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Niterói
2018
Italo Giuseppe Barros Petraglia
Niterói
2018
Centro Universitário La Salle – RJ
Curso de Bacharelado em Direito
Banca Examinadora
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Avaliador: Dr(a):
Centro Universitário Lasalle
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Avaliador: Dr(a):
Centro Universitário Lasalle
Niterói
2018
DEDICATORIA
Art. Artigo
Min. Ministro
Nº Número
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Vol. Volume
Ficha catalográfica
CDD
CDD
RESUMO
This monograph adresses the institute of natural law, starting by the british academic
John Locke, going though his historical context, his philosophy approach, even his
academic influence and arguments. It is also object of this monograph the review of
natural law by the north-american academic Murray N. Rothbard, as also going though
his philosophical groundwork that originated his thesis and his relation with the thesis
of John Locke. After all that, it was approached the pragmatical aspect of their work
with the analysis with real cases that were already judged or that it will eventually by
our Supreme Court.
INTRODUÇÃO
sendo que a primeira coisa que a pessoa possui, portanto, é o seu corpo: todo
indivíduo é proprietário de si mesmo e de suas capacidades” (ARANHA; MARTINS, 2009,
p. 305).
Conforme fica nítido com essa passagem, cada ser humano teria propriedade
sobre o seu próprio corpo, isto é, a autopropriedade. Sendo assim, Locke afirma que
por sermos detentores de nosso próprio corpo, teríamos autonomia de utilizarmos ele
da maneira que entendermos melhor, desde que isso não infringisse a propriedade de
outra pessoa. Essa passagem acima mostrada caracteriza o princípio da liberdade
lockeana.
Ademais, a origem do direito natural para Locke se vem de uma análise divina,
tendo em vista, segundo estudo de Marilena Chauí sobre o autor liberal, que, para ele,
Deus teria instituído, “no momento de criação do mundo e do homem, o direito à
propriedade privada como fruto legítimo do trabalho” (CHAUÍ, 2007, p. 207). Se conclui,
então, que a origem foi a teoria divina criacionista que efetivou o direito de propriedade
em Locke.
O contrato social seria para Locke o instrumento feito para marcar a transição
do estado de natureza para o estado em sociedade civil. Sociedade que nasce com o
intuito de, exatamente, garantir a proteção da propriedade dos indivíduos dos perigos
internos e externos da própria sociedade, como é explicado por Roger Stiefelmann
Leal (2012, p. 54):
Portanto então, a propriedade estaria com uma maior proteção juntamente com
o elemento que concretiza a sociedade civil, isto é, o contrato social, uma vez que
neste “os direitos naturais inalienáveis do ser humano à vida, à liberdade e aos bens
estão melhor protegidos sob o amparo da lei, do árbitro e da força comum de um corpo
político unitário”. (MELLO, 2006, p. 86).
Pois bem, seguindo essa dupla aplicação jurídica, as ideias de Locke serviram
como fundamentos para movimentos políticos revolucionários no século XVIII como,
por exemplo, o constitucionalismo. Este movimentou buscou delimitar princípios
constitucionais que buscassem limitar o poder estatal de forma que fosse possível
assegurar as liberdades básicas humanas. Roger Stiefelmann Leal explica a análise
de , Locke com a seguinte passagem:
Por conclusão lógica, se percebe que se trata de um direito com baixo caráter
normativo, isto é, sem segurança jurídica por si só. Necessitando que haja uma
positivação que o afirme para que ele seja efetivado.
Ademais, por ser um direito oponível a todos, se trata de um direito com caráter
universal. Locke argumentava que todos os seres humanos eram proprietários de si
mesmo, isto é, todos estariam sob a égide desse direito. Reafirmando seu caráter
universal.
Para Rothbard, caso uma maçã seja largada no ar, pelas leis da Física, ela
sempre irá cair no chão, não importa em que lugar ou a época que esse fato tenha
ocorrido. O resultado desse ato será sempre o mesmo. O autor defende que cada
entidade teria a sua própria natureza e sustenta:
E adiante complementa:
Por essa análise que o autor defendia que, para entendermos a nossa própria
natureza, isto é, nossas verdades acerca da nossa própria existência como um ser
vivo e um ser pensante, que age com propósitos, é necessário usarmos nosso dote,
o que nos diferencia dos animais, a razão humana. (Rothbard, Ética da Liberdade. 2013
Página 64)
Sustenta o autor que a razão humana seria objetiva, ou seja, ela seria universal
e atemporal. Todos os seres humanos em todos os tempos têm essa virtude e que
ela poderá, então, buscar as verdades sobre o mundo. Também argumenta que
somente encontraremos as verdades sobre nossa natureza – e de todas as outras
também - através da prática de nossa razão, isto é, estudando e agregando
conhecimento.
O autor americano ainda afirma que a lei natural traz a felicidade humana,
conforme explica na seguinte passagem:
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E complementa:
Rothbard defende que unicamente nesse ramo da ética de lei natural, o valor
dessa felicidade buscada seria objetivo, isto é, em sentido racional, igualitária para
todos, pois todos seres-humanos a utilização razão objetiva para o seu próprio
interesse subjetivo. (Murray N. Rothbard - Ética da Liberdade, 2013 pág 66)
2.3 - A lei natural Rothbardiana e sua relação geral com outras teorias de
Direito Natural
Murray N. Rothbard afirma que uma teoria de lei natural não necessariamente
vai de encontro com outras teorias sobre o tema, nem, outrora, que, por uma tese ser
antagônica a outra, ambas devam ser descartadas. (Rothbard, Ética da Liberdade, 2013 -
página 65).
O autor defende que diferenças de opinião não são justificativas para invalidar
todas as teorias, até porque, sustenta o mesmo, que é normal que seres humanos
cometam erros ao formular suas teses. Vale ressaltar que Rothbard ainda usa de
exemplo o fato de que nas ciências da física e da química, existem várias discussões
sobre diversas teorias e seus diversos erros.
Ademais, o autor explica que o fato de haver diversas teorias divergentes sobre
o mesmo tema é do próprio processo do ser-humano responsável de utilizar sua
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capacidade racional e examinar vários pontos para, assim, formular sua própria
opinião. (Ética da Liberdade – página 64 – Murray N. Rothbard)
O autor defende que a mera existência de uma lei natural obtida pela razão seria,
na verdade, um obstáculo e uma potencial ameaça ao aparato estatal e seus grupos
de interesses, pois sua natureza iria de encontro com “as soberanias de costumes
cegamente tradicionais ou à vontade arbitrária do aparato estatal” (Murray N. Rothbard,
Ética da Liberdade 2013, pág. 71)
raciocínios, sua mente e não um agente externo ao indivíduo. Todas as coisas que o
homem, através do uso do seu próprio corpo, aplicar esforço, retirando essas coisas
de seus estados naturais, elas se tornariam uma extensão daquela própria pessoa,
isto é, se tornará sua propriedade. Exemplificando, um indivíduo que pegar uma maçã
de uma árvore na natureza é dono daquela maçã. Para resumir, os seres humanos
são donos de si mesmo e do resultado de seu trabalho. Pelas palavras do próprio
autor:
O segundo direito natural de Rothbard seria a liberdade. Porém, este seria uma
consequência lógica do primeiro, ou seja, do direito de propriedade. Pelo fato do
indivíduo ser o próprio dono do seu próprio corpo e de seus bens que ele tem
propriedade, este indivíduo seria livre para utilizá-los da maneira que bem entender,
sendo limitado apenas pelos limites impostos pelas leis da natureza, como a lei da
gravidade e também desde que não entre em conflito com o direito de propriedade de
um outro indivíduo.
O terceiro direito natural, o da vida, é o direito que todo indivíduo tem de não
ser agredido, nem ter sua vida ceifada, ou seja, é o que se permite que o indivíduo
alcance todos os seus meios para que ele continue vivo. Pela vida ser uma extensão
do próprio corpo, isto é, da sua própria propriedade, ou seja, da propriedade sobre si
mesmo, a análise de Rothbard é que o direito à vida seria também uma conclusão
lógica do primeiro direito de propriedade. Segundo o autor, da mesma forma que a
violação de propriedade seria uma afronta ao seu direito natural, a violação da vida
também seria uma violação a esse direito.(Rothbard, Murray N. - Ética da Liberdade, pág 33,
2010)
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Isto é, nem todo ação humana ética será também uma ação humana moral. Por
esta razão, Rothbard utiliza a noção de Direito de James A. Sadowsky, no qual este
sustenta que:
Para exemplificar essa distinção entre a ética e moral, Rothbard usa o exemplo
do direito de boicotar algo. O autor começa conceituando o que seria um boicote,
conforme trecho:
Ademais, o autor explica o porquê do ato de boicote ser ético, porém podendo
ser ou não, dependendo de nossos valores subjetivos, ser moral ou imoral, conforma
trecho a seguir:
Para o autor, o boicote seria uma atitude legítima por si só, por não violar a
ética proposta por ele, porém cada indivíduo valora se aquela atitude é também moral
ou não, repreensível ou não. Se tivermos a sensação de que um certo boicote é
moralmente repreensível, então está dentro dos direitos daqueles que se sentem
assim de organizarem um contra boicote para persuadir os consumidores do contrário,
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3.1- ADI 4275 / DF - Registro Civil para Transexuais mesmo sem cirurgia
de mudança de sexo
“Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
fazer uma análise do pedido da autora com base no direito natural dos autores
estudados no presente trabalho.
Para se fazer uma análise do caso em si por uma ótica de direito à liberdade e
propriedade de John Locke, há de debater se o feto do caso abstrato também teria o
direito natural lockeano. Caso a resposta seja positiva, não há o que se falar em
descriminalização do aborto, pois, então, a descriminalização do aborto resultaria em
uma violação ao direito natural à vida do feto.
Novamente, deve ser ressaltado que essa é uma visão somente no campo da
ética, não levando em consideração o valor moral do ato.
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CONCLUSÃO
Outro aspecto que conclui e admito que não dava muita importância antes da
realização deste projeto é a relevância de se estudar o contexto histórico de um autor
para se entender as razões de suas teorias. Olhando o caso de ambos os autores, é
compreensível fundamentar uma concepção de direito com base no indivíduo ao
passo que os governos de sua época realizaram opressões inimagináveis como a
Coroa Inglesa em John Locke e o imperialismo norte-americano pelo petróleo em
Rothbard.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HURLBUT, Elisha P. Essays on Human Rights and Their Political Guarantees (1845),
mencionado em Rothbard, A Ética da Liberdade, pág 77.
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. John Locke e o individualismo liberal. In: WEFFORT,
Francisco C. (org). Os clássicos da política. 14. ed. São Paulo: Ática, 2006. v. 1.
Thomson, Judith Jarvis. “A Defense of Abortion,” Philosophy and Public Affairs (1971),
mencionado em Rothbard, A Ética da Liberdade, pág. 161.
Thomson, Judith Jarvis. “A Defense of Abortion,” Philosophy and Public Affairs (1971),
mencionado em Rothbard, A Ética da Liberdade, pág. 161.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=337860
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4277CL.pdf (acessado
02/07/2018)
https://www.conjur.com.br/dl/leia-anotacoes-ministro-barroso-voto.pdf
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=359525&caixaBu
sca=N (Acessado em 02/07/2018)
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI4.275VotoEF.pdf
(acessado em 02/07/2018)