO. e dos Ministérios.
DESCONCENTRAÇÃO.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA – ENTIDADES ADMI-
NISTRATIVAS

É o conjunto de pessoas jurídicas – desprovidas de autonomia


ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA política – que, vinculadas à Administração Direta, têm a
competência para o exercício, de maneira descentralizada, de
A organização do Estado na Constituição do brasileiro é o atividades administrativas. São composta por entidades com per-
termo referente a um conjunto de dispositivos contidos na Cons- sonalidade jurídica própria, que foram criadas para realizar ati-
tituição Federal de 1988, destinados a determinar a organização vidades de Governo de forma descentralizada. São exemplos as
político-administrativa, ou seja, das atribuições de cada ente da Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Eco-
federação. nomia Mista.
O Brasil adotou a Federação como forma de organizar o Es- A organização da Administração Pública Federal está regu-
tado, a Federação é uma aliança de Estados para a finalidade de lamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a
formação de um único Estado, em que as unidades federadas pre- Administração Indireta:
servam parte da sua autonomia política, entretanto a soberania é
transferida ao Estado Federal. Dentro da estrutura organizacional DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE
do Estado Federal Brasileiro temos as seguintes entidades fede- 1967.
rativas: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Além de adotar a federação, institui-se a República que é uma Art. 4° A Administração Federal compreende:
forma de organização política do Estado, na qual os principais ...
agentes do poder político são escolhidos pelo povo atraves do voto. II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes
Dessa maneira, diante das disposições constitucional, o Es- categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica pró-
tado Brasileiro integra a República Federativa do Brasil em um pria:
organico único e indissoluvel, formado pelos Estados, Municípios a) Autarquias;
e distrito Federal, fundamentado na soberania, na cidadania, na b) Empresas Públicas;
dignidade da pessoa humana, nos valores sociais e no pluralismo c) Sociedades de Economia Mista.
politico. d) fundações públicas. Parágrafo único. As entidades com-
De acordo com os ensinamentos do jurista administrativo preendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério
Hely Lopes Meirelles, organização da Administração Pública é em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal
“todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de atividade.
serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”.
De maneira objetiva, temos que Organização da Administra- Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
ção Pública é toda a atividade concreta e imediata desenvolvida I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com per-
pelo Estado para o alcance dos interesses públicos. sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
De maneira subjetiva, podemos afirmar que trata-se do con- atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para
junto de órgãos e de agentes públicos aos quais a lei atribui o exer- seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira des-
cício da função administrativa do Estado. centralizada.
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade
ADMINISTRAÇÃO DIRETA – ENTIDADES POLÍTI- jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital ex-
CAS clusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de con-
É o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas tingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se
de qualquer das formas admitidas em direito.
do Estado (União, estados, municípios e Distrito Federal), aos
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de
quais foi atribuída competência para o exercício, de maneira
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a
centralizada, de atividades administrativas, é composta por órgãos
exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
ligados diretamente ao poder central, seja na esfera federal, esta-
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maio-
dual ou municipal.
ria à União ou a entidade da Administração Indireta.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade A finalidade pode ser de atividade econômica ou de presta-
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude ção de serviços públicos. Trata-se de pessoa jurídica que tem sua
de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades criação autorizada por lei, como instrumento de ação do Estado,
que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito pú- dotada de personalidade de direito privado mas submetida a certas
blico, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido regras decorrente da finalidade pública, constituídas sob qualquer
pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado das formas admitidas em direito, cujo capital seja formado por ca-
por recursos da União e de outras fontes. pital formado unicamente e exclusivamente por recursos públicos
§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a de pessoa de administração direta ou indireta. Pode ser Federal,
regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas municipal ou estadual.
à União, em caráter permanente.
§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Adminis- Sociedade de Economia Mista: É a entidade dotada de perso-
tração Indireta existentes nas categorias constantes deste artigo. nalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a explora-
§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adqui- ção de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima,
rem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União
de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se ou a entidade da Administração Indireta.
lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernen- Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre o Es-
tes às fundações. tado e particulares ambos reunindo e unificando recursos para a
realização de uma finalidade, sempre de objetivo econômico. A
sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica de direito pri-
Assim, temos doutrinariamente:
vado e não se beneficia de isenções fiscais ou de foro privilegiado.
O Estado poderá ter uma participação majoritária ou mino-
Autarquias: É o serviço autônomo, criado por lei, com per-
ritária; entretanto, mais da metade das ações com direito a voto
sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar devem pertencer ao Estado. A sociedade de economia mista é do
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para gênero de sociedade anonima, e seus funcionários são regidos pela
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira des- Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT.
centralizada.
Trata-se de pessoa jurídica de direito público, o que significa Fundação Pública: É a entidade dotada de personalidade ju-
dizer que tem praticamente as mesmas prerrogativas e sujeições da rídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude
administração direta, entretanto, exerce suas atividades adminis- de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades
trativas de forma descentralizada. que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito pú-
O seu regime jurídico pouco se diferencia do estabelecido blico, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
para os órgãos da Admininstração Direta, aparecendo, perante ter- pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por
ceiros, como a própria Administração Pública. recursos da União e de outras fontes.
Difere da União, Estados e Municípios (pessoas públicas po- As fundações públicas são organizações dotadas de
líticas) por não ter capacidade política, ou seja, o poder de criar o personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
próprio direito, é pessoa pública administrativa, porque tem apenas criadas para um fim específico de interesse coletivo, como
o poder de auto-administração, nos limites estabelecidos em lei. educação, cultura e pesquisa, sempre merecedoras de um amparo
Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de administra- legal. As fundações públicas são autonomas admininstrativamente,
ção indireta que está diretamente relacionada à administração cen- patrimônio próprio, e funcionamento custeado, principalmente, por
tral, visto que não pode legislar em relação a si, mas deve obedecer recursos do poder público, mesmo que sob a forma de prestação
à legislação da administração à qual está subordinada. de serviços.
É ainda importante destacar que as autarquias possuem bens e
receita próprios, assim, não se confundem com bens de propriedade CENTRALIZAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO
da Administração direta à qual estão vinculadas. Igualmente,
são responsáveis por seus próprios atos, não envolvendo a Ocorre a centralização administrativa quando o Estado exer-
Administração central, exceto no exercício da responsabilidade ce suas funções diretamente, por meio de seus órgãos e agentes pú-
blicos integrantes, assim, dizemos que a atividade administrativa
subsidiária.
do estado é centralizada quando é exercida pelo próprio Estado, ou
seja, pelo conjunto orgânico que lhe compõe.
Empresa Pública: Trata-se da entidade dotada de personali-
Ocorre a chamada descentralização administrativa quando o
dade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital
Estado desempenha algumas de suas atribuições por meio de ou-
exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade tras pessoas, e não pela sua administração direta. Assim, dizemos
econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de con- que a atividade administrativa do Estado é descentralizada quando
tingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se é exercida por pessoas distintas do Estado, sendo que há transfe-
de qualquer das formas admitidas em direito. rência de competência para a execução do serviço público que lhe
Sendo considerada como pessoa jurídica de direito privado, são pertinentes para seus auxiliares.
cuja administração fica sob responsabilidade exclusivamente pelo A descentralização é efetivada por meio de outorga quando o
Poder Público, instituído por um ente estatal, com a finalidade de- estado cria, por meio de lei, uma entidade ou pessoa jurídica, e a
finida em lei específica e sendo de propriedade única do Estado. ela lhe transfere determinado serviço público.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
De outro modo, a descentralização é efetivada pó meio de Importante ainda esclarecer que a administração pública está
delegação quando a Administração Pública transfere, mediante obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não ape-
contrato administrativo (concessão ou permissão de serviços pú- nas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princí-
blicos), ou por meio de ato unilateral (autorização de serviços pú- pios jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas
blicos), a execução do serviço. pela própria administração pública.

CONCENTRAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO: Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Ad-
ministração Pública tem que manter uma posição de neutralidade
A concentração, ou “concentração de competência”, ou ain- em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem
da “administração concentrada” é o sistema em que o superior mesmo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Administra-
hierárquico mais elevado é o único e exclusivo órgão competente ção pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões pessoais
para tomar decisões, ficando os seus subordinados restritos e limi- ou partidárias, buscando sempre atender ao interesse público.
tados às tarefas de preparação e execução das decisões do superior Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrati-
hierárquico. vo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais
A desconcentração é o fenômeno, ou forma de organização do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclu-
administrativa, de distribuição interna de competências. Diferen- sivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal.
temente da descentralização, que envolve sempre mais de uma Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade possui
pessoa jurídica de direito público, a desconcentração ocorre ex- estreita relação com o também principio constitucional da isono-
clusivamente dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica. mia, ou igualdade, sendo dessa forma vedadas perseguições ou
Trata-se, a desconcentração, de mera técnica administrativa benesses pessoais.
de distribuição interna de competências de uma pessoa jurídica.
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa Princípio da Moralidade: Tal princípio vem expresso na Cons-
política ou uma entidade da administração indireta distribui com- tituição Federal no caput do artigo 37, que trata especificamente da
petências no âmbito de sua própria estrutura com a finalidade de moral administrativa, onde se refere à ideia de probidade e boa-fé.
conferir mais agilidade e eficiência a prestação dos serviços. A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou ao sta-
tus de principio constitucional, dessa maneira pode-se dizer que
um ato imoral é também um ato inconstitucional.
PRINCÍPIOS. A falta da moral comum impõe, nos atos administrativos a
presença coercitiva e obrigatória da moral administrativa, que se
constitui de um conjunto de regras e normas de conduta impostas
ao administrador da coisa pública.
Assim o legislador constituinte utilizando-se dos conceitos da
PRINCÍPIOS BÁSICOS Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do Direito positivo,
como forma de impor à Administração Pública, por meio de juízo
A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esfe- de valor, um comportamento obrigatoriamente ético e moral no
ras, obedece aos princípios gerais e constitucionais da legalidade, exercício de suas atribuições administrativas, através do pressu-
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, como im- posto da moralidade.
põe a norma fundamental do artigo 37 da Constituição da Repúbli- A noção de moral administrativa não esta vinculada às con-
ca Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe em seu caput: vicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a noção de
atuação adequada e ética perante a coletividade, durante a gerência
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qual- da coisa pública.
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalida- Princípio da Publicidade: Por este principio constitucional, te-
de, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”. mos que a administração tem o dever de oferecer transparência de
todos os atos que praticar, e de todas as informações que estejam
Diante de tais princípios expressos constitucionalmente te- armazenadas em seus bancos de dados referentes aos administra-
mos: dos.
Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e
Princípio da Legalidade: Este é o principal conceito para a busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos pratica-
configuração do regime jurídico-administrativo, pois se justifica dos devem ser acessíveis aos cidadãos.
no sentido de que a Administração Pública só poderá ser exercida Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação oficial
quando estiver em conformidade com a Lei. como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei,
O Administrador Público não pode agir, nem mesmo deixar de onde o sigilo deve ser mantido e preservado.
agir, senão de acordo com o que dispõe a Lei.
Para que a administração possa atuar, não basta à inexistência Princípio da Eficiência: Por tal principio temos a imposição
de proibição legal, é necessária para tanto a existência de deter- exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a qualida-
minação ou autorização de atuação administrativa na lei. Os par- de dos serviços que presta ou põe a disposição dos administrados,
ticulares podem fazer tudo o que a Lei não proíba, entretanto a evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação dos
Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei autorizar. serviços.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa O conhecido Poder Vinculado é aquele de que dispõe a admi-
prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais nistração pública para a prática de atos administrativos em que é
econômica, melhorando o custo-benefício da atividade da admi- mínima ou então inexistente a possibilidade de atuação do admi-
nistração pública. nistrador público, em outras palavras é o poder de que ela se utiliza
O administrador deve procurar a solução que melhor atenda quando esta diante de uma situação em que a lei previamente já
aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os recur- vinculou uma única forma de atuação.
sos públicos, evitando dessa forma desperdícios. Dessa maneira, no tocante aos atos vinculados, não é possível
a administração pública formular considerações de oportunidade e
conveniência, sendo certo que sua atuação está limitada nos estri-
PODERES ADMINISTRATIVOS. tos conteúdos legais.
Analisadas as considerações iniciais sobre o Poder Vincula-
do, é possível então concluir que não se trata especificamente de
uma prerrogativa, assim entendida como poder, mas sim como um
PODERES E DEVERES DOS ADMINISTRADOS
dever da administração em cumprir e vincular-se ao que dispõe a
lei, quando não se verifica liberdade do administrador de escolhas.
O poder estatal é o conjunto de prerrogativas públicas confe-
Assim, temos que o poder vinculado da Administração Públi-
ridas ao Estado, para que o mesmo possa atingir os seus objetivos
e metas, é a manifestação do Estado, na execução das atividades ca obriga ao administrador obedecer ao principio da legalidade,
administrativas, que tem como finalidade a proteção do próprio e dessa forma, somente poderá emanar o ato, desde que esteja de
Estado, defendendo os interesses coletivos contra aqueles de natu- acordo com o que dispõe a lei, não havendo flexibilidade sobre a
reza exclusivamente privada. execução do ato, tendo em vista que está diretamente vinculado a
Os poderes da Administração Pública, sob a ótica do Direito lei.
Administrativo, dividem-se em: Poder Vinculado; Poder Discri-
cionário; Poder Hierárquico; Poder Regulamentar e Poder de Po- PODER DISCRICIONÁRIO
lícia. Os referidos poderes do Estado serão estudados em capitulo
próprio. Temos pelo Poder Discricionário aquele mediante o qual o
Importante é não confundir com a tripartição dos Poderes do administrador tem a liberdade de praticar a ação administrativa,
Estado, previsto na Constituição Federal, que assim se dividem: escolhendo por parâmetros de conveniência, necessidade, oportu-
Poder Executivo; Poder Legislativo; Poder Judiciário. nidade e conteúdo do ato, mas dentro dos limites impostos pela lei.
A Administração é dotada de poderes ou prerrogativas instru- A conveniência se identifica quando o ato interessa, convém
mentais que garantem o efetivo desempenho de suas atribuições ou satisfaz ao interesse público. Há oportunidade quando o ato é
que lhe são legalmente definidas. praticado no momento adequado à satisfação do interesse público.
Os poderes administrativos são, portanto, o conjunto de prer- São juízos subjetivos do agente competente que levam a autorida-
rogativas que a Administração Pública possui para alcançar os fins de a decidir, nos termos da lei, que se incumbe de indicar quando
almejados pelo Estado, tais poderes são inerentes à Administração é possível essa atuação.
Pública para que esta possa proteger o interesse público. Encerram O Poder Discricionário tem como base a autorização legal
prerrogativas de autoridade, as quais, por isso mesmo, só podem conferida ao administrador público decida, nos limites da lei, so-
ser exercidas nos limites da lei. bre a conveniência e oportunidade da prática do ato discricionário,
Muito embora a expressão poder pareça apenas uma faculda- bem como de escolher seu conteúdo, sendo passível de análise so-
de de atuação da Administração Pública, o fato é que os poderes bre o mérito administrativo.
administrativos envolvem não uma mera faculdade de agir, mas
A discricionariedade atribuída à Administração trata-se efeti-
sim um dever de atuar diante das situações apresentadas ao Poder
vamente de uma prerrogativa, um poder conferido pela lei à Admi-
Público.
nistração, entretanto, não remete ao livre arbítrio para o exercício
Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de que a
Administração Pública deve agir, na medida em que os poderes de suas atribuições, cabendo, contudo, à Administração a análise
conferidos ao Estado são irrenunciáveis. Entende-se dessa manei- livre da conveniência e da oportunidade para a prática de qualquer
ra a noção de deveres administrativos oriundos da obrigação do ato, obedecidas as regras vinculativas definidas pelo direito posi-
Poder Público em atuar, utilizando-se dos poderes e prerrogativas tivo. A discricionariedade encontra limites na lei, nos princípios
atribuídos mediante lei. gerais de direito e nos preceitos de moralidade administrativa.
O dever de agir está ligado à própria noção de prerrogativas
públicas garantidas ao Estado, que enseja, por consequência, ou- PODER HIERÁRQUICO
tros deveres: dever de eficiência, dever de probidade, dever de
prestar contas, dever de dar continuidade nos serviços públicos, O Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Executivo para
entre outros. distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e a atuação de seus
agentes, estabelecendo assim a relação de subordinação.
PODER VINCULADO: Importante esclarecer que hierarquia caracteriza-se pela exis-
tência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos,
O poder da Administração Pública ocorre por meio de força sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Assim, podemos
vinculante que lhe é imposta e garantida pela Constituição Federal verificar a presença da hierarquia entre órgãos e agentes na esfe-
de 1988, mais precisamente em seu artigo 37, onde há vinculação ra interna da Administração Direta do Poder Executivo, ou então
dos atos administrativos ao princípio da legalidade, ou seja, à força hierarquia entre órgãos e agentes internamente de uma fundação
do enunciado das leis editadas pelo Estado. pública.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes adminis- de inovar o direito previsto em lei, não cria obrigações, apenas
trativos superiores sobre seus subordinados, contendo a prerrogati- explica e detalha o direito, e, sobretudo, uniformiza procedimentos
va de ordenar, fiscalizar, rever, delegar tarefas a seus subordinados. necessários para o cumprimento e execução da lei.
É o poder que dispõe o Executivo para distribuir e organizar O regulamento, portanto, constitui-se em um conjunto de nor-
as funções de seus agentes e órgãos, estabelecendo relação mas que orientam a execução de uma determinada matéria.
de subordinação entre seus servidores, tal subordinação, vale Diante de tais conceitos podemos concluir que o regulamen-
destacar, é de caráter interno, somente é aplicável dentro da própria to é a explicitação da lei em forma de decreto executivo, não se
Administração Pública. inscrevendo como tal os decretos autônomos, até porque não há
A hierarquia estabelece uma ordem de importância gerando em nosso ordenamento jurídico o instituto dos regulamentos au-
forma às relações de coordenação e de subordinação entre os agen- tônomo com força de lei, cuja competência de edição fica sob a
tes públicos, adquirindo assim uma relação de subordinação esca- responsabilidade do Chefe do Poder Executivo.
lonada objetivando a ordem das atividades administrativas.
Para a preservação do principio hierárquico é indispensável PODER DE POLÍCIA:
mencionar que o descumprimento de ordem de superior hierárqui-
co constitui-se em ato ilícito, passível de punição administrativa e A partir da Constituição Federal e das leis em nosso ordena-
penal. Assim o servidor público subalterno deve estrita obediência mento jurídico, foi conferido uma série de direitos aos cidadãos,
às ordens e demais instruções legais de seus superiores. que por sua vez, tem o seu pleno exercício vinculado com o bem
estar social.
PODER DISCIPLINAR Assim, é por meio do Poder de Polícia que a Administração
limita o exercício dos direitos individuais e coletivos com o obje-
O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as tivo de assegurar a ordem pública, estabelecendo assim um nível
infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apura- aceitável de convivência social, esse poder também pode ser deno-
ção regular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas minado de polícia administrativa.
sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. É o poder deferido ao Estado, necessário ao estabelecimento
Decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre to- das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade pública exigem.
dos aqueles que se vinculam à Administração. O principio norteador da aplicação do Poder de Polícia é a
O Poder Disciplinar não pode ser confundido ainda com o
predominância do interesse público sobre o interesse privado.
Poder Hierárquico, porém a ele está vinculado e é correlato. Pelo
O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida a Ad-
descumprimento do poder hierárquico o subalterno pode ser puni-
ministração Pública para, na forma e nos limites legais, condiciona
do administrativa ou judicialmente. É assim a aplicação do poder
ou restringe o uso de bens, exercício de direitos e a pratica de ati-
disciplinar, a faculdade do hierarca de punir administrativamente
vidades privadas, com o objetivo de proteger os interesses gerais
o subalterno, dentro dos limites legais, dessa faculdade de punir
da coletividade.
verifica-se a existência, mesmo que mínima, da discricionariedade
Assim, é a atividade do Estado que consiste em limitar o exer-
administrativa, pois há análise de conveniência e oportunidade.
cício dos direitos individuais em benefício do interesse público.
Também não se confunde com o poder punitivo do Estado,
que é realizado através do Poder Judiciário e é aplicado com fina- Mesmo sendo considerado como poder discricionário da Ad-
lidade social, visando à repressão de crimes e contravenções devi- ministração, o Poder de Polícia é controlado e limitado pelo orde-
damente tipificados nas leis penais. namento jurídico que regulam a atuação da própria Administração,
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva in- isto porque o Estado deve sempre perseguir o interesse público,
terna da Administração Pública e por isso mesmo só abrange as mas sem que haja ofensa aos direitos individuais garantidos por
infrações relacionadas com o serviço público. lei.
Em se tratando de servidor público, as penalidades disciplina- Dessa forma, podemos concluir que o Poder de Polícia é um
res vêm definidas dos respectivos Estatutos. poder de vigilância, cujo objetivo maior é o bem-estar social, im-
Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve pedindo que os abusos dos direitos pessoais possam ameaçar os
obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitu- direitos e interesses gerais da coletividade.
cionais da Administração, entre eles o principio da legalidade e o Decorre, portanto do Poder de Polícia, a aplicação de sanções
principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla para fazer cumprir suas determinações, fundamentadas na lei, e
defesa, do contraditório e do devido processo legal. assim, diversas são as sanções passiveis de aplicação, previstas
nas mais variadas e esparsas leis administrativas, que podem ser
PODER REGULAMENTAR aplicadas no âmbito da atividade de polícia administrativa.

O Poder Regulamentar é o poder inerente e privativo do Chefe Poder de Polícia Administrativa: O Poder de Polícia Adminis-
do Poder Executivo, indelegável a qualquer subordinado, trata-se trativa tem o objetivo principal da manutenção da ordem pública
do poder atribuído ao chefe do Poder Executivo para editar atos, em geral, atuando em situações em que é possível a prevenção
com o objetivo de dar fiel cumprimento ás leis. de possíveis cometimentos de infrações legais, entretanto, poderá
Temos por regulamento como ato normativo, expedido atra- atuar tanto preventivamente como de forma repressiva, porem, em
vés de decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de execu- ambos os casos, a atuação da Policia Administrativa tem a finalida-
ção da lei, ou prover situações não disciplinadas em lei, importante de de evitar e impedir comportamentos dos indivíduos que possam
destacar que o regulamento não tem a capacidade e a competência causar prejuízos para a sociedade.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O Poder de Polícia Administrativa visa à proteção específi- a) Autoexecutoriedade: Constitui prerrogativa aos atos ema-
ca de valores sociais, vedando a práticas de condutas que possam nados por força do poder de polícia a característica autoexecutória
ameaçar a segurança pública, a ordem pública, a tranquilidade e imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre porque as deci-
bem estar social, saúde e higiene coletiva, a moralidade pública, sões administrativas trazem em si a força necessária para a sua
entre outras. auto execução.
Importante esclarecer que o poder de polícia administrativa Os atos autoexecutórios do Poder de Polícia são aqueles que
incide sobre atividades e sobre bens, não diretamente sobre os ci- podem ser materialmente implementados pela administração, de
dadãos, haja vista que não existem sanções aplicadas decorrentes maneira direta, inclusive mediante o uso de força, caso seja neces-
do poder de polícia administrativa que impliquem em restrição ao sário, sem que a Administração Pública precise de uma autoriza-
direito de liberdade das pessoas como detenção e prisão. ção judicial prévia.
Assim, várias são as sanções decorrentes do poder de polí- A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se
cia administrativa, tais como: multa administrativa; demolição de na natureza pública da atividade administrativa, em razão desta,
construções irregulares; apreensão de mercadorias com entrada atendendo o interesse público, assim, a faculdade de revestimento
irregular no território nacional; interdição de estabelecimento co- do ato administrativo pela característica da autoexecução de seus
merciais que estão em desacordo com a lei; embargos administra- próprios atos se manifesta principalmente pela supremacia do in-
tivos a obras, entre outras. teresse coletivo sobre o particular.

Poder de Polícia Judiciária: A Polícia Judiciária desenvolve b) Coercibilidade: Trata-se da imposição coercitiva das deci-
e executa atividades de caráter repressivo e ostensivo, ou seja, sões adotadas pela Administração Pública, objetivando a garantia
possui o dever de reprimir atividades infratoras a lei por meio da do cumprimento, mesmo que forçado, do ato emanado mediante o
atuação policial em caráter criminal, com sua consequente captura Poder de Polícia.
daqueles que infringirem a lei penal. Cumpre esclarecer que todo ato de Polícia tem caráter im-
Assim, a Polícia Judiciária atua em defesa dos preceitos es- perativo e obrigatório, ou seja, temos a possibilidade de a admi-
tabelecidos no Código Penal Brasileiro, com foco em sua atuação nistração pública, de maneira unilateral, criar obrigações para os
nas atividades consideradas crime pela lei penal, tendo caracterís- administrados, ou então impor-lhes restrições.
Dessa forma, não existe ato de polícia de cumprimento facul-
ticas e prerrogativas ostensivas, repressivas e investigativas.
tativo pelo administrado, haja vista que todo o ato adotado com
A atuação da Polícia Judiciária incide sobre as pessoas, sendo
fundamento no Poder de Polícia admite a coerção estatal para fim
exercido pelos órgãos especializados do Estado como a Polícia Ci-
de torná-lo efetivo, sendo certo que tal coerção independe de pré-
vil e a Polícia Militar, sendo certo que tais atividades repressoras
via autorização judicial.
e ostensivas objetiva auxiliar o Poder Judiciário, em sua atividade
jurisdicional, na aplicação da lei em casos concretos, fornecendo
c) Discricionariedade: Os atos discricionários são aqueles que
o conjunto probatório suficiente para condenar ou absolver o cida-
a Administração Pública pode praticar com certa liberdade de es-
dão apresentado a Justiça Pública. colha e decisão, sempre dentro dos termos e limites legais, quanto
ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e con-
Diferenças entre Polícia Administrativa e Polícia Judiciária: veniência administrativa.
Diante dos conceitos e explicações acima formuladas, passamos a Dessa maneira, na edição de um ato discricionário, a legisla-
identificar as principais diferenças entre a atuação da policia admi- ção outorga ao agente público certa margem de liberdade de esco-
nistrativa e a polícia judiciária. lha, diante da avaliação de oportunidade e conveniência da pratica
A Polícia Administrativa é regida pelas normas do Direito do ato.
Administrativo, sendo considerada infração administrativa a não
observância aos preceitos normativos constantes das normas e Limites do Poder de Polícia: Muito embora a Discricionarie-
regulamentos administrativos, enquanto que a polícia judiciária é dade seja característica do ato emanado com fundamento no Poder
regulamentada pelas normas do Direito Penal e Processual Penal. de Polícia, a lei impõe alguns limites quanto à competência, à for-
A atividade de polícia administrativa é executada pelos órgãos ma e aos fins almejados pela Administração Pública, não sendo o
e agentes públicos escalonados e mantidos pela Administração Pú- Poder de Polícia um poder absoluto, visto que encontra limitações
blica, a polícia judiciária por sua vez tem suas atividades executa- legais.
das privativamente por organizações especializadas no combate e Não podemos perder de vista que toda a atuação administra-
repressão a pratica criminosa, ou seja, pela Polícia Civil e Polícia tiva, seja em que esfera for, deve obediência ao principio admi-
Militar. nistrativo constitucional da Legalidade, devidamente previsto no
As penalidades no caso da polícia administrativa incidem artigo 37 da Constituição Federal.
exclusivamente em produtos e serviços, enquanto as penalidades Assim, toda atuação administrativa pautada dentro dos limites
previstas para a atuação da polícia judiciária recaem sobre pessoas, legais, seja quanto à competência do agente que executou a ativi-
podendo em alguns casos ocorrer em face de apreensão de produ- dade administrativa ou então a forma em que foi realizada, será
tos, desde que sejam de origem criminosa. considerada um ato legal e legítimo, desde que atenda o interesse
coletivo.
Características do Poder de Polícia: A doutrina administrati- De outra forma, o ato administrativo que for praticado com
va majoritária considera as principais características do Poder de vícios de competência, ilegalidades, ilegitimidades, ou ainda que
Polícia: contrariem o interesse público, será considerado um ato ilegal, pra-
ticado com abuso ou desvio de poder.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Os limites impostos à atuação do poder de polícia se destinam Competência: O requisito da Competência pode ser definido
a vedar qualquer manifestação administrativa revestida de arbitra- como o poder legal conferido ao agente público para o desempe-
riedade e ilegalidade por parte do agente público, sendo certo que nho regular e específico das atribuições de seu cargo.
todo e qualquer ato administrativo poderá ser levado a analise de A competência é a condição primeira de validade do ato ad-
legalidade pelo Poder Judiciário, que tem o poder jurisdicional de ministrativo, onde deve haver uma análise sobre a incidência ou
anular ato ilegal ou ilegítimo. não da capacidade específica e legalmente definida para a prática
do ato.
Importante observar que a noção de competência do agente,
ATO ADMINISTRATIVO. na esfera do Direito Administrativo, alcança, além do agente, tam-
bém o órgão do Estado que ele representa.
Dessa forma, conclui-se que competência é prerrogativa do
Estado, exercitada por seus agentes, respeitada a hierarquia e dis-
CONCEITO: tribuição constitucional de atribuições.
A competência é um elemento, ou requisito, sempre vincula-
Atos administrativos são espécies do gênero “ato jurídico”, ou do, ou seja, não há possibilidade de escolha na determinação da
seja, são manifestações humanas, voluntárias, unilaterais e desti- competência para a prática de um ato, tendo em vista que tal vin-
nadas diretamente à produção de efeitos no mundo jurídico. culação decorre de lei.
De acordo com os ensinamentos do jurista Celso Antônio Para os estudos sobre o requisito da competência do ato ad-
Bandeira de Mello, ato administrativo pode ser conceituado como: ministrativo, se mostra necessário e oportuno mencionar a exis-
“declaração do Estado (ou de quem lhe faça às vezes – como, por tência das figuras da avocação de competência e a delegação de
exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de competência.
prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurí- A avocação é o ato mediante o qual o superior hierárquico traz
dicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e para si o exercício temporário de certa competência atribuída por
sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”. lei a um subordinado, devendo ser medida excepcional e de caráter
Segundo o conceito formulado por Hely Lopes Meirelles, te- precário, sendo que a avocação não será possível quando se tratar
mos que: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de de competência exclusiva do subordinado.
vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, A delegação, doutro modo é o ato mediante o qual o superior
tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, hierárquico delega para seu subordinado ou a outro órgão, compe-
extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administra- tência que lhe pertence, também tem a característica de ser tempo-
rário e revogável a qualquer momento, devendo seguir os limites
dos ou a si própria”.
previstos em lei,
Para Maria Sylvia Di Pietro, ato administrativo pode ser de-
Nos casos em que houver avocação ou delegação de compe-
finido como: “a declaração do Estado ou de quem o represente,
tência não se verifica a transferência da titularidade da competên-
produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob
cia, apenas o seu exercício. Importante salientar que o ato de dele-
regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Judi-
gação ou avocação de competência é discricionário e revogável a
ciário”.
qualquer momento.
Dessa forma, temos que é por meio do ato administrativo que Quando o agente público ou órgão atua fora, ou além, de sua
a função administrativa se concretiza, sendo toda a exteriorização esfera de competência, temos presente então uma das figuras de
da vontade do Estado, executada pelos agentes públicos, objeti- abuso de poder, ou excesso de poder, que, nem sempre está obri-
vando alcançar o interesse coletivo. gado à anulação do ato, visto que o vício de competência admite
Portanto, ato administrativo é a manifestação ou declaração convalidação, salvo quando se tratar de competência em razão da
da Administração Pública, editada pelo Poder Público, através de matéria ou de competência exclusiva.
seus agentes, no exercício concreto da função administrativa que
exerce, ou de quem lhe faça às vezes, sob as regras de direito pú- Finalidade: Ao editar determinado ato administrativo, o Poder
blico, com a finalidade de preservar e alcançar os interesses da Público deve perseguir o interesse público. É o objetivo principal
coletividade, passível de controle Jurisdicional. que a Administração Pública pretende alcançar com a prática do
ato administrativo.
REQUISITOS E ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRA- Dessa maneira a finalidade do ato deve ser sempre o interesse
TIVO: da coletividade e a finalidade específica prevista em lei para aquele
ato da administração.
A doutrina administrativa é pacifica em apontar cinco requisi- Sendo requisito de validade do ato, é nulo qualquer ato prati-
tos básicos, ou elementos dos atos administrativos: competência, cado visando exclusivamente o interesse privado, ou seja, o desa-
finalidade, forma, motivo e objeto. tendimento a qualquer das finalidades do ato administrativo con-
Além dos requisitos elaborados pela doutrina administrativa, figura vício insanável, com a obrigatória anulação do ato. O vício
aplicam-se aos atos administrativos os requisitos gerais de todos os de finalidade é denominado pela doutrina como desvio de poder,
atos jurídicos perfeitos, como agente capaz, objeto lícito e forma configurando em uma das modalidades do abuso de poder.
prescrita ou não proibida em lei.
Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do ato ad- Forma: é o modo de exteriorização do ato administrativo.
ministrativo, pois o ato que for editado ou praticado em desacordo Todo ato administrativo, em principio, deve ser formal, e a forma
com o que o ordenamento jurídico estabeleça para cada requisito, exigida pela lei quase sempre é escrita, em atendimento inclusive
será, via de regra, um ato nulo. ao principio constitucional de publicidade.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A forma, ou formalidade é o conjunto de exterioridades que Os atributos dos atos administrativos citados pelos principais
devem ser observadas para a regularidade do ato administrativo. autores são: presunção de legitimidade; imperatividade; autoexe-
Assim, temos que todo ato administrativo é formal, pelo que sua cutoriedade e tipicidade.
falta resulta, necessariamente, na inexistência do ato administra-
tivo. Presunção de Legitimidade: A presunção de legitimidade, ou
A forma do ato administrativo pode ser entendido em dois legalidade, é a única característica presente em todos os atos ad-
sentidos, no amplo e no estrito. ministrativos.
Em sentido amplo, a forma do ato administrativo é o procedi- Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se presume
mento previsto em lei para a prática regular do ato. legítimo e, em princípio, apto para produzir os efeitos que lhe são
Seu sentido estrito refere-se ao conjunto de requisitos formais inerentes, cabendo então ao administrado a prova de eventual vício
que devem constar no próprio ato administrativo, de acordo com do ato, caso pretenda ver afastada a sua aplicação, dessa maneira
suas formalidades próprias. verificamos que o Estado, diante da presunção de legitimidade,
não precisa comprovar a regularidade dos seus atos.
Motivo: É a causa imediata do ato administrativo, é a situação Dessa maneira, mesmo quando eivado de vícios, o ato admi-
fática, ou jurídica, que determina ou possibilita a atuação adminis- nistrativo, até sua futura revogação ou anulação, tem eficácia plena
trativa, razão pela qual todo ato administrativo deve ser motivado, desde o momento de sua edição, produzindo regularmente seus
assim temos que o motivo é elemento integrante do ato. efeitos, podendo inclusive ser executado compulsoriamente.
O motivo do ato administrativo não se traduz apenas como um
elemento, mas também como um pressuposto objetivo do ato em Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato admi-
si, pois o motivo que deu origem ao Ato Administrativo tornou-se nistrativo, temos a possibilidade de a administração pública, de
regra jurídico-administrativa obrigatória. maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou en-
Diante da possibilidade legal de controle externo do ato ad- tão impor-lhes restrições.
ministrativo (exercido pelo Poder Judiciário e Poder Legislativo) Importante esclarecer que nem todos os atos administrativos
analisando a legalidade e legitimidade dos atos, a doutrina ad- são revestidos de imperatividade, mas, da mesma forma que ocor-
re relativamente à presunção de legitimidade, os atos acobertados
ministrativa formulou a teoria dos motivos determinantes, que
pela imperatividade podem, em princípio, ser imediatamente im-
vincula a realização do ato administrativo com os motivos que o
postos aos particulares a partir de sua edição.
originaram, sendo certo que o ato deve ser praticado por agente
competente e de acordo com as determinações legais.
Autoexecutoriedade: O ato administrativo possui força exe-
A teoria dos motivos determinantes vincula a existência e a
cutória imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre porque
pertinência dos motivos (fáticos e legais) à efetiva realização do
as decisões administrativas trazem em si a força necessária para a
ato, demonstrando os motivos que declarou como causa determi-
sua auto execução.
nante a prática do ato.
A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-
Dessa maneira, caso seja comprovada a não ocorrência do -se na natureza pública da atividade administrativa, cujo principal
motivo ou a situação declarada como determinante para a prática objetivo é o atendimento ao interesse público.
do ato, ou então a inadequação entre a situação ocorrida e o motivo Assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela
descrito na lei, o ato será nulo. característica da autoexecução de seus atos se manifesta princi-
Não se pode confundir Motivo com Motivação, visto que Mo- palmente pela supremacia do interesse coletivo sobre o particular.
tivação é a declaração expressa dos motivos que determinaram e Os atos autoexecutórios são aqueles que podem ser
justificaram a prática do ato administrativos. materialmente implementados pela administração, de maneira di-
reta, inclusive mediante o uso de força, caso seja necessário, sem
Objeto: O objeto é o próprio conteúdo material do ato. O ob- que a Administração Pública precise de uma autorização judicial
jeto do ato administrativo identifica-se com o seu conteúdo, por prévia.
meio do qual a administração manifesta sua vontade, ou simples-
mente atesta situações preexistentes. Tipicidade: Para a Profª. Maria Sylvia Di Pietro, a tipicidade
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, o objeto do é: “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a
ato administrativo “é aquilo que o ato dispõe, isto é, o que o ato figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir de-
decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurídica” terminados resultados”.
Pode-se dizer que o objeto do ato administrativo é a própria Visando a segurança jurídica aos administrados, o atributo da
alteração na esfera jurídica que o ato provoca, é o efeito jurídico tipicidade garante que o ato administrativo deve corresponder a fi-
imediato que o ato editado produz. guras previamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico vigente.

ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS:

Entende-se por atributos as qualidades ou características dos Atos Gerais e Atos Individuais: Os atos administrativos gerais
atos administrativos, uma vez que requisitos dos atos administra- caracterizam-se por não possuir destinatários diretos e determina-
tivos constituem condições de observância obrigatória para a sua dos, apresentam apenas situações normativas aplicáveis a todos
validade, os atributos podem ser entendidos como as característi- os administrados e hipóteses fáticas que se enquadrem nos casos
cas dos atos administrativos. descritos de forma abstrata.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim, é possível dizer que tais atos possuem como caracte- Os atos discricionários são aqueles que a Administração Pú-
rística a generalidade e abstração. blica pode praticar com certa liberdade de escolha e decisão, sem-
Os atos administrativos individuais são aqueles que possuem pre dentro dos termos e limites legais, quanto ao seu conteúdo,
destinatário final certo e determinado, produzindo seus efeitos de seu modo de realização, sua oportunidade e conveniência admi-
maneira direta e concreta e de forma individualizada, seja consti- nistrativa.
tuindo ou declarando situações jurídico-administrativa particula- Dessa maneira, na edição de um ato vinculado a administra-
res. O ato individual pode ter um único destinatário – ato singular ção Pública não dispõe de nenhuma margem de decisão, sendo
– ou então diversos destinatários, desde que determinados e iden- que o comportamento a ser adotado pelo Administrador está re-
tificados – atos plúrimos. gulamentado em lei, enquanto na edição de um ato discricionário,
a legislação outorga ao agente público determinada margem de
liberdade de escolha, diante da avaliação de oportunidade e conve-
Atos Internos e Atos Externos: Atos administrativos internos, niência da pratica do ato.
são aqueles destinados a produzir efeito somente no âmbito da Ad- Neste sentido, oportuno esclarecer a expressão “Mérito Ad-
ministração Publica, atingindo de forma direta e exclusiva seus ministrativo”. O mérito do ato administrativo não é considerado
órgãos e agentes. requisito para a formação do ato, mas tem implicações com o mo-
Atos administrativos externos são os que atingem os cidadãos tivo e o objeto do ato, e consequentemente, com as suas condições
administrados de forma geral, criando direitos ou obrigações ge- de validade e eficácia.
rais ou individuais, declarando situações jurídicas. Para esses atos O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na valo-
é necessário que haja a publicação em imprensa oficial, como con- ração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Ad-
dição de vigência e eficácia do ato. ministração incumbida de sua prática quando autorizada a decidir
sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar.
Atos Simples, Complexo e Composto: Ato administrativo O merecimento é aspecto pertinente apenas aos atos admi-
simples é aquele que decorre de uma única manifestação de von- nistrativos praticados no exercício de competência discricionária.
Nos atos vinculados não há que se falar em mérito, visto que toda
tade, de um único órgão, unipessoal ou mediante apreciação de
a atuação do Poder Executivo se resume no atendimento das im-
colegiado. Assim, o ato simples esta completo somente com essa
posições legais. Quanto ao mérito administrativo a Administração
manifestação, não dependendo de outra, seja concomitante ou pos- decide livremente, e sem possibilidade de correção judicial, salvo
terior, para que seja considerado perfeito, não dependendo ainda quando seu proceder caracterizar excesso ou desvio de poder.
de manifestação de outros órgãos ou autoridades para que possa
produzir seus regulares efeitos. ESPÉCIES:
Ato administrativo complexo é o que necessita, para sua for-
mação e validade, da manifestação de vontade de dois ou mais Segundo a doutrina majoritaria administrativa, podemos agru-
órgãos, ou autoridades, diferentes. par os atos administrativos em 5 cinco espécies:
Ato administrativo composto é aquele cujo conteúdo resulta
de manifestação de um só órgão, mas a sua edição ou a produção Atos normativos: São aqueles que contém um comando geral
de seus regulares efeitos dependem de outro ato que o aprove. A do Executivo visando ao cumprimento de uma lei. Podem apre-
atribuição desse outro ato é simplesmente instrumental, visando sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção
a autorizar a prática do ato principal, ou então conferir eficácia
(decreto de nomeação de um servidor).
a este. Ressalta-se que o ato acessório ou instrumental em nada
São atos normativos: o decreto; o regimento; e a resolução.
altera o conteúdo do ato principal.
Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o
Ato Válido, Ato Perfeito e Ato Eficaz: Ato válido é o que esta funcionamento da Administração e a conduta funcional de seus
em total conformidade com o ordenamento jurídico vigente, aten- agentes. São ordinatórios os atos administrativos que disciplinam
dendo as exigências legais e regulamentares impostas para que se- e regram o funcionamento dos órgãos da Administração Pública e
jam validamente editadas, não contendo qualquer vício ou defeito, orientam os rocedimentos adotados pelos agentes públicos.
irregularidades ou ilegalidades. De acordo com Hely Lopes de Meirelles: “são aqueles que
Ato administrativo perfeito é o qual está pronto, acabado, que só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os ser-
já esgotou e concluiu o seu ciclo, foram exauridas todas as etapas vidores hierarquizados à chefia que os expediu. Não obrigam aos
de formação, já esgotaram todas as fases necessárias para a sua particulares, nem aos funcionários subordinados a outras che-
produção. fias.”
Ato administrativo eficaz é aquele que já está disponível e Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos
por chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam
apto a produzir seus regulares efeitos, sendo capaz de atingir sua
aos particulares.
plenitude e alcance. São atos ordinatórios: as instruções; as circulares; os avisos;
as portarias; as ordens de serviço; os ofícios e os despachos.
Atos Vinculados e Discricionários: Os atos vinculados são
os que a Administração Pública pratica sem qualquer margem de Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declaração
liberdade de decisão, tendo em vista que a lei previamente deter- de vontade da Administração apta a concretizar determinado
minou a única medida possível de ser adotada sempre que se con- negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas
figure a situação objetiva descrita em lei. condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Muito embora apresentem interesses de ambas as partes, ex- Neste sentido o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Sú-
ternando a manifestação de vontades entre a administração e o mula 473 que assim garante: A administração pode anular seus
administrado, o ato administrativo negocial possui natureza uni- próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
lateral, visto que são editados pela Administração Pública, sob as porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
normas do direito público, assim, a vontade do destinatário não de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiri-
é relevante para a formação do ato negocial, visto que necessita dos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
apenas de provocação, e depois a aceitação da vontade externada Assim, o ato administrativo é considerado extinto quando
pelo Poder Público. ocorrer às principais formas de extinção.
São atos negociais: a licença; autorização; permissão; aprova-
ção; admissão; homologação e a dispensa. Revogação: é modalidade de extinção de ato administrativo
que ocorre por razões de oportunidade e conveniência da Adminis-
Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administração tração Pública, atendido o interesse coletivo.
se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião A Administração Pública pode revogar um ato quando enten-
sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e der que, embora se trate de um ato válido, que atenda a todas as
arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao prescrições legais, não atende adequadamente ao interesse público
motivo e ao conteúdo. no caso concreto.
Segundo Hely Lopes de Meirelles temos que “aos atos enun- Assim, temos que a revogação é a retirada, do mundo jurídico,
ciativos embora não contenham uma norma de atuação, nem or- de um ato válido, mas que, por motivos de oportunidade e conve-
denem a atividade administrativa interna, nem estabeleçam uma niência (discricionariedade administrativa), tornou-se inoportuno
relação negocial entre o Poder Público e o particular, enunciam, ou inconveniente a sua manutenção.
porém, uma situação existente, sem qualquer manifestação de Importante esclarecer que a medida de revogação de ato ad-
vontade da Administração”. ministrativo é ato exclusivo e privativo da Administração Pública
Não há, no ato enunciativo, o estabelecimento de uma relação que praticou o ato revogado. Assim, o Poder Judiciário em hipó-
jurídica, justamente por não conter uma manifestação de vontade tese alguma poderá revogar um ato administrativo editado pelo
do Poder Público, mas sim enunciando um fato ja existente. Poder Executivo ou Poder Legislativo. Tal imposição decorre do
São atos enunciativos: a certidão; o atestado e o parecer. Princípio da Autotutela do Estado em revogar seus próprios atos,
de acordo com sua vontade.
Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta O ato revogatório não retroage para atingir efeitos passados
pela lei e aplicada pela Administração, visando a punir as infrações do ato revogado, apenas impedindo que este continue a surtir efei-
administrativas e condutas irregulares de servidores ou de tos, assim, temos que a revogação do ato administrativo opera com
particulares perante a Administração. o efeito “ex nunc”, ou seja, os efeitos da revogação não retroagem,
Possuem o objetivo, de acordo com os ensinamentos de Hely passando a gerar seus regulares efeitos a partir do ato revogatório.
Lopes de Meirelles “de unir e reprimir as infrações administra-
tivas ou a conduta irregular dos servidores ou dos particulares Anulação: ocorre quando um ato administrativo estiver eivado
perante a Administração”. de vícios, relativos à legalidade ou legitimidade.
Pode-se concluir então que os atos punitivos podem ser ex- Assim que os vícios forem identificado pela própria Adminis-
ternos, quando aplicados aos administrados; e internos, quando tração Pública, esta poderá anulá-lo de ofício. É possivel ainda que
aplicados aos servidores da própria administração. algum cidadão identifique os vícios e ilegalidades do ato adminis-
São atos punitivos externos: multa; interdição de atividades; trativo e comunique a Administração Pública, que poderá anulá-lo.
destruição de coisas; demolição administrativa; a cassação e o con- A anulação do ato administrativo quando estiver com vícios
fisco. de ilegalidade ou ilegitimidade poderá ocorrer ainda por decisão
São atos punitivos internos: o afastamento preventivo de ser- fundamentada do Poder Judiciário. Entretanto, o Poder Judiciário
vidor investigado; advertencia; suspensão; demissão e a cassação não poderá atuar de oficio, deverá aguardar a impetração de medi-
de aposentadoria. da judicial por qualquer interessado na anulação do ato.
O controle de legitimidade ou legalidade deverá ocorrer em
EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO: sua forma, nunca em relação ao mérito do ato administrativo.
Importante esclarecer que nem todo ato administrativo que
O ato administrativo vigente permanecerá produzindo seus estiver com vício de legalidade ou legitimidade deverá obrigató-
efeitos no mundo jurídico até que algo capaz de alterar essa con- riamente ser anulado, antes deve ser verificado se tal vício é sa-
dição ocorra. nável ou insanável. Assim, quando se verificar que trata-se de um
Uma vez publicado e eivado de vícios, terá plena vigência vício insanável, a anulação do ato deve ser obrigatória, entretanto,
e deverá ser cumprido, em atendimento ao atributo da presunção quando se tratar de um vício sanável, o ato poder ser anulado ou
de legitimidade, até o momento em que ocorra formalmente a sua convalidado, de acordo com a discricionariedade conferida à Ad-
extinção, por meio da Anulação ou Revogação do Ato Adminis- ministração Pública, que irá efetuar análise de oportunidade e con-
trativo. veniência da manutenção dos efeitos do ato administrativo.
O desfazimento do ato administrativo poderá ser resultante A anulação age retroativamente, ou seja, todos os efeitos pro-
do reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios em sua forma- vocados pelo ato anulado também são nulos, daí surge o denomi-
ção, ou então poderá ser declarada a falta de necessidade de sua nado efeito “ex tunc”, que significa dizer justamente que, com a
validade. anulação, os efeitos do ato retroage desde a sua origem.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
De outro lado, temos outro objetivo do procedimento admi-
PROCESSO ADMINISTRATIVO. nistrativo, que é a transparência das atividades administrativas
durante o processo. Tal objetivo visa alcançar e complementar a
garantia da defesa jurisdicional, tendo em vista que durante seu
curso processual, a autoridade administrativa deve buscar a toma-
CONCEITO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO da da decisão mais bem informada, mais responsável, auxiliando
dessa maneira a adoção da melhor solução para os interesses públi-
Conceitualmente, temos que processo administrativo, ou en- cos, que somente será possível com a organização sistemática do
tão, procedimento administrativo é uma sucessão concatenada de procedimento adotado, conferindo transparência aos atos adminis-
atos administrativos, que transitam todos para um único resultado trativos processuais, pautados na justiça e obediência a legislação.
final e conclusivo.
Assim, para existir o processo administrativo é necessário que FASES DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
haja uma sequência de atos encadeados, ordenados entre si, obje-
tivando um ato derradeiro, todavia, cumpre esclarecer que, apesar Durante o procedimento administrativo, conforme ensina o
de estarem ligados entre si, cada ato conserva em sua essência sua Ilustre Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, verifica-se a pre-
identidade funcional própria, dessa forma, cada ato cumpre uma sença de diferentes fases processuais. Assim, temos a sistematiza-
função especifica e autônoma, porém são organizadas de tal ma- ção das fases divididas e escalonadas da seguinte maneira:
neira, que é possível alcançar uma expressão decisiva a respeito de
determinada matéria. - Fase de iniciativa, ou propulsória;
- Fase instrutória;
REQUISITOS DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATI- - Fase dispositiva;
VO - Fase controladora ou integrativa, e;
- Fase de comunicação
A doutrina administrativa identifica e admite 03 requisitos es-
senciais para a formação do procedimento administrativo, quais Fase iniciativa ou propulsória: Tal fase corresponde ao impul-
são:
so que inicia o processo, que tanto poderá ser gerado pelo adminis-
trado, quando requer uma autorização, licença ou então uma per-
- Inicialmente é necessário que cada ato administrativo que
missão, ou então poderá ser produto de uma decisão administrativa
compõe a cadeia sequencial do procedimento possua autonomia,
“ex officio”, que é exatamente o que ocorre quando a administra-
individualidade jurídica, objetivando conservar sua identidade
ção pública inicia a abertura de um concurso público para preen-
própria;
chimento de cargos, ou então o início de uma licitação pública;
- Em uma segunda etapa da formação do procedimento admi-
Fase Instrutória: Em sequencia passamos pela fase instrutória,
nistrativo, estes diversos atos devem estar encadeados, concatena-
na qual a Administração Pública deve escolher os elementos que
dos de maneira sequencial, com o objetivo de alcançar a conclusão
sobre determinada matéria; serão utilizados como subsídios para a tomada mais acertada da
decisão final.
- Ao final, temos como terceiro requisito, a existência da re- Importante esclarecer que nesta fase deverá ser ouvido aque-
lação de causalidade, entre os diversos atos administrativos, que, le que será diretamente atingido pela decisão final da autoridade
de acordo Celso Antônio Bandeira de Mello, “um determinado ato administrativa, e ainda a demonstração de todos os elementos pro-
suponha o anterior e o ato final suponha a todos eles”. batórios necessários para formar o convencimento da autoridade
julgadora do procedimento administrativo.
OBJETIVO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO É exatamente neste estágio do procedimento que é ofertado
a possibilidade de fazer averiguações, perícias, exames, estudos
De maneira acertada, os doutrinadores administrativos identi- técnicos, pareceres, e todo e qualquer elemento probatório;
ficaram dois objetivos principais do procedimento administrativo:
Fase dispositiva: Pela fase dispositiva temos que é o momento
- resguardar o direito dos administrados do procedimento administrativo na qual a Administração Pública
irá explanar a sua decisão, fundamentando todos os tópicos de sua
- tornar a atuação administrativa mais transparente e organi- sentença final, decidindo então a questão.
zada
Fase controladora ou integrativa: É nesta fase que é disponibi-
Assim, temos inicialmente que o primeiro objetivo da rea- lizado as autoridades administrativas diversas que tiveram partici-
lização do procedimento administrativo, é justamente ofertar ao pação no procedimento administrativo, para avaliarem de maneira
administrado a possibilidade de suas razões serem levadas em objetiva se houve o satisfatório transcurso das varias fases proces-
consideração, antes mesmo da tomada de decisão, pela autoridade suais, e ainda se o que foi decidido esta de acordo com o interesse
administrativa, que irá afetá-lo diretamente. público e se devem confirmar ou não a decisão final.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Fase de comunicação: Por fim, temos a fase de comunicação, - Princípio da celeridade processual: Este princípio norteador
em que a providencia conclusiva, ou seja, a decisão confirmada do processo administrativo orienta a administração pública em
pelas autoridades administrativas deve ser transmitida pelos meios atuar no processo com presteza e célere, a fim de garantir duração
de comunicação que a lei exigir para cada caso, objetivando dar razoável do processo durante sua tramitação.
publicidade das decisões administrativas, com seus fundamentos.
- Princípio da gratuidade: Este princípio tem a finalidade de
PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATI- garantir que o procedimento administrativo não seja motivo de
VO. ônus econômicos ao administrado, para que assim, a falta de recur-
sos econômicos e financeiros não sejam motivos de impedir que o
Não existe em nosso ordenamento jurídico lei reguladora es- administrado figure em qualquer dos pólos do processo.
pecifica que cuida de identificar de forma taxativa quais são os
princípios norteadores do procedimento administrativo, entretan-
to, em análise a Constituição Federal e as demais legislações ad- SERVIDORES PÚBLICOS.
ministrativas esparsas, podemos facilmente identificar alguns prin-
cípios passiveis de adoção no processo administrativo, os quais
serão objetos do presente estudo.
SERVIDORES PÚBLICOS EM SENTIDO AMPLO E
- Princípio da audiência do interessado: Por tal princípio veri- EM SENTIDO ESTRITO
ficamos a incidência de um direito fundamental de todo acusado,
previsto constitucionalmente, que é o do contraditório, que não se
Servidores Públicos em Sentido Amplo: Servidores públicos,
deve resumir em uma única manifestação durante todo o transcur-
em sentido amplo, no entender de Hely Lopes Meirelles, são todos
so do procedimento, mas deve a parte que será afetada pela deci-
são ter oportunidade de se manifestar durante todo o procedimento os agentes públicos vinculados à Administração Pública, direta e
administrativo. indireta, do Estado, mediante regime jurídico estatutário regular,
geral ou peculiar, ou administrativo especial, ou, ainda, celetista,
- Princípio da acessibilidade: Deve estar à disposição e acessí- que é regido pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que
vel á parte interessada o exame de toda a documentação constantes possui natureza profissional e empregatícia.
dos autos do procedimento administrativo, não podendo ser obs- Aponta o estudioso que a classificação dos servidores públi-
tada vista dos autos a parte interessada, bem como os documentos cos em sentido amplo gera divergências doutrinárias. Conforme
que o compõe, com o objetivo de ter conhecimento pleno de todo a Constituição Federal, de acordo com a redação resultante da
o teor do procedimento. Emenda Constitucional nº 19, denominada de Emenda da Refor-
ma Administrativa, bem como da Emenda Constitucional nº 20,
- Princípio da ampla instrução probatória: Por tal princípio, os servidores públicos são classificados em quatro espécies, quais
temos o direito do administrado, não apenas de oferecer e produzir sejam: agentes políticos, servidores públicos em sentido estrito ou
provas durante o tramite processual, mas também o poder de fisca- estatutários, empregados públicos e os contratados por tempo de-
lizar a produção das provas por parte da Administração, objetivan- terminado.
do sanar equívocos e se defender de provas duvidosas.
Servidores Públicos em Sentido Estrito: Na definição do ju-
- Princípio da motivação: Este princípio vincula obrigatoria- rista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos que são servidores
mente a administração pública em explicitar tanto o fundamento públicos: “Todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profis-
normativo quanto o fundamento fático da decisão prolatada duran- sional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou
te o procedimento administrativo, bem como em sua decisão final. empregos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, res-
pectivas autarquias e fundações de Direito Público. Em suma: são
- Princípio da revisibilidade: Tal princípio consiste simples- os que entretêm com o Estado e com as pessoas de Direito Público
mente no direito do administrado recorrer de decisão administra- da Administração indireta relação de trabalho de natureza profis-
tiva que lhe seja desvaforável, seja em sua totalidade ou em parte.
sional e caráter não eventual”.
Em outras palavras, podemos definir servidor público como
- Princípio da representação: Durante o trâmite processual, é
aqueles que gozam da titularidade de cargos públicos de provi-
lícito ao administrado requerer o acompanhamento de determina-
das peças técnicas de auxiliar capacitado para lhe representar e mento efetivo ou de provimento de cargo em comissão, são agen-
assessorar. tes administrativos, de caráter estatutário.

- Princípio da lealdade e boa-fé: Temos por este princípio que REGIME ESTATUTÁRIO
a administração, em todo o trâmite processual esta obrigada a agir
de maneira leal, em obediência a boa-fé administrativa, ficando DA ADMISSÃO: CONCURSO PÚBLICO
proibida adoção de medidas ardilosas, capazes de colocar o ad-
ministrado em nível de inferioridade no transcorrer do processo. A Constituição Federal prevê que é amplo o acesso aos cargos
e empregos públicos aos brasileiros que cumpram os requisitos
- Princípio da verdade material: Consiste no fato da adminis- previstos em lei, assim como aos estrangeiros (pois há cargos pú-
tração pública demonstrar a verdade real dos fatos, independente blicos que somente poderão ser preenchidos por brasileiros natos
das provas apresentadas nos auto do procedimento administrativo. ou naturalizados), mediante a realização e aprovação em concurso

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
público de provas ou provas e títulos, exceto para a contratação de O exercício do cargo é consequência natural da posse. Nor-
cargo de provimento em comissão, os quais são livres a nomeação malmente, a posse e o exercício são dados em momentos suces-
e a exoneração, de acordo com a conveniência e oportunidade ve- sivos e por autoridades diversas, mas casos há em que se reúnem
rificada pela Autoridade Administrativa. num só ato, perante a mesma autoridade. É o exercício que marca
A obrigatoriedade de concurso público é somente para a o momento em que o funcionário passa a desempenhar formal-
primeira investidura em cargo ou emprego público, isto é, para mente e de acordo com a lei suas funções e ainda adquire direito
o ingresso em cargo isolado ou no cargo inicial da carreira, nas às vantagens do cargo e à contraprestação pecuniária devida pelo
entidades estatais, suas autarquias, suas fundações públicas e suas Poder Público.
paraestatais. Com a posse, o cargo fica provido e não poderá ser ocupado
O concurso é o meio técnico posto à disposição da Adminis- por outrem, mas o provimento só se completa com a entrada em
tração Pública para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoa- exercício do nomeado. Se este não o faz na data prevista, a nomea-
mento do serviço público propiciando igualdade de oportunidade ção e, assim, consequentemente, a posse tornam-se ineficazes, o
a todos os interessados no ingresso da carreira pública, desde que que, devendo assim ser declarada, pela autoridade competente, a
vacância do cargo.
atendam aos requisitos da lei, consoante determina a Constituição
Federal.
DO PROVIMENTO:
Após a realização do concurso segue-se o provimento do car-
go, através da nomeação do candidato aprovado.
Ato administrativo no qual o cargo público é preenchido, po-
Importante ressaltar que a exigência de aprovação prévia em dendo ser provimento efetivo ou em comissão.
concurso público implica a classificação dos candidatos e nomea- Assim, provimento é o ato pelo qual se efetua o preenchimen-
ção na ordem dessa classificação, haja vista que não basta, pois, to do cargo público, com a designação de seu titular. O provimento
estar aprovado em concurso para ter direito à investidura, visto pode ser originário ou inicial e derivado.
que é necessária também é que esteja classificado e na posição Provimento inicial é o que se faz através de nomeação, que
correspondente às vagas existentes, durante o período de validade pressupõe a inexistência de vinculação entre a situação de serviço
do concurso, que é de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado anterior do nomeado e o preenchimento do cargo. Assim, tanto
por igual período, uma única vez. é provimento inicial a nomeação de pessoa estranha aos quadros
O concurso público deve ser realizado com observância ao do serviço público quanto a de outra que já exercia função públi-
tratamento impessoal e igualitário aos interessados e concorrentes ca como ocupante de cargo não vinculado àquele para o qual foi
do certame. Cumpre ressaltar que o concurso público dever ser nomeada.
provas ou provas e títulos, ou seja, não basta para a aprovação do Entretanto o provimento derivado, que se faz por promoção,
candidato a cargos efetivos ou empregos públicos a análise basea- remoção, reintegração, readmissão, enquadramento, aproveita-
da exclusivamente em títulos ou currículos, mas sim precedidos da mento ou reversão, é sempre uma alteração na situação de serviço
realização de provas, objetivando aferir o melhor e mais preparado do provido.
candidato postulante de cargo ou emprego público. Segundo a classificação aceita pelo Supremo Tribunal Fede-
As entidades estatais são livres para organizar seu pessoal ral, as formas de provimento são:
para o melhor atendimento dos serviços e cargos, mas a organi-
zação deve ser fundamentada em lei, prevendo as devidas compe- - Originárias: não decorre de qualquer vínculo anterior entre o
tências e observâncias das normas constitucionais pertinentes ao servidor e a administração (única forma é a nomeação)
funcionalismo público.
É facultado ao Poder Executivo, através de ato administrativo - Derivadas: decorre de vínculo anterior entre servidor e a ad-
extinguir cargos públicos na forma da Lei bem como praticar ministração (são: promoção, readaptação, reversão, aproveitamen-
os atos de nomeação, remoção, demissão, punição, promoção, to, reintegração e recondução).
licenças, aposentadorias, lotação e concessão de férias.
DA VACÂNCIA DE CARGOS PÚBLICOS:
A nomeação é o ato de provimento de cargo, que se completa
com a posse e o exercício.
Ocorre a vacância quando o servidor desocupa o seu cargo,
A investidura do servidor no cargo ocorre efetivamente com
ficando esse cargo a disposição da Administração Pública, que se
a posse. Por ela se conferem ao funcionário ou ao agente político utilizando das formas de provimento em cargos públicos o ocu-
as prerrogativas, os direitos e os deveres do cargo ou do mandato. pará.
Importante salientar que sem a posse o provimento não se
completa, nem pode haver exercício da função pública. É a posse A vacância poderá ser:
que marca o início dos direitos e deveres funcionais, como, tam-
bém, geram as restrições, impedimentos e incompatibilidades para - Definitiva: mediante exoneração, demissão e falecimento.
o desempenho de outros cargos, funções ou mandatos.
Por isso mesmo, a nomeação regular só pode ser desfeita pela - Não definitiva (forma um novo vínculo): promoção, readap-
Administração antes de ocorrer à posse do nomeado. No entanto, tação, aposentadoria e posse em outro cargo inacumulável.
a anulação do concurso, com a exoneração do nomeado, após a Enquanto existir o cargo, como foi provido, seu titular terá
posse, só pode ser feita com observância do devido processo legal direito ao exercício nas condições estabelecidas pelo estatuto, mas,
e a garantia de ampla defesa e o contraditório. caso venha a modificar a estrutura, as atribuições, os requisitos

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
para seu desempenho, são lícitas a exoneração, a disponibilidade, Nos termos da Lei o substituto fará jus à retribuição pelo exer-
a remoção ou a transferência de seu ocupante, para que outro o cício do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natu-
desempenhe na forma da nova lei. reza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais
Entretanto, o que não se admite é o afastamento arbitrário ou do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção
abusivo do titular, por ato do Poder Executivo, sem Lei que o au- dos dias de efetiva substituição, que excederem o referido período.
torize, e desrespeitados o princípio do devido processo legal, su-
primindo o direito a ampla defesa e contraditório, constituindo em DA PROIBIÇÃO DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS E
arbitrariedade e consequentemente abuso de poder. EMPREGOS PÚBLICOS REMUNERADO.

DA REMOÇÃO: Objetivando evitar abusos, e com finalidade de moralizar as


atividades estatais, o legislador constituinte cuidou em estabele-
Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido próprio ser- cer vedações a acumulação remunerada de cargos, funções e em-
vidor ou de ofício por interesse da Administração Pública, no âm- pregos públicos, tanto na esfera da Administração Direta como na
bito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. Administração indireta e a ela correlatas, conforme dispõe o artigo
A remoção para outra localidade poderá ocorrer a pedido do 37, em seus incisos XVI e XVII, excetuando-se as ressalvas ex-
servidor, independentemente do interesse da Administração quan- pressas na Carta Magna que admite excepcionalmente as acumu-
do for para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi- lações remuneradas, desde sejam compatíveis entre si nos horários
dor público, que foi deslocado no interesse da Administração, por e obedecidos o teto remuneratório.
motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependen- Para tanto a Constituição Federal arrolou expressamente os
te, desde que comprovada à necessidade da medida por junta mé- cargos passiveis de acumulação remunerada, quais são:
dica oficial.
- Dois cargos de professor;
REDISTRIBUIÇÃO:
- De um cargo de professor com outro cargo técnico ou cien-
tífico, e;
Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efe-
tivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para
- De dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação
saúde, com profissões regulamentadas.
do órgão central.
Para que seja possível a redistribuição de servidor é necessá-
É ainda possível a acumulação remunerada de cargos
rio:
constante do texto constitucional, sendo permitido acumular nos
casos de servidor eleito a vereador (art. 38, III); permissão para
- interesse da administração;
juízes de direito cumulativamente exercerem o magistério (art.
95, parágrafo único) e ainda permissão para que os membros do
- equivalência de vencimentos; Ministério Público possam exercer cumulativamente o magistério
(artigo 128, § 5º, inciso II, “d”).
- manutenção da essência das atribuições do cargo;
IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS:
- vinculação entre os graus de responsabilidade e complexida-
de das atividades; Por definição, temos que vencimento é a designação técnica
da retribuição pecuniária prevista legalmente como a contrapartida
- mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação devida ao servidor público pela sua prestação de serviços.
profissional; Assim, a Constituição Federal, em seu artigo 37, inciso XV,
estabelece e garante que é vedada a irredutibilidade dos vencimen-
- compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades tos dos servidores públicos.
institucionais do órgão ou entidade.
ESTABILIDADE E ESTÁGIO PROBATÓRIO:
SUBSTITUIÇÃO:
Nos termos do artigo 41 da Constituição Federal, temos que
Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou transcorrido o lapso temporal de 3 (três) anos de exercício subse-
chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substi- quentes à nomeação do servidor público, este goza de estabilidade,
tutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, pre- sendo certo que para sua aquisição é necessária e obrigatória a efe-
viamente designado pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. tiva avaliação especial de desempenho, por uma comissão formada
O servidor substituto assumirá automática e cumulativamente, especialmente para tal fim.
sem prejuízo do cargo que ocupa o exercício do cargo ou função Assim, para que o servidor público esteja apto a gozar de sua
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nas hipóteses de estabilidade é necessário o preenchimento de quatro requisitos
afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do servidor cumulativos:
titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar pela
remuneração de um deles durante o respectivo período. - aprovação em concurso público;

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- nomeação para cargo público efetivo; DOS DIREITOS:

- três anos de efetivo exercício no cargo público, e; Vencimentos: Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
- aprovação em avaliação especial de desempenho julgada por
comissão instituída para tal finalidade. Remuneração: Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas
A estabilidade de servidor público é o direito de não ser des- em lei.
ligado de suas ocupações públicas, senão em virtude de sentença
judicial transitada em julgado e realização de processo adminis- Férias: O servidor terá direito a trinta dias de férias, que po-
trativo, observado a garantia constitucional da ampla defesa e do dem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de
contraditório. necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legis-
Cumpre ressaltar que, apesar de divergência doutrinária, em lação específica. Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
nenhuma hipótese o servidor ocupante de cargo em comissão terá exigidos 12 (doze) meses de exercício.
direito a estabilidade, e tampouco, os empregados públicos, seja
qual for o órgão ou entidade que esteja vinculado. Licenças: O servidor terá direito a concessão das seguintes
licenças:
DISPONIBILIDADE:
- por motivo de doença em pessoa da família;
Pela disponibilidade, temos que o servidor público estável é - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
colocada em inatividade remunerada, até que o mesmo seja apro- - para o serviço militar;
veitado adequadamente em outro cargo, com proventos proporcio- - para atividade política;
nais ao seu tempo de prestação de serviços. - para capacitação;
Isto ocorre quando o servidor público estável tem seu cargo - para tratar de interesses particulares;
extinto ou declarado desnecessário, assim, com tal extinção do - para desempenho de mandato classista.
cargo que ocupava, a Constituição Federal conferiu o direito de
o servidor estável aguardar inativamente e sendo remunerado sua Do Direito de Petição: É assegurado ao servidor o direito de
recolocação nos quadros funcionais da Administração Pública, po- requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse
dendo ocorrer ainda na hipótese de reintegração de outro servidor legítimo.
(cuja exoneração foi revista judicialmente), seja desalojado do car- O requerimento será dirigido à autoridade competente para
go que ocupava sem ter uma cargo de origem para retornar a ele. decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver ime-
diatamente subordinado o requerente.
DA APOSENTADORIA E PROVENTOS:
DAS VANTAGENS:
É garantido constitucionalmente que o servidor público
titular de cargo efetivo ingresse no regime de previdência de Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguin-
caráter contributivo, lhe garantindo aposentadoria e proventos em tes vantagens:
condições especiais.
O regime de previdência que estão submetidos os servidores Indenizações: constituem vantagens por indenização:
públicos de cargo efetivo é um regime próprio, com peculiarida-
des, diferente do regime geral a que estão sujeitos os demais tra- - ajuda de custo: A ajuda de custo destina-se a compensar as
balhadores, não só da iniciativa privada regulamentado pela CLT, despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço,
mas também os servidores ocupantes de cargo em comissão, fun- passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio
ção temporária e emprego público. em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indeniza-
Proventos é a designação técnica relativa aos valores pecuniá- ção, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que
rios devidos aos servidores inativos, podendo estarem aposentados detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na
ou disponíveis. mesma sede.
A aposentadoria pode ocorrer em três hipóteses:
- diárias: O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em ca-
- Voluntária; ráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio-
nal ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas
- Compulsória por idade, e; a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com pousada,
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regula-
- por acidente em serviço, ou doença grave ou então incurável mento.
(especificada em lei), ou então decorrente de invalidez originária
de causas diversas das situações anteriores. - transporte: Conceder-se-á indenização de transporte ao ser-
vidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de lo-
comoção para a execução de serviços externos, por força das atri-
buições próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- auxílio-moradia: O auxílio-moradia consiste no ressarci- - participar da logística de preparação e de realização de con-
mento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor curso público envolvendo atividades de planejamento, coordena-
com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administra- ção, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais
do por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições per-
da despesa pelo servidor. manentes;

Gratificações e Adicionais: Além do vencimento e das van- - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame
tagens serão deferidos aos servidores as seguintes gratificações e vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas ativida-
adicionais: des.

- Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as- REGIME DISCIPLINAR:


sessoramento: Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento O Regime Disciplinar compreende os deveres, proibições e
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo penalidades em caso de cometimento pelo servidor de infração
seu exercício. administrativa ou funcional, em virtude das atribuições previstas
em Lei.
- Gratificação natalina: A gratificação natalina corresponde a
1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no Dos Deveres: Os deveres são condutas obrigatórias aos ser-
mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. vidores públicos, impostas em virtude das atribuições funcionais
inerentes aos cargos públicos que ocupam. Assim, são deveres do
- Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas servidor:
ou penosas: Os servidores que trabalhem com habitualidade em lo-
cais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o
vencimento do cargo efetivo. - ser leal às instituições a que servir;
O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de
- observar as normas legais e regulamentares;
periculosidade deverá optar por um deles. O direito ao adicional de
insalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das condi-
- cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamen-
ções ou dos riscos que deram causa a sua concessão
te ilegais;
- Adicional pela prestação de serviço extraordinário: O ser-
- atender com presteza:
viço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cin-
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
quenta por cento) em relação à hora normal de trabalho. ressalvadas as protegidas por sigilo;
Somente será permitido serviço extraordinário para atender a b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;
de 2 (duas) horas por jornada. c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
- Adicional noturno: O serviço noturno, prestado em horário - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do car-
compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) go ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver sus-
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e peita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade
cinco por cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois competente para apuração;
minutos e trinta segundos.
- zelar pela economia do material e a conservação do patri-
- Adicional de férias: Independentemente de solicitação, será mônio público;
pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional correspon-
dente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias. - guardar sigilo sobre assunto da repartição;

- Gratificação por encargo de curso ou concurso: A Gratifica- - manter conduta compatível com a moralidade administra-
ção por Encargo de Curso ou Concurso é devida ao servidor que, tiva;
em caráter eventual:
- ser assíduo e pontual ao serviço;
- atuar como instrutor em curso de formação, de desenvol-
vimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da - tratar com urbanidade as pessoas;
administração pública federal;
- representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
- participar de banca examinadora ou de comissão para exa-
mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur- Das Proibições: As proibições são condutas vedadas ao ser-
sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento vidor público, em virtude das atribuições de seu cargo, assim são
de recursos intentados por candidatos; proibidos aos servidores:

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au- RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO
torização do chefe imediato;
O servidor público no exercício de suas atribuições pode ser
- retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qual- responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas adminis-
quer documento ou objeto da repartição; trativa, civil ou penal.
O Servidor poderá sofrer sanção de forma cumulativa, ou seja,
- recusar fé a documentos públicos; o mesmo ato pode ser punido por uma sanção civil, penal e admi-
nistrativa, sendo totalmente independente entre si.
- opor resistência injustificada ao andamento de documento e
processo ou execução de serviço; Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal
ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou,
- promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade
da repartição; competente para apuração de informação concernente à prática de
crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em
- cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre- decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública.
vistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua respon-
sabilidade ou de seu subordinado; Responsabilidade Civil – A responsabilidade civil decorre de
ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em pre-
- coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a juízo ao erário ou a terceiros.
associação profissional ou sindical, ou a partido político; O servidor público é obrigado a reparar o dano causado à ad-
ministração pública ou a terceiro, em decorrência de sua conduta
- manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de con- dolosa ou culposa, praticada de forma omissiva ou comissiva, me-
fiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; diante o direito de regresso.
Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servi-
- valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, dor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva, sendo que a
em detrimento da dignidade da função pública; obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles
será executada, até o limite do valor da herança recebida.
- participar de gerência ou administração de sociedade priva- Essa responsabilidade é subjetiva, pois leva em consideração
da, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto o grau de culpabilidade do agente causador do dano, ao contrário
na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; da responsabilidade da administração que é objetiva.

- atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições Responsabilidade penal – A responsabilidade penal abrange
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou com- Decorre da conduta ilícita praticada pelo servidor público que
panheiro; a Lei Penal tipifica como infração penal.
Os principais crimes contra a administração estão previstos
- receber propina, comissão, presente ou vantagem de qual- artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro.
quer espécie, em razão de suas atribuições;
Responsabilidade administrativa – quando o servidor pratica
- aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; um ilícito administrativo, bem como o desatendimento de deveres
funcionais. Essas práticas ilícitas poderão redundar na responsabi-
- praticar usura sob qualquer de suas formas; lidade administrativa do servidor, que após apuração por meio de
sindicância e processo administrativo, sendo culpado, será punido
- proceder de forma desidiosa; com medidas disciplinares administrativas.
Importante ressaltar que a responsabilidade administrativa do
- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em servi- servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a
ços ou atividades particulares; existência do fato ou sua autoria.

- cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que DAS PENALIDADES:


ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
Administrativamente, o servidor público poderá sofrer puni-
- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o ções disciplinares em virtude de prática de infrações administra-
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; tivas.
Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza
- recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solici- e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem
tado. para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuan-
tes e os antecedentes funcionais, sendo que o ato de imposição da
penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
sanção disciplinar.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
As penalidades administrativas, para serem impostas e aplica- - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na-
das aos servidores públicos deverão ser precedidas de sindicância cional;
ou processo administrativo, garantido ao servidor acusado ampla
defesa e contraditório, a fim de apurar regulamente por meio do - corrupção;
devido processo legal a incidência da conduta infracional e a sua
autoria, sendo certo que nenhuma punição disciplinar administra- - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
tiva será imposta sem antes ocorrer o procedimento administrativo
adequado. - Cassação de aposentadoria ou disponibilidade: Será cassada
a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver prati-
São penalidades disciplinares:
cado, na atividade, falta punível com a demissão.
- Advertência: A advertência será aplicada por escrito, nos ca-
- Destituição de cargo em comissão ou Destituição de função
sos de violação de proibições funcionais de menor gravidade, e de
inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação comissionada: A destituição de cargo em comissão exercido por
ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração
grave. sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.

- Suspensão: A suspensão será aplicada em caso de reincidên- Bibliografia


cia das faltas punidas com advertência e de violação das demais ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito admi-
proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de de- nistrativo descomplicado. 19. Ed. São Paulo: Método, 2011.
missão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. BRAZ, Petrônio; Tratado de direito municipal – volume 1. 3ª
Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor ed. Leme/SP: Mundo Jurídico, 2009.
que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção mé- DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 22.
dica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos ed. São Paulo: Atlas. 2009.
da penalidade uma vez cumprida a determinação. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo. 32. ed.
Quando houver conveniência para o serviço, a critério da Ad- São Paulo: Malheiros, 2006.
ministração Pública, a penalidade de suspensão poderá ser conver- MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-
tida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de nistrativo. 29. Ed. São Paulo: Malheiros, 2012.
vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a perma-
necer em serviço.
EXERCÍCIOS
- Demissão: É a retirada coercitiva do servidor público dos
quadros funcionais da Administração Pública. É a perda do car- 01 - (AL-AM – ANALISTA – ISAE/2011) - Com relação
go público que o servidor ocupava, trata-se do desligamento do à estrutura da Administração Pública, analise as afirmativas
servidor das atividades por ele exercida com a consequente perda a seguir:
de cargo público o qual era titular, pela prática de infração ad- I. Pertencem à Administração Pública indireta as se-
ministrativa de maior gravidade não punida com Advertência ou guintes entidades: sociedades de economia mista, empresas
Suspensão. públicas, autarquias e fundações públicas.
II. As entidades paraestatais compõem a Administração
A demissão será aplicada nos seguintes casos: Pública direta.
III. As entidades que compõem a Administração Pública
- crime contra a administração pública; indireta possuem personalidade jurídica própria.
Assinale:
- abandono de cargo; A) se somente a afirmativa I estiver correta.
B) se somente a afirmativa II estiver correta.
- inassiduidade habitual; C) se somente a afirmativa III estiver correta.
D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
- improbidade administrativa;
E) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
- incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
Somente a afirmativa II não está de acordo com o que dispõe
- insubordinação grave em serviço; a Lei e a Doutrina Administrativa, visto que, as entidades paraes-
tatais não compõem a Administração Direta, visto que trata-se de
- ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em uma forma de descentralização da atividade administrativa.
legítima defesa própria ou de outrem; Embora não exista consenso na doutrina administrativa sobre
Entidades Paraestatais, adotamos o entendimento de que se en-
- aplicação irregular de dinheiros públicos; quadram no conceito exclusivamente pessoas privadas, sem fins
lucrativos, que exercem atividades de interesse coletivo, mas não
- revelação de segredo do qual se apropriou em razão do car- exclusivas da Administração Pública, recebendo para tanto, con-
go; trapartida do poder público para seu regular funcionamento

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
As entidades paraestatais pertencem ao chamado “terceiro se- 03 - (PGE/MT – PROCURADOR – FCC/2011) - O regime
tor”, que podem ser definidos com aquele composto por entidades jurídico aplicável às entidades integrantes da Administração
privadas da sociedade civil organizada, que atuam na prestação indireta
de serviços públicos de relevante interesse social, por iniciativa A) sujeita todas as entidades, independentemente da natu-
exclusivamente privada, sem fins lucrativos, porém incentivadas reza pública ou privada, aos princípios aplicáveis à Adminis-
pelo Estado. tração Pública.
RESPOSTA “E” B) é integralmente público, para autarquias, fundações
e empresas públicas, e privado para sociedades de economia
02 - (TRT - 18ª Região/GO - ANALISTA JUDICIÁRIO – mista.
FCC/2013) As autarquias integram a Administração indireta. C) é sempre público, independentemente da natureza da
São pessoas:  entidade.
A) políticas, com personalidade jurídica própria e têm D) é sempre privado, independentemente da natureza da
poder de criar suas próprias normas.  entidade.
B) jurídicas de direito público, cuja criação e indicação E) é o mesmo das empresas privadas, para as empresas
dos fins e atividades é autorizada por lei, autônomas e não su- públicas e sociedades de economia mista, exceto em relação à
jeitas à tutela da Administração direta.  legislação trabalhista.
C) jurídicas de direito semi-público, porque sujeitas ao
regime jurídico de direito público, excepcionada a aplicação Muito embora as entidades da Administração Indireta seja
da lei de licitações.  considerada uma forma de descentralização da atividade adminis-
D) políticas, com personalidade jurídica própria, criadas trativa, continua a manter vínculo com os órgãos da Administração
por lei, com autonomia e capacidade de auto administração, Direta, sendo o conjunto de pessoas jurídicas que possuem a com-
não sujeitas, portanto, ao poder de tutela da Administração.  petência para o exercício de atividades administrativas.
E) jurídicas de direito público, criadas por lei, com capa- São compostas por entidades com personalidade jurídica pró-
cidade de auto administração, mas sujeitas ao poder de tutela pria, que foram criadas para realizar atividades de Governo de
do ente que as criou.  forma descentralizada, estando todas elas sujeitas aos princípios
aplicáveis à Administração Pública, independentemente de sua na-
Nos termos do que dispõe o Decreto-Lei 200/67 que define a tureza jurídica.
entidade administrativa pertencente à Administração Indireta de- RESPOSTA: “A”
nominada Autarquia, temos:
04 - (TCE/PR – ANALISTA DE CONTROLE ÁREA JU-
“Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
RÍDICA – FCC 2011). Inserem-se entre as entidades integran-
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com per-
tes da Administração pública indireta, além das empresas pú-
sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
blicas, as
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para
A) sociedades de economia mista, as fundações públicas e
seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira des-
as Organizações Sociais ligadas à Administração por contrato
centralizada.”
de gestão.
Doutrinariamente temos que as autarquias são pessoas B) autarquias, fundações e sociedades de economia mista,
jurídicas de direito público, o que significa dizer que tem prati- que são pessoas jurídicas de direito público.
camente as mesmas prerrogativas e sujeições da administração C) sociedades de economia mista exploradoras de ativida-
direta. de econômica, que se submetem ao mesmo regime jurídico das
O seu regime jurídico pouco se diferencia do estabelecido empresas privadas e aos princípios aplicáveis à Administração
para os órgãos da Admininstração Direta, aparecendo, perante ter- Pública.
ceiros, como a própria Administração Pública. Difere da União, D) fundações e autarquias, excluídas as sociedades de eco-
Estados e Municípios (pessoas públicas políticas) por não ter capa- nomia mista.
cidade política, ou seja, o poder de criar o próprio direito, é pessoa E) sociedades de economia mista, exceto as que operam no
pública administrativa, porque tem apenas o poder de auto-admi- domínio econômico em regime de competição com as empresas
nistração, nos limites estabelecidos em lei, sujeitas ao Poder de privadas.
Tutela do ente que a criou.
Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de administra- Sociedades de economia mista é uma sociedade na qual há
ção indireta e está diretamente relacionada à administração central, colaboração entre o Estado e particulares, ambos reunindo recur-
visto que não pode legislar em relação a si, mas deve obedecer à sos para a realização de uma finalidade. Criada para a prestação de
legislação da administração à qual está subordinada. serviços públicos ou para a exploração de atividades ecônomicas.
É ainda importante destacar que as autarquias possuem bens e A sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica de
receita próprios, assim, não se confundem com bens de propriedade direito privado e não se beneficia de isenções fiscais ou de foro
da Administração direta à qual estão vinculadas. Igualmente, privilegiado, com atuação no mercado privado, mas sempre com
são responsáveis por seus próprios atos, não envolvendo a obediência aos principios norteadores da Administração Pública.
Administração central, exceto no exercício da responsabilidade Tem seu conceito legal no artigo 5º, inciso III do Decreto-Lei
subsidiária. nº 200/67, que assim dispõe:
RESPOSTA: “E”

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: (...)
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de per- III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de per-
sonalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a explo- sonalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a explo-
ração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, ração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima,
cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União
ou a entidade da Administração Indireta. ou a entidade da Administração Indireta. “

RESPOSTA “C” Por ser Pessoa Jurídica de Direito Privado, mas submetida ao
regime jurídico-administrativo (Direito Público), muitos associam
05 - (TER/PA – ANALISTA JUDICIÁRIO – IADES/2014) como prerrogativa das Sociedades de Economia Mista privilégios
A respeito da organização administrativa no âmbito federal, fiscais e foro privilegiado, o que não é correto.
assinale a alternativa correta.  Sociedade de Economia Mista é a entidade dotada de persona-
a) São consideradas pessoas federativas ou entidades lidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração
políticas apenas a União e os Estados.  de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a
b) As pessoas jurídicas integrantes da Administração
entidade da Administração Indireta.
indireta, assim como os órgãos da Administração direta, não
Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre o Es-
poderão adquirir direitos e contrair obrigações na ordem ju-
tado e particulares ambos reunindo e unificando recursos para a
rídica.  realização de uma finalidade, sempre de objetivo econômico.
c) Conforme disciplinado na lei, compõem a Adminis- A sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica de di-
tração indireta as autarquias, as empresas públicas, as socie- reito privado e não se beneficia de isenções fiscais ou de foro
dades de economia mista.  privilegiado, exceto quando atuar na Justiça Federal e a União
d) As autarquias federais, a exemplo do INSS, possuem intervir como assistente ou oponente na lide.
personalidade jurídica de direito privado.  Entretanto, oportuno esclarecer que, neste caso, a Sociedade
e) As empresas públicas, atuantes na atividade econô- de Economia Mista somente se aproveita de uma prerrogativa da
mica do Estado, diferentemente das sociedades de economia União, ou seja, caso a União não interfira na lide da Justiça Fede-
mista, são formalmente pessoas jurídicas de direito público. ral em que Sociedade de Economia Mista faça parte, esta não tera
qualquer tipo de privilégio.
O Decreto-Lei nº 200/67 regulamenta a organização da Admi- O Estado poderá ter uma participação majoritária ou mino-
nistração Pública em âmbito Federal assim dispõe em seu artigo ritária; entretanto, mais da metade das ações com direito a voto
4º, inciso II: devem pertencer ao Estado. A sociedade de economia mista é do
gênero de sociedade anonima, e seus funcionários são regidos pela
Art. 4° A Administração Federal compreende: Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT.
... RESPOSTA: “C”
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica pró- 07 - (AL/RN - ANALISTA LEGISLATIVO – FCC/2013)
pria: Considere as seguintes assertivas:
a) Autarquias; I. A desconcentração está relacionada ao tema “hierar-
b) Empresas Públicas; quia”. 
c) Sociedades de Economia Mista. II. Na desconcentração, há uma distribuição de competên-
d) fundações públicas. cias dentro da mesma pessoa jurídica. 
III. Quando, por exemplo, o poder público (União, Esta-
dos e Municípios) cria uma pessoa jurídica de direito público,
RESPOSTA: “C”
como a autarquia, e a ela atribui a titularidade e a execução
de determinado serviço público, ocorre a chamada desconcen-
06 - (TJ/RJ – JUIZ – VUNESP/2013) Na Administração
tração. 
Pública Indireta, IV. Quando, por exemplo, a execução do serviço público
a) as autarquias e as fundações governamentais poderão é transferida para um particular, por meio de concessão ou
possuir personalidade jurídica de direito público ou privado. permissão, ocorre a chamada descentralização.
b) não cabe mandado de segurança contra ato praticado
em licitação promovida por empresa pública. Está correto o que se afirma APENAS em
c) as sociedades de economia mista só têm foro na justiça A) II.
federal quando a união intervém como assistente ou opoente. B) II, III e IV.
d) somente a União poderá criar, por meio de lei, Agên- C) I e III.
cias Reguladoras. D) I, II e IV.
E) III e IV.
Nos termos do que dispõe o Decreto-Lei 200/67, que regu-
lamenta a organização da Administração Pública Federal, em seu Somente a afirmativa III está incorreta, tendo em vista que
artigo 5º, inciso III, temos: nos casos de atribuição de titularidade e execução de determinado
serviço público, atribuído as autarquias temos a ocorrência da téc-
“Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: nica de organização administrativa denominada descentralização.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ocorre a chamada descentralização administrativa quando o Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
Estado desempenha algumas de suas atribuições por meio de ou- “(...) II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-
tras pessoas, e não pela sua administração direta. dade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital
Assim, dizemos que a atividade administrativa do Estado é exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
descentralizada quando é exercida por pessoas distintas do Estado, econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de con-
sendo que há transferência de competência para a execução do ser- tingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se
viço público que lhe são pertinentes para seus auxiliares. de qualquer das formas admitidas em direito.”
A descentralização é efetivada por meio de outorga quando o
estado cria, por meio de lei, uma entidade ou pessoa jurídica, e a As empresas públicas são consideradas como pessoa jurídica
ela lhe transfere determinado serviço público. de direito privado, cuja administração fica sob responsabilidade
De outro modo, a descentralização é efetivada pó meio de exclusivamente pelo Poder Público, instituído por um ente estatal,
delegação quando a Administração Pública transfere, mediante com a finalidade definida em lei específica e sendo de propriedade
contrato administrativo (concessão ou permissão de serviços pú- única do Estado.
blicos), ou por meio de ato unilateral (autorização de serviços pú- A finalidade pode ser de atividade econômica ou de presta-
blicos), a execução do serviço. ção de serviços públicos. Trata-se de pessoa jurídica que tem sua
RESPOSTA: “D” criação autorizada por lei, como instrumento de ação do Estado,
dotada de personalidade de direito privado mas submetida a certas
08 - (TER/ES – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE/2011) regras decorrente da finalidade pública, constituídas sob qualquer
- Acerca de direito administrativo, julgue os itens a seguir. das formas admitidas em direito, cujo capital seja formado por ca-
A desconcentração mantém os poderes e as atribuições na pital formado unicamente e exclusivamente por recursos públicos
titularidade de um mesmo sujeito de direito, ao passo que a de pessoa de administração direta ou indireta. Pode ser Federal,
descentralização os transfere para outro sujeito de direito dis- municipal ou estadual.
tinto e autônomo, elevando o número de sujeitos titulares de RESPOSTA: “B”
poderes públicos.
( ) CERTO
10 - (TRF - 2ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
( ) ERRADO
FCC/2012) A administração indireta compreende, além de ou-
tras entidades, as empresas públicas e sociedades de economia
A desconcentração é o fenômeno, ou forma de organização
mista, as quais têm personalidade jurídica de direito 
administrativa, de distribuição interna de competências. Diferen-
A) público e privado, respectivamente, criadas por lei de
temente da descentralização, que envolve sempre mais de uma
iniciativa do Poder Executivo.
pessoa jurídica de direito público, a desconcentração ocorre ex-
B) privado, instituídas mediante autorização de lei espe-
clusivamente dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica.
cífica.
Enquanto que ocorre a chamada descentralização adminis-
trativa quando o Estado desempenha algumas de suas atribuições C) público e independem de lei complementar para suas
por meio de outras pessoas, e não pela sua administração direta. instituições.
Assim, dizemos que a atividade administrativa do Estado é des- D) privado e público, respectivamente, sendo instituídas
centralizada quando é exercida por pessoas distintas do Estado, mediante lei específica.
sendo que há transferência de competência para a execução do ser- E) público, criadas por ato específico e privativo do chefe
viço público que lhe são pertinentes para seus auxiliares. do Poder Executivo.
RESPOSTA: “CERTO”
As Sociedades de Economia Mista, integrante da Administra-
09 - (CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO - ção Indireta, vinculada à Administração Pública Central, possui
ANALISTA LEGISLATIVO - FJG – RIO/2014) As pessoas sua regulamentação no Decreto-Lei nº 200/67, em seu artigo 5º,
jurídicas de direito privado, integrantes da Administração In- inciso III, que assim estabelece:
direta do Estado, criadas por autorização legal, sob qualquer
forma jurídica adequada a sua natureza, para que o governo “Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:
exerça atividades gerais de caráter econômico ou, em certas (...)
situações, execute a prestação de serviços públicos, são deno- III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de per-
minadas: sonalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a explo-
A) sociedades de economia mista ração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima,
B) empresas públicas cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União
C) agências executivas ou a entidade da Administração Indireta.”
D) autarquias especiais
A partir da definição legal sobre Sociedade de Economia Mis-
De acordo com o enunciado da questão, temos a definição da ta, temos que são entidades dotadas de personalidade jurídica
entidade administrativa denominada empresa pública. de direito privado, criada por lei específica para a exploração de
Nos termos do que dispõe o Decreto-Lei nº 200/67 que dispõe atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas
sobre a organização administrativa em âmbito federal, verifica-se ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a
no artigo 5º, inciso II: entidade da Administração Indireta.

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre o Es- A) presunção de legitimidade.
tado e particulares ambos reunindo e unificando recursos para a B) publicidade.
realização de uma finalidade, sempre de objetivo econômico. A C) motivação.
sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica de direito pri- D) supremacia do interesse privado sobre o público.
vado e não se beneficia de isenções fiscais ou de foro privilegiado. E) impessoalidade.
O Estado poderá ter uma participação majoritária ou minoritária;
entretanto, mais da metade das ações com direito a voto devem Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrati-
pertencer ao Estado. vo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais
A sociedade de economia mista é do gênero de sociedade ano- do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclu-
nima, e seus funcionários são regidos pela Consolidação das Leis sivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal.
Trabalhistas – CLT. Por tal princípio temos que a Administração Pública tem que
RESPOSTA “B” manter uma posição de neutralidade em relação aos seus admi-
nistrados, não podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem
11 - (TRE/SC – ANALISTA JUDICIÁRIO – PON- quer que seja. Dessa forma a Administração pública deve servir a
TUA/2011) todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias, buscando
Os Princípios básicos da Administração Pública e do Di- sempre atender ao interesse público.
reito Administrativo constituem regras de observância perma- Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade possui
nente e obrigatória ao Administrador. Podemos afirmar: estreita relação com o também principio constitucional da isono-
I. É dever do Administrador Público atuar segundo a lei, mia, ou igualdade, sendo dessa forma vedadas perseguições ou
proibida sua atuação contra-legem e extralegem – princípio da benesses pessoais.Parte inferior do formulári
legalidade ou legalidade estrita. RESPOSTA: “E”
II. A Administração Pública está obrigada a policiar, em
relação ao mérito e à legalidade, os atos administrativos que 13 - (PM-RO – SARGENTO – PM/2014) Segundo o Di-
pratica, em atendimento ao princípio da autotutela. reito Administrativo Brasileiro, julgue os itens subsequentes. 
III. A Administração Pública direta e indireta dos Poderes A administração pública direta e indireta de qualquer dos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalida-
obedecerá apenas aos princípios de observância obrigatória:
de, moralidade, publicidade e eficiência.
legalidade, impessoalidade, moral idade, publicidade e eficiên-
( ) CERTO
cia.
( ) ERRADO
IV. Segundo o princípio da finalidade, o administrador pú-
blico não pode praticar nenhum ato que se desvie da finalidade
A Administração Pública é a atividade do Estado exercida
de satisfazer o interesse público em detrimento de interesses
pelos seus órgãos encarregados do desempenho das atribuições
privados. públicas. Em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções ins-
tituídos e necessários para a obtenção dos objetivos do governo, ou
Está(ão) CORRETO(S): seja, o atendimento dos anseios sociais.
A) Apenas o item I. A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esfe-
B) Apenas o item III. ras, obedece aos princípios da legalidade, impessoalidade, mora-
C) Apenas os itens I, II e III. lidade, publicidade e eficiência, como impõe a norma fundamental
D) Apenas os itens I, II e IV. do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, que assim dispõe em seu caput:
Conforme podemos verificar, somente a afirmativa III está
incorreta, pois, não existe o Princípio Administrativo da “moral “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qual-
idade” como sugestiona o elaborador da questão, e, em uma ten- quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
tativa de ludibriar o candidato menos atento, inseriu juntamente Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalida-
com os demais princípios administrativos básicos e obrigatórios de, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”.
na atividade administrativa, tal invenção, tentando confundir com
o principio da moralidade. RESPOSTA: “CERTO”
O correto é que são os princípios básicos da Administração
Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e 14 - (DPE-RJ - TÉCNICO MÉDIO DE DEFENSORIA
Eficiência. PÚBLICA – FGV/2014) Os princípios administrativos são
RESPOSTA “D” os postulados fundamentais que inspiram o modo de agir da
Administração Pública. Entre os princípios da Administração
12 - (TRT - 16ª REGIÃO/MA – ANALISTA JUDICIÁRIO Pública, destaca-se:
– FCC/2014) O Diretor Jurídico de uma autarquia estadual A) impessoalidade, que diz que a pena não passará da
nomeou sua companheira, Cláudia, para o exercício de cargo pessoa do condenado e que os sucessores responderão pelos dé-
em comissão na mesma entidade. O Presidente da autarquia, bitos do falecido apenas nos limites da herança.
ao descobrir o episódio, determinou a imediata demissão de B) moralidade, segundo o qual, no caso de aparente coli-
Cláudia, sob pena de caracterizar grave violação a um dos são, se deve analisar no caso concreto qual direito fundamental
princípios básicos da Administração pública. Trata-se do prin- deve prevalecer, através da técnica da ponderação de interes-
cípio da ses.

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
C) autotutela, segundo o qual qualquer lesão ou ameaça Diante do Princípio Constitucional da Eficiência, temos a im-
de lesão a direito não será excluída da apreciação do Poder posição exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a
Judiciário, razão pela qual os atos da Administração Pública qualidade dos serviços que presta ou põe a disposição dos adminis-
também estão sujeitos ao controle judicial. trados, evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação
D) publicidade, que prevê que a ampla publicidade dos dos serviços, com modelo atual de administração gerencial.
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos pú- Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa
blicos deverá ter caráter educativo, informativo ou eleitoral. prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais
E) continuidade dos serviços públicos, excetuado quan- econômica, melhorando o custo-benefício da atividade da Admi-
do se permite a paralisação temporária da atividade, como no nistração Pública.
caso de necessidade de reparos técnicos. O administrador deve procurar a solução que melhor atenda
aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os re-
O serviço público deve ser prestado de maneira continua o cursos públicos, evitando dessa forma desperdícios, cuja atuação
que significa dizer que não é passível de interrupção. Isto ocorre administrativa será considerada perfeita quando estiver em con-
formidade com os demais princípios constitucionais, não se sobre-
justamente pela própria importância de que o serviço público se
pondo a nenhum deles, mas principalmente ao Princípio da Lega-
reveste diante dos anseios da coletividade.
lidade, diante das normas positivas em que se fundamenta nosso
É o principio que orienta sobre a impossibilidade de ordenamento jurídico.
paralisação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno direito RESPOSTA: “C”
dos administrados a que não seja suspenso ou interrompido, pois
se entende que a continuidade dos serviços públicos é essencial a 16 - (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
comunidade, não podendo assim sofrer interrupções. Exemplifica adequadamente o exercício de poder disciplinar
Entretanto, objetivando o atendimento ao Princípio Constitu- por agente da administração a
cional da Eficiência, é lícito à Administração Pública efetuar a pa- A) interdição de restaurante por razão de saúde pública.
ralisação temporária de suas atividades públicas, mediante prévio B) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o
aviso aos usuários dos serviços públicos, para que sejam efetuadas devido mandado judicial.
melhorias no atendimento mediante reparos técnicos. C) aplicação de penalidade administrativa a servidor
RESPOSTA: “E” público que descumpre seus deveres funcionais.
D) aplicação de multa de trânsito.
15 - (TRE/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) A E) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes su-
eficiência, na lição de Hely Lopes Meirelles, é um dever que se bordinados.
impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com
presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as
infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apura-
princípio da função administrativa, que já não se contenta em
ção regular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas
ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados
sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.
positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva in-
necessidades da comunidade e de seus membros. (Direito Admi- terna da Administração Pública e por isso mesmo só abrange as
nistrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros, 2003. p. 102).  infrações relacionadas com o serviço público.
Infere-se que o princípio da eficiência  Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve
obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitu-
A) passou a se sobrepor aos demais princípios que regem cionais da Administração, entre eles o principio da legalidade e o
a administração pública, após ter sua previsão inserida em ní- principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla
vel constitucional. defesa, do contraditório e do devido processo legal.
B) deve ser aplicado apenas quanto ao modo de atuação RESPOSTA: “C”
do agente público, não podendo incidir quando se trata de or-
ganizar e estruturar a administração pública. 17 - (TRT - 20ª REGIÃO/SE – JUIZ DO TRABALHO –
C) deve nortear a atuação da administração pública e a FCC/2012) A respeito dos poderes da Administração, é correto
organização de sua estrutura, somando-se aos demais princí- afirmar que o poder
pios impostos àquela e não se sobrepondo aos mesmos, espe- a) de polícia constitui atividade da administração públi-
cialmente ao da legalidade. ca que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liber-
D) autoriza a atuação da administração pública disso- dade, regule a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente, entre outros, à segurança e à
nante de previsão legal quando for possível comprovar que
tranquilidade pública.
assim serão alcançados melhores resultados na prestação do
b) hierárquico fundamenta a avocação, pela Adminis-
serviço público. tração direta, de matérias inseridas na competência das autar-
E) traduz valor material absoluto, de modo que alcan- quias a ela vinculadas.
çou status jurídico supra constitucional, autorizando a preterição c) regulamentar autoriza a edição, pelo Chefe do Exe-
dos demais princípios que norteiam a administração pública, a fim cutivo, de normas complementares à lei, admitindo-se o regu-
de alcançar os melhores resultados. lamento autônomo para matéria de organização administrati-
va, incluindo a criação de órgãos e de cargos públicos.

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) de polícia é exercido pelo Poder Executivo, por inter- D) O poder disciplinar da administração pública autori-
médio da autoridade competente, mediante a edição de normas za-lhe a apurar infrações e a aplicar penalidades aos servido-
gerais criando obrigações para toda a coletividade, disciplina- res públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administra-
doras de atividades individuais, concernentes, entre outros, à tiva, assim como aos invasores de terras públicas.
segurança, à higiene, à ordem e aos costumes. E) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior
e) hierárquico, também denominado disciplinar, cor- hierárquico, o caráter de um poder-dever, uma vez que a con-
responde ao poder conferido aos agentes públicos para emitir descendência na punição é considerada crime contra a admi-
ordens a seus subordinados e aplicar as sanções disciplinares nistração pública.
não expressamente previstas em lei.
Muito embora a expressão poder administrativo pareça apenas
Pelo Poder de Polícia, temos que se trata do poder deferido ao uma faculdade de atuação da Administração Pública, o fato é que
Estado, necessário ao estabelecimento das medidas que a ordem, os poderes administrativos envolvem não uma mera faculdade de
a saúde e a moralidade pública exigem. O principio norteador da agir, mas sim um dever de atuar diante das situações apresentadas
aplicação do Poder de Polícia é a predominância do interesse pú- ao Poder Público.
blico sobre o interesse privado. Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de que a
Administração Pública deve agir, na medida em que os poderes
O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida a Ad-
conferidos ao Estado são irrenunciáveis. Entende-se dessa manei-
ministração Pública para, na forma e nos limites legais, condiciona
ra a noção de deveres administrativos oriundos da obrigação do
ou restringe o uso de bens, exercício de direitos e a pratica de ati-
Poder Público em atuar, utilizando-se dos poderes e prerrogativas
vidades privadas, com o objetivo de proteger os interesses gerais atribuídos mediante lei.
da coletividade, devendo garantir a segurança e a tranquilidade Dessa maneira, o superior hierárquico, que possui poderes
pública. de fiscalização e de aplicação de penas administrativas, quando
RESPOSTA: “A” se depara com uma situação em que lhe é exigido atuação nos li-
mites legais, o mesmo possui o poder-dever de atuar, sob pena de
18 - (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2012) cometimento de crime, visto que não atuou nos limites de suas
A respeito dos agentes públicos e dos poderes administrativos, atribuições, deixando de praticar ato que lhe competia em virtude
julgue os itens que se seguem. do cargo público que ocupa.
O poder de polícia, que decorre da discricionariedade que RESPOSTA: “E”
caracteriza a administração pública, é limitado pelo princípio
da razoabilidade ou proporcionalidade. 20 - (TJ/AL – AUXILIAR JUDICIÁRIO – CESPE/2012)
( ) CERTO No tocante aos poderes da administração e ao uso e abuso do
( ) ERRADO poder, assinale a opção correta.
A) O poder regulamentar da administração pública
É certo que o Poder Público, em sua atribuição de garantir manifesta-se por meio de atos de natureza normativa, institui-
a coletividade segurança, tranquilidade e bem estar social, limita dores de direito novo de forma ampla e genérica, com efeitos
e restringe direitos dos particulares objetivando o interesse gerais e abstratos, expedidos em virtude de competência pró-
público, entretanto, tal poder é limitado por meio do princípio pria dos órgãos estatais.
administrativo da razoabilidade e proporcionalidade. B) Decorrem do poder de polícia da administração pú-
Por tal princípio, a Administração Pública deve agir com bom blica os atos que se destinam à limitação dos interesses indivi-
senso, de modo razoável e proporcional, não extrapolando os seus duais em favor do interesse público, sendo a autoexecutorie-
poderes para alcançar o fim almejado, não pode a Administração dade a principal característica de todas as medidas de polícia.
Pública atuar de modo excessivo e desproporcional, sendo certo C) Segundo a doutrina, o abuso de poder, que pode as-
que caso haja comprovação de que o Poder público atuou de ma- sumir duas formas, comissiva ou omissiva, efetiva-se quando
a autoridade competente, ao praticar ou omitir ato adminis-
neira excessiva, podemos ter como consequência a caracterização
trativo, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia
da figura do abuso de poder.
das finalidades administrativas, circunstâncias em que o ato do
RESPOSTA: “CERTO”
agente somente poderá ser revisto pelo Poder Judiciário.
D) A prerrogativa de que dispõe a administração públi-
19 - (TJ/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE/2012) ca para não só ordenar e coordenar, mas também para corrigir
Assinale a opção correta com relação aos poderes hierárquico as atividades de seus órgãos e agentes resulta do poder hierár-
e disciplinar e suas manifestações. quico, cujo exercício limita-se ao controle de legalidade.
A) As delegações administrativas emanam do poder hie- E) A administração, no exercício do poder disciplinar,
rárquico, não podendo, por isso, ser recusadas pelo subordina- apura infrações e aplica penalidades aos servidores e particu-
do, que pode, contudo, subdelegá-las livremente a seu próprio lares sujeitos à disciplina administrativa, por meio do proce-
subordinado. dimento legal, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
B) Toda punição disciplinar por delito funcional acarre-
ta condenação criminal. O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as
C) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apura-
manifesta-se mediante a distribuição de competências entre a ção regular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas
Câmara dos Deputados e o Senado Federal. sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva in- Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve
terna da Administração Pública e por isso mesmo só abrange as obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitu-
infrações relacionadas com o serviço público, e, em se tratando de cionais da Administração, entre eles o principio da legalidade e o
servidor público, as penalidades disciplinares vêm definidas dos principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla
respectivos Estatutos. defesa, do contraditório e do devido processo legal.
Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve RESPOSTA: “D”
obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitu-
cionais da Administração, entre eles o principio da legalidade e o 23 - (ANATEL - ANALISTA ADMINISTRATIVO – CES-
principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla PE/2012) Com relação aos atos administrativos, julgue os itens
defesa, do contraditório e do devido processo legal. seguintes.
RESPOSTA: “E” Competência, finalidade, forma, motivo e objeto são re-
quisitos de validade de um ato administrativo.
21 - (TRT – 15ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ( ) CERTO
FCC/2013) A possibilidade de autoridade superior de órgão da ( ) ERRADO
Administração direta revogar ou anular atos praticados por
seus subordinados, nos termos da lei, é exteriorização do po-
A doutrina administrativa é pacifica em apontar cinco requisi-
der.
tos básicos, ou elementos dos atos administrativos: competência,
A) de Tutela. 
finalidade, forma, motivo e objeto.
B) Hierárquico. 
Além, naturalmente, dos requisitos gerais de todos os atos ju-
C) Disciplinar.
D) Regulamentar. rídicos perfeitos, como agente capaz, objeto lícito e forma prescri-
E) Normativo. ta ou não proibida em lei.
Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do ato
O Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Executivo para administrativo, pois o atos que forem editados ou praticados em
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e a atuação de seus desacordo com o que a lei estabeleça para cada requisito, será, via
agentes, estabelecendo assim a relação de subordinação. de regra, um ato nulo.
Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes adminis- RESPOSTA: CORRETA.
trativos superiores sobre seus subordinados, contendo a prerroga-
tiva de ordenar, fiscalizar, controlar, rever, delegar tarefas, revogar 24 - (TRT - 3ª Região/MG - JUIZ DO TRABALHO - TRT
ou anular atos administrativos executados por seus subordinados. 3R/2014) São atributos do ato administrativo:
A hierarquia estabelece uma ordem de importância gerando A) Presunção de legitimidade e imperatividade.
forma às relações de coordenação e de subordinação entre os agen- B) Autoexecutoriedade e legitimidade. 
tes públicos, adquirindo assim uma relação de subordinação esca- C) Publicidade e notoriabilidade. 
lonada objetivando a ordem das atividades administrativas. D) Presunção de eficiência e publicidade. 
RESPOSTA: “B” E) Punibilidade e autenticidade

22 - (PC/RJ – OFICIAL DE CARTÓRIO – IBFC/2013) Entende-se por atributos as qualidades ou características dos
Um particular celebrou contrato administrativo com o Estado atos administrativos, uma vez que requisitos dos atos administra-
para a prestação de determinado serviço público, porém, vem tivos constituem condições de observância obrigatória para a sua
descumprindo reiteradamente as obrigações contratuais que validade, os atributos podem ser entendidos como as característi-
assumiu com a Administração Pública. No caso em tela, a Ad- cas dos atos administrativos.
ministração poderá punir as infrações administrativas cometi- Entende-se por atributos as qualidades ou características dos
das pelo particular com fundamento no denominado: atos administrativos, uma vez que requisitos dos atos administra-
A) Poder de Polícia. tivos constituem condições de observância obrigatória para a sua
B) Poder de Império.
validade, os atributos podem ser entendidos como as característi-
C) Poder Hierárquico.
cas dos atos administrativos.
D) Poder Disciplinar.
Os atributos dos atos administrativos citados pelos principais
E) Poder Discricionário.
autores são: presunção de legitimidade; imperatividade; autoexe-
O Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as cutoriedade e tipicidade.
infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apura- No caso das alternativas da questão temos evidenciado os atri-
ção regular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas butos da Presunção de Legitimidade e Imperatividade.
sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. - Presunção de Legitimidade: Uma vez praticado o ato admi-
Decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre to- nistrativo, ele se presume legítimo e, em princípio, apto para pro-
dos aqueles que se vinculam à Administração. duzir os efeitos que lhe são inerentes, cabendo então ao adminis-
Assim, os efeitos decorrentes do Poder Disciplinar atingem trado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver afastada
tantos os servidores públicos, bem como aos particulares que se a sua aplicação, dessa maneira verificamos que o Estado, diante da
submetem ao regramento público, como, por exemplo, a formali- presunção de legitimidade, não precisa comprovar a regularidade
zação e celebração de Contrato Administrativo. dos seus atos.

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato ad- 27 - (TJ/RJ – JUIZ – VUNESP/2013) A Administração Pú-
ministrativo, temos a possibilidade de a administração pública, de blica
maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou en- A) pode anular seus próprios atos, quando eivados de
tão impor-lhes restrições. vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam di-
RESPOSTA: “A” reitos, ressalvada a apreciação judicial.
B) pode anular seus próprios atos, por motivo de con-
25 - (ANATEL - ANALISTA ADMINISTRATIVO – CES- veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
PE/2012) Com relação aos atos administrativos, julgue os itens C) não pode declarar, em hipótese alguma, a nulidade
seguintes. dos seus próprios atos.
A anulação de ato administrativo será aplicada ao ato que, D) não pode anular seus atos; somente é autorizada a re-
mesmo válido, legítimo, perfeito, venha a se tornar inconve- vogação por motivo de conveniência ou oportunidade, respei-
niente, inoportuno ou desnecessário. tados os direitos adquiridos, ressalvada a apreciação judicial.
( ) CERTO
( ) ERRADO O ato administrativo vigente permanecerá produzindo seus
efeitos no mundo jurídico até que algo capaz de alterar essa con-
Anulação ocorre quando um ato administrativo estiver eivado dição ocorra.
de vícios, relativos a legalidade ou legitimidade, assim não se trata Uma vez publicado e eivado de vícios, terá plena vigência
de um ato válido, legitimo ou perfeito. e deverá ser cumprido, em atendimento ao atributo da presunção
Pode a Administração anulá-lo de ofício ou por provocação de legitimidade, até o momento em que ocorra formalmente a sua
de terceiro, ou então pode o judiciário anulá-lo também, entretanto extinção, por meio da Anulação ou Revogação do Ato Adminis-
não pode agir de oficio, deve aguardar provovação. trativo.
Seu controle de legitimidade ou legalidade deverá ocorrer em O desfazimento do ato administrativo poderá ser resultante
sua forma, nunca em relação ao mérito do ato administrativo, ou do reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios em sua forma-
seja, o controle exercido sobre o ato não ocorrerá em sua conve- ção, ou então poderá ser declarada a falta de necessidade de sua
niencia ou oportunidade. validade.
Um vício de legalidade ou legitimidade pode ser sanável ou A Anulação do ato administrativo ocorre quando um ato ad-
ministrativo estiver revestido de vícios, relativos à legalidade ou
insanável. Assim, quando se verificar que trata-se de um vício in-
legitimidade.
sanável, a anulação do ato deve ser obrigatória, entretanto, quando
Assim que os vícios forem identificado pela própria Adminis-
se tratar de um vício sanável, o ato poder ser anulado ou convali-
tração Pública, esta poderá anulá-lo de ofício. É possivel ainda que
dado, de acordo com a discricionariedade imposta à Administração
algum cidadão identifique os vícios e ilegalidades do ato adminis-
Pública, que irá efetuar um juizo de oportunidade e conveniência
trativo e comunique a Administração Pública, que poderá anulá-lo.
da manutenção dos efeitos do ato administrativo.
Neste sentido o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Sú-
RESPOSTA: ERRADA.
mula 473 que assim garante:
26 - (TRE/PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) “Súmula 473 – STF: A administração pode anular seus pró-
Analise o seguinte atributo do ato administrativo: prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
O atributo pelo qual o ato administrativo deve corres- deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de con-
ponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
produzir determinados resultados. Para cada finalidade que ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
a Administração pretende alcançar existe um ato definido em
lei. (Maria Sylvia Zanello Di Pietro, Direito Administrativo) A anulação do ato administrativo quando estiver com vícios
Trata-se da de ilegalidade ou ilegitimidade poderá ocorrer ainda por decisão
a) Presunção de Legitimidade. fundamentada do Poder Judiciário. Entretanto, o Poder Judiciário
b) Tipicidade. não poderá atuar de oficio, deverá aguardar a impetração de medi-
c) Imperatividade. da judicial por qualquer interessado na anulação do ato.
d) Autoexecutoriedade. Assim, a alternativa correta leva em consideração o posicio-
e) Presunção de Veracidade. namento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal.
RESPOSTA “A”
Entende-se por atributos dos atos administrativos as qualida-
des ou características dos atos administrativos, uma vez que re- 28 - (TCE/AP - ANALISTA DE CONTROLE EXTER-
quisitos dos atos administrativos constituem condições que devem NO – FCC/2012). A Administração promoveu determinado
obrigatoriamente ser observadas para a sua validade, os atributos servidor, constando, a posteriori, que não estavam presentes,
podem ser entendidos como as características dos atos adminis- no caso concreto, os requisitos legais para a promoção. Diante
trativos. desse cenário, o ato
Visando a segurança jurídica aos administrados, o atributo da A) somente poderá ser anulado pela via judicial, em face
tipicidade garante que o ato administrativo deve corresponder a do ato jurídico perfeito e do direito adquirido do servidor.
figuras previamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico vi- B) poderá ser anulado ou convalidado, de acordo com os
gente. critérios de conveniência e oportunidade, avaliando o interesse
RESPOSTA: “B” público envolvido.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
C) não poderá ser anulado ou revogado, uma vez que ope- O ato denominado remoção pressupõe o deslocamento do ser-
rada a preclusão, exceto se comprovar má-fé do servidor, que vidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou
tenha concorrido para a prática do ato. sem mudança de sede.
D) deve ser anulado, desde que não decorrido o prazo de- RESPOSTA: “A”
cadencial previsto em lei.
E) poderá ser revogado, se ficar entendido que a promoção 31 - (TCE-SP – PROCURADOR – FCC/2011) A responsa-
não atende o interesse público, vedada, contudo, a cobrança bilização do servidor público pode se dar no âmbito civil, penal
retroativa de diferenças salariais percebidas pelo servidor. e administrativo. Em relação a referida responsabilização, é
correto afirmar:
O ato de promover servidor indevidamente, tendo em vista A) O ilícito administrativo é dotado da mesma tipicidade
que não estavam presentes os requisitos autorizadores para que do ilícito penal, uma vez que demanda expressa previsão legal
pudesse ocorrer a promoção deve ser ANULADO, tendo em vista da conduta punível para sua caracterização
que o ato administrativo contém ilegalidade. B) A caracterização do ilícito penal demanda a compro-
A anulação é uma forma de extinção do ato administrativo vação da existência de dolo ou culpa, enquanto na esfera civil
por razões de ilegalidades. Essa medida gera efeitos “ex tunc”, se admite a responsabilização objetiva do servidor.
ou seja, sua anulação retroage até a origem do ato ilegal, até o C) A caracterização do ilícito civil prescinde da compro-
momento em que ele foi editado, visando eliminar todos os efeitos vação do nexo de causalidade entre a ação ou omissão do ser-
até então gerados, assim, a anulação de ato administrativo não gera vidor e o dano verificado.
direito adquirido. D) Uma mesma conduta do servidor público pode confi-
RESPOSTA: “D” gurar ilícito administrativo e ilícito penal, mas o processo ad-
ministrativo disciplinar somente se inicia após a conclusão do
29 - (RECEITA FEDERAL - AUDITOR FISCAL DA RE- processo crime, caso tenha restado comprovada a autoria.
CEITA FEDERAL – ESAF/2014) Nos termos da lei, a Admi- E) A caracterização do ilícito administrativo prescinde
nistração Pública Federal observará, em se tratando do pro- da comprovação da tipicidade do ilícito penal, porque o fato
cesso administrativo, princípios específicos, exceto: punível na esfera administrativa pode não constituir crime.
A) princípio da segurança jurídica.
B) princípio da razoabilidade. Para que o servidor público possa ser responsabilizado pelo
C) princípio da eficiência. cometimento de ilícito administrativo, não é necessário a sua com-
provação e condenação na esfera penal, haja vista que é possível
D) princípio da insignificância.
que a infração seja meramente administrativa e não sendo tipifica-
E) princípio da motivação.
da na lei criminal.
Dessa maneira, como há independência entre a aplicação das
O enunciado da questão exige do candidato conhecimento
sanções nas esferas civis, penais e administrativas, é possível que
sobre os princípios específicos aplicáveis no trâmite de processo
o servidor seja punido na esfera administrativa, sem que tenha co-
administrativo, e para tanto deve ser marcada a alternativa que não
metido crime punível na esfera penal ou então tenha sanção apli-
corresponda com os princípios destacados na Lei 9.784/99, que
cável na esfera civil.
dispõe sobre o processo administrativo em âmbito federal. RESPOSTA: “E”
Para tanto, o artigo 2º do diploma legal mencionado assim
estabelece: 32 - (TJ/PR - JUIZ – TJ-PR/2011) Sobre a norma que se
extrai do art. 37, inciso II, da Constituição da República, assi-
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, nale a única opção CORRETA:
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilida- a) É uma norma discricionária.
de, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, b) É uma norma dispositiva.
segurança jurídica, interesse público e eficiência. c) É uma norma vinculante.
d) É uma norma facultativa.
O princípio da insignificância não foi contemplado como prin-
cípio específico dos processos administrativos. Para que seja possível a resolução da questão, é imprescindí-
RESPOSTA: “D” vel saber o que dispõe o artigo 37, inciso II da Constituição Fede-
ral, vejamos:
30 - (TRT – 5ª REGIÃO/BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO
– FCC/2013) Um servidor do Tribunal Regional do Trabalho Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qual-
da 5ª Região - TRT/BA foi trabalhar em outra localidade para quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
acompanhar cônjuge, também servidor público civil, que foi Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalida-
deslocado no interesse da Administração. Esse ato é denomi- de, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
nado  II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
A) remoção. aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
B) transferência. e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo
C) redistribuição. ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
D) readaptação. para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
E) disponibilidade. exoneração.

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em Direito Administrativo chamamos de norma vinculante o a) advertência – faltas de menor gravidade;
dispositivo normativo que vincula o administrador público a ado- b) suspensão – se houver reincidência da falta punida com
tar a providencia nos termos exatos fixados em lei. advertência;
Assim, a Administração pública não tem escolha sobre as c) demissão – aplicada quando o servidor cometer falta grave;
providencias a ser adotadas em caso de aplicabilidade de norma d) cassação de aposentadoria ou disponibilidade – aplicada
vinculante, visto que o próprio dispositivo legal já cuidou de de- ao servidor aposentado, que, quando em atividade, praticou falta
terminar a única medida possível a ser adotada. grave;
Dessa, maneira, vemos no artigo 37, inciso II da Constituição e) destituição de cargo em comissão ou função comissionada
Federal que o legislador constituinte não deixou margem de li- – também em virtude do cometimento de falta grave.
berdade para a Administração Pública quando necessitar contratar
servidores públicos, visto que vinculou a atividade administrativa Cumpre esclarecer que o servidor público responde civil, pe-
as únicas alternativas: a aprovação em concurso público de provas nal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribui-
ou provas e títulos ou então, é permitido a dispensa do certame ções, de forma autônoma e independente, entretanto, a responsa-
quando o cargo se tratar de comissão de livre nomeação e exone- bilidade administrativa do servidor deverá ser afastada pela auto-
ração. ridade administrativa em caso de absolvição criminal que negue a
RESPOSTA “C” existência do fato ou da autoria.
RESPOSTA: “A”
33 - (TRF – 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –
FCC/2012) O servidor responde civil, penal e administrati- 34 - (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL –
vamente pelo exercício irregular de suas atribuições, sendo a CESPE/2013) No que concerne ao regime jurídico do servidor
responsabilidade  público federal, julgue os próximos itens.
A) civil, penal e administrativa autônomas, e a absol- Não é possível a aplicação de penalidade a servidor inati-
vição em uma dessas áreas não exclui a responsabilidade em vo, ainda que a infração funcional tenha sido praticada ante-
qualquer outra. riormente à sua aposentadoria. 
B) civil e administrativa afastadas, dependendo da am- ( ) CERTO
plitude da absolvição criminal decorrente de insuficiência de ( ) ERRADO
provas.
C) civil afastada na hipótese de ocorrer a absolvição ad- O texto legal determina que o servidor inativo continua res-
ministrativa em face da inexistência do fato e de sua autoria. pondendo por eventual infração administrativa cometida durante o
D) criminal afastada no caso de absolvição civil e admi- período que o mesmo estava em atividade funcional, sendo plena-
nistrativa decorrente de insuficiência de provas. mente possível a incidência de punição ao servidor já aposentado,
E) administrativa afastada no caso de absolvição crimi- tal como a cassação de sua aposentadoria.
nal que negue a existência do fato ou sua autoria. RESPOSTA: ERRADO

O servidor público no exercício de suas atribuições pode ser 35 - (TRT - 10ª REGIÃO/DF e TO – TÉCNICO JUDICIÁ-
responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas adminis- RIO – CESPE/2013) De acordo com a Lei n.º 8.112/1990, que
trativa, civil ou penal. A administração pode aplicar a sanção de dispõe a respeito do regime disciplinar dos servidores públicos
forma cumulativa, ou seja, o mesmo ato pode ser punido por uma civis da União, das autarquias e das fundações públicas fede-
sanção civil, penal e administrativa. rais, julgue os itens seguintes.
A acumulação lícita de cargos públicos por parte do ser-
Responsabilidade Civil – o servidor público é obrigado a re- vidor é condicionada à demonstração de compatibilidade de
parar o dano causado à administração pública ou a terceiro, em horários.
decorrência de sua conduta dolosa ou culposa, praticada de forma ( ) CERTO
omissiva ou comissiva, mediante o direito de regresso. ( ) ERRADO
Essa responsabilidade é subjetiva, ao contrário da responsabi-
lidade da administração que é objetiva. Objetivando evitar abusos, e com finalidade de moralizar as
atividades estatais, o legislador constituinte cuidou em estabele-
Responsabilidade penal – decorre da conduta ilícita praticada cer vedações à acumulação remunerada de cargos, funções e em-
pelo servidor público que a lei penal tipifica como infração penal. pregos públicos, tanto na esfera da Administração Direta como na
Os principais crimes contra a administração estão previstos Administração indireta e a ela correlatas, conforme dispõe o artigo
artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro. 37, em seus incisos XVI e XVII, excetuando-se as ressalvas ex-
pressas na Carta Magna que admite excepcionalmente as acumu-
Responsabilidade administrativa – quando o servidor pratica lações remuneradas, desde sejam compatíveis entre si nos horários
um ilícito administrativo, bem como o desatendimento de deveres e obedecidos o teto remuneratório.
funcionais. Essas práticas ilícitas poderão redundar na responsabi- Para tanto a Constituição Federal arrolou expressamente os
lidade administrativa do servidor, que após apuração por meio de cargos passiveis de acumulação remunerada, quais são:
sindicância e processo administrativo, sendo culpado, será punido
com uma das seguintes medidas disciplinares: - Dois cargos de professor;

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
- De um cargo de professor com outro cargo técnico ou cien-
tífico, e; ANOTAÇÕES
- De dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas.

É ainda possível a acumulação remunerada de cargos


constante do texto constitucional, sendo permitido acumular nos —————————————————————————
casos de servidor eleito a vereador (art. 38, III); permissão para —————————————————————————
juízes de direito cumulativamente exercerem o magistério (art.
95, parágrafo único) e ainda permissão para que os membros do —————————————————————————
Ministério Público possam exercer cumulativamente o magistério
(artigo 128, § 5º, inciso II, “d”). —————————————————————————
Estas são forma lícitas de acumulação, entretanto, mesmo nas
—————————————————————————
acumulações lícitas ficam condicionadas à compatibilidade de ho-
rários. —————————————————————————
Caso seja lícita a acumulação, mas os horários de prestação
dos serviços não forem compatíveis entre si, a acumulação não —————————————————————————
será possível.
—————————————————————————
RESPOSTA: “CERTO”
—————————————————————————
—————————————————————————
ANOTAÇÕES —————————————————————————
—————————————————————————
—————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————
————————————————————————— —————————————————————————

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANOTAÇÕES

————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
———————————————————————————————————————————————————
———————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————
————————————————————————————————————————————————————

Didatismo e Conhecimento 30

You might also like